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Opinião: STF põe fim a narrativa de golpe que Bolsonaro construiu para si e para o Brasil

Por Fernando Duarte

Opinião: STF põe fim a narrativa de golpe que Bolsonaro construiu para si e para o Brasil
Foto: Lula Marques/ Agência PT

É impossível fingir que o roteiro do julgamento da trama golpista na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) não era esperado. Sem entrar em tecnicidades, é fato que houve um golpe tentado contra a democracia e a república entre 2019, quando tiveram início as narrativas já com o poder nas mãos, até o dia 8 de janeiro de 2023. Não enxergar o intento é tapar o sol com a peneira, algo que muitos fazem sem medo de queimar os olhos.

 

Jair Bolsonaro e o núcleo principal dessa trama, condenados à prisão nesta quinta-feira (11), simularam muito até chegarmos aqui. Simularam que não eram políticos, simularam que eram patriotas, simularam preocupações reais com o Brasil... No entanto, esses simulacros, felizmente, não resistiram às instituições, que, aos trancos e barrancos, sobreviveram - ainda que não incólumes.

 

O julgamento do STF é didático não por condenar a pessoa física Jair Bolsonaro. Mas por sepultar o esforço em golpear a ainda frágil democracia brasileira, reconquistada duramente há cerca de 40 anos. Os asseclas de Bolsonaro, tenha sido ele partícipe do golpe (ou não, como quis simular o ministro Luiz Fux), são tão culpados quanto as elites brasileiras que, em outras oportunidades, deram lastro para derrocadas da República no passado (sem esquecer que ela própria foi um golpe contra o Estado de então).

 

Infelizmente, há uma incompreensão grande sobre o antes, o durante e o após as construções narrativas que colocaram em xeque a estrutura democrática do Brasil. Tanto que vão pulular defensores da inocência e da anistia desse símbolo que tentam transformar em mártir e que, por uma peça pregada pelo destino, ocupou o Palácio do Planalto por quatro anos. De certo, viveremos ainda as instabilidades geradas e alimentadas por aqueles que preferem evitar obviedades.

 

A nova condenação de um ex-presidente não deveria ser motivo de celebração. Ao Brasil, caberia, principalmente, a vergonha de ver um ex-chefe de Estado ser colocado sob julgamento e acabar condenado. Porém, entre se omitir como aconteceu ao final da última ditadura e culpar quem crimes cometeu, a segunda opção é o melhor remédio possível (mesmo que amargo). Que a condenação de Bolsonaro seja um exemplo sobre como a democracia tem seus problemas e é cara. Mas consegue ser melhor que as outras opções de regimes de governo disponíveis.

 

Nesse duelo maniqueísta, que coloca o Brasil como uma referência no enfrentamento ao golpismo que incensa o mundo, tivemos um passo importante para salvaguardar o que entendemos por viver em liberdade. Aproveitemos!