Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

A derrota de Bolsonaro contra o toque de recolher

Por Fernando Duarte

A derrota de Bolsonaro contra o toque de recolher
Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro tem perdido as últimas batalhas na guerra sobre as medidas restritivas para enfrentar a pandemia. Depois de parecer menos arredio e acabar por ingressar no Supremo Tribunal Federal contra decretos do toque de recolher na Bahia e outras duas unidades da federação, veio do ministro Marco Aurélio Melo a decisão que manteve os textos dos governadores. Apesar de estimular uma claque raivosa, a tentativa de invalidar as restrições foi inócua. Ou seja, só serviu como cortina de fumaça.

 

Não deveria ser admissível que, em meio ao agravamento da crise sanitária, quem deveria coordenar as medidas de combate à pandemia solicitasse o fim delas. Pois Bolsonaro tentou. Anunciou a possibilidade na tradicional live e, no dia seguinte, ingressou no STF contra Bahia, Distrito Federal e Rio Grande do Sul, sob o argumento que o toque de recolher era similar ao estado de sítio, que somente o presidente da República, com o aval do Congresso Nacional, poderia decretar. Marco Aurélio negou o pedido.

 

A Bahia sempre teve a maioria da população contrária ao bolsonarismo. O Rio Grande do Sul flertou com esse agrupamento político, mas abandonou o barco há algum tempo, quando viu que as posturas de Bolsonaro eram inadequadas na condução da crise. O Distrito Federal, quase que imbricado com o poder central, foi quem mais demorou a buscar o distanciamento, quando já não havia mais leitos disponíveis e a crise estava mais que instalada. Foram três estados aparentemente escolhidos a dedos, pois representam três níveis distintos de relação com o Palácio do Planalto. Nada parece ter sido por acaso.

 

Essa dicotomia entre economia e vidas, escondida também sob a argumentação da liberdade de ir e vir, só serve para destruir o resto do tecido social de um Brasil completamente dividido. Para chegar ao poder, Bolsonaro precisou surfar numa visão limitada e dual de país, como se não houvesse outras nuances. Agora, em meio a uma pandemia, segue com a narrativa como forma de sobrevivência, ao mesmo tempo em que consegue esconder outros tantos problemas de não gestão do governo federal. O STF tem limitado esse poder, mas não consegue impedir que arroubos totalitários circulem e encontrem amparo na sociedade.

 

Nesse embate sobre a validade do toque de recolher e outras medidas restritivas, o presidente perdeu. Pena que nem todos os cidadãos reconheçam o quão irresponsável é adotar esse discurso negacionista no momento atual. Enquanto isso, 300 mil brasileiros já morreram e o número não para de crescer...