Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias

Notícia

Autor baiano está curioso para ver 'Namíbia, Não!' estrear na ‘Broadway de Londres’

Por Jamile Amine

Autor baiano está curioso para ver 'Namíbia, Não!' estrear na ‘Broadway de Londres’
Foto: Reprodução / Facebook
Depois de ter sido publicado em livro traduzido para o alemão, o espetáculo baiano “Namíbia, Não!”, cujo texto foi vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura 2013, ganhará uma nova versão nos palcos da Inglaterra. A obra, escrita pelo dramaturgo Aldri Anunciação e dirigida por Lázaro Ramos, foi traduzida para o idioma inglês e esta nova versão teatral será apresentada em um ensaio aberto seguido de um bate-papo, no Soho Theatre de Londres, dia 29 de junho. “Ele é uma coisa totalmente independente, espontânea de lá”, revela Aldri, sobre a versão londrina da montagem, traduzida pelo brasileiro Almiro Andrade e protagonizada pelos atores Femi Oyeniran e Anyebe Godwin. “O secretário de Comunicação de Londres tinha lido o livro e começou a sugerir a grupos da cidade para montar o espetáculo lá”, lembra o artista que além de autor, também atua na peça original, contando que chegou a ser convidado para apresentar o espetáculo para o público local. “Eles entraram em contato, fizeram o convite, mas como lá o Estado intermedeia, mas não financia, não foi possível a nossa ida com recursos próprios”, explica ele, que viajou a Londres para participar de uma palestra sobre a construção do espetáculo, no dia 23, e segue por dez dias na cidade para conferir o ensaio aberto.
 

Aldri ao lado de Lázaro Ramos, diretor do espetáculo original : Foto: Divulgação / Crisna Pires
 
O enredo de “Namíbia, Não!” parte de um futuro hipotético em que o Governo do Brasil decreta uma Medida Provisória “de reparação” para que todos os cidadãos negros – chamados de “melanina acentuada” na peça – retornem às suas origens, na África. Presos em um apartamento, os primos André e Antônio se veem diante deste revés da diáspora e começam a discutir temas como identidade brasileira, questões sociais e econômicas.  Com pitadas de humor e criticidade, os personagens acompanham o êxodo de personalidades como Glória Maria e Camila Pitanga, questionando inclusive até que ponto as pessoas podem ser consideradas negras ou não.
 
Aldri Anunciação revela que está curioso para ver o resultado da nova peça, já que a montagem original tem referências fortes voltadas para a cultura brasileira, nem sempre de conhecimento do público no exterior. “Foi feita uma tradução direta, não é uma adaptação. A história se passa no Rio de Janeiro, é o próprio 'Namíbia', é o nosso 'Namíbia'. A tradução está bem interessante, está bem bonita, bem cuidada, tem um aspecto literário bem interessante”, explica o dramaturgo baiano, destacando que a equipe procurou um brasileiro para dirigir, com o objetivo de facilitar a articulação. “Estou curioso para ver como eles traduziram essa parte localizada das pessoas proeminentes que vão embora do país, se eles articulam de alguma forma”, revela Aldri, contando que na versão alemã Camila Pitanga foi trocada por Pelé. “Eles colocaram personagens que têm uma questão universal cultural mais pop. Eu lembro que como Gilberto Gil e Martinho da Vila são bastante conhecidos na Alemanha eles também estão nessa lista de proeminentes que vão embora. Eu não sei como está em Londres, porque é uma perspectiva completamente pessoal deles, quem é do Brasil que a gente conhece e pode botar nestes momentos”, explica.
 

"Namíbia, Não!" parte de um futuro hipotético no qual o Brasil passa por um revés da diáspora | Foto: Divulgação / Léo de Azevedo
 
Aldri diz estar animado também com a escolha do elenco. “Eles estão com dois atores super bacanas, do cinema e TV lá, que se interessaram pelo projeto. Inclusive um deles tem uma característica muito interessante, que parece com a nossa, um cara que trabalha muito com a sociedade de baixa renda, que tem um trabalho educacional e social muito intenso, que é o Femi Oyeniran”, avalia o autor de “Namíbia, Não!”, empolgado ainda por ver a peça no Theater Soho. “É uma coisa bacana porque é naquela área da Broadway de Londres. É bem interessante você ver um texto baiano, brasileiro, estreando num espaço tão oficializado de Londres”, diz o dramaturgo, que depois de liberar as duas versões, em alemão e inglês, analisa propostas para traduções para o italiano e o francês. “Vou parar para sentar e ver quem solicitou, temos estas duas propostas para França e Itália, mas a equipe ainda não olhou”, conta Aldri, revelando que o texto em alemão, que já foi editado em livro, ainda não foi para o teatro por dificuldades locais para escalar o elenco.