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O cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor de “Bacurau”, vem a Salvador para uma sessão especial do seu longa-metragem de estreia: “O som ao redor” (2012). O longa, que integra a programação do Panorama Internacional Coisa de Cinema, ganhou o prêmio de Melhor Filme do VIII Panorama, em 2012, e será exibido amanhã (5), 20h, no Cine Glauber Rocha.
Kleber está entre os mais importantes cineastas contemporâneos do Brasil e atualmente finaliza “O agente secreto”. O filme é protagonizado pelo baiano Wagner Moura e terá sua pré-estreia mundial no Festival de Cannes, em maio.
O diretor conversará com o público após a exibição de “O som ao redor”, narrativa que se desenvolve em uma rua de classe média na zona sul do Recife, onde a chegada de uma milícia transforma a dinâmica da comunidade. Eles oferecem segurança privada e pressionam pela contratação dos serviços.
“Retratos Fantasmas”, seu longa mais recente, foi escolhido para representar o Brasil na pré-lista do Oscar e figurou na lista dos melhores filmes de 2024 do The New York Times.
O XX Panorama Internacional Coisa de Cinema começou no dia 2 e segue até o dia 9 de abril no Cine Glauber Rocha e na Sala Walter da Silveira. No Cine Theatro Cachoeirano, em Cachoeira, o encerramento do festival será amanhã.
SERVIÇO
O que: XX Panorama Internacional Coisa de Cinema
Quando: Salvador - até 9 de abril / Cachoeira - até 6 de abril
Onde: Em Salvador - Cine Glauber Rocha (em frente à Praça Castro Alves) e Sala Walter da Silveira (Barris).
Em Cachoeira - Cine Theatro Cachoeirano
As cidades de Salvador e Cachoeira receberão, a partir desta quarta-feira (2), o festival Panorama Coisa de Cinema. Com mais de 110 filmes para serem exibidos em sua programação, o evento, que chega em sua 20ª edição, trará ainda um seminário com exibidores de pequeno e médio porte do cinema nacional.
Ao Bahia Notícias, a coordenadora de Produção do Panorama e Curadoria de Longas e Programas Especiais, Marília Hughes, comentou sobre o principal objetivo do evento, que teve sua primeira edição realizada em 2006 e idealizada por Claudio Machado.
“A nossa luta, acho que a luta de Cláudio e a minha também é pelo Cinema na sala de cinema”, declarou a produtora. Resgatar o hábito de ocupar as salas de cinema, trocando o streaming, pelo clássico sentimento de assistir na telona é a experiência coletiva que Hughes defende para o cinema nacional.
“Acho que está mais claro do que nunca que essa experiência da sala de cinema, ela é única, ela é insubstituível e ela precisa ser pensada, ela precisa ser valorizada, ela precisa ser alvo de atenção”, defendeu.
É através do festival, e, em especial, da primeira edição do Seminário de Exibição, que Hughes e Machado procuram essa mobilização. “A gente quer discutir isso, como esses filmes estão sendo lançados, como esses filmes estão sendo distribuídos, como é que a gente envolve a sala de cinema”, explicou.
Na Bahia, segundo o Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual, da Agência Nacional de Cinema, existem 143 salas. O número se refere a apenas 4,08% do total de salas em território brasileiro. A maioria, em Salvador e região metropolitana.
Como referência, o sucesso nacional e vencedor do Oscar “Ainda Estou Aqui” arrecadou 252.068 pessoas em apenas 45 salas de cinema. Com esses números, o filme, que estreou no Cine Glauber Rocha, se tornou o longa nacional mais assistido da Bahia em 2024.
Marília explicou que o grande objetivo do evento com o inédito seminário é propor um encontro entre os três elos da cadeia produtiva do audiovisual: exibição, distribuição e produção.
A importância do encontro e da discussão de uma ocupação maior das salas de cinema, vem no mesmo momento do aumento das produções de streamings, que, por vezes, interrompem o ciclo de vida e distribuição do longa-metragem.
“Elas [as distribuidoras] nem aguardam para entender o desempenho que o filme vai ter na sala de cinema”, declarou. “A experiência da sala de cinema é insubstituível enquanto experiência de fruição de uma obra cinematográfica. E isso deve ser valorizado. Esses intervalos entre sala de cinema e streaming devem ser respeitados”, completou.
Para Hughes, o streaming deve vir após o filme esgotar sua trajetória no cinema. A produtora trouxe como exemplo o filme ‘Ainda Estou Aqui’. “Esse filme foi um presente para as salas de cinema, porque levou de volta um público que desde a pandemia tinha saído, abandonado a sala de cinema”, explicou.
O evento estará presente em dois locais de Salvador, Cine Glauber Rocha e Sala Walter da Silveira. Além da capital baiana, Panorama estará no Cine Theatro Cachoeirano, em Cachoeira, Recôncavo do estado.
A presença do evento na cidade ocorre por uma ligação de cinema. “É um diálogo forte com o nosso lema, que é ‘o cinema no centro’, o cinema no centro da cidade, o cinema no centro do histórico das cidades, o cinema também no centro das nossas atenções”, contou.
“Foi a forma que a gente conseguiu de ampliar a nossa luta, que é uma só, é a mesma. Pelas salas de exibição, pelo cinema, pelo cinema de rua, pelo cinema no centro da cidade, pela gente poder ter uma experiência que compartilha a cidade, a cultura”, completou Hughes.
Além do seminário, o Panorama terá Competitivas Nacional, Internacional e Baiana. Ao todo, 62 filmes foram selecionados dentre 1203 longas e curtas inscritos nas competitivas. Haverá ainda uma Mostra de Filmes Restaurados, com a sessão de produções como “Bye Bye Brasil” e “Dona Flor e seus dois maridos”.
A produção dos cineastas baianos estará em evidência na programação gratuita do Panorama Coisa de Cinema, na Sala Walter da Silveira, a partir da próxima quinta-feira (3). Filmes da Retrospectiva Documentários Sérgio Machado e da Competitiva Baiana são maioria entre os 24 filmes selecionados para exibição neste cinema da Biblioteca dos Barris.
A sessão que reúne seis curtas produzidos na Bahia no ano será seguida de debates com os diretores. A Competitiva Baiana III acontece no dia 6/4, às 18h, e traz um olhar sobre a infância em quatro dos filmes programados. Em “Vovó foi pro céu”, de Hilda Lopes Pontes e Klaus Hastenreiter, uma menina de 7 anos tenta aprender a lidar com o luto.
Já em "Menina espoleta e os super-heróis secretos" (Paula Lice, Pedro Perazzo e Tais Bichara), “Bárbara” (Vilma Carla Martins) e "Meu pai e a praia" (Marcos Alexandre) a imaginação infantil, sonhos de crianças e a capacidade de criar novos mundos são abordados com sensibilidade. A sessão tem ainda “O amor não cabe na sala” (Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira) e “Ymburana” (Mamirawá).
A programação da Competitiva Baiana na Walter tem ainda “Quem é essa mulher?”, de Mariana Jaspe, que desvenda a história da baiana Maria Odília Teixeira, neta de uma ex-escravizada que se tornou a primeira médica negra do Brasil. Outros destaques são o documentário "O samba antes do samba", onde Paulo Alcoforado resgata a história do samba de chula do Recôncavo; e "Catadoras", de Dayse Porto, que dá voz a mulheres que trabalham com reciclagem.
A música se faz presente na Competitiva com "WR Discos - uma invenção musical" (Nuno Penna e Maira Cristina), que revisita a trajetória do icônico estúdio baiano WR, e "Volta ao mundo, Kamará" (Eduardo Tosta e Karol Azevedo), que acompanha a turnê europeia da Orquestra NEOJIBA.
Da Retrospectiva Documentários Sérgio Machado, a programação da Walter terá "A luta do século", sobre a rivalidade entre os boxeadores Luciano Todo Duro e Reginaldo Holyfield; “3 obás de Xangô”, que aborda a amizade de Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé; “Onde a Terra Acaba”, um resgate da vida e a obra de Mário Peixoto, diretor do clássico “Limite”.
SERVIÇO
O que: XX Panorama na Walter da Silveira
Quando: 3 a 9 de abril
Onde: Sala Walter da Silveira (Biblioteca dos Barris).
Acesso gratuito
Dois filmes premiados no último Festival de Berlim são destaque na Mostra Competitiva Internacional do XV Panorama Coisa de Cinema, que acontece 30 de outubro e 6 de novembro, em Salvador e Cachoeira.
Vencedor da categoria “Melhor Longa de Estreia” no festival alemão, “Retábulo” (Retablo), de Alvário Delgado-Aparicio, é uma coprodução Peru/Alemanha/Noruega. No filme, um garoto peruano está sendo treinado pelo pai para se tornar um artesão de peças religiosas, mas descobre um segredo que abala seu mundo.
Contemplado com uma menção honrosa do júri ecumênico de Berlim, “Viajante da Meia-noite” (Midnight Traveler), do afegão Hassan Fazili, mostra a fuga do diretor e sua família, após o Talibã definir que ele deveria ser morto, refletindo o drama vivido por milhares de refugiados.
Confira todos os filmes selecionados:
LONGAS
A dança das máscaras/The sound of masks (África do Sul/Portugal) - Sara Gouveia
Alva (Portugal/Argentina/França) - Ico Costa.
À procura…/ In search...( Alemanha/Quênia) - Beryl Magoko
Pahokee (EUA) - Ivete Lucas e Patrick Bresnan
Retábulo/Retablo (Peru/Alemanha/Noruega) - Álvaro Delgado-Aparicio
Viajante da Meia-noite /Midnight Traveler (EUA/Catar/Canadá/Reino Unido) - Hassan Fazili.
CURTAS
Como Ser uma Fera do Hype / How the Beasts Got Hyped (Filipinas) - Elvin Jay Macanlalay, Bryan Marticio e Mars Sanchez
Dante vs. Mohammed Ali (Holanda) - Marc Wagenaar
Fluir/Flow (Holanda/França) - Adriaan Lokman
Héctor (Chile) - Victoria Giesen Carvajal
História Secreta da Aviação (Portugal) - João Manso
Madrid-Estocolmo (Espanha) - Antonio Ledesma Vila e Carmen Kaltchev Soto
Misericórdia (Espanha) - Xavi Marrades
O lado Bom em Ré Menor/Bright Side in D Minor (Suíça/Espanha) - Joan-Marc Zapata Boldú
O Personagem/The Role (Irã/Itália) - Farnoosh Samadi
Sapatos de Salto Cubanos/Zapatos de Tacón Cubanos (Espanha) - Julio Mas Alcaraz.
Suco de Melancia/Suc de Síndria (Espanha) - Irene Moray
Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias (Portugal/Canadá/França) - Regina Pessoa
The Sasha (Holanda) - María Molina Peiró
Com Cauã Reymond no papel principal, o filme "Não devore meu coração!", de Felipe Bragança, integra a programação do Panorama Coisa de Cinema. O longa-metragem será exibido no dia 11 de novembro, às 21h10, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha. Na ocasião, o diretor vai participar de um bate-papo com o público após a sessão.
Exibido no último Festival de Berlim, o filme retrata a história de Joca (Eduardo Macedo), um jovem de 13 anos que se apaixona por uma garota paraguaia e passa por dificuldades na fronteira entre Brasil e Paraguai. Reymond é o intérprete de Fernando, um agroboy que é irmão de Joca e se envolve com uma gangue de motociclistas.
Esse é um dos 16 filmes nacionais que compõem a mostra Panorama Brasil. Outras produções nacionais que serão exibidas são as ficções "Vazante", de Daniela Thomas, e "Abaixo a Gravidade", novo filme de Edgard Navarro. O XIII Panorama Internacional Coisa de Cinema acontece de 8 a 15 de novembro em Salvador e Cachoeira.
Seguidas de debates com os realizadores, as sessões da Competitiva acontecerão no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, em Salvador, e no Cine Theatro Cachoeirano, em Cachoeira. Os horários das sessões serão divulgados posteriormente, mas na capital, os ingressos avulsos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) enquanto o passaporte custa R$ 40. Já no interior, a programação é gratuita.
Confira os filmes selecionados:
Longas
- A Finada Mãe da Madame, de Bernard Attal
- A Noite Escura da Alma, de Henrique Dantas
- A Professora de Música, de Edson Bastos e Henrique Filho
- Do Corpo à Caxirola, de Sophia Mídian
- Gente Bonita, de Leon Sampaio
- Perdido em Júpiter, de Deo
- Ridículos, de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge
- Xorume, do Coletivo Inconsequentes
Curtas
- A Cadeira de Balanço, de Fernanda Fontes Vareille
- A Morte do Cinema, de Evandro de Freitas
- Astrogildo e a Astronave, de Edson Bastos
- Entroncamento, de Maria Carolina e Igor Souza
- Fonte Nova, de Matheus Vianna
- Hotel Paraíso, de Jon Lewis
- Illud Tempus, de Victor Marinho.
- Lapso, de Felipe Franca
- Marlindo Paraíso e a Kombi do Amor, de Max Gaggino
- Minotauro – Viagem ao Labirinto do Corpo, de Leonardo França
- Neandertais, de Marcus Curvelo
- O Eclipse, de Lorena Sales, Uiran Paranhos, Danilo Umbelino e Murilo Deolino
- O Mundo do Rio não é o Mundo da Ponte, de Silvana Olivieri e Tenille Bezerra
- Obra Autorizada, de Iago Cordeiro Ribeiro
No filme, Roberto (Chico Diaz) e Júlio (Caio Castro) têm um relacionamento conturbado de amor e ódio. Um incidente altera a rotina de Roberto e o leva a repensar a vida e tentar se reaproximar do filho. Pouco interessado neste contato, Júlio divide seu tempo entre a diversão e seu envolvimento com o tráfico de drogas.
No elenco, ainda dá para encontrar os baianos Caco Monteiro, que interpreta o melhor amigo de Roberto e a atriz Cyria Coentro, cuja personagem se envolve com Roberto. O filme será apresentado nas quatro salas do complexo de cinema, sendo que uma delas (sala 1) recebe o debate com o diretor e a atriz Camila Camargo. Logo após o debate tem início a noite de premiação do festival. No momento serão anunciados os vencedores das mostras competitivas.
Os ingressos para as sessões do Panorama no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).
Boi Neoné o primeiro filme claramente ficcional de Mascaro. Estamos em uma região “confiscada” pelo realismo social brasileiro, mas que ganha um novo tratamento sob o olhar do realizador e equipe. Boi Neon se passa em meio às grandes vaquejadas do sertão nordestino. Um “esporte” por si só muito estranho, ao menos para quem não é de lá. A graça dessa atividade consiste em derrubar o boi pelo rabo em um espaço preciso da pista. As festas são grandes, reúnem muita gente. Mas, o que importa mesmo no filme está ao redor, nos bastidores do evento.
O filme apresenta um leque de personagens que vão nos ajudar a quebrar clichês ao conferir complexidade aos sertanejos. Iremar (Juliano Cazarré) é o responsável pelo trato dos bois que correm a vaquejada. Um trabalho duro, em meio à lama e fezes dos animais. Mas, tudo é feito sem aporrinhação. Ele executa seu trabalho e pronto! De toda forma, é um homem de desejos. Um deles, é o de ser costureiro e trabalhar na indústria de confecções recentemente implantada no agreste. Boa parte da produção desse pólo é voltada à moda de praia.
Temos também a personagem da Galega (Maeve Jinkings), não por acaso o único personagem a demonstrar insatisfação cotidiana. Para as mulheres, as coisas continuam mais complicadas. Temos ainda alguns outros personagens que irão compor uma variedade muito interessante de tipos, que nos permitem compreender aquele universo peculiar com muita precisão.
Há uma história no filme, mas que não é linear. Não se trata de um roteiro tradicional e não existe, aqui, um arco dramático para os personagens. Nem mesmo a transformação. Isso não impede que tenhamos a forte sensação de entendimento dessas pessoas e mesmo sobre a região. Os belos planos, dilatados e precisos, possibilitam ver, ouvir, sentir e apreender a vida que surge na tela. Trata-se de um filme de rara elaboração e beleza.
Serviço:
Competitiva Nacional VIII
Quando: 03 de novembro, às 19h30
Onde: Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Sala 1).
Quanto: R$ 10 / R$ 5
- Filmes:
Em Paz, de Clara Linhart (RJ)
Muros, de Fabrício Ramos e Camele Queiroz(BA)
Boi Neon, de Gabriel Mascaro (PE)
Conversa com os diretores após a sessão
A história de “Ralé” é sobre o casamento de Barão, personagem de Ney, ex-viciado em heróina, com um dançarino, em uma vila rural criada por ele. No entanto, o filme é mais amplo, é sobre as minorias. “Esse filme precisa existir nesse momento de nosso país que está tomando um rumo tão estranho, ele é necessário”, afirmou o cantor. Desde o início do longa, Ignez coloca essa questão. “Já no começo, ele traz os indígenas, que estão sendo massacrados e ninguém fala disso”, contou Ney, sendo aplaudido prontamente pela plateia.
Ney Matogrosso, Djin Sganzerla (que teambém está no elenco) e Helena Ignez: exibição e bate-papo com o público | Foto: Milena Palladino
“Ralé” nasceu de um média-metragem também dirigido por Ignez, que era sobre uma única minoria, como ela fala. “Começou exatamente com a ideia do beijo, do Ney. E conseguiu bastante sucesso”, explicou a cineasta. Por conta do sucesso, a diretora conseguiu um orçamento, que garantiu a produção do longa. “Era exatamente o que eu queria, falar sobre mulheres, sobre os gays”, contou. Além das duas, há cenas de “Ralé” que demonstram apoio da cineasta à causa trans (uma das personagens trans do filme é a celebrante do casamento de Barão e seu noivo).
Ralé mostra também como Ignez continua ligada ao bom cinema e à sua relação com a sétima arte, que vai além do casamento com Glauber Rocha. A atriz de “Copacabana Mon Amour” se coloca em um espelho temporal dentro de seu próprio filme. Sonia Silk, personagem de Ignez no filme de Rogério Sganzerla, ressurge em uma releitura, como uma ode à geração que revolucionou o cinema nacional.
Ralé tem feito carreira em festivais e estreia nacionalmente em abril de 2016, com distribuição pela Pandora Filmes.
O filme traz a história de Júnior (Ariclenes Barroso). Ele joga em um clube amador de Saquarema, pequena cidade do Rio de Janeiro. Júnior gosta de jogar bola e é bom no que faz. Ele se diverte ao mesmo tempo em que sonha em ser um craque num futuro próximo. Mas, o dia a dia de Júnior não é dos mais fáceis. Além do esforço em ser jogador profissional, Júnior trabalha duro para ganhar uns trocados. O pior é quando ele chega em casa, pois sua família é desestruturada. Júnior sonha muito quando acordado, mas quase não consegue dormir à noite, em casa.
O filme nos apresenta um jovem muito bacana, de garra e ambicioso. É linda a cena em que Júnior está com sua namorada (Júlia Bernat) no alto de um morro e de lá eles vislumbram a paisagem, como se apontassem para um futuro otimista e sempre melhor.
Mas, a realidade sempre se mostra mais complicada.
A gravidez não planejada de sua namorada será obstáculo. Talvez, a dificuldade maior para que Júnior se torne um jogador profissional, algo que parece já estar encaminhado para Bento (Sérgio Malheiros), o seu melhor amigo. De repente, a vida dá um nó e os maiores aliados de Júnior parecem se transformar em adversários.
É inevitável contar a história quando pensamos em "Aspirantes". É um típico filme linear, que se esforça justamente para que os elementos fílmicos conspirem a favor da narrativa. Cinema clássico, dos bons, porque bem filmado e bem atuado. Aliás, um filme de atores, jovens que são e excelentes em seus desafios.
Vale contar, ainda, que Aspirantes ajuda a preencher uma lacuna existente no pais, que é a falta de filmes que trazem o futebol como pano de fundo.
Serviço
Competitiva Nacional VII
Quando: 02 de novembro, às 20h05
Onde: Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Sala 1).
Quanto: R$ 10 / R$ 5
- Filmes:
História de uma pena, de Leonardo Mouramateus (CE)
Feio, Velho e Ruim, de Marcus Curvelo(BA)
Aspirantes, de Ives Rosenfeld (RJ)
Conversa com os diretores após a sessão
Algo verdadeiramente insano surge de dentro daquele sujeito aparentemente pacato e o cheiro da vingança se espalha pelo ar. Fernando deixa seu filho de lado e vai atrás do cara que transou com sua esposa. Ele descobre onde o sujeito mora, se instala na casa dele, conquista a confiança da filha e esposa e...
"Para a Minha Amada Morta" se constitui como um filme de gênero. É um thriller psicológico e é muito eficiente nesse sentido. O filme todo é feito com planos-sequências, sendo que dois deles excedem os dez minutos de duração. Verdadeiras coreografias muito bem executadas e funcionais, no sentido de contar esse embate entre dois machos-alfa. Um deles, arrependido, porque agora evangélico. O outro, ferido, que tenta elaborar a dor da perda da ex-amada morta.
Acima de tudo, ficará em aberto o que Fernando fará, que estrago ele irá causar na vida daquela família.
Serviço:
Competitiva Nacional VI
Quando: 1 de novembro, às 19h25
Onde: Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Sala 1).
Quanto: R$ 10 / R$ 5
- Filmes:
Tarântula, de Aly Muritiba e Marja Calafange (PR)
À parte do Inferno, de Raul Arthuso(SP)
Para minha amada morta, de Aly Muritiba (PR)
Conversa com os diretores após a sessão
Em Cachoeira, o filme será exibido no dia 02/11, às 16h30, no Cine Theatro Cachoeirano
Tanta gana faz com que leve seu gabinete para o canteiro de obras, a fim de tudo fiscalizar. Figura do passado, em meio a um presente caótico, o prefeito do filme é sujeito de boas intenções, mas que vive numa farsa grotesca. O personagem, que se veste como um sujeito do século passado (gravata borboleta e bigodinho), é dotado de uma modernidade retrógrada.
Esse prefeito tem ambições políticas desmedidas e chega mesmo a conceber um plano separatista. Para tanto, oferece ruas e bairros do Rio de Janeiro a fim de convencer demais políticos. No fundo, ele quer ser o rei do seu próprio feudo.
"O Prefeito" é um filme que nos faz rir dos nossos próprios horrores. Uma comédia tenebrosa, crítica, verdadeira caricatura sobre a nossa incapacidade política. Um contundente e divertido petardo, mas em nada panfletário.
O cenário principal do filme de Safadi é o viaduto da Perimetral no Rio de Janeiro. Simbólico em muitos sentidos para a cidade. Tanto do passado, quanto do presente. Espécie de retrato do projeto de modernização que assola a capital daquele estado, mas também o de muitas outras cidades pelo país. O gestor aparentemente moderno, mas no fundo arcaico e que muda tudo sem consultar ninguém não é exclusividade deles.
Um filme de ator, ou melhor, sob encomenda para o talentoso Nizo Neto, que compõe um sujeito doente travestido de gestor revolucionário. Destaque ainda para a forma com que Safadi conduz sua opereta.
Serviço:
Competitiva Nacional V
Quando: 1 de novembro, às 16h30
Onde: Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Sala 1)
Ingressos: R$ 10 / R$ 5
- Filmes:
Rapsódia para o homem negro, de Gabriel Martins (MG)
Fuja dos meus olhos, de Felipe Bragança (RJ/Alemanha)
O prefeito, de Bruno Safadi (RJ)
Conversa com os diretores após a sessão.
Em Cachoeira, o filme será exibido no dia 03/11, às 16h30, no Cine Theatro Cachoeirano, sem a presença do diretor.
E foi justamente nesse momento que Maria Ramos voltou suas lentes para uma região que convive com a seca desde sempre. Seca mostra um sertão dotado de certa modernidade e com uma vida que flui normalmente, longe de estereótipos. O filme permite uma forte imersão pela região do Pajeú (Pernambuco), com planos dilatados e uma montagem que favorece o raciocínio, durante toda a projeção. É um recorte amplo e generoso, num filme que mistura cenas observacionais e outras nitidamente ficcionais.
Em "Seca", compreende-se, por exemplo, que certa prosperidade econômica verificada no país nos últimos anos chegou ao sertão e é simbolizada por um carro-pipa, que será o fio condutor do filme. Porém, o discurso político inócuo, de aproveitadores, continua o mesmo de sempre. Estamos no sertão “arcaico”, que não se mostra diferente da grande capital que é São Paulo.
Maria Ramos é uma das mais interessantes documentaristas em atividade e se mantém fiel ao seu estilo rigoroso, inteligente e extremamente crítico de filmar. Seca, como Juízo, Justiça e Morro dos Prazeres, além de Futuro Junho (que também será exibido no XI Panorama), revelam um desejo genuíno e generoso de compreensão da nossa sociedade atual.
Serviço:
Competitiva Nacional IV
Quando: 31 de outubro, às 20h, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Sala 1).
Quanto: R$ 10 / R$ 5
- Filmes:
Mar de Fogo, de Joel Pizzini (RJ)
Ifá, de Leonardo França (BA)
Seca, de Maria Augusta Ramos (RJ)
Conversa com os diretores após a sessão.
Em Cachoeira, o filme será exibido no dia 01/11, às 16h30, no Cine Theatro Cachoeirano.
Para o cinéfilo baiano, que já viu Handebol e outros curtas de Anita nos Panoramas passados, "Mate-me, por favor" não representa uma surpresa, mas uma constatação temática e estilística dos caminhos perseguidos pela realizadora. Estamos diante de uma autora, com seus interesses e obsessões.
Anita há muito se mostra interessada por certo vazio existencial aliado à morbidez juvenil. Em Mate-me, por favor, sexo e pulsão à morte caminham de mãos dadas pela mesma estrada. O fascínio pelo desconhecido, a atração exercida pelo perigo iminente, numa Barra da Tijuca assustadora, símbolo da riqueza brega de uma classe média entorpecida. A arquitetura é um personagem.
A repetição de certos elementos e planos confere ao filme uma sensação de “espiral para dentro”. Quanto mais avançamos na narrativa, as estranhezas se acentuam e o clima de horror fica impregnado.
Mate-me não traz uma história didática, contada em todos os seus pormenores. A realizadora propõe uma rica atmosfera, que nos permite articular o que está fora do filme. Ou seja, o espectador é convidado a pensar e a estabelecer suas hipóteses.
Destaque ainda para o jovem elenco feminino, premiado no último Festival de Veneza.
Serviço:
Competitiva Nacional III
Quando: 31 de outubro, às 16h50, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Sala 1).
Quanto: R$ 10 / R$ 5
- Filmes:
A festa e os Cães, de Leonardo Mouramateus (CE)
Virgindade, de Chico Lacerda (PE)
Mate-me por favor, de Anita Rocha da Silveira (RJ)
Conversa com os diretores após a sessão.
O sol escaldante serve como metáfora de uma cidade caótica e insuportável. O poeta impotente (talvez simplesmente medíocre e farsante) vaga pelas ruas de uma Salvador tão antiga quanto abandonada. Uma certa Bahia está desaparecendo aos nossos olhos e a Salvador encantadora e aprazível deu lugar à terceira capital mais violenta do país.
De toda forma, não é sobre fatos e dados que TROPYKAOS se debruça. Não se trata de um filme sociológico ou que irá se ocupar sobre o genocídio que condena a juventude negra na periferia. TROPYKAOS é um relato pessoal, que atenta para um estado de espírito de uma cidade doente. Trata-se do primeiro longa de ficção baiano que traz esse mal-estar da cidade conhecida mundialmente pela preguiça e doçura. Não há, no filme, espaço para as músicas de Dorival Caymmi ou para o slogan “Sorria, Você está na Bahia”. O estereótipo do típico baiano surgirá como num filme de terror.
TROPYKAOS começa a 220W e pretende-se um golpe rápido e único até o final. Esse é um dos riscos assumidos pelo diretor.
Serviço:
Competitiva Nacional II -
Quando: 30 de outubro, às 20h10 (Sala 1), 20h25 (Sala 3), 20h35 (Sala 2)
Onde: Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha]
Quanto: R$ 10 / R$ 5
Filmes:
O Homem que Virou Armário,de Marcelo Ikeda (CE)
Quintal,de André Novais Oliveira (MG)
TROPYKAOS,de Daniel Lisboa (BA)
Conversa com os diretores após a sessão.
Em Cachoeira, o filme será exibido no dia 03/11, às 14 horas, no Cine Theatro Cachoeirano, também com a presença do diretor
O filme baseado em fatos reais mostra a história de Laerte, um músico baiano, que começa a ensinar música a estudantes de Heliópolis, uma das maiores comunidades de São Paulo. Depois de perder em uma audição para a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), o músico consegue um trabalho em uma escola pública e ajuda os estudantes a transformar suas realidades com a música clássica. O filme é inspirada na trajetória da Orquestra de Heliópolis.
O diretor Sérgio Machado falou ao BN da experiência em lançar o filme na Bahia | Foto: Daniel Silveira / Bahia Notícias
“É um filme que fala de esperança, das mudanças através da educação, da arte e da cultura”, afirmou Fabiano Gullane, produtor do filme. O diretor Sérgio Machado concorda. Para ele o filme fala das mazelas brasileiras, mas usando a esperança como pano de fundo. O diretor, que esteve presente na abertura do festival também falou sobre a importância do lançamento do filme na Bahia. “É uma alegria grande ver a casa cheia, em um festival bacana, cheio de gente jovem”, contou ao BN.
Quem também deveria estar em Salvador para assistir à primeira exibição do filme na Bahia, seria Lázaro Ramos, que interpreta o protagonista do filme. Segundo Machado, Lázaro perdeu o voo que o traria a Salvador por conta de um atraso nas gravações de Mister Brau, mas mandou um recado. “Ele mandou dizer que vai ser uma derrota se a maior bilheteria não for na Bahia”, falou o diretor, que também é baiano se referindo à competição nos cinemas que o filme deve enfrentar, já que será lançado no mesmo mês que Star Wars: Episódio VII e o último filme da saga Jogos Vorazes.
Antes da exibição do filme, o diretor do festival, Claudio Marques, agradeceu a presença do público e lembrou que este ano o Panorama celebra o centenário de Walter da Silveira, crítico de cinema. Além das sessões, o festival conta com um seminário dedicado a Walter, debates e mesas de discussão que terão acesso gratuito. As sessões do Panorama, que seguem até quarta-feira (4), acontecem na sala Walter da Silveira, no Complexo dos Barris e no Cine Theatro Cachoeirano, em Cachoeira, além do Espaço de Itaú de Cinema Glauber Rocha.
Confira o trailer de "Tudo que aprendemos juntos":
Quando o casal se descobre grávido, o ambiente é inundado pela alegria, mas também pelo medo da mudança. É dolorida a cena em que Serge e Olívia resolvem contar para o restante do grupo sobre a gravidez justamente no momento em que o diretor da companhia revela que Olívia iria se tornar a protagonista da peça que entrará em turnê pela América do Norte. O que deveria ser só contentamento se revela obstáculo. Como conciliar a vida de artista-proletária-mãe-companheira? Ainda mais com uma gestação de risco?
É inegável a sensibilidade e companheirismo de Serge, mas a verdade é que Olívia está em intensa mutação. Será ela, e somente ela, que terá sua vida realmente modificada.
Olmo e a Gaivota é um filme realista. A montagem é delicada, o tom é ameno e muito agradável. A narrativa flui com facilidade. Serge e Olívia são personagens cativantes. Eles são carismáticos e passa a ser quase impossível não sofrer diante da claustrofobia de Olívia, que vaga pelas imagens da juventude no desejo de buscar algum frescor e sonhos que deveriam se renovar diante da vida que está para surgir dentro dela.
A estrutura de Olmo e a Gaivota é nitidamente ficcional, mas, dada a credibilidade que o filme constrói (tom naturalista, excelentes atuações, gravidez real da atriz) em muitos momentos pode-se confundir filme com realidade. Aliás, o longa ganhou o prêmio de Melhor Documentário no último Festival do Rio.
A despeito de ser uma coisa ou outra, o que realmente importa é que Olmo e a Gaivota é um filme encantador, que suscita boas discussões e que fica na memória.
Serviço
Competitiva Nacional I - 29 de outubro, às 19h50, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (Sala 1).
Quanto: R$ 10 / R$ 5
- Filmes:
Outubro Acabou, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes (RJ)
Meio Fio, de Denise Vieira (DF)
Olmo e a Gaivota, de Petra Costa e Lea Glob (SP)
Conversa com os diretores após a sessão.
Em Cachoeira, o filme será exibido no dia 30/10, às 19h30, no Cine Theatro Cachoeirano, sem a presença de Petra Costa
A obra será exibida nos dias 01 e 02 de novembro, às 11h. A primeira sessão acontece no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha (ingresso R$ 10/ R$ 5) e a segunda no Cine Theatro Cachoeirano (Cachoeira), com acesso gratuito. No filme, o Vagabundo encontra um bebê abandonado em um carro de luxo que acaba de ser roubado e resolve criá-lo. Com o tempo, eles se tornam uma dupla perfeita, sempre bolando esquemas para conseguir dinheiro e fugir da polícia.
A homenagem ao centenário de nascimento de Walter da Silveira inclui também um seminário que reúne a cineasta e atriz baiana Helena Ignez, o professor Luís Alberto Rocha Melo (Universidade Federal de Juiz Fora), o pesquisador Adilson Mendes, o jornalista Ernesto Marques (Associação Baiana de Imprensa), o crítico Rafael Carvalho e o cineasta José Umberto Dias.
Com participação gratuita, as mesas de discussão vão acontecer em Salvador e Cachoeira, entre os dias 30 de outubro e 02 de novembro, sempre no início da tarde. Os convidados abordarão o pensamento crítico de Walter da Silveira, sua contribuição para a história do cinema baiano e o Clube de Cinema da Bahia. A programação completa pode ser conferida no site do festival.
No filme, Lázaro vive o violinista Laerte, que após anos de ensaio tem uma crise nervosa na audição para integrar a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Sem alternativas, ele acaba ensinando música em Heliópolis, comunidade marcada pela violência em São Paulo. Tendo de lidar com traficantes, ele busca novas maneiras de dar aula, enquanto também resgata o prazer de tocar.
A sessão de abertura será precedida de uma apresentação do Quarteto Carybé, que integra o Neojiba e é composto por dois violinistas, um violoncelista e um violonista.
A Competição de Novos Diretores surgiu para revelar o olhar de novos talentos de todo mundo ainda desconhecidos do público. Participam da competição cineastas que estejam em seu primeiro ou segundo longa-metragem, inéditos no Brasil. Os filmes da competição mais votados na primeira semana da Mostra são exibidos para o Júri Internacional, que dividido entre ficção e documentário, escolherá os vencedores.
“Travessia" conta a história da relação entre Roberto, vivido por Chico Diaz, e mostra a relação conflituosa entre ele e seu filho único Júlio, interpretado por Caio Castro. Enquanto Roberto repensa a sua vida depois da morte de sua esposa, Júlio segue seus próprios planos de ir morar no exterior e se envolve com drogas.
O filme de João Gabriel terá sua estreia mundial na Mostra Internacional de São Paulo. Logo depois será o filme de encerramento do XI Panorama Coisa de Cinema no dia 04 de novembro, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha.
Em 2002, ano da primeira edição do festival, Salvador contava com pouco mais de 20 salas de cinema, sendo 18 delas dentro de três shoppings da cidade. Nessa época, Cláudio começou a reforma do antigo Cine Guarani, que depois veio a se tornar Glauber Rocha, em homenagem ao diretor baiano. O primeiro Panorama foi ainda nas ruínas do antigo prédio que, hoje, faz parte da rede Espaço Itaú de Cinemas, como recorda o cineasta Daniel Lisboa. “Lembro quando o Cláudio fez uma sessão nas ruínas, logo quando ele conseguiu a permissão para restaurar, a céu aberto com projeção no paredão”, conta o diretor baiano que este ano participa do festival, competindo com seu primeiro longa.
Travessia, de João Gabriel, tem participação de Camila Camargo e Caio Castro | Foto: Divulgação
Além dos filmes baianos, o festival vai homenagear o centenário de um dos mais importantes nomes da sétima arte na Bahia, Walter da Silveira. Ideias do crítico ajudaram a geração de cineastas que revolucionaram o cinema nacional com o Cinema Novo, na década de 1950. O Panorama vai exibir uma sessão especial com o filme “O Garoto”, de Charles Chaplin, em homenagem ao Clube de Cinema da Bahia, fundado por Walter, que ocupava o Cine Guarani. A obra de Chaplin foi a última crítica feita por Walter da Silveira antes de morrer.
O XI Panorama Internacional Coisa de Cinema acontece simultaneamente em Salvador e Cachoeira entre os dias 28 de outubro e 4 de novembro. As sessões em Salvador serão no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha e custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). Na cidade do Recôncavo as sessões acontecerão no Cine Theatro Cachoeirano e as exibições são gratuitas.
Também farão parte do júri que vai selecionar o Melhor Curta e Melhor Longa o programador da Cinematheque Française, Bernard Payen, e o crítico de cinema e jornalista José Geraldo Couto. Além disso, os três podem, caso decidam, criar premiações adicionais.
Kohlweyer nasceu em Berlim, em 1981, e viveu na cidade até sua adolescência, quando foi para Praga (República Tcheca) estudar direção cinematográfica. Após a graduação, ele realizou vários curtas-metragens e dirigiu para a televisão alemã. É membro da Associação de Roteiristas da Alemanha desde 2010 e participante do Torino Film Lab (evento que reúne produtores, cineastas e distribuidores e busca impulsionar parcerias). O cineasta é ainda chefe de desenvolvimento da produtora alemã 42film GmbH, com foco em coproduções internacionais.
Também na Competitiva Nacional, que no Panorama reúne filmes de ficção e documentais, está “Olmo e a gaivota”, de Petra Costa e Lea Glob, que ganhou o Troféu Redentor de melhor documentário. O prêmio de direção em documentário ficou com Maria Augusta Ramos, que estará duplamente presente no festival baiano: na mostra paralela nacional com "Futuro Junho" e na Competitiva com o longa “Seca”. O Panorama traz ainda o longa “Beira-mar”, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon; e “Outubro Acabou”, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes, também premiados no Festival do Rio.
Em Salvador, o festival acontece no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha, com ingressos por R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia). O público conta ainda com um passaporte que dá direito a dez sessões por apenas R$ 30,00. Em Cachoeira, os filmes serão exibidos no Cine Theatro Cachoeirano, com acesso gratuito.
A base do repertório é o sexto álbum de Lucas Santtana, Sobre noites e dias, show com o qual tem circulado pelo Brasil e Europa. A apresentação será no dia 30 de outubro, no Pátio do Espaço Cultural da Barroquinha, às 22h. Os ingressos custarão R$ 25, mas quem apresentar tickets de sessões do festival, ocorridas no dia, pagará R$ 20.
O cantor diz que Sobre Noites e Dias reúne crônicas do dia a dia, marca mantida mesmo nas canções mais românticas, como Montanha Russa Sentimental e Alguém Assopra Ela, que conta com a participação do maestro Letieres Leite, da Orquestra Rumpilezz.
Longas
A oficina integra o XI Panorama Internacional Coisa de Cinema e acontece nos dias 29 e 30 outubro, no Centro de Artes, Humanidades e Letras da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, em horário ainda a ser definido. O curso tem 20 vagas e duração total de 16 horas.
Os interessados devem enviar currículo e uma carta de intenção para o e-mail [email protected]. Na carta, o candidato deve explicar os motivos do interesse na oficina e indicar se tem experiência na área. É necessário indicar “Oficina de Sound Design” no assunto da mensagem. As inscrições seguem até 24 de outubro.
O festival acontece de 28 de outubro a 04 de novembro, em Salvador e Cachoeira.
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Branco Sai, Preto Fica
Um bairro semi-destruído, cenário de ficção científica de um futuro nada promissor. Sons de máquinas precárias em funcionamento em uma espécie de abrigo nuclear. Em uma cadeira de rodas, um sujeito claramente marcado pela guerra. No rosto dele, tristeza, cansaço e desilusão. Mas, mesmo na dor a poesia se impõe. E tomaremos conhecimento de sua história através da música que ecoa com tal força que não poderemos mais ficar impassíveis a « Branco Sai, Preto Fica », de Adirley Queirós.
Veja o trailer do filme:
Ventos de Agosto
Do que trata « Ventos de Agosto », de Gabriel Mascaro? Em princípio, da força da juventude em um local pacato, cercado pelo mar. Shirley tem a energia do punk-rock que ela escuta em cima do barco, enquanto passa coca-cola para se bronzear. Parece que não está nem aí para nada, apenas vive a sua juventude. Ela possui a inquietude dos que trepam em árvores e namoram em meio aos cocos. Mas, a força de Shirley está a serviço de sua avó, que necessita de cuidados devido à idade avançada. O tempo da jovem colocado em função do Tempo. Entendemos, então, que « Ventos de Agosto » trata da vida, que inclui a morte.
Veja o trailer:
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Bruno Monteiro
"A democracia é ruidosa".
Disse o secretário de cultura do Estado, Bruno Monteiro ao voltar a falar sobre as críticas feitas a ele nas últimas semanas pela gestão na pasta, entre eles, um manifesto assinado por artistas e produtores culturais.