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Opinião: Ser antilulista não é uma opção para ACM Neto, é questão de sobrevivência política

Por Fernando Duarte

Opinião: Ser antilulista não é uma opção para ACM Neto, é questão de sobrevivência política
Foto: Rebeca Menezes/ Bahia Notícias

Dois fatos marcantes para as eleições de 2026 se firmaram na última semana pelo lado da oposição. Primeiro, ACM Neto se assumiu enquanto candidato ao governo da Bahia. Segundo, o próprio ACM Neto confirmou a perspectiva antilulista do grupo. Tudo uma questão de estratégia, incluindo o palco onde aconteceram os anúncios, Porto Seguro, um bastião que flerta com o bolsonarismo com Jânio Natal, ao lado de caciques do PL.

 

Há algum tempo, a base aliada de Jerônimo Rodrigues tenta propagandear que o ex-prefeito de Salvador não seria candidato ao governo em 2026. Esse movimento reverberou entre os aliados de ACM Neto, que desejavam que ele antecipasse o lançamento da pré-candidatura. Parte para não correr o risco de orfandade, parte para demarcar espaço desde antes do ano eleitoral. Às vésperas da chegada de 2026, fazia-se necessário deixar constrangimentos legais e eventuais dúvidas para trás, evitando uma debandada ainda maior entre os descrentes sobre o próximo ciclo de eleições.

 

Já na condição de candidato, ACM Neto deixou claro o posicionamento antilulista. Com a direita desarrumada para a disputa presidencial, demarcar espaço contra a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva era imprescindível para tentar agrupar as forças que tenderiam a apoiar o ex-prefeito, mas que precisavam que ele se apresentasse contra Lula. Foi um passo importante, mas arriscado. A Bahia é talvez um dos territórios onde o PT tem maior "conforto" nas urnas. E ser antipetista representa um risco para qualquer um que deseje chegar a um cargo majoritária. Com certeza, ACM Neto dosou os riscos.

 

Se em 2022, Lula não entrou na campanha baiana com o vigor esperado - um acordo não declarado que manteve ACM Neto em cima do muro -, não se deve criar a expectativa do mesmo acontecer em 2026. Seja pelo uso da máquina federal e estadual para a dobradinha petista, seja pela estratégia de dar uma maior "folga" de votos para conter eventuais avanços da direita do eixo formado por Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Como o potencial adversário de Lula ainda não está devidamente apresentado, abrir margem onde é possível é um ponto relevante para se manter no poder. Por isso, ser antilulista é uma tática de sobrevivência para ACM Neto.

 

O PL ensaia uma candidatura de Flávio Bolsonaro ao Palácio do Planalto, sob as bênçãos de Jair Bolsonaro. Há quem ainda aposte nas remotas chances de Tarcísio de Freitas substituí-lo e, com o aval da elite financeira paulista, fazer frente à reeleição de Lula. Nesse cenário indefinido, ACM Neto vai tentar navegar em águas pouco favoráveis ao opositores de Jerônimo Rodrigues. Por isso, ter o apoio do PL, seu tempo de rádio e televisão e uma parcela do fundo eleitoral transformaria uma derrota iminente em uma possibilidade de vitória. É nisso que a oposição baiana deve se fiar.

 

Ser candidato e antilulista são duas características básicas para que o ex-prefeito de Salvador se mantenha como uma peça relevante no xadrez político local. ACM Neto não apenas sabe disso, como desenvolveu um roteiro para tornar menos improvável a chance de sucesso. No entanto, as urnas não dependem exclusivamente de estratégias e narrativas. São os votos que interessam. E até outubro muita coisa ainda vai acontecer.