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Grupos formados por grandes investidores estariam atuando no mercado e praticando quase que uma "agiotagem" para aumentar o valor do dólar e obter lucros expressivos. A afirmação foi feita pelo líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), durante conversa com jornalistas.
O senador se referiu ao forte movimento de alta da moeda norte-americana nesta terça-feira (17), quando o dólar chegou a ser comercializado a R$ 6,20. Para conter a escalada da moeda, o Banco Central realizou diversos leilões de dólares, e com isso o mercado de câmbio inverteu o sinal no meio da tarde e fechou em queda.
Por volta de 17h, o dólar à vista fechou a sessão com queda de 0,10%, negociado a R$ 6,0982 na venda, maior valor nominal de fechamento da história. Na véspera, a divisa já havia renovado a máxima ao fechar a R$ 6,092 na venda.
Para reduzir a desconfiança com a política fiscal do governo Lula e promover maior alívio junto ao mercado, o senador Otto Alencar defendeu que deputados e senadores precisam se debruçar nesta semana na apreciação dos projetos do corte de gastos, além da Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Orçamento da União de 2025.
"Eu sugeri ao presidente Rodrigo Pacheco que sejam realizadas sessões até a próxima sexta-feira, até mesmo de forma não presencial, para que se possa concluir a votação dos projetos de corte de gastos. Esse ajuste fiscal é fundamental para as contas públicas, pra que o governo mostre o cumprimento da legislação que nós aprovamos, que é o arcabouço fiscal, pra colocar tudo no arcabouço fiscal e consequentemente sustar esse aumento muito abrupto do dólar", disse o senador baiano.
Otto Alencar disse ainda que os indicadores mostram que a economia revela dados robustos, e que é preciso aprovar os projetos para sinalizar a disposição do governo em promover o ajuste fiscal, com o cumprimento do que exige a legislação que instituiu o arcabouço fiscal.
"Nós estamos hoje com a dívida pública em torno de 78% do PIB e com o dólar a mais de R$ 6. Isso dá um desequilíbrio e também passa para o mercado essa impressão de que o governo não tem as condições de bancar os seus compromissos, embora o mercado saiba que o governo hoje tem cerca de US$ 370 bilhões de reservas cambiais, o que, portanto, dá um conforto muito grande aos investidores no Brasil. Mas lamentavelmente sempre fica aquela pressão do mercado, dos grandes investidores e de quem domina esse comércio, essa parte financeira que dá um stress muito grande", colocou Otto Alencar.
"Por esse motivo a Câmara e o Senado devem avaliar e aprovar os projetos, para que a gente possa mostrar que o governo e o presidente Lula defendem o ajuste fiscal, mostrar que o ministro Fernando Haddad está nessa direção de cumprir aquilo que está na lei do arcabouço fiscal. Temos que dar essa contribuição ao Brasil", finalizou o senador Otto Alencar.
A escalada do dólar nesta semana, levando a moeda norte-americana a fechar na última sexta-feira (1º) em 5,86, o segundo maior valor nominal já registrado desde a implantação do plano Real e o patamar mais alto desde 2020, esquentou o debate sobre câmbio nas redes sociais. Parlamentares e lideranças de oposição aumentaram o tom de suas críticas ao governo Lula, e relembraram declarações de ministros, senadores e deputados na época em que o dólar disparou durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
O próprio ex-presidente, em suas contas nas redes sociais, ironizou as críticas que foram feitas à disparada do dólar durante a sua gestão. Bolsonaro publicou recentemente na rede X (ex-Twitter) uma declaração dada em junho de 2022 pela então senadora e hoje ministra do Planejamento, Simone Tebet, com críticas ao governo e sua dificuldade em controlar o câmbio.
'O dólar passa de 5 reais hoje por quê? Porque nós temos uma instabilidade política e jurídica. É um governo que não garante segurança jurídica para os investidores", disse a então senadora e naquele momento, pré-candidata a presidente.
Naquele mesmo ano, em setembro, já durante a campanha eleitoral, Simone Tebet voltou a se manifestar sobre a alta no preço do dólar, associando sua subida com o presidente Bolsonaro: "Toda vez que a gente vê o presidente falar besteira, vemos o dólar subir, a inflação", disse.
Segundo analistas econômicos, a cotação do dólar explodiu nesta semana por conta de uma combinação de fatores externos e internos. O fator externo tem a ver com a eleição presidencial nos Estados Unidos, que alimenta a tensão nos mercados mundiais, já que uma eventual vitória do candidato Donald Trump pode mexer com o fluxo do comércio mundial.
Em relação aos fatores internos, as dificuldades do governo Lula de promover o equilíbrio fiscal e apresentar medidas convincentes para o corte de gastos levam investidores a uma corrida em busca da moeda americana. O anúncio da viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, aos Estados Unidos, com a sinalização clara de que não haveria divulgação de medidas na próxima semana, também contribuiu para a alta do dólar nos últimos dias.
A disparada do dólar e o esperado aumento da pressão no mercado de câmbio nos próximos dias inclusive levou o presidente Lula a pedir ao ministro Haddad que desistisse da viagem ao exterior para se dedicar à definição das medidas do pacote de corte de gastos. O embarque de Haddad estava previsto para esta segunda (4) e foi cancelado.
As dificuldades do governo em conseguir controlar a subida do preço do dólar levaram as redes sociais a resgatar também postagens de líderes petistas com críticas a Paulo Guedes, ministro da Economia do governo Bolsonaro. Lideranças de oposição viralizaram uma postagem resgatada da conta do PT na rede X, publicada em fevereiro de 2021, em que o partido perguntava quem chegaria primeiro aos R$ 6, o dólar ou a gasolina.
"Não tá dando para andar de carro e muito menos viajar para Disney. Na corrida maluca do governo quem perde é o povo. Quem chegará primeiro no valor de R$ 6, a gasolina ou o dólar? Saudades do PT", diz a postagem do partido presidido pela deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).
A própria deputada Gleisi Hoffmann teve diversas postagens sobre o aumento da moeda norte-americana relembradas nas redes sociais. Em uma delas, de abril de 2022, a presidente do PT faz a seguinte afirmação: "Previsão da inflação para abril é a maior em 27 anos e chega a 12,3% e 12 meses. Petrobras sobre gasolina pela segunda semana e bate novo recorde nos postos, dólar supera os R$ 5. Vai ser assim até o fim do desgoverno. Inoperância de Bolsonaro e Guedes vai aprofundar o caos sociais", escreveu a líder petista.
Postagens feitas por parlamentares que hoje são ministros ou líderes do governo Lula também estão circulando pelas redes sociais. É o caso de tuíte de maio de 2020 do então deputado federal Paulo Teixeira (SP), hoje ministro do Desenvolvimento Agrário, na época em que a cotação do dólar bateu em R$ 5,90 a mais alta desde o início do plano Real.
"Os Bolsominios foram às ruas e criticaram o dólar a R$ 4,00, diziam querer morar em Miami na época da Dilma. Agora não conseguirão mais", publicou Teixeira.
Também atual ministra no governo Lula, de Direitos Humanos, Anielle Franco é outra que está tendo declarações sobre dólar expostas nos últimos dias nas redes sociais. Anielle publicou tuíte em outubro de 2020 afirmando o seguinte sobre o câmbio: "Fome, desemprego, queimadas, 89 mil, 7,5 milhões, rachadinhas, fake news, violência política, dólar alto, 142 mil mortes, como manter a saúde mental com isso tudo? Que desesperador essa fase hein Brasil?", afirmou.
O debate sobre o valor do dólar deve aumentar ainda mais nos próximos dias. Isto porque a eleição nos Estados Unidos acontece na próxima terça (5), e há chance real da vitória do republicano Donald Trump, o que, segundo analistas, deve potencializar a desvalorização do real e aumentar a cotação do dólar.
Esses mesmos analistas afirmam que a pressão do dólar sobre moedas emergentes vai aumentar bastante até o final da semana que vem, até porque a contagem de votos nos Estados Unidos pode demorar alguns dias. Essa pressão internacional impõe ao Brasil um risco real do dólar alcançar e até mesmo ultrapassar a cotação de R$ 6,00 pela primeira vez desde a implantação do plano Real.
Curtas do Poder
Pérolas do Dia
Luiz Inácio Lula da Silva
"O problema que eu tenho é que eu não gostaria que o Rui deixasse o governo. Mas eu também não tenho o direito de exigir sacrifício do ministro que tem oportunidade de se eleger. Então, quem quiser ser candidato será liberado para ser candidato".
Disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao afirmar que não gostaria que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, deixasse o governo federal, mas ressaltou que não pretende impedir que integrantes de sua equipe concorram nas eleições de 2026.