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Opinião: Elmar mostra força ao juntar Lira e Jerônimo, mas presença de Antonio Brito equilibrou cenário

Por Fernando Duarte

Opinião: Elmar mostra força ao juntar Lira e Jerônimo, mas presença de Antonio Brito equilibrou cenário
Foto: Reprodução/ Instagram @jeronimorodriguesba

Não foi um simples café da manhã entre o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), durante a passagem do alagoano pelo Carnaval de Salvador. O encontro foi marcado pelo simbolismo do oposicionista Elmar Nascimento (União), cicerone de Lira, ter levado o todo-poderoso da Câmara para o ninho petista no Palácio de Ondina. Foi, ao mesmo tempo, uma demonstração de força e um teste para saber até que ponto a corda pode ser esticada para manter relações republicanas.

 

Quem esteve no encontro sinalizou que, em um primeiro momento, houve a tentativa de ser um momento mais intimista, sem a presença dos pares de deputados que se deixaram fotografar com Lira e o governador. Para Elmar, uma foto sem a presença de tantos aliados do governo da Bahia renderia muito mais impacto, especialmente após o veto dos petistas baianos à ascensão dele para uma cadeira na Esplanada dos Ministérios. Não deu lá muito certo a estratégia.

 

Para Jerônimo, não é interessante fortalecer tanto a candidatura de Elmar à presidência da Câmara. O União Brasil é a antítese aos mais de 16 anos do PT no poder na Bahia e o líder do partido na Câmara é um desses representantes. Somado à grande chance de Davi Alcolumbre presidir o Senado Federal, os eventuais riscos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva se tornar refém do grupo adversário é grande demais para quem consegue antever os passos dos adversários.

 

Foi por isso, principalmente, que todos os registros que vieram a público em que Elmar aparece no Palácio de Ondina, mesmo que à distância aparece o deputado federal Antonio Brito (PSD), considerado um dos oponentes com chance de impor certo nível de incerteza na condução de Elmar como o sucessor de Lira na Câmara. A preocupação veio não do governo, mas de parlamentares governistas que não queriam se comprometer com o apoio que poderia ser inferido a partir das fotografias ao lado do atual presidente e do então favorito à sucessão.

 

Brito, inclusive, manteve o padrão que consolidou na política: submerge para evitar atritos e só fala quando julga necessário. Enquanto isso, vai pelas beiradas, tentando se manter como uma alternativa viável, especialmente se o governo resolver entrar na jogada para impedir que o Congresso Nacional fique inteiramente sob o comando de um único partido que, em essência, é antipetista desde as origens. Caso isso aconteça, o PSD é um autêntico representante do centro político e vai abusar desse papel conciliador para fazer Brito presidente da Câmara.

 

A eleição para a direção do “sindicato dos deputados” acontece apenas em fevereiro de 2025. Essa antecipação tem sido colocada na conta de Elmar e de Lira, que tentam evitar perder a ascendência que atualmente têm sobre os companheiros de Câmara. Esse é um dos fatores que mais pesa para que a dupla continue a dar as cartas no próximo biênio. A vinda à Bahia e o café da manhã com Jerônimo foram bons trunfos para Elmar. Porém não foram tão grandes como ele imaginaria, justamente porque os ora aliados ora adversários sabem que não podem dormir no ponto. 

 

O cardápio do encontro em Ondina não foi a eleição da Câmara. Mas quem negar que a sucessão de Lira não moveu as conversas antes, durante e depois pode estar perdendo o bonde que já não anda - corre a uma velocidade considerável para quem está tão distante do pleito.