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A presença de símbolos religiosos de matriz africana, como vestes brancas, colares sagrados e cabeça coberta, ainda são alvos de preconceito em muitos espaços sociais, inclusive no campo jurídico. É o que relata a advogada criminalista Lalesca Moreira, baiana, pós-graduada em Direito Penal e Processo Penal, que carrega na sua atuação profissional a força da ancestralidade e da fé no Candomblé.
Em entrevista ao Bahia Notícias, Lalesca contou como sua identidade religiosa impacta sua rotina pessoal e profissional, especialmente após sua iniciação no culto de matriz africana. “Eu já mostrava minha rotina como advogada criminalista. Quando fui iniciada, continuei mostrando, mas os olhares já não eram os mesmos”, relata.
Vestir branco, cobrir a cabeça e evitar determinados ambientes faz parte das restrições de seu resguardo religioso, um período de um ano após o rito de iniciação. Ainda assim, ela jamais pensou em abrir mão de sua fé para evitar conflitos ou críticas. “A minha fé é algo inegociável. Jamais deixaria de trabalhar por estar no período de resguardo ou deixaria de cumprir o resguardo por conta do trabalho.”
Aos 69 anos, Baby do Brasil já planeja voltar a se apresentar em shows presenciais, mas ainda não tomou sequer a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Em entrevista a Zeca Camargo, no "Splash Entrevista", a cantora falou sobre a resistência ao imunizante.
“Eu estou pegando, no mundo inteiro, todas as pesquisas sobre tudo que estou colocando dentro do meu corpo [...] Eu vou fazer 70 anos, no ano que vem, com o corpinho de 20. Tenho todo o direito de decidir se quero colocar essa zorra dentro de mim ou não”, justificou a artista, cujos filhos já foram imunizados. "Não tenho nada, a princípio, contra. Eu só quero entender o que estou botando dentro de mim", acrescentou.
Apesar de ser algo comum nas vacinas contra outras enfermidades, o fato dos imunizantes contra o novo coronavírus não garantirem 100% de proteção preocupa a cantora. "Eu vi o Agnaldo Timóteo falecer, Pepeu tomou e apavorou quando Agnaldo faleceu. A gente fica apavorado de querer entender, com muito carinho, qual é nossa medicação, mas nada contra. Vacina sempre é muito bem-vinda", comentou Baby, insinuando que a própria substância poderia ter causado problemas para a saúde de seu ex-marido, Pepeu Gomes, e a Agnaldo Timóteo.
Zeca Camargo, então, questiona a artista sobre a falta de informações mencionada por ela e lembra que o tema é amplamente explorado na imprensa, que tem mostrado, inclusive, a queda das mortes após o início da vacinação. "Eu tenho péssimas informações, mas eu não me influencio pela péssima ou pela boa, eu só quero sentir e dizer se vou ou não. No momento até agora eu não senti", disse Baby, destacando, no entanto, que a resistência não se trata de questão ideológica. "Temos que ter o direito de sentir. Exemplo, se você está cismado com uma coisa, você não vai fazer. A cisma é um sinal", explicou.
Durante a entrevista, a cantora contou ainda que para lidar com o momento tem um grupo no celular com “todas as informações mundiais para estudar”. Ela garantiu também, que o retorno aos palcos respeitará os protocolos sanitários e terá toda equipe vacinada (menos ela).
Inspirado no espetáculo teatral “Namíbia, Não!”, do baiano Aldri Anunciação, cujo texto rendeu o Prêmio Braskem de Teatro (2011) e virou livro vencedor do Prêmio Jabuti, em 2013 (relembre), o filme “Medida Provisória” acaba de ser selecionado para o Festival SXSW, nos Estados Unidos (saiba mais).
“Pra mim foi muito gratificante, é um sinal de que valeu a pena. O projeto começou em 2012, então, quando recebi essa notícia é como se a gente tivesse dado o passo correto lá atrás. Parece uma coroação de um momento pensado, planejado lá no início. A gente tem sempre essa falsa imagem de que a arte acontece meio sem planejamento, mas essa notícia confirma que vale a pena a gente planejar, a gente traçar estratégias e um processo, inclusive, de transmutação de linguagens”, declara o dramaturgo, sobre mais um reconhecimento internacional do longa-metragem, agraciado anteriormente com o prêmio de Melhor Roteiro em Memphis, nos Estados Unidos (clique aqui).
Assim como a peça, que circulou todo o Brasil e chegou a ganhar uma versão em língua inglesa estrelada em Londres (clique aqui), o filme conta com o mesmo mote, partindo da situação hipotética de um futuro no qual o governo brasileiro decreta que todos os cidadãos de “melanina acentuada” sejam deportados para um país da África.
Outro ponto em comum é a direção de Lázaro Ramos. Junto com o autor da obra original, o artista baiano assina ainda o roteiro, que posteriormente contou com a colaboração de outros dois nomes de peso: Elísio Lopes Júnior e Lusa Silvestre. “Chega um momento, em 2014, que a gente começa a se sentir só e acha que precisava de mãos técnicas também, afinal de contas, tratava-se de dois roteiristas escrevendo seu primeiro roteiro”, lembra Aldri, que decidiu unir o trabalho de “dois marinheiros de primeira viagem” ao de outros dois roteiristas “experimentados” em “Medida Provisória”.
Aldri, na esquerda, ao lado do diretor Lázaro Ramos e Flávio Bauraqui, após encenar o espetáculo "Namíbia, Não!" | Foto: Divugação
Depois de já ter passado do teatro para a literatura, a ideia de novamente “transmutar” as linguagens artísticas, levando a história para o cinema, surgiu dentro do projeto “Melanina Acentuada”, quando “Namíbia” ainda estava no palco. “Foi numa temporada que a gente fez no Teatro Eva Herz que a gente aventou fazer uma consulta pública com os espectadores sobre a possibilidade de um filme”, lembra Aldri. Foi também nesta interação entre o público e o autor que a obra cinematográfica tomou seus primeiros contornos.
Se no teatro havia em cena apenas os primos André e Antônio - que, confinados em um apartamento por medo da absurda Medida Provisória, discutiam a situação do negro no país e questionavam as definições de identidade -, na telona foram incorporadas outras figuras mencionadas durante a peça, incluindo a que viria a ser a personagem principal. “Nesse encontro de 2012 que surge a protagonista do filme, a Capitu, que é a namorada de um dos dois primos. Nessa consulta pública, ela era a figura mais falada, todos queriam saber onde ela estava e o que teria acontecido com ela. E aí na sala de roteiro ela acaba virando a protagonista, digamos assim, dessa história”, conta Aldri, sobre a personagem interpretada por Taís Araújo no filme.
“Os primos estão ali presos no apartamento e ela [Capitu] foi esse grande mote para a gente levar o espectador para fora da sala dos primos, ou para fora do teatro. Ou seja, essa personagem determina justamente a migração da linguagem, na medida que ela está fora daquele espaço cênico que a gente tinha criado”, explica o dramaturgo, lembrando que o filme dá forma também a outras figuras mencionadas na peça. “Os personagens que estão fora da cena, no caso, com vozes gravadas, como a de Wagner Moura, que fazia o ministro da Devolução, e a socióloga feita pela Ana Paula Bouza, todas essas personagens a gente aproveitou no filme para dar corporeidade”, conta o autor.
Outro ponto forte da transposição da obra teatral para o cinema serão as cenas de ação que na peça eram apenas narradas ou apareciam em vídeos curtos. Quem assistiu a “Namíbia, Não!” viu em projeção, por exemplo, a partida para a África de Glória Maria - interpretada por Luis Miranda. Já no filme “Medida Provisória”, o público acompanhará narrativas como essa de maneira mais realista. “[O espectador] vai ver, não as mesmas figuras, mas outras, e de uma forma completamente cinematográfica. Enquanto na peça é tudo muito na oralidade, lá as coisas acontecem. Vocês vão ver essas figuras indo embora”, revela Aldri, que além de ser o autor da obra original, assinar a coprodução e roteiro, também atua no longa.
“A gente achou que ficaria demais eu ainda ser o protagonista, então eu criei uma outra personagem pra mim, que é o Ivan. Ele é uma espécie de revolucionário, que acaba criando uma espécie de ‘afrobrunkers’, começa a reunir negros na cidade e no país que não queiram se submeter à medida provisória que quer que a gente retorne”, conta o dramaturgo. “Na medida em que o retorno é compulsório, Ivan acaba sendo um subversivo. Ele quer subverter a medida provisória. Ele cria espaços subterrâneos para esconder negros que porventura não querem se submeter a essa medida, criando uma espécie de ‘neo quilombos’ por debaixo das terras. E criando possibilidade de revolução pra que essa situação se altere”, revela o artista, dando um pequeno spoiler de sua participação no filme, que, além dele e Taís Araújo, tem ainda no elenco Seu Jorge, Alfred Enoch, Adriana Esteves, Renata Sorrah, Mariana Xavier, Emicida, Hilton Cobra e Pablo Sanábio.
Lázaro Ramos com parte do elenco de "Medida Provisória" | Foto: Divulgação
Programado inicialmente para estrear em 2020, o filme ainda não tem data prevista para ser lançado no Brasil. “Tudo foi ocorrendo de acordo com o que foi programado em 2012. A passos lentos, mas programados. Agora nesse momento final - a gente acabou de filmar em 2019 -, a previsão de lançamento seria exatamente em 2020, mas é quando vem a pandemia. E desde então, ela desenha as previsões de tudo na vida”, pontua Aldri Anunciação, que condiciona a estreia à vacinação de todos os brasileiros.
“A previsão da gente é que assim que todo mundo esteja vacinado - acho que é mais prudente falar isso -, a gente vai estrear na sala de cinema, porque a ideia é que a gente estreie na sala e não vá para o streaming ainda. A gente pensa que é um filme de deslocamento, que propõe a saída dos afro brasileiros de volta para a África. É um filme que estimula essa coisa do movimento, das migrações, da identidade que vai e vem, e a gente não considera ajustado mostrar o filme agora nesse momento de confinamento. Eu acho que ele tem uma potência de linguagem muito forte, justamente nesse momento que a gente estiver mais livre por conta da vacina”, explica.
"Medida Provisória" foi produzido pelas produtoras Lereby Produções e Lata Filmes, com coprodução da Globo Filmes e distribuição da H2O. A produção executiva é assinada por Mariza Figueiredo, a direção de fotografia é de Adrian Teijido, edição de Diana Vasconcellos, direção de arte de Tiago Marques e desenho e edição de som de Waldir Xavier.
Completando 200 anos em 2020, a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, de Cachoeira, vai manter a tradição de louvor à Nossa Senhora por meio de uma live, em substituição às procissões que atraem pessoas de diversos países.
O louvor à mãe de Jesus Cristo, conforme publicou a coluna de André Santana no UOL, se dá a partir de dois dos títulos que ela possui: Nossa Senhora da Boa Morte e Nossa Senhora da Glória. Tais nomenclatura fazem referência à crença da Igreja Católica sobre o período que ela dormiu até a assunção — elevação do corpo ao céu — onde foi coroada rainha.
A Irmandade, além de exercer a função religiosa, é símbolo da resistência à escravidão, construção da cidadania negra no Recôncavo e do diálogo inter-religioso do Catolicismo com o Candomblé. Trinta irmãs compõem a Boa Morte atualmente - elas possuem em média 60 anos de idade.
"Este ano vamos concentrar as atividades nos dias 14, 15 e 16 de agosto e toda a programação será online, transmitida pela página da Irmandade, em parceria com a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)", explica o fotógrafo e assessor de Irmandade, Jomar Lima.
"Esta será a primeira vez que a irmandade não irá para ruas em 200 anos de devoção, já que os historiadores apontam a data de fundação em 1820", explica Jomar. A expectativa é que elas participem utilizando suas vestes e seus acessórios característicos, como as batas, tecidos, torsos e joias. "Elas estarão unidas por meio dos computadores ou celulares, vestidas como manda a tradição", promete.
O ritual da festa à Nossa Senhora da Boa Morte inclui três dias de celebração. No primeiro dia de louvores as senhoras realizam uma ceia; no segundo dia, expressam o luto, em procissão pela cidade trajando vestes pretas e um véu cobrindo parte do rosto; e, no últmo dia, 15 de agosto, percorrem as ruas da cidade com panos vermelhos e joias douradas. Um almoço é servido na sede da Irmandade, no Alto da Igreja D'Ajuda, em Cachoeira, com a realização de rodas de samba.
Pesquisadora sobre festas, a jornalista e doutora em Antropologia Cleidiana Ramos explica que a festa é uma celebração que geralmente tem um conjunto de ritos. "São várias potencialidades desdobrando-se e interagindo. Alguns ritos são 'normatizados' e não saem do controle. Mas esse momento é um grande desafio para as festas que usam a rua", afirmou à coluna de André Santana.
"Como transmitir aqueles três dias de ritos diferenciados e elaborados da Boa Morte: a vigília da dormição, a ceia, a procissão do enterro, e por fim, o ápice que é a procissão da glória?". Sobre a utilização das tecnologias, ela observa que há algumas potencialidades, mas nem tudo é possível. "Veja que é uma adaptação, um modelo possível. Vai ter festa? Sim, mas uma nova festa", afirma Cleidiana.
FESTA DA BOA MORTE DE CACHOEIRA 2020
14 e 15/18, 19h - Encontro online das senhoras da Irmandade para oração
Dia 16/08, 9h - missa celebrada na Igreja matriz da cidade, sem a presença de público e transmissão online
16/08, 15h - apresentação do Grupo Gêge Nagô
Obedecendo as orientações do isolamento social para evitar o contágio e a disseminação do novo coronavírus, Fernanda Montenegro se pronunciou a respeito da conjuntura atual para a cultura no Brasil. “Não sei, só sei que não vou me acalmar. Se eu ainda tiver raciocínio e força, estarei em ação. É uma ambição minha", afirmou a artista, destacando as incertezas sobre o futuro.
“Sem a cultura das artes, não existe país. Estamos vivendo uma hora muito desbaratinada. Não temos perfil, estamos jogados fora”, disse a atriz, que segundo o jornal O Globo, tem feito a quarentena ao lado da ilha, Fernanda Torres, e do genro, o cineasta Andrucha Waddington, em Petrópolis, no Rio de Janeiro. “Temos uma linguagem particular. Ganhamos prêmios em todos os cantos do mundo. Uma personalidade cinematográfica, nós temos”, completou.
A entrevista completa será exibida no Canal Brasil, em duas edições do Cinejornal, exibidas nesta terça-feira (2), às 21h50, e na quinta (4), às 19h45.
A atriz Fernanda Montenegro foi ovacionada pela plateia do Theatro Municipal de São Paulo, neste domingo (6), durante o “Festival Mário de Andrade – A Virada do Livro”, onde ela lançou sua biografia, “Prólogo, ato, epílogo”, escrita com jornalista e biógrafa Marta Góes.
“Sistema nenhum vai nos calar. Este é um livro sobre uma mulher de teatro e, de repente, passou a ser um ato de resistência. Estamos unidos aqui, hoje, em torno da liberdade de expressão”, afirmou a artista, que faz 90 anos no dia 16 de outubro e recentemente foi chamada de “mentirosa” e “sórdida” pelo diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Roberto Alvim (clique aqui).
De acordo com informações do Gshow, ao subir no palco, a atriz foi aplaudida de pé e recebeu o amigo e diretor do Teatro Oficina, diretor do Teatro Oficina, que fez uma homenagem surpresa ao lado do ator Pascoal da Conceição. “Essa mulher é um fenômeno da história do teatro vivo. É a deusa do teatro, bruxa, divina e diabólica”, brincou o diretor, em referência à capa de revista que impulsionou os insultos de Alvim contra Fernanda Montenegro.
Segundo a artista, a motivação para a criação do livro, escrito a partir de 18 encontros com Marta, ao longo de cerca de um ano, foi deixar sua história para os netos. “Eu pensei: os nossos filhos sabem de metade da nossa vida, mas, quando os netos vêm, as coisas começam a cair no esquecimento. Quero que meus netos levem, de tudo isso, a resistência”, afirmou.
Criado como "Fórum Negro das Artes Cênicas”, em 2017, a partir das inquietações de estudantes negros e negras da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o evento chegou à sua terceira edição nesta segunda-feira (18), em Salvador, agora com um conceito mais ampliado (clique aqui e confira a programação completa). Alexandra Dumas, uma das coordenadoras do atual “Fórum Negro de Arte e Cultura” (FNAC), conversou com o Bahia Notícias sobre o projeto e a importância dele, não só no espaço acadêmico, mas também para desconstruir o racismo estrutural em toda sociedade. “É incontestável a presença, a força cultural negra na cidade de Salvador, no estado da Bahia e no Brasil, mas existe um desequilíbrio entre essa força cultural do cotidiano na sociedade e como ela está na universidade. Ainda são poucas pessoas, existem poucos professores e professoras negras, ainda há poucos conteúdos referenciais estéticos, então o fórum surge também como um espaço de encontro e tentativa de construir em atitudes pedagógicas e artísticas respostas para essa pergunta”, contextualiza.
“Ele é fruto de uma demanda e uma mobilização de estudantes da Escola de Teatro [da Ufba], que começam a reivindicar - principalmente estudantes negros e negras -, a presença negra, não só no corpo discente, mas também como reflexo na escola. Ou seja, nos currículos, no cotidiano das salas de aula, porque geralmente a universidade e a escola de teatro estão muito pautadas em referenciais eurocêntricos, desde a sua própria fundação”, lembra Dumas, explicando que a ampliação para outras áreas se deu pela percepção de que a invisibilização do negro não é algo restrito a apenas um campo. “Ao levantar essa questão, a gente percebe que ela não está exclusivamente nas artes cênicas, ela está em um contexto muito maior. Por isso essa ampliação, pela necessidade da gente também discutir essas questões nessas outras universidades, nesses outros espaços”, diz Dumas, sobre a nova formatação do fórum, que inclui também as escolas de Música, Belas Artes, o Instituto de Artes e Humanidades, além de parcerias com outras universidades, com atividades artísticas e debates de diversas áreas.
Diante do atual momento no país, no qual políticas afirmativas estão ameaçadas, Alexandra Dumas destaca a importância do encontro e de se discutir estratégias para a existência e resistência. “Eu acho que, principalmente nesse momento, a gente precisa se aquilombar. Ou seja, o combate precisa ser coletivo, a gente precisa se estruturar, se organizar coletivamente. Talvez o fórum tenha também essa pretensão, de ser um espaço de encontro e de reflexão, mas também de elaboração de estratégias. Nós precisamos até nos voltar para os nossos ancestrais. Entender como, por exemplo, as Comunidades Quilombolas resistiram com toda política de eliminação dessas pessoas e dessas culturas. Como o Candomblé ainda existe, com toda política ainda hoje presente de eliminação, como os povos indígenas ainda conseguem existir diante de toda uma política de eliminação desses grupos, dessas práticas culturais”, defende. Confira a entrevista completa na coluna Cultura.
O coletivo de "artivistas" Poecrática acaba de lançar o livro de poesias de resistência “#EleNão – Poéticas combativas ao inominável”, distribuído gratuitamente em formato digital (clique aqui para baixar a obra). O livro-manifesto, como escreve um dos idealizadores, o músico e compositor Gabriel Póvoas, propõe o “uso completo da liberdade de expressão, tacitamente calada nestes tempos sombrios”.
Inicialmente, o grupo tinha apenas o intuito de fazer um poema coletivo que viraria música com o tema #elenao, para ser tocada no Projeto Som das Sílabas, em Salvador. O objetivo foi cumprido, com a canção “Mestre Moa”, de Sandra Simões, Alfredo Moura e Povoas, que foi gravada por Caetano Veloso (clique aqui). Depois disso, o coletivo segue a resistência com o livro, que conta com textos de agentes da cultura e política nacional, como Leonardo Boff, Elisa Lucinda, Malu Verçosa Mercury, Daniela Mercury, Chicco Assis, Margareth Menezes, Guilherme Boulos, Márcia Tiburi, Isadora Salomão, Zélia Duncan, Paulinho Boca de Cantor, Lenno Sacramento, Valeska Zanello, Manno Góes, Coletivo de Cinema pela Democracia, Gil Vicente Tavares, Marcos Rezende, Pastor Henrique Vieira e Rone Dum Dum.
Quatro anos após seu lançamento, com mais de 200 apresentações em diversas partes do Brasil, o espetáculo baiano “Joelma” fará circulação em nove cidades da Argentina, desta quinta-feira até o dia 27 de outubro. A montagem, que narra a vida da primeira transexual baiana, nascida em Ipiaú, é uma das 20 selecionados pelo INT – Instituto Nacional del Teatro entre 1145 inscritos de todo mundo. Mendoza, San Luis, San Juan, Rosário, Zapala, San Martin de Los Andes, Buenos Aires, Resistencia e Posadas, são as cidades por onde o monólogo, encenado por Fabio Vidal, será apresentado. “É uma honra partilhar desse circuito cênico. Iremos traçar rotas que irão percorrer boa parte da Argentina e levará Joelma para outros muitos públicos. Estou muito contente de começar a desbravar a América Latina”, comenta Fabio Vidal.
A peça foi derivada do curta-metragem “Joelma”, dirigido pelo ipiauense Edson Bastos, que venceu o prêmio de júri popular no 19º Festival Mix Brasil, em 2011. Para 2018, o cineasta e o ator Fabio Vidal se organizam para produzir um longa-metragem sobre o mesmo tema. No momento a dupla Bastos e Vidal estão elaborando o roteiro e o projeto executivo, que foi selecionado pela ANCINE – Agência Nacional de Cinema, através do Fundo Setorial do Audiovisual.
Confira a programação na Argentina:
28/09 - QUI – 22h - Mendoza – Mendoza – Espacio Cultural Julio Le Parc - Sala Vilma Rúpolo
01/10 - DOM – 22h - San Luis - San Luis – Auditório Maurício Lopez
06/10 - SEX – 21h30 - San Juan - San Juan – Sala Auditório T. Bicentenário
09/10 - SEG – 20h - Rosário - Santa Fe – Plataforma Lavardén
13/10 - SEX – 21h - Zapala – Neuquen – Cine Teatro Municipal
16/10 - SEG – 21h - San Martin de Los Andes – Neuquen – Teatro San José
21/10 - SAB – Buenos Aires – Ainda em definição
25/10 - QUA – 20h30 - Resistencia – Chaco – Casa de Las Culturas
27/10 - SEX – 21h - Posadas – Misiones – Teatro Lírico del Parque del Conocimiento
Para celebrar os 128 anos da abolição da escravatura e a resistência negra, Santo Amaro, no Recôncavo baiano, recebe mais uma edição do Bembé do Mercado desta quarta-feira (10) até o domingo (14). Além de comemorar a liberdade, o evento reúne centenas de adeptos do candomblé e vários terreiros da região, que durante cinco dias realizam grandes encontros e cerimônias em praça pública, culminando com a entrega de oferendas para Iemanjá, na praia de Itapema. Esse ano, o Bembé vai homenagear os terreiros de Umbanda e o terreiro Tumba Junsara pelos seus 98 anos, representado pela senhora, Iraildes Maria da Cunha-Mam’Eto Nkisi Mesoeji. A programação terá também palestras, debates, além de manifestações religiosas e culturais como Nêgo Fugido, Maculelê e Jogada de Rede. O evento terá ainda shows de nomes como Cortejo Afro, Ana Mametto e Rebeca Tárique. Na ocasião, a Fundação Palmares vai realizar também o lançamento da cartilha – África ao Brasil.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Capitão Alden
"Estamos preparados, estamos em guerra. Toda e qualquer eventual postura mais enérgica, estaremos prontos para estar revidando".
Disse o deputado federal Capitão Alden (PL) sobre possível retirada à força da obstrução dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso Nacional.