Conselho do Vitória aprova migração para a LFU e venda de direitos de TV; saiba detalhes
Em "uma das votações mais importantes da história do clube", como declarou o presidente do Vitória, Fábio Mota, o Conselho Deliberativo rubro-negro aprovou, nesta quinta-feira (11), a venda de 15% dos direitos de transmissão de TV do clube para investidores da LFU (Liga Forte União) pelos próximos 45 anos — a partir de 2029— em troca de um aporte imediato de R$ 68 milhões e da entrada do Rubro-Negro no bloco de clubes da LFU a partir de 2025.
Conforme apuração do Bahia Notícias, 90 conselheiros participaram da votação, que contou ainda com a presença de representantes da LFU e dos investidores, além dos principais dirigentes rubro-negros. Ao final das explanações acerca da proposta, as falas foram abertas para os conselheiros, e a votação ocorreu de forma nominal: 54 conselheiros votaram a favor, 36 se posicionaram contra e dois se abstiveram.
A venda dos direitos de transmissão, condição para o Leão entrar na LFU, foi proposta por Fábio Mota, na condição de presidente do Conselho Gestor, e previamente aprovada pelo Conselho Fiscal, presidido por Raimundo Viana, pois saindo da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) e entrando no bloco de clubes da LFU, o Leão passará a receber R$ 166 milhões por ano, 35% a mais que os R$ 123 milhões anuais do contrato da Libra.
Mota também destacou as dívidas herdadas de gestões anteriores. Ao assumir o clube em 2022, o passivo era de R$ 361,4 milhões, reduzido após negociações para R$ 274,9 milhões, dos quais R$ 99,7 milhões já foram pagos. Ainda restam R$ 203,4 milhões, com pagamentos mensais de R$ 4,1 milhões, parcialmente cobertos pelo aporte da LFU e pela venda dos direitos de transmissão.
CONSELHEIROS CONTESTAM
A reportagem do Bahia Notícias conversou com conselheiros presentes à reunião, que afirmaram que a aprovação feriria o estatuto do clube, já que não teria contado com 2/3 dos 150 conselheiros, e que Nilton Almeida, presidente do Conselho Deliberativo, teria encerrado o encontro sem anunciar oficialmente o resultado.
Em contato com o BN, o presidente do Vitória, Fábio Mota, afirmou que, segundo o estatuto, esse tipo de votação não exige quórum de 2/3, mas apenas maioria simples, já que não se trata da venda de propriedade do clube nem de empréstimo, e sim da negociação de direitos de transmissão.
Mota garantiu ainda que o resultado foi anunciado durante a reunião e a aprovação será registrada na ata oficial.
LFU X LIBRA
A Liga Forte União é composta por 32 clubes do futebol brasileiro. Na Série A 2025, estão 11 clubes: Botafogo, Ceará, Corinthians, Cruzeiro, Fluminense, Fortaleza, Internacional, Sport e Vasco.
Na Série B 2025, outros 16 clubes: Amazonas, América-MG, Athletic-MG, Atlético-GO, Athletico-PR, Avaí, Botafogo-SP, Chapecoense, Coritiba, CRB, Criciúma, Cuiabá, Goiás, Novorizontino, Operário-PR e Vila Nova.
E na Série C, sete clubes: CSA, Figueirense, Ituano, Londrina, Náutico, Ponte Preta e Tombense.
Para o ciclo 2025–2029, a LFU fechou contrato anual de cerca de R$ 1,7 bilhão, com receitas distribuídas entre Série A (61%), Série B (15%), LiveMode (14%) — que administra os direitos de transmissão da liga — e investidores (10%). Entre os clubes, 45% da receita será dividida de forma igualitária, 30% de acordo com a classificação no campeonato e 25% proporcional à audiência.
A LiveMode, responsável pelos direitos de transmissão da LFU, distribuiu os jogos entre diferentes plataformas: a Record exibirá partidas na TV aberta, a Amazon Prime Video fará a transmissão via streaming, e o YouTube, com a Cazé TV, disponibilizará jogos gratuitamente na internet.
Já a Libra, com a saída do Vitória, agora reúne 14 clubes: Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Grêmio, Santos, Atlético-MG, Bahia, Red Bull Bragantino, Remo, Paysandu, Volta Redonda, ABC, Guarani, Sampaio Corrêa e Brusque.
Em março de 2024, a liga firmou contrato exclusivo com a Globo para a transmissão do Campeonato Brasileiro de 2025 a 2029. O acordo garante à emissora a exibição das partidas como mandante dos clubes em suas plataformas, incluindo TV aberta, TV por assinatura (SportTV), streaming e pay-per-view (Premiere).
O valor do contrato é de R$ 1,3 bilhão por ano, além de 40% da receita líquida do pay-per-view. A distribuição da receita entre os clubes ocorre da seguinte forma: 40% de forma igualitária, 30% por desempenho esportivo e 30% com base no percentual de torcedores cadastrados como assinantes.