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Marca Bahia Notícias

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Opinião: Bastidores da reunião entre Jerônimo e Bruno mostram que sorrisos esconderam tensão

Por Fernando Duarte

Opinião: Bastidores da reunião entre Jerônimo e Bruno mostram que sorrisos esconderam tensão
Foto: Joá Souza/GOVBA

Os bastidores da reunião entre o governador Jerônimo Rodrigues e o prefeito de Salvador, Bruno Reis, foram bem mais tensos do que as falas públicas de ambos deixaram transparecer. Apesar de eleitoralmente desinteressante, o encontro serviu especialmente para ambos demarcarem os espaços de poder que ocupam por conta dos respectivos cargos. Somado a movimentos calculados milimetricamente para impedir que um suplantasse o outro. Passados alguns dias - com direito a uma espécie de "ressaca" -, agora é o momento das equipes dos dois gestores seguirem na batalha diária de estarem politicamente distantes.

 

Dois dos pontos mais delicados foram segurança pública e mobilidade urbana. Com reiteradas críticas da oposição às estratégias adotadas pelo governo da Bahia, um acordo de cavalheiros entre eles impediu que a segurança degringolasse a reunião nos momentos iniciais. Como o município tem limites nessa questão, o compartilhamento de informações, inclusive com gestão dividida de câmeras, foi o tônus da conversa. Afinal, não valia a pena para Bruno Reis insistir em desgastar Jerônimo no momento em que o republicanismo prevaleceu frente as diferenças.

 

Já a área de mobilidade, por pouco, não serviu como rastilho de pólvora. A memória do vice-governador Geraldo Jr., candidato a prefeito contra Bruno, atacando a prefeitura por cortar linhas de ônibus para alimentar o sistema metroviário, ainda estava fresca o suficiente. O tema, que tinha sido tratado em reserva por governador e prefeito, acabou público para as equipes. Entretanto, num sinal de boa vontade, as licenças para o VLT e a integração do modal ao sistema rodoviário foram um ponto de convergência, evitando que um embate aconteça ao final das obras.

 

Saúde e educação, apesar de assuntos também prioritários, renderam bem menos tensão. Como as pastas dos dois entes federativos já eram obrigadas a interagir, alguns poucos ajustes se fizeram necessários. Somente questões políticas pontuais, que dependiam das decisões dos gestores, foram colocadas na mesa e dirimidas sem grandes percalços. Um exemplo de que a maturidade alcançada, especialmente no período da pandemia, ainda ecoa, apesar de divergências recorrentes.

 

Entre os assuntos que ficaram pendentes foi a renovação da concessão da água e do esgotamento sanitário de Salvador. Foram muitos avanços, porém a assinatura do contrato teria emperrado ao chegar na mesa do governador. Agora, com um entendimento político entre Jerônimo e Bruno, é provável que a Embasa renove a concessão sem trocas de farpas públicas e sem entraves maiores.

 

Após a reunião, figuras ligadas ao PT tentaram capitalizar eleitoralmente as fotografias. Os argumentos giraram no "republicanismo" do governador receber o prefeito, sem distinção de bandeira partidária, e no fato do tempo disponibilizado por Jerônimo e Bruno para debater Salvador, quando sugeriram até o incômodo que teria causado em ACM Neto. Do lado do entorno do prefeito, não houve tentativa explícita de sequestrar o encontro politicamente o momento. Até aqui.

 

No dia seguinte à reunião, a análise mais seca, no calor do momento, sugeriu que não existiu apropriação política do episódio. Com acesso aos bastidores, fica claro que tudo foi tão calculado, desde o momento aos temas, que nenhum dos envolvidos deixou espaço para que o o outro criasse uma narrativa que fosse prejudicial ao adversário. Sinal que, em tempos de polarização extremada, ainda é possível sobreviver politicamente convivendo com adversários e sem fazer uso eleitoral simultaneamente. Ponto positivo para Jerônimo e para Bruno. E para Salvador.