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Opinião: Convulsão social com prisão de Bolsonaro foi mais uma promessa inócua do bolsonarismo

Por Fernando Duarte

Opinião: Convulsão social com prisão de Bolsonaro foi mais uma promessa inócua do bolsonarismo
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzobom/ Agência Brasil

Ficou na promessa a convulsão social com a prisão de Jair Bolsonaro. Desde que processo foi iniciado, o entorno do ex-presidente garantia que, em caso de um resultado desfavorável na Justiça, o Brasil iria “parar” até que Bolsonaro estivesse solto. Após alguns meses de prisão domiciliar e mais de uma semana na Superintendência da Polícia Federal, somente o entorno dele insiste na retórica de perseguição e injustiça, em um caso de tentativa de golpe de Estado que só não foi ainda mais documentado por não ter chegado a se concretizar.

 

Esse esforço para gerar simulacros sobre a realidade brasileira não é novo. Acompanhou os momentos pré-eleitorais de 2018 e acabou reforçado durante os quatro anos em que Bolsonaro esteve no Palácio do Planalto. Nem de longe ele governava para a maioria da população brasileira, mas, ainda assim, nos discursos havia reiteradas referências de que a maior parte do país desejava aqueles comportamentos que acabamos por naturalizar. Mesmo preso, há sucessivas tentativas de simular essa condição de “maioria” contrária à condenação e posterior prisão do ex-presidente.

 

A sentença no caso da tentativa de golpe de Estado era certa. Somente partidários do ex-presidente não conseguiam enxergar a obviedade de que Bolsonaro e seu entorno tentaram desmoralizar as instituições públicas brasileiras. Seja com o “mantra” as fraudes nas urnas eletrônicas, seja no estilo verborrágico de atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e até mesmo o Congresso Nacional – este último acabou poupado ao fim e ao cabo por uma estratégia de sobrevivência política liderada pelo senador Ciro Nogueira. Corroer a República virou ação diuturna que, felizmente, não se concretizou plenamente.

 

Logicamente, é preciso fazer reflexões sobre eventuais excessos na condução do processo, especialmente pela concentração excessiva de poder nas mãos do ministro Alexandre de Moraes. Por mais que fiquemos tentados a argumentar que “os fins justificam os meios”, é improvável que, quando houver uma revisitação histórica e distanciada dos episódios, não se perceba que a “sede de vingança” acelerou prazos e facilitou o andamento do processo. Para quem acompanhou, em tempo real, o andamento do cometimento dos crimes até a condenação, o distanciamento temporal será necessário também para perceber os vieses de todos os lados envolvidos.

 

A prisão do ex-presidente não foi inédita. Luiz Inácio Lula da Silva passou um tempo em cárcere, na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Fernando Collor de Mello cumpre prisão domiciliar – apesar de inúmeras denúncias recaírem sobre ele desde a passagem pela presidência no começo dos anos 1990. O ineditismo nesse caso de Bolsonaro é que, junto com ele, foram presos militares de patentes altas, a exemplo de Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier. Não deixa de ser uma revisitação ao histórico brasileiro de não punir militares – em especial àqueles envolvidos em um golpe de estado, ainda que malsucedido.

 

Felizmente, a agitação e a convulsão social convocada pelas hostes bolsonaristas ficaram na promessa inócua e vazia. Tal qual muitas das propostas de solução aos problemas brasileiros, as quais vivenciamos quatro anos de incapacidade administrativa instalada no Palácio do Planalto. O general Augusto Heleno foi quem teve uma boa justificativa para tudo isso: sofre com o Alzheimer desde 2018. Ou seja, pode ter lidado com o esfacelamento da República para culpar a doença por não agir contra.