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Coluna

Governança e Desenvolvimento: A evolução do propósito das empresas - Do lucro ao valor compartilhado

Por Roberta Carneiro

Governança e Desenvolvimento: A evolução do propósito das empresas - Do lucro ao valor compartilhado
Foto: Mari Neto / Divulgação

Tenho uma história interessante para compartilhar. Ela fala de evolução. E, para começar, vou fazer uma pergunta: para que as empresas existem?


Até pouco tempo atrás, economistas respeitados responderiam: “as empresas existem para gerar lucros aos sócios e acionistas”. Em outras palavras, existem para o dono ganhar dinheiro.


De fato, prosperar é uma aspiração legítima de quem empreende. Mas aí surgem novas perguntas: prosperar a que custo? De jornadas de trabalho extenuantes e mal remuneradas dos colaboradores? Quem, além dos sócios, se beneficia com os resultados da operação?


Essas indagações levaram ao surgimento do conceito de função social das empresas, um primeiro passo na escala evolutiva destas. No caso, elas existiam para cumprir a função social de gerar empregos e pagar impostos, com benefícios para a sociedade como um todo, e não apenas para seus donos.

 

Logo se descobriu que a função social não bastava para um mundo cada vez mais complexo. 

As cadeias produtivas se tornaram fragmentadas, globalizadas e interdependentes, exigindo processos e controles mais rígidos. A ciência revelou os efeitos do aquecimento global e a urgência em eliminar suas causas. Descobrimos o óbvio: os recursos naturais são finitos. Começamos a combater de modo mais efetivo a corrupção e as desigualdades sociais.


Consumidores e investidores mais conscientes passaram a exigir empresas mais alinhadas a seus valores. E essa pressão, por si só, já foi suficiente para que um bom número de companhias revisse suas práticas e comportamentos em busca da sustentabilidade social e ambiental. Mais um passo na nossa história sobre evolução.


Há, no entanto, um degrau definitivo a subir nessa escala. Foi a ele que decidi me dedicar profissionalmente há mais de dez anos, desde os tempos em que, como advogada, prestava consultoria a empresas que desejavam implantar seus sistemas de integridade e compliance. 
É graças a ele também que, a partir de hoje, terei a honra de escrever essa coluna semanal no Bahia Notícias.


Esse degrau final se chama governança.

 

O que é governança, afinal?

Recentemente, após indicação do conselho de administração do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), assumi a coordenação geral do Capítulo Bahia do IBGC, um dos mais relevantes e atuantes institutos sobre o tema no mundo. O IBGC define governança corporativa como "um sistema formado por princípios, regras, estruturas e processos pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas, com vistas à geração de valor sustentável para a organização, para seus sócios e para a sociedade em geral.”


Veja que governança não é um conjunto de normas internas somadas a uma estrutura cara e burocrática. Governança é algo maior, já que a ética e o propósito organizacional são seu fundamento. 


Assim, governança é uma jornada que as organizações se comprometem a seguir quando decidem atuar norteadas pela ética e pelo propósito visando também gerar valor sustentável e compartilhado para as pessoas e para o planeta. Isso vai além de admitir ou mitigar seu próprio impacto na sociedade. É sobre reconhecer sua influência no legado para as gerações futuras.

 

Funciona na prática

E não pense que se trata de puro idealismo. Hoje, as melhores organizações, independentemente do porte ou do setor, já adotam esse sistema, inclusive como forma de conquistar mercado e garantir a perenidade de seus negócios.


Organizações bem governadas tendem a atrair mais investidores e parceiros, pois demonstram compromisso com a transparência e a responsabilidade corporativa. A governança também ajuda a identificar e mitigar riscos, protegendo a reputação e os ativos da empresa; a melhorar sua eficiência operacional e financeira, garantindo competitividade; a evitar penalidades e multas; e a planejar a sucessão de seus líderes-chave.

 

O exemplo vem de cima

Por falar em lideranças, empresas são feitas de pessoas. E o papel da alta administração na governança é central. O comportamento e a cultura vêm do topo. 


Lideranças éticas e humanas inspiram e motivam os colaboradores, gerando maior retenção de talentos, produtividade e inovação. Ao elevar suas consciências, as pessoas constroem empresas melhores. E empresas melhores geram uma sociedade melhor. É para isso que as empresas existem, e a governança também!

 

Roberta Carneiro é advogada especializada em Sistema de Integridade/Compliance, Governança Corporativa, Ética Empresarial, Diversidade & Inclusão (D&I) e sustentabilidade. Conselheira certificada em CCoAud+ IBGC. Sócia-fundadora da Consultoria Eticar. Atua como Conselheira de Administração, exercendo a função de membro independente, em Comitê de Auditoria, Comitê de Ética, Comitê de Risco, Comitê de Governança e Comitê ESG. Coordenadora da Comissão de Ética e Integridade do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) 2023-2024. Coordenadora-geral do IBGC Capítulo Bahia. Mestre em Direito, pós-graduada em Direito Público, com especializações em Compliance e Criminal Compliance. Especialista em Materialidade conforme as normas e padrões GRI 2021, IFRS e ODS, certificada internacionalmente pela Global Reporting Initiative (GRI) para Relato de Sustentabilidade.