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Artigos

Paulett Furacão
Setembro triste e amarelo
Foto: Acervo pessoal

Setembro triste e amarelo

Ao adentrarmos o mês do Setembro Amarelo, venho, por meio deste texto, fazer um profundo apelo ao debate sobre a prevenção ao suicídio, reforçando a importância do mês que faz referência ao jovem estadunidense Mike Emme, de 17 anos, que tirou a própria vida em 1994. Trata-se de uma pauta urgente e necessária para o controverso e desafiador século XXI.

Multimídia

Presidente do TCE-BA explica imbróglio envolvendo vaga de conselheiro aberta após morte de Pedro Lino

Presidente do TCE-BA explica imbróglio envolvendo vaga de conselheiro aberta após morte de Pedro Lino
O presidente do Tribunal de Contas do Estado da Bahia (TCE-BA), Marcus Presídio, explicou o imbróglio envolvendo a vaga de conselheiro aberta após a morte de Pedro Lino, em setembro de 2024. Em entrevista ao podcast Projeto Prisma, do Bahia Notícias, nesta segunda-feira (1º), o presidente comentou sobre o processo no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir que a cadeira deixada por Lino seja ocupada por um auditor substituto.

Entrevistas

Diretor do FIDA/ONU no Brasil reforça parcerias na Bahia para geração de emprego e renda no campo

Diretor do FIDA/ONU no Brasil reforça parcerias na Bahia para geração de emprego e renda no campo
Foto: Edu Mota / Brasília
O governo da Bahia anunciou recentemente a expansão do programa de cooperação que possui junto ao Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), com objetivo de promover o desenvolvimento sustentável, a inclusão produtiva e a geração de renda em diferentes biomas do estado. A parceria entre o governo e o órgão da ONU conta com investimentos que ultrapassam o patamar de R$ 1,5 bilhão.

africa

Após 30 anos, Fórmula 1 pode retornar à África com GP em Ruanda
Foto: Reprodução / X / F1

A Fórmula 1 pode estar retornando ao continente africano depois de mais de 30 anos sem ter um GP. O presidente da Federação de Automobilismo de Ruanda, Christian Gakwaya, confirmou o interesse do país em sediar uma etapa da principal categoria do automobilismo mundial.


Essa confirmação ocorre após declarações do CEO da F1, Stefano Domenicali, que anunciou uma reunião com representantes ruandeses em setembro para discutir a possibilidade de realizar uma corrida no país.


Ruanda vem se posicionando como um destino para grandes eventos esportivos, sendo sede da cerimônia de premiação da FIA deste ano e um ativo patrocinador de clubes de futebol como PSG e Arsenal.


A última corrida da F1 no continente africano ocorreu em 1993, na África do Sul. Caso o projeto ruandês realmente aconteça, irá marcar um retorno histórico para a categoria e para os apaixonados pelo esporte no continente.

Lula se reúne com presidentes africanos, cita "dívida histórica" e prega fortalecimento de relações
Foto: Ricardo Stuckert / PR

Em visita à Etiópia, o presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (18) que o Brasil tem uma dívida histórica com a África e defendeu que os países do hemisfério sul fortaleçam suas relações. A viagem ocorreu por ocasião da 37ª Cúpula da União Africana, que reuniu chefes de Estado e membros de governos dos 54 países do continente africano. Lula, que participou como convidado, também aproveitou a oportunidade para realizar reuniões e estreitar laços bilaterais.

 

"O Brasil não tem tudo, mas tudo o que o Brasil tem, a gente quer compartilhar com o continente africano. A gente quer devolver para eles, em forma de possibilidade e de desenvolvimento, aquilo que eles nos deram como força de trabalho durante 350 anos", disse Lula, em menção ao período em que perdurou a escravidão no Brasil. A contagem vai da chegada dos primeiros negros escravizados no Recife, em 1538, até a assinatura da Lei Áurea, em 1888.

 

De acordo com informações da Agência Brasil, Lula defendeu que o Brasil tenha uma relação preferencial com o continente africano e que sejam desenvolvidas parcerias estratégicas envolvendo a transição energética, a agricultura de baixo carbono e outros temas associados à questão climática. "Não só porque a África faz parte da nossa história, da nossa cultura, da nossa cor e do nosso jeito de ser, de falar e de cantar. Mas também porque o continente africano é uma espaço extraodrinário de futuro para quem acredita que o sul global será a novidade do século 21 na economia mundial", disse.

 

O presidente associou as dificuldades enfrentadas pela África com o histórico de colonização. "Isso vem desde a Conferência de Berlim de 1884, quando a África foi dividida pelos países do Velho Continente, para a Inglaterra, para a França e sobretudo para a Alemanha. A África era autossuficiente na produção dos seus próprios alimentos. Depois da colonização, esses países, muitos deles, deixaram de ser autossuficientes e hoje dependem da comida que vem dos antigos colonizadores", observou.

 

Para Lula, os países do hemisfério sul devem se fortalecer, ampliando os negócios entre si. "Já fomos conhecidos pelo planeta afora como países pobres, como países do terceiro mundo, como países subdesenvolvidos, como países em desenvolvimento. Não. Agora nós somos a economia do sul global. Queremos nos dar uma chance para que a gente faça com que o sul global, que tem parte do que o mundo precisa hoje, possa ocupar o seu espaço na economia, na política e na cultura mundial".

 

BILATERAIS
De acordo com o presidente, a viagem à Etiópia foi a mais importante que ele já fez neste governo, pois a 37ª Cúpula da União Africana lhe deu a oportunidade de conversar de uma só vez com quase todos os chefes de Estado do continente africano. "Se eu fosse visitar cada país seriam 54 viagens e seria impossível fazer".

Durante a visita ao continente, Lula teve reuniões bilaterais com alguns chefes de Estado. Uma delas foi com o presidente do Quênia, William Ruto, o qual manifestou interesse no maquinário agrícola do Brasil. Em outro encontro, com o presidente do Conselho Presidencial da Líbia, Mohamed al-Menfi, foi debatida a reabertura da embaixada brasileira no país, desativada desde 2014.

Deputado deve ser levado ao Conselho de Ética, após afirmar que africanos e brasileiros são burros
Foto: Reprodução Câmara dos Deputados

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), associou a existência de ditaduras em países da África à falta de "capacidade cognitiva" da população africana, e afirmou  que o "Brasil está emburrecido" e "segue o mesmo caminho das nações africanas". 

 

Após a fala do parlamentar, que aconteceu durante um podcast, gravado na semana passada, foi emitido um pedido de cassação do deputado por racismo no Conselho de Ética da Câmara, pelas federais Duda Salabert (PDT-MG) e Tábata Amaral (PSB-SP). 

 

Gayer publicou um vídeo afirmando que a fala dele foi tirada de contexto, e que o QI dos países africanos só seria menor que outros por conta da subnutrição, "que afetaria a educação e o conhecimento" e seria espalhada de forma proposital pelos ditadores. 

 

Em outro momento do podcast, o deputado ofendeu o movimento feminista. O corte do trecho do vídeo ainda foi publicado pelo parlamentar em suas redes sociais. 

 

O parlamentar já é alvo de outras duas representações no colegiado da Casa. 

Chef baiana conta a história por trás da deliciosa tradição do caruru em setembro
Foto: Divulgação

Quem é baiano provavelmente já ouviu os versos da cantiga que diz “São Cosme mandou fazer/ Duas camisinha azul/ No dia da festa dele/ São Cosme quer caruru”. É certo também que muita gente fica eufórica em setembro, na ânsia pelos convites para se esbaldar nos tradicionais banquetes em homenagem a Cosme e Damião e aos Ibejis.

 

Na esteira dos festejos, após receber muitos pedidos por orientações sobre o preparo dos pratos típicos do período, a afrochef baiana Paloma Zahir, que comanda o Kissanga Restaurante, em Salvador, resolveu fazer mais do que ensinar os passos dessa gastronomia regada a dendê. Ela decidiu desvendar os mistérios por trás desse costume bem baiano, juntando cozinha, história, cultura, religião, tradição e solidariedade.

 

“[Elas perguntavam] ‘Paloma, como é que faz o caruru, como faz o vatapá? O xinxim o tempero não pega direito, tem algum toque, tem algum segredo?’. E aí eu parei pra pensar em como entregar um conteúdo com mais qualidade para as pessoas. Eu falei ‘pô, não quero ficar só dando direcionamentos curtos, vou formular uma coisa mais completa’. E aí, pelo fato de eu ser uma mulher de Axé, de ser iniciada no Candomblé, eu lembrei de como iniciou a tradição aqui do caruru de Cosme e Damião e toda essa questão também da fraternidade, de matar a fome das pessoas”, explica a cozinheira, que, neste sentido, resolveu criar o Workshop Caruru dos Ibejis, para apresentar dicas culinárias, mas também promover discussões sobre ancestralidade (saiba mais).

 

Totalmente virtual, o projeto será ministrado ao vivo, na próxima segunda-feira (20), a partir das 13h, por meio da plataforma Zoom. Para aqueles que não puderem acompanhar em tempo real, o conteúdo ficará disponível pelo período de um mês. O ingresso custa R$ 50 e a renda vai ser totalmente revertida para o Instituto Conceição Macedo, que apoia pessoas soropositivas na capital baiana. Além disso, o caruru preparado durante a atividade também será doado em quentinhas distribuídas nas ruas de Salvador, para pessoas em vulnerabilidade social. “Com toda essa pegada caótica que a gente está tendo na economia e como está mais difícil pra colocar comida na mesa, é uma forma também de eu estar entregando meu Axé às pessoas, em forma de comida, em forma de afeto”, pontua Paloma.

 


"É uma forma também de eu estar entregando meu Axé às pessoas", diz chef baiana que promove workshop sobre o tradicional caruru de Ibejis ou de Cosme e Damião | Foto: Divulgação

 


DICAS PARA MANDAR BEM NO CARURU 
Ao Bahia Notícias, a chef deu alguns macetes para fazer um caruru como manda a tradição, sem sair de um orçamento que caiba no bolso. “Partindo da situação econômica do país, uma dica coringa é você começar a comprar os ingredientes com antecedência”, alerta a especialista, garantindo “uma economia absurda” para aqueles que não deixam para adquirir os produtos em cima da hora. 

 

Outro ponto importante apontado por Paloma Zahir é evitar os excessos. “Em relação à questão de tempero, acho que as pessoas erram quando colocam mais itens do que o necessário. Porque comida baiana, principalmente o caruru de Cosme e Damião, dos Ibejis, que é uma comida votiva [comida preparada para oferecer a divindades], o tempero não é cheio de ingredientes”, adverte a cozinheira. “O único que leva mais tempero mesmo é o vatapá, com as oleaginosas, o amendoim e a castanha. Mas no caruru, no xinxim e outras coisas, o tempero é básico. Tem gente que eu vejo colocando coentro, colocando tomate, que são coisas que não devem ser utilizadas”, instrui.

 

Paloma explica ainda que na gastronomia baiana há uma base simples para o preparo da maioria dos pratos: cebola e camarão defumado. Mas não o crustáceo tingido com corantes, que custa mais barato, e sim aquele que passa por um processo de cura com fumaça de verdade. “O segredo do caruru é você ter um bom camarão. O camarão é um dos personagens principais na composição do tempero”, resume.

 


“O segredo do caruru é você ter um bom camarão", alerta a cozinheira | Foto: Divulgação

 

 

A HISTÓRIA POR TRÁS DO BANQUETE
Todo mundo já foi criança um dia, e, na Bahia, provavelmente já figurou entre os sete meninos servidos com o caruru de Cosme e Damião, ou dos Ibejis. A origem desta tradição, assim como o motivo da celebração no mês de setembro e o porquê de um banquete tão vasto em guarnições são algumas das informações que serão detalhadas no workshop. 

 

“Vou falar como iniciou a tradição, vou contar os itans, porque se originou essa tradição na Bahia, como tudo ocorreu, para as pessoas entenderem. Porque o pessoal tem muito a cultura de comer o caruru, mas não procurar saber o porquê. Por que ele é em setembro?  Como se iniciou?”, promete a afrochef. “Então, a questão é mesmo de trazer esses questionamentos e mostrar o quanto a cultura e a religião é potente ainda no nosso dia a dia”, pontua.

 

Para os leitores do BN, Paloma adiantou algumas explicações. Conta a lenda que Exu costumava entrar no palácio e devorar toda a comida servida ao rei Xangô. Contrariado, o orixá da justiça resolveu armar uma cilada com a ajuda de seus dois filhos gêmeos, os Ibejis, que propuseram um desafio para que o visitante parasse de “roubar” a comida do pai.

 

“Essa questão dos pratos vem do Itan, os contos africanos. O que acontece? Os Ibejis são os filhos de Oyá e Xangô. Teve uma certa vez que Exú desafiou Xangô em questão de dança, e aí Xangô colocou seus filhos, sem Exu saber. Então, a questão era, Exu disse que aguentava dançar por muito tempo. Xangô então colocou um dos Ibejis pra tocar. Ele tocava, tocava, tocava, e quando um ficava cansado o outro trocava de lugar. E Exu não percebia isso, porque, na verdade, ele estava comendo as coisas de Xangô. E aí ficou nessa questão e Exu não aguentou (risos) e perdeu”, conta Paloma.

 

Vencida a aposta, Xangô decidiu dar uma compensação aos filhos. “Aí, em comemoração a isso, Xangô perguntou aos Ibejis o que eles queriam. Eles falaram que queriam o que ele recebia, mas como Xangô comia amalá, com rabada e pimenta, que Ibejis não gostam, eles disseram que poderia ser o caruru mesmo”, narra a chef baiana, lembrando que a celebração não ficou restrita aos gêmeos. “Ele convidou também os outros orixás e cada um levou seu prato preferido, por isso que é o banquete. Tem o caruru de Ibeji; tem o vatapá, que é uma associação ao ipeté de Oxum; você vê a abóbora, que tem enredo com Iansã; o abará a Oxum também; arroz a Iemanjá; o milho branco a Oxalá; e por aí vai. Então, todos os orixás são representados ali naquele banquete. Por isso que o banquete é grande, porque todos os orixás estão ali em comunhão com Ibeji”, detalha os motivos pelos quais o caruru dos Ibejis é tão farto.

 

Os sete meninos, por sua vez, são representados pelos Ibejis, que não são apenas os dois gêmeos filhos de Xangô. “Tem uma legião de sete crianças, de sete divindades africanas, que não são cultuadas totalmente aqui no Brasil, porque a cultura foi se perdendo. Com o tráfico dos negros pela a travessia atlântica e aquela questão de você não ficar com pessoas da mesma região, então as culturas foram se dispersando, foram tendo uma fusão com a questão da resistência. Então aqui ficou só o culto a Ibeji no Ketu, ou Vunje na nação de Angola, Jeje, por essa questão. Então eles pegaram e cultuaram dois, que é Taiwo e Kehinde, mas tem as outras cinco divindades”, conta a chef. Os outros cinco são Idhoú, Alabá, Talabí, Adoká e Adosú, sobre os quais ela também vai falar no seu workshop.

 


Registro de Pierre Verger do Caruru de Sete Meninos

 


TRADIÇÃO NA BAHIA E ASSOCIAÇÃO COM COSME E DAMIÃO

Não é segredo para ninguém que existiu e ainda segue existindo preconceito contra as religiões de matriz africana no Brasil. Foi por isso, que na Bahia, o caruru dos Ibejis foi associado aos santos Cosme e Damião, celebrados pelos católicos em 26 de setembro.

 

“A gente tem os Ibejis, que são as duas crianças, e temos Cosme e Damião. Como já tinha essa cultura da comemoração do dia de Cosme e Damião, uma grande ialorixá aqui da Bahia fez isso [associar as divindades africanas aos santos], porque ela queria continuar a dar o caruru, que era uma tradição dos Ibejis, mas tinha a questão da perseguição religiosa”, explica Paloma Zahir. “Não gosto do termo sincretismo religioso, eu vejo isso como uma questão de resistência mesmo que os negros tiveram naquela época pra poder continuar a seguir com sua religião e sua culturas”, pontua.

 

 “Pra ter liberação desse culto, tinha que dizer que era de Cosme e Damião, já que ficava próximo da data de comemoração deles. Então, é mais uma maneira de fortalecer e seguir a tradição, e um jeito de burlar mesmo a perseguição”, destaca a cozinheira sobre a estratégia usada para manter um costume que era proibido pelas autoridades da época. “O que aconteceu foi que as crianças começaram a aparecer próximo da roça de Candomblé, e aí ela serviu o caruru, as crianças ficaram brincando, teve aquela profusão de crianças, e daí continuou essa cultura, essa tradição, até os dias de hoje. O caruru de Cosme e Damião, o caruru dos Ibejis, veio em celebração a matar a fome das crianças que estavam passando por necessidade. Foi uma maneira também que o Candomblé achou de ajudar ao próximo, ajudar os seus irmãos”, acrescenta. 

 

E foi assim que o célebre caruru se tornou um delicioso costume em setembro na Bahia. Especificamente, a festa é celebrada no dia 26 pelos devotos de Cosme e Damião e 27 por aqueles que cultuam os Ibejis, mas o hábito acabou se estendendo por todo mês de setembro.

 

Consumir os pratos típicos da culinária baiana virou tradição também às sextas-feiras. Segundo Paloma, isso é fruto de herança ancestral dos negros, pois é neste dia da semana que eles se reorganizam e fazem um banquete para entrar em comunhao entre si e comer bem. “As pessoas acham, erroneamente, que preto não pode ter fartura, mas os africanos têm fartura em sua essência. E a sexta-feira é o dia de estarem entre si, de lembrarem de onde vieram. Acaba sendo um momento de resistência”, conclui a chef, orgulhosa de ser mulher, preta, baiana e de Axé.

Mostra de cinema enfatiza pluralidade de produções cinematográficas africanas
"Softie" (2020) é um dos filmes selecionados para a mostra | Foto: Divulgação

Exibir perspectivas fílmicas presentes em África e ir para além da identidade coletiva que se pensa quando menciona-se as produções artísticas e culturais do continente além mar. Esse é o objetivo da Mostra de Cinemas Africanos, que este ano acontece de maneira virtual, entre os dias 12 e 22 de março.

 

Com o conteúdo totalmente gratuito e disponibilizado na plataforma Spcine Play, a edição de 2021 traz obras que abordam realidades distintas em duas categorias: de documentários, intitulada "Ativismo, crítica social e protagonismo feminino", e de curtas, que gira em torno das temáticas "memórias, vivências e corpo-território".

 


Frame do longa "Pare de nos Filmar" (2020) | Foto: Divulgação

 

No evento realizado desde 2018, a novidade está no incremento do Cineclube Mário Gusmão, um grupo de pesquisa e extensão da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), na produção do evento e no processo de seleção dos curtas-metragens que serão disponibilizados.

 

Para a cineasta Jamile Cazumbá, coordenadora do Mário Gusmão, a participação do grupo faz com que sejam postas as diversas performances destas pessoas que compõem o grupo e com que este momento participativo também seja um mecanismo de caráter formativo que expande a experiência dos estudantes universitários para além do espaço acadêmico.

 

"A própria Mostra de Cinemas Africanos tem na sua história trazer narrativas que abriguem esse lugar do continente, obviamente, e principalmente, trazer as pluralidades e indivudualidades. Então, são filmes, curtas-metragens, longas, que vão mostrar histórias inseridas em um lugar político/histórico de cada vivência, mas também trazer um caráter que tem a ver com o subjetivo e com as pessoas desses lugares", explica Jamile sobre a conversa com as potências plurais na mostra.

 

Cazumbá ainda conta que a intenção da mostra, que tem um leque de atividades, é atingir um público amplo. Além das exibições de filmes, a programação conta com comentários de especialistas nos programas de curtas, uma mesa redonda sobre o documentário nos cinemas africanos contemporâneos e a produção de um catálogo com apresentações dos filmes e textos de convidados.

 


Curta "Boa Noite" (2019) | Foto: Divulgação

 

Uma das idealizadoras da mostra e integrante da equipe curatorial de longas, junto com Beatriz Leal Riesco, Ana Camila Esteves destaca que a escolha pelos documentários como o gênero cinematográfico desta edição se deu por causa da grande produção de filmes africanos que seguiam esse direcionamento vista em festivais que circularam mundo afora. 

 

"A África tem uma produção excelente de documentários e os destaques a gente quis trazer. Quisemos focar um pouco no cinema-documentário, discutir um pouco nos contextos dos cinemas africanos. Selecionamos sete longas, todos inéditos no Brasil e que giram em torno dessa ideia de ativismos contemporâneos no continente africano", reforça Ana Camila. 

 

O intuito, explica a realizadora, é gerar uma reflexão sobre como se dá a representação dos ativismos contemporâneos nesses cinemas africanos, surgidos na década de 1960, em um contexto marcado por resistências e uma luta anticolonial. O repertório de filmes lança luz sobre protestos, eleições em países africanos e resistências sobre experiências individuais em situações específicas.

 

Outro objetivo é dar ênfase para produções rodadas na África, pouco visibilizadas no Brasil. "A mostra existe para preencher essa lacuna. Os filmes só vão ter visibilidade se forem exibidos. No Brasil, existe uma falta de interesse dos curadores de festivais, dos críticos de cinema e de confiança das distribuidoras desses filmes no circuito comercial", desenvolve Ana Camila. 

 

Ela diz observar uma dinâmica de crescimento do evento ao longo dos anos e um futuro promissor devido a demanda que existe acerca do acesso do público a esta produção.

 

Confira a programação completa da Mostra de Cinemas Africanos:

  • 12/03 (sexta-feira): Pare de nos filmar (República Democrática do Congo, 2020)
  • 13/03 (sábado): Programa de curtas 1: Memória: performatividades entre-tempos. Filmes: Um cemitério de pombos (Nigéria), Invisíveis (Namíbia), Treino Periférico (Guiné Bissau), Bablinga (Burkina Faso), A lutadora de boxe (Senegal)
  • 14/03 (domingo): Softie (Quênia, 2020)
  • 15/03 (segunda-feira)  Programa de curtas 2: Vivências do novo e perspectivas do agora. Filmes: Encrenqueiro (Nigéria), Perdendo  Minha Fé (Nigéria), Tab (África do Sul), Cabelo com Balanço (África do Sul), Boa Noite (Gana)
  • 16/03 (terça-feira): Um Lugar sob o Sol (Marrocos, 2019)
  • 17/03 (quarta-feira): Programa de curtas 3: Corpo-território: transversalizando os espaços. Filmes: Ethereality (Ruanda), Ward e a Festa da Henna (Egito), O Azul Branco Vermelho do meu Cabelo (França), Gagarine (França)
  • 19/03 (sexta-feira): Sakawa (Gana, 2018)
  • 20/03 (sábado): Descobrindo Sally (Etiópia, 2020)
  • 21/03 (domingo): Vamos Conversar (Egito, 2019)
  • 22/03 (segunda-feira): Me Chamo Samuel (Quênia, 2020)
A partir de fotos raras, pesquisador cria 'guia de uma cidade que não existe mais'
Foto: Acervo

Com formação em jornalismo, o carioca Rafael Cosme diz nunca ter exercido o ofício, mas há cerca de três anos conta histórias através de retratos de tempos remotos, no projeto “O Passado é Um Ponto de Luz”. “Eu fico o dia inteiro, basicamente, caçando histórias do passado, pautas de outros tempos”, reflete. O músico e pesquisador revela que a iniciativa surgiu a partir de um trabalho de pesquisa e do garimpo de fotografias em brechós, feiras de antiguidades e depósitos, para o livro “Sonho Rio”, obra sobre o Rio de Janeiro antigo, classificado como uma espécie de “guia de uma cidade que não existe mais”, que ele terminou de escrever recentemente.   

 

“Fui reunindo as fotos e em algum momento eu vi que tinha um acervo muito rico de fotografia amadora. E aí a minha motivação, na verdade, é que comecei a entender que muitos fotógrafos não profissionais deixaram obras muito bonitas também, eles simplesmente não tiveram projeção e oportunidade de divulgar seus trabalhos. Então comecei a entender que existe muita beleza na fotografia amadora”, lembra o carioca, que já reuniu mais de 3 mil fotos. “Elas ficam acumulando poeira por décadas e o meu trabalho é justamente buscar esses acervos com obras legais de pessoas que não tinham exatamente uma pretensão artística e dar luz a elas, revelar essas obras”, explica.

 

Parte desse vasto material pode ser conferido no Instagram de Rafael Cosme, que conta com registros do Rio entre as décadas de 1950 e 1990, a exemplo de fotos inéditas de Milton Nascimento, datadas de 1968. “Apesar de muito sério, o projeto começou a ser apresentado de maneira muito despretensiosa, para os meus amigos mais próximos, pelo Instagram. De repente, ele tomou uma proporção muito grande, porque muita gente começou a me seguir”, explica o carioca, que diz ter planos de “levar o projeto pra outros lugares”. 

 

 

Foi dentro de “O Passado é Um Ponto de Luz” que chegaram a público, nesta semana, fotografias raras da Festa de Iemanjá datadas da década de 1970. Uma das imagens, inclusive, mostra um homem que, segundo Rafael, “muito possivelmente” é Pierre Verger, fotógrafo francês radicado na Bahia.

 

A descoberta deste material se deu porque, já habituado ao garimpo em sua terra natal, Rafael teve o interesse de investigar fotografias antigas em Salvador, considerada por ele sua cidade favorita no Brasil. “Esse acervo especificamente eu encontrei faz dois anos, numa loja no Santo Antônio Além do Carmo, que é o Brechó do Cabral”, conta o pesquisador, lembrando que o os negativos e slides sequer estavam expostos, mas sim guardados no sótão, porque acreditava-se que ninguém se interessaria por eles.

 

“Eu saí daquela loja com uma bolsa enorme de negativos de um fotógrafo que eles também não sabiam de quem se tratava. Voltei pra casa com essa bolsa sem saber exatamente a origem e o material. Estava tudo muito bem organizado, com datas e descrições dos eventos. E quando eu digitalizo isso me deparo com um acervo enorme de festas, cultos e terreiros de Salvador”, relembra.

 


Imagem da Festa de Iemanjá com a possível presença de Pierre Verger, em destaque | Foto: Acervo 

 

Do que foi encontrado na capital baiana, Rafael considera que catalogou cerca de 300 registros, tanto em preto e branco, como coloridos, datados dos anos 1960 e 1970, com imagens da Bahia e também de uma viagem à África. “Essa série do Dois de Fevereiro é a primeira de muitas que eu vou publicar, porque tem muita coisa nesse acervo”, prevê o pesquisador, que tem em mãos registros antigos da Lavagem do Bonfim e também fotografias de terreiros. 

 

Ainda no início do trabalho de reconhecimento do acervo, a autoria das fotos encontradas na capital baiana segue sendo um mistério. “Não havia nenhum registro ou identificação do autor nos envelopes”, conta Rafael Cosme, que atualmente pretende contactar profissionais locais para ajudá-lo a identificar e mapear os registros, com o objetivo de entender o contexto das fotografias. 

 

RIQUEZA DO PASSADO, MIRANDO O FUTURO

Além de se debruçar neste material que já tem em mãos, Rafael Cosme pretende dar continuidade aos planos “interrompidos pela pandemia” e divulgar mais todo o acervo. “Ano passado eu ia fazer uma exposição em julho aqui no Rio, mas obviamente foi cancelada. Mas eu tenho planos de fazer exposições com essas fotos, de levar esse material para galerias, dar um tratamento de arte mais sério a ele e tirar ele da rede, apesar de ser um bom lugar”, planeja.

 

O pesquisador conta ainda que tem o desejo de replicar a experiência do garimpo feito na capital baiana em outras cidades. “Um projeto que eu tenho para esse ano é viajar pelo Brasil, como fiz em Salvador, em busca desses acervos fotográficos, rodar pelas cidades pequenas do Nordeste”, revela. “Toda cidade pequena tinha algum fotógrafo na praça que registrava uma geração inteira, e eu vou atrás disso”, pontua.

 

Dentro dessas andanças, ele diz que planeja também realizar na Bahia o que fez em sua terra natal. “O meu plano é, assim que as coisas se acalmarem, ir pra Salvador e transportar esse projeto do Rio para aí também. Quero criar raízes e buscar mais acervos pelo Recôncavo, por exemplo. Quero passar um tempo em Cachoeira e buscar acervos de lá, e, com certeza, está no meu radar expor essas fotos aí”, garante. “Porque, na verdade, elas pertecem aos brasileiros, mas, acima de tudo, pertencem aos baianos”, destaca.

 

Outra ambição de Rafael é conseguir, ainda em 2021, publicar um novo livro, com as fotos do projeto “O Passado é Um Ponto de Luz”.

Com Antônio Pitanga e seus filhos, 'Embarque Imediato' é encenada em live nesta quarta
Foto: Reprodução / Caio Lirio / Carta Capital

A montagem Embarque Imediato será encenada nesta quarta-feira (8), às 21h30, no perfil do Sesc ao vivo (Instagram) e no canal do Sesc São Paulo, no Youtube. Estrelando os atores Antônio e Rocco Pitanga e a atriz Camila Pitanga, o espetáculo narra a história de um pesquisador brasileiro (Rocco) e um idoso africano (Antônio), que são confinados pela imigração numa sala de aeroporto. 

 

O primeiro perdeu passaporte e identidade; o segundo, um descendente dos Agudás - africanos escravizados no Brasil que retornaram ao país de origem após alforria - foi retido sem explicações. Os dois discutem as diferentes gerações da diáspora equanto, em vídeo, Camila Pitanga vive uma agente de imigração.

 

A peça coloca pela primeira vez em cena Antônio Pitanga e seu filho, o ator Rocco Pitanga. Embarque Imediato é também a celebração dos 80 anos de Antônio Pitanga, um artista importante para o cinema, teatro e TV brasileiros, além de uma das vozes na defesa dos direitos de negros e negras no país.

 

SERVIÇO
O QUE: Espetáculo "Embarque Imediado"
QUANDO: Quarta-feira, 8 de julho.
ONDE: Nos canais Sesc ao vivo (Instagram) e Sesc São Paulo (no Youtube)
QUANTO: Gratuito

Do culto à Mãe D'Água à patrimonialização, Festa de Iemanjá celebra cultura ancestral
Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias

Com a participação de baianos e turistas, gente de todas a cores e credos, além dos contrastes da liturgia e devoção das oferendas em contraponto ao descompromisso do profano expresso por como shows musicais e latinhas de cerveja, hoje a Festa de Iemanjá é um dos mais importantes eventos calendarizados realizados em Salvador. Ela, no entanto, remonta a uma tradição ancestral africana que cruzou o Atlântico e chegou ao Brasil através da diáspora e que, ao longo do tempo, foi reformulada.


“Se você vai para a África, Iemanjá é cultuada no período de colheita do inhame e tem uma ligação direta com a alimentação que envolve a cidade toda. Então, é muito próximo ao que a gente vê no 2 de Fevereiro. Não é o inhame, mas é o mar. Ela é o mar. Para além de qualquer coisa, vão estar relacionados os marisqueiros, pescadores, vendedoras. Existe um circuito de pessoas que está preservado”, explica Luciana de Castro N. Novaes, ialorixá, professora, historiadora, mestre em Estudos Étnicos e Africanos pela Ufba e em Arqueologia pela UFS, além mergulhadora científica de águas profundas, doutora em Ambientes Aquáticos e doutoranda em Antropologia. 


Luciana lembra que, na capital baiana, o evento oficial está registrado na década de 1920, a partir da colônia de pescadores do Rio Vermelho, por intermédio da ialorixá Julia Bugan, com o objetivo de pedir por fartura nas redes. “Havia uma queixa de que não havia peixes, que reduziu essa quantidade, e aí uma mulher misteriosa aparece dentro desse contexto para indicar essa criação para a Mãe D’Água. O termo Iemanjá neste momento ainda não existe, mesmo que exista a nível pessoal. A forma que essas pessoas vão entender isso ainda é como Mãe Iara, Mãe D’Água, esses são os dois principais nomes”, lembra a pesquisadora, destacando que a festa soteropolitana nasceu e ganhou contornos específicos, frutos das tradições africanas. “O princípio de culto às águas é universal, é global, está em todas as culturas, mas a nossa relação com o culto às águas está genuinamente ligada ao panteão africano”, afirma Luciana. “Dentro dos meus estudos, Iara nunca existiu entre as sociedades indígenas. Iara é uma corruptela nominal que desdobra do termo Ipupiara, que é um monstro marinho. Os Tupinambás aqui do litoral da Bahia não tinham uma relação positiva com o mar. O mar, a praia, era um espaço, vamos dizer assim, selvagem, um espaço que não era domesticado. Eles moravam após os cordões de areia das nossas dunas. Então, essa relação com o mar em específico está diretamente ligada à diáspora africana e a um culto já milenar às águas, tanto na África Ocidental, quando na África Central, de onde vieram os maiores fluxos linguísticos para produzir civilização nesse território americano”, detalha.


A historiadora conta ainda que o Rio Vermelho não foi o único local da cidade no qual existia o culto à Mãe D’Água, e que isso ocorria em diversos pontos da Baia de Todos-os-Santos. “Você vai ver pequenas grutas ainda em Ondina; eu vi uma notícia tenho que confirmar se é isso mesmo, sobre uma perto do MAM; tem uma perto da Ribeira, ou seja, havia uma construção específica, que era a gruta de pedras na beira do mar, em que havia esse culto”, revela Luciana. “Isso é inédito. É um objeto de pesquisa que eu venho namorando há alguns anos. O que eu consegui até agora concluir é que essas casinhas de pedra marcam uma transformação, que é, de fato, o controle dessa manifestação religiosa na esfera pública como um marcador de tradição africana. Então, oficialmente, o presente a Iemanjá surge na década de 1920, entretanto, minhas pesquisas dentro desse mundo aquático estão mostrando, desde o final do século XIX, principalmente nas primeiras décadas do século XX, pela figura de Artur Ramos, que havia já uma devoção às águas na praia da Boa Viagem. O que ele comenta é que no posterior à festa, meninos iam para os arrecifes, os corais, para coletar de tudo um pouco. Pentes, espelhos, bordados, tecidos e cartas. Essas cartas é que me fazem compreender que existe mais que uma correlação do que uma ruptura entre esses momentos que vão ser ao longo do século XX”, acrescenta.

 


Historiadora e arqueóloga, Luciana de Castro recua no tempo para explicar a origem do evento | Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

 

RIO VERMELHO E O 2 DE FEVEREIRO
A consolidação do 2 de fevereiro como data e do Rio Vermelho como palco do que conhecemos como Festa de Iemanjá se deram por uma confluência de fatores, um deles o fato de neste período ocorrerem no bairro as festividades para Nossa Senhora de Santana. “No Rio Vermelho ganhou essa proporção, essa popularização, primeiro porque a gente está na parte litorânea fora da Baía de Todos-os-Santos, ou seja, já faz parte de um processo de extensão da cidade. A gente também tem que pensar que a festa surge através de pessoas, e a colônia de pescadores naquela região era algo forte, algo potente. A gente tinha ali a Casa de Peso, que hoje não existe mais e ficava perto da igreja de Nossa Senhora de Santana, havia um circuito complexo de trabalho, compra, venda. Fora que Nossa Senhora de Santana sempre foi muito popular, e foi uma freguesia também poderosa dentro desse contexto do final do século XIX”, explica a pesquisadora, destacando a conjuntura que favoreceu os contornos da festa. “Nesse sentido, o que acontece é que você transforma algo que é um princípio da vida humana, que é essa oferta, essa gratidão, conversação, em uma tradição. O que é uma tradição? Hora, dia, lugar, signos, é um conjunto. Então, a tendência é, de fato, difundir quando você tem algo organizado, seja uma festa ou uma ideia, um pensamento. Qualquer coisa, quando está muito redondo, acontece”, pontua.


Apesar da coincidência da data da festa com o momento em que se celebrava uma santa do cristianismo – hoje a festa de Nossa Senhora de Santana acontece em 26 de julho -, Luciana de Castro destaca que, entre 1920 e 1930, a Festa de Iemanjá adquiriu uma autonomia direta ao culto à orixá. “Você vê que o nome Festa de Iemanjá carrega uma nomenclatura iorubá que está dentro de um nome. É a única festa que não é sincrética. Não é a Festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia, que você cultua Iemanjá, Oxum, Nanã. Não é o dia das mães ou o réveillon, que tem uma nomenclatura francesa. É a única festa que carrega na sua identificação pra quem é. Você vai lá não porque vai cultuar Nossa Senhora da Conceição, você vai para cultuar Iemanjá”, conclui.

 

EMBRANQUECIMENTO E APAGAMENTO DA HISTÓRIA
No ano passado a cidade vivenciou um momento controverso, após a prefeitura utilizar peças publicitárias nas quais a nomenclatura “Festa de Iemanjá” foi substituída por apenas “2 de Fevereiro”. Na ocasião, o Ministério Público estadual (MP-BA) recomendou que a administração municipal excluísse ou alterasse a propaganda (clique aqui). A promotora de Justiça Lívia Vaz defendeu que a manifestação é denominada como tal por conta de sua origem associada ao candomblé, e que, portanto, o desvirtuamento ofende a integridade dos legados cultural e identitário dos povos de terreiros de religiões afro-brasieiras. “Cabe ao poder público, portanto, preservar e garantir a integridade, respeitabilidade e a permanência dos valores da tradicional manifestação cultural e religiosa”, afirmou a promotora.


Diante da pressão, o poder público não só reverteu a propaganda, como a Justiça deu o pontapé inicial para que ela fosse reconhecida como Patrimônio Cultural de Salvador (clique aqui e saiba mais). “Precisava haver uma abertura de um processo que garantisse a patrimonialização da festa. Então, assim foi feito. Não foi por mim, mas outras pessoas importantes também se sentiram incomodadas com esse processo de desidentificação, de embranquecimento”, comentou a historiadora Luciana da Costa. “Você pode colocar seu palco, fazer sua festa, mas você não pode destituir este dia no calendário para nomear outra coisa”, acrescenta.

 


Propaganda da prefeitura reacendeu discussão sobre embranquecimento e desidentificação | Foto: Divulgação

 

APROPRIAÇÃO CULTURAL

Apesar de casos como o apagamento da identidade por meio de ações como a omissão de Iemanjá no nome do evento, Luciana destaca que nem tudo é apropriação cultural, mas grande parte das atitudes são fundamentadas pelo racismo estrutural da sociedade, expressas muitas vezes pelo desconhecimento e ignorância. “As pessoas que estão ali na Festa de Iemanjá, duvido muito que aquelas que pegam a fila, que vão deixar o presente ou colocar uma rosa estão em processo de apropriação cultural. Porque naquele momento ela está em uma relação íntima, pessoal, e não pública de massa, aparência ou estética. Ela está ligada aos seus desejos internos. Necessariamente, ela pode não estar em processo de apropriação cultural, mas ser racista”, avalia a historiadora. “O que eu penso sobre apropriação cultural é, por exemplo, transformar o 2 de Fevereiro, que é uma festa historicamente marcada pela liturgia, pelo religioso, como um festival musical. A apropriação cultural em festas públicas está para além das pessoas e alcança as empresas, que transformam isso dentro de uma lógica mercadológica e que negam”, explica a pesquisadora, definindo a apropriação cultural como “quando você transforma símbolos, signos e significados de uma outra cultura, dentro de uma interpretação que só atende a você, branco, e critérios não históricos”.


Citando o exemplo de mulheres que não são do Axé, mas se vestem de Iemanjá, ela pontuou que este é um momento de se observar. “Dentro desse específico ponto, é um momento de se pensar a apropriação cultural, porque quando se vende a festa, não se vende mais a festa. As redes sociais, o senso comum, o boca a boca vende como mais uma festa de largo, como mais uma lavagem, que é de fato a característica que da década de 1940 pra cá veio sendo construída”, avalia, destacando que a Festa de Iemanjá não pode ser entendida como propriedade de uma única religião, mas que é importante observá-la como festa pública com valor de patrimônio. Tendo isto em vista, ela explica que não existe um protocolo ou um “beabá” de como a pessoa se comportar para não ser racista, já que esta não é uma questão somente comportamental, mas também de consciência. “Pode ir de branco, colorido, pode ir de tudo, porque ali não é uma festa sagrada de caráter religioso particular, para uma religião específica, mas sim com contornos patrimoniais”, diz Luciana. “A gente percebe aquela pessoa que usa conta, a guia, o colar, porque é da religião, ou até simpatizante, ou aquele indivíduo que utiliza este dia para se fantasiar ou se integrar à multidão. No sentimento comunal, de partilha, já que a gente vive em ilhas dentro da cidade. Então as festas de largo e as lavagens têm esse principio da reunião da cidade. Você vai ver representantes de todos os bairros” afirma, lembrando que quem garante a manutenção da tradição, de fato, são as pessoas do Axé, os negros e pessoas com consciência étnico-racial. “A gente tem que parar de taxar o outro. Você não sabe o que está passando na cabeça daquela criança. Ela pode estar lá toda de sereia, de tudo, mas na cabeça dela é uma forma amorosa de relação. Agora, quando você abrir a boca, saiba falar, pra sua máscara não cair”, pondera.
 


Luciana destaca caráter íntimo no ato de participar de homenagem a Iemanjá Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias

 

RACISMO INSTITUCIONAL 
Outro ponto importante destacado pela antropóloga é o racismo institucional, manifestado através campanhas, que podem até ser bem intencionadas, mas que não dão conta de explicar a amplitude da tradição e acabam incentivando o preconceito. Um exemplo disto é a mobilização para o uso de oferendas ecológicas, sem que haja a preocupação em deixar claro para a população que a Festa de Iemanjá nasce justamente pelo culto à água e está pautada também na preocupação com o meio ambiente. “A problemática está muito no nível da esfera das políticas públicas, porque, por exemplo, existe, concordo, faço na minha casa o pensamento de um presente ecológico. A tendência é essa, mundial, global, a preocupação com o meio ambiente. Só que a festa é, na verdade, uma valoração aos ambientes aquáticos, entretanto, há uma política pública voltada massificamente para se pensar no que vai se entregar à divindade Iemanjá. No entanto, eu não vejo medidas, durante o ano todo, que afetem outra comunidade que não a afro-baiana”, questiona a pesquisadora. “Não existe uma preocupação com o esgoto, com o sistema pluvial, não tem preocupação nenhuma em como reduzir a quantidade de material poluído no mar. Então, mais uma vez eu consigo visualizar isso como uma prática de racismo institucional, em que você condena uma determinada parcela da população, única vez no ano, para simplesmente falar de toda uma problemática industrial e empresarial”, conclui.

Espetáculo narra mitos nigerianos para público infanto-juvenil a partir deste fim de semana
Foto: Diney Araújo

Prestes a estrear no Teatro Sesi, o espetáculo infanto-juvenil "O Jabuti e a Sabedoria do Mundo" leva ao palco três mitos de origem nigeriana. Com direção de Guilherme Hunder e encenação do Cooxia Coletivo, as lendas são contadas por cinco jabutis-griôs brasileiros, que se reúnem em um mundo distópico para dividir histórias sobre o continente africano.

 

Em conversa com o Bahia Notícias, o diretor explica que o primeiro ato é tomado pela lenda "Ossain e o Poder das Ervas". Adaptado das narrativas do fotógrafo baiano Pierre Verger, o texto conta como Ossain começou a partilhar a sabedoria das folhas com os outros orixás.

 

Em seguida, a história que dá nome à peça será narrada. Ela fala sobre um jabuti que viajou o mundo inteiro roubando a sabedoria de todos os lugares para mantê-la só para si. Spoiler: no final, ele descobre que, por mais que a esconda, a sabedoria sempre se renova.

 

Por último, os jabutis apresentam "O Caçador Serpente". Neste conto, um velho recorre a um feitiço para recuperar suas habilidades de caça, já que sente que sua família passou a esnobá-lo. Um feiticeiro atende seu pedido, dando a ele a possibilidade de se transformar em cobra para caçar, mas seu segredo é descoberto e o homem fica para sempre preso no corpo de serpente.

 

"A gente queria falar muito dessa coisa da ancestralidade e aí de um ano pra cá, eu comecei a me debruçar muito sobre essas histórias. Cheguei a um livro que chama "Tem Oba Oba no Baobá", de Claudia Lins. Depois comecei a pesquisar outros materiais, a gente foi afunilando... Mas falar de assuntos que tangem à diáspora africana e não apresentar esse universo, não integrá-lo à questão da mitologia no que diz respeito aos orixás, por exemplo, não tem muito sentido, já que é o que é mais discriminado pelo senso comum", defende Hunder.

 

Foto: Diney Araújo

 

A peça infantil está prevista para ficar em cartaz durante quase todos os fins de semana de novembro, período em que se celebra o Mês da Consciência Negra. Esse escolha, claro, foi intencional.

 

Ao BN, o diretor disse que o plano era estrear o espetáculo na metade do mês, mais próximo ao Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. “A gente já estava pensando nesse sentido por ser um mês simbólico, mas aconteceu de estrear logo no comecinho, o que também é bem bacana porque a gente está somando forças nesse período tão significativo”, ressalta.

 

“O Jabuti e a Sabedoria do Mundo” será encenado sempre aos sábados e domingos, de 2 a 24 de novembro, no Teatro Sesi Rio Vermelho. As sessões iniciam às 16h. Os ingressos, que já estão à venda no portal Sympla, custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).

 

SERVIÇO

O QUÊ: Espetáculo ‘O Jabuti e a Sabedoria do Mundo’

QUEM: Cooxia Coletivo

QUANDO: Todos os sábados e domingos, de 02 a 24 de novembro, às 16h

ONDE: Teatro Sesi Rio Vermelho

QUANTO: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).

Relatório entregue à presidente francês pede restituição de obras de arte para africanos
Foto: So Much More To See / Reprodução

Um relatório elaborado por dois universitários pede ao Estado francês que devolva aos países africanos as obras de artes que estão instaladas em museus do país europeu. De acordo com o UOL, o documento foi entregue ao presidente Emmanuel Macron nesta sexta-feira (23). Caberá a ele a decisão de prosseguir com o julgamento ou negar o pedido feito. 

 

A intenção do projeto é a recuperação de boa parte dos bens retirados dos povos que compõem a África. Cerca de 90% destes bens culturais estão localizados fora do continente africano. 

 

Alguns museus de nações da África estão comemorando a possibilidade do retorno das obras, mas por outro lado, críticos do projeto afirmam que no possível destino desses bens não há estrutura adequada para recebê-los e conservá-los. Pessoas contrárias a mudança também negam que boa parte dos objetos foram retirados dos povos por meio da violência. Eles alegam que muito deles foram abandonados e vendidos. 

‘África Yetu’: Fotógrafo baiano propõe viagem cultural à Tanzania com exposição em Salvador
Foto: Glad Macedo

O fotógrafo baiano Glad Macedo propõe uma viagem cultural à Tanzania com a exposição “África Yetu”, que fica em cartaz desta terça-feira (13) até o dia 30 de novembro, no piso L1 do Salvador Shopping. Através de 20 imagens icônicas, o artista convida o público a conhecer a biodiversidade do país africano e a beleza do povo Maasai, que vive em aldeias entre o sul do Quénia e o norte da Tanzânia. A mostra é fruto de uma expedição de 15 dias à Tanzânia, realizada por Glad, em novembro de 2015. “África Yetu é a realização de um sonho. Diferente da imagem que muitos têm sobre a África, vivi na Tanzânia uma experiência única, e percebi uma terra próspera, com um povo feliz e acolhedor”, conta o fotógrafo. “Meu objetivo é mostrar que a arte pode ser acessível, e que pode fazer parte da vida de cada um”, completa o artista baiano, que apresenta um documentário sobre o tema em escolas e faculdades e planeja transformar o projeto em livro.


SERVIÇO
O QUÊ:
Mostra fotográfica “África Yetu”
QUANDO: 13 a 30 de novembro – no horário de funcionamento do shopping
ONDE: Piso L1 do Salvador Shopping – Salvador (BA)
VALOR: Gratuito

‘Fogueira Doce’: Mateus Aleluia canta o amor, a Bahia e o céu de Luanda em novo disco solo
Foto: Jamile Amine / Bahia Notícias
Foram sete anos entre “Cinco Sentidos” (2010) e o “Fogueira Doce”, segundo disco solo de Mateus Aleluia, que será lançado em 15 de fevereiro no Rio de Janeiro. Para o cantor e compositor cachoeirense, o tempo é reflexo de um processo normal. “Nós trabalhamos com um pouco de paciência com aquilo que a gente quer transmitir. Dentro daquilo que nós acreditamos. E nesse processo a gente tenta respeitar. Se não tem um trabalho que possa ser mostrado ainda, a gente se segura um pouco e vai aguardando. Não houve nada proposital, é mesmo uma questão de tempo, tempo do próprio trabalho”, explica o artista.

São 12 faixas, todas elas autorais e algumas parcerias. Compostas nos anos 70 junto com Dadinho – ex-companheiro no grupo Os Tincoãs –, as canções “Obatotô” e “Filha! Diga o que vê?” ganharam releituras. Carlinhos Brown é outro colaborador presente no álbum, com a música “Convênio no Orum”. “Foi feita naquela fase que nós fizemos ‘Maimbê Dandá’”, revela Mateus Aleluia, lembrando da composição que fez sucesso em 2004 na voz de Daniela Mercury. “Então, na esteira daquele trabalho que estávamos fazendo surgiu essa”, completa o músico.  

Relembre outra parceria entre Carlinhos Brown e Mateus Aleluia:

 
A faixa-título é uma espécie de poesia íntima, que aproxima o artista de suas paixões. “Fogueira Doce” remete ao pôr do sol de Luanda, que por cerca de duas décadas foi morada de Mateus Aleluia e também o lugar onde conheceu a angolana Rosa, sua esposa. “Fogueira doce, / Sol madrugado / É Luanda e basta / Beleza divinal / Maravilha, é o sol se ponto/ É Luanda e basta / Beleza sem igual / (...) Meiguice crioula – crioula meiguice, / É só rosa e basta / Eu nasci pra lhe amar / Convive bonito com minha esquisitice / É só rosa e basta, eu nasci pra lhe adorar / Eu que vinha de outras terras / Tratando das minhas feridas, / Trazidas de uma vida aflita / Meus traumas Freud não explica... / Eu encontrei a rosa / E me tornei roseiro – só”, diz a canção.

“Bahia, Angola, África, o nosso lugar não está localizável. O nosso lugar é a nossa cultura”, escreveu o produtor cultural Sérgio Guerra na apresentação do disco, cuja produção musical é assinada por Alê Siqueira. O álbum é, de fato, um retrato das vivências e olhares de Mateus Aleluia, e, portanto, um mosaico de impressões e expressões da cultura afro-brasileira. “Seo Mateus canta a Bahia, canta Angola, canta a nossa alma, o nosso lugar no mundo. Faz isso de maneira orgânica porque faz parte da forma dele estar no mundo. Banto, Gege, Nagô. Seja em Angola, Salvador, Benin ou Cachoeira ele traz o canto desse lugar com uma voz invulgar que sai do coração e alimenta a nossa alma. Fala dos nossos deuses com essa simplicidade que só quem o é pode se expressar”, descreve Sérgio Guerra, coordenador geral e patrocinador deste projeto.
 
Sete anos após o lançamento de "Cinco Sentidos", Mateus Aleluia lança novo disco solo | Foto: Vinicius Xavier / Divulgação
 
O lançamento de “Fogueira Doce” na Bahia é incerto, e a turnê se inicia no Rio de Janeiro por obra do destino. “O Rio me convidou para fazer um show e aí aproveitei para fazer o lançamento. Hoje em dia está tudo muito difícil mesmo, então a gente tem que aproveitar as oportunidades”, conta Mateus Aleluia, revelando que em outubro do ano passado havia tentado lançar o disco em casa, mas não teve êxito. “Eu estava tentando lançar o disco aqui primeiro, mas não foi possível, não deu. Não conseguimos reunir as condições logísticas e o necessário para o lançamento. Solicitamos alguns apoios, não vieram no tempo devido, mas vamos voltar à cena, para ver como as coisas se compõem”, explica.
De volta a Salvador, Metá Metá apresenta apanhado de influências do norte da África
Foto: Fernando Eduardo
Somada a inquietude de três artistas com a passagem de três dias pelo Marrocos, o resultado é o MM3, terceiro álbum do grupo paulistano Metá Metá – que significa três ao mesmo tempo em ioruba. Lançado em maio deste ano, o disco tem suas letras e sonoridade influenciadas, principalmente, pela música e pela ambientação do norte da África. “Essa influência é meio inventada, meio fantasiosa porque a gente não conhece tão bem, não pesquisou tanto, a gente se influenciou muito sobre a impressão que a gente tem”, conta Thiago França, saxofonista do trio, composto ainda por Juçara Marçal nos vocais e Kiko Dinucci na guitarra. Essa viagem foi a parada final da turnê europeia feita no ano passado. “Não só a música, mas andar pela cidade, sentir o deserto, a poeira, o tempo fechado, quente. A gente andou no mercadinho e aí tem as ruas estreitas, uma coisa estranha, misteriosa, uma conexão muito forte com o passado, uma coisa primitiva”, acrescenta, em entrevista ao Bahia Notícias.

Nesta sexta (26), o grupo retorna a Salvador para uma apresentação única de lançamento do álbum. O show será realizado às 20h no Largo Tereza Batista, no Pelourinho. Mas, com nove anos de estrada, o grupo não vê como prova de crescimento se apresentar para grandes plateias. Na sua primeira apresentação na cidade, o Metá Metá fez um show no Lalá Multiespaço e, se depender do trio, eles vão continuar a tocar em pequenos espaços. “A gente vai fazer esse show do Tereza Batista e a gente vai continuar a fazer esse show no Lalá também, a gente reconhece a existência dele no Rio Vermelho. Vão ser shows diferentes com repertórios distintos. No Tereza, vai ser um show pra galera dançar, no Lalá vai ser mais introspectivo”, defende França. O saxofonista destaca ainda a importância de cada espaço dentro do cenário cultural da cidade, ressaltando o viés artístico seguido pelo trio. “A gente entende que a construção da nossa carreira também está atrelada a uma cena inteira. É de certa forma um posicionamento político nosso, de, inclusive, chamar a atenção das pessoas para aqueles lugares”, afirma.

Além do “MM3” na íntegra, o trio vai apresentar também algumas canções do primeiro e segundo disco, “Metá Metá” e “MetaL MetaL” e outras faixas que já fazem parte do repertório. “A gente nunca sabe exatamente como vai ser, vamos tocar bastante. Salvador é um lugar que a gente tem uma conexão muito forte, a coisa do candomblé que é muito presente nas músicas, a energia é muito forte”, comenta o músico. Em duas horas de show, França promete surpresas.

Serviço:
O quê:
Lançamento do álbum MM3
Quem: Metá Metá
Quando: 26 de agosto, às 20h
Onde: Largo Tereza Batista
Valor: 2º Lote: R$50,00 (inteira) e 3º Lote: R$60,00 (inteira) - www.sympla.com.br
Band'Aiyê participa do MASA, festival de artes cênicas africanas, na Costa do Marfim
Foto: Reprodução / Facebook Ilê Aiyê
Representado pela Band'Aiyê, dirigentes e o presidente do bloco afro, Vovô, o Ilê Aiyê será um dos destaques da abertura da 9ª edição do Mercado de Artes Cênicas Africanas (MASA). O evento acontece neste sábado (5), em Abidjan, cidade da Costa do Marfim, na África. Com a expectativa de reunir mais de dois mil participantes dentre 100 grupos da África, América, Ásia e Europa, o evento está entre os acontecimentos artísticos mais prestigiados do país.



Imagem: PrintScreen / Facebook Ilê Aiyê 

Com expressões de dança, música, teatro, conto e comédia, o MASA visa promover as artes africanas, através do apoio à criatividade e produtos de boa qualidade, da facilitação da circulação dos artistas e de suas obras na África e no mundo e do treinamento de artistas e profissionais no domínio da produção. A comitiva do Ilê Aiyê permanece na Costa do Marfim até o dia 12, quando se apresenta na cerimônia de encerramento do evento.
'Somos todos africanos', defende Meryl Streep no Festival de Cinema de Berlim
Foto: Reprodução / Cinema 7ª Arte
Pela primeira vez presidente do júri do Festival Internacional de Cinema de Berlim, Meryl Streep demonstrou satisfação pelo cargo por acreditar que o prêmio é uma celebração do cinema mundial e porque toda a humanidade teve origem na África. "O que eu noto é que existe uma essência da humanidade que atravessa todas as culturas, e afinal de contas somos todos originalmente africanos, somos todos berlinenses, somos todos africanos, na verdade", afirmou em coletiva de imprensa quando questionada se está familiarizada com o cinema mundial e, particularmente, com filmes da África e do Oriente Médio.

A atriz destacou que o júri de sete membros possui maioria feminina, além de incluir um crítico de cinema e uma fotógrafa. "Iremos atentar para coisas diferentes neste filme, mas somos seres humanos, e o cinema é uma experiência emotiva, então... Iremos tomar nossas decisões com base no que nossas mentes querem dizer", afirmou. Para Meryl, a diversidade no trabalho dos membros do grupo trará pontos de vista diversos para o júri como um todo. "Mas primeiro somos afetados pelo coração, então é um processo interessante. Mal posso esperar", completou.
Solar Ferrão recebe exposição sobre cotidiano em vilarejos africanos
Foto: Divulgação
O Centro Cultural Solar Ferrão recebe a exposição "África", uma compilação de fotos de regiões urbanas e rurais da Libéria e da Guiné. Através das imagens, fotografadas pelo arquiteto pernambucano Cássio Nogueira, o público pode conhecer parte do cotidiano de pessoas que vivem em pequenos vilarejos e nas capitais. É uma série de 80 imagens, capturadas entre 2008 e 2012, que retratam famílias, lazer, trabalho, arte, comércio e outras atividades. A mostra fica aberta à visitação gratuita até o dia 15 de novembro.

"África"
Data: até 15 de novembro
Local: Centro Cultural Solar Ferrão
Entrada Franca
Nasi faz retiro espiritual na África e experiência é registrada para virar série ou documentário
Foto: Divulgação
Discípulo do sacerdote da religião iorubá Babá King desde 2009, Nasi, vocalista do Ira!, partiu para um retiro espiritual em Abeokutam, na Nigéria. No local desde o último domingo (23), o cantor passará duas semanas em contato com as raízes do culto africano aos orixás, e a experiência será registrada por uma equipe para que seja transformada em série ou documentário. Em entrevista à Folha de S. Paulo, o artista falou sobre a sua religiosidade e contou episódios como os conflitos entre ele e o irmão, Airton, que também era empresário do Ira!. Nasi havia brigado com toda a banda e levou os desentendimentos à mídia e à justiça, mas contou que no momento delicado conheceu o Babá e recebeu o conselho dos orixás para que interrompesse os processos judiciais. "Tudo bem que sou roqueiro, até faz parte um pouquinho do imaginário, mas lamento o jeito como ocorreu", disse Nasi, que durante o período na África pretende progredir nos estudos do culto iorubá, evitando celular e contato com o Brasil. "Vou lá buscar axé, que é a energia vital", contou, explicando que para ele a experiência “é como um católico ir no Vaticano e apertar a mão do papa". Seu primeiro retiro espiritual no continente africano foi em 2013, e na volta, com o axé renovado, surgiu a conversa para o retorno do Ira!, em 2014. Apesar de envolvido no culto iorubá, Nasi conta que não tenta influenciar outras pessoas. "A minha religião eu não fico pregando, não tento converter. Já não sou chato, o que é muita coisa, né?". 
Beija-Flor recebe patrocínio milionário de presidente da Guiné Equatorial
Foto: Reprodução/ Abc
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, ditador há 35 anos da Guiné Equatorial, está patrocinando a escola de samba Beija-Flor com o valor de R$10 milhões. Nunca antes do carnaval do Rio uma escola de samba havia conseguido arrecadar tanto dinheiro. Obiang é o chefe de Estado há mais tempo no poder na África, além de ser o oitavo governante mais rico do mundo, segundo a revista “Forbes”.  O ditador estará presente no Sambódromo no dia do desfile, torcendo pela escola. Apesar de ser um país muito pobre, a Guiné Equatorial fica em 3º lugar entre os produtores de petróleo da África. A renda se encontra sob a responsabilidade de Obiang, que concentra todos os poderes do país. O ditador está presente no Carnaval do Rio de Janeiro há cerca de dez anos, freqüentando os desfiles das escolas de samba e se hospedando em um apartamento luxuoso de Ipanema. Por conta do patrocínio, a escola irá apresentar o país da Guiné Equatorial como tema do desfile.
Angelina Jolie dirigirá filme sobre protetor de elefantes africanos
Depois de "Na Terra de Amor e Ódio" e "Unbroken", Angelina Jolie assinará a direção de seu terceiro filme. Ela estará à frente do longa-metragem “África”, cinebiografia sobre trajetória do paleoantropólogo e conservacionista Richard Leakey, que dedicou parte da vida à luta contra caçadores de elefantes. “Durante toda a minha vida senti uma ligação profunda com a África e a cultura de lá”, disse a atriz em um comunicado. A obra contará ainda com o roteiro de Eric Roch (Forrest Gump). Atualmente, Angelina se dedica ao filme “By the Sea”, o drama, escrito e dirigido por ela, que marcará sua parceria no cinema com o marido, Brad Pitt.
Exposição ‘Luz Negra’, sobre cultura do Quênia, entra em cartaz em Salvador
Foto: Divulgação
O fotógrafo baiano Robério Braga apresenta, até o dia 30 de março, no Museu Carlos Costa Pinto, a exposição 'Luz Negra', que reúne 20 imagens em grandes proporções, obtidas através de pesquisa sobre a ancestralidade, a cultura e os costumes do Quênia, na África Oriental. A mostra, aberta nesta quinta-feira (13), é o lançamento nacional da série e conta com curadoria de Diógenes Moura. Em preto e branco, as fotografias revelam o cotidiano de três tribos quenianas, que também habitam o norte da Tanzânia: Massai, Pokot e Samburu. Os registros foram feitos entre 2011 e 2012.
 




 
Dançarino baiano Elísio Pitta retorna a Salvador com 'Othello - Ensaio Coreográfico'
Foto: Wilton Montenegro
O dançarino e coreógrafo soteropolitano Elísio Pitta retorna à terra natal, após vinte anos, para estrear na Sala do Coro do Teatro Castro Alves o espetáculo "Othello - Ensaio Coreográfico", baseado em uma das obras mais célebres de William Shakespeare, que será apresentado nos dias 2 e 3 de novembro, às 20h. O solo amplia as margens da junção teatro-dança negra contemporânea brasileira e promove um cruzamento entre artes cênicas, artes visuais e cinema. O projeto é resultado do encontro entre a Companhia C, de Elísio Pitta, e a carioca Companhia Rubens Barbot - Teatro de Dança.
 
A montagem reconstrói a figura do herói Otelo, que, sendo mouro em conquistadas terras estrangeiras, foi alvo de intrigas, xenofobia, racismo e inveja; levando o corajoso e apaixonado guerreiro a matar sua esposa, motivado pelo ciúme doentio despertado nele e que revela a fragilidade do personagem. A adaptação coreográfica de um dos clássicos da dramaturgia mundial mistura épocas e propõe um olhar negro, urbano, contemporâneo e brasileiro para este drama. “Contar esta história, hoje, se configura num desafio magnífico”, define o artista, que há anos acalenta o projeto, vencedor do Prêmio Klauss Vianna 2012, da Funarte. 
 
“Othello – Ensaio Coreográfico” conta com direção coreográfica de Edileusa Santos, antiga parceira de Elísio Pitta em projetos artísticos. A direção artística ficou a cargo de Gatto Larsen, da Companhia Rubens Barbot, uma das pioneiras na dança negra no Brasil. Depois da estreia em Salvador, o espetáculo irá circular pelo Brasil e exterior.    
'O Brasil é o que é, em boa parte, graças à Africa', afirma Franklin Martins que estreia nova série
O jornalista Franklin Martins afirmou em entrevista à revista Carta Capital que o Brasil deve muito de sua cultura à África. Ele vai estrear nesta quarta-feira (25) a série Presidente Africanos, no canal Discovery Civilization. “Minha expectativa é de que a série contribua para diminuir enorme déficit de informação sobre a África no Brasil. Temos a segunda maior população negra do planeta, atrás apenas da Nigéria, e, no entanto nossos, jornais, revistas e TVs não têm correspondentes no continente africano”, pontuou o jornalista. Ele entrevistou líderes de 13 países sobre as transformações que o continente passou nos últimos anos. Questionado sobre a experiência de passar algum tempo no continente, ele foi específico: “O que mais me marcou foi o sentimento de que na África eu estava em casa, o tempo todo. Somos muito parecidos. Nosso povos têm a mesma alegria, a mesma ginga, a mesma espontaneidade, a mesma garra. O Brasil é o que é, em boa parte graças, à Africa. Não é à toa. De lá vieram 48% dos escravos enviados à força para as Américas e o Caribe. Na primeira metade do século XIX para cada europeu no Brasil, havia 8 africanos”. O programa vai ao ar a partir das 18h30. 
Documentário mostra percurso de Gilberto Gil em busca por origens musicais
Gilberto Gil embarca em uma viagem no filme "Viramundo" para buscar suas origens musicais no Brasil, na África e Austrália. O documentário do cineasta suíço Pierre-Yves Borgeaud estreou no último sábado, 20, no "Visions du Reel", festival internacional que acontece em Nyon, na Suíça. Ainda neste ano, deve ser exibido em outros lugares da Europa, no Brasil, na África do Sul, e nos Estados Unidos.
 
No filme, o produtor Emmanuel Getaz acompanha Gil e seu percussionista Gustavo Di Dalva em todo o hemisfério sul, da Bahia aos Territórios do Norte da Austrália e África do Sul antes de retornar para a Amazônia. "Por meio de encontros musicais, nós estávamos avaliando as ligações entre os países e seus povos submetidos à dominação e colonização", disse Gil antes de uma sessão do festival suíço.
Morre o escritor nigeriano Chinua Achebe aos 82 anos
O escritor nigeriano Chinua Achebe, considerado o precursor da literatura africana moderna, faleceu, na última sexta-feira (22), aos 82 anos. Ele estava internado em um hospital em Boston, nos Estados Unidos. Não foi divulgada a causa da morte. Em 2007, Achebe foi condecorado com o prêmio  Man Booker International Prize pelo conjunto da sua obra. Seu romance “O Mundo se Despedaça”, de 1950, vendeu mais de 8 milhões de cópias e foi traduzido para 50 línguas. No Brasil, o livro foi publicado pela Companhia das Letras. Críticos e escritores de todo mundo prestaram homenagens a Achebe. 
Flica: 'É necessário conhecer a África que produz conhecimento', diz Iweala
Foto: Marília Moreira/ Bahia Notícias
Última mesa internacional da Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica), “Territórios Interiores” reuniu, na noite deste sábado (20), às 19h, o escritor angolano José Eduardo Agualusa e o norte-americano Uzodinma Iweala. Grandes viajantes, ambos os autores mantém o hábito de conhecer gente – inclusive, “gente” é uma das palavras que mais Iweala gosta no português do Brasil – e de navegar por terras interiores. 
 
Na conversa mais esperada da Flica, mediada por Rosel Soares, Iweala disse estar encantado com a cidade de Cachoeira, ter encontrado muita gente boa no Brasil e garantiu que irá aprender português até o final do ano que vem. Mantendo o tom familiar, Agualusa, que assina o texto da contracapa das versões portuguesa e brasileira do livro “Feras de Lugar Nenhum”, de Iwela, disse se sentir muito honrado em dividir a mesa com o colega. “Os dois livros que Iwela está desenvolvendo – um já em fase de escrita, outro só no pensamento – já me parecem muito interessantes”, adiantou Agualusa. 

Foto: Divulgação/ Vinicius Xavier

Único livro de Uzodinma Iweala traduzido para o português, “Feras de Lugar Nenhum”, recebeu algumas críticas negativas por uma suposta generalização da África. Questionado sobre esse assunto pelo mediador Rosel Soares, Iweala disse que não se importa mais com a crítica. “Há pessoas para as quais eu mando meu trabalho e dizem que está ótimo. Outras, que está péssimo. Tem horas que isso não importa. Sobre essa crítica, eu não sei como se criou isso, já que é um recorte bem específico sobre Aids na Nigéria, no país de onde venho. A Aids na Nigéria e na África do Sul, por exemplo, são bem diferentes. Talvez a pessoa que fez a crítica nem leu o livro, mas isso também não interessa”, afirmou.  
 
Os autores deram opiniões diferentes sobre como as viagens alteram a forma deles verem o mundo e fazerem literatura. “Há muitas discussões interessantes sobre ser um andarilho, estar em lugares diferentes de onde você nasceu. Se movimentar , estar fora de seu país, é ter uma ideia de como é estar no mundo”, disse Iweala.  Agualusa, por sua vez, apesar de sempre estar em trânsito, afirma que nunca abandona suas bases de entendimento do mundo. “Eu acho que a gente nunca deixa o nosso lugar. Estou convencido disso! Nós nunca saímos do entendimento do nosso território. É sobre essa base que estamos a ver o outro, a ver o mundo”, afirmou.

Habilidosos com as palavras e sonoridades, os escritores contaram como estão atentos à língua em seus trabalhos literários. “Como escritores, tentamos usar uma palavra do modo de que não tenha outra palavra para ficar no lugar. Você usa palavras para ficar sem palavras. É um pouco paradoxal, mas esse é o sentimento que tenho. Quando termino de escrever, não tenho mais o que dizer”, sintetizou Iweala. Para ilustrar, Agualusa - que se interessa, sobretudo, pela língua portuguesa -, contou como sua obra “Milagário Pessoal” abusa destes recursos ao ter como tema central os neologismos. O autor também disse que o livro "Teoria Geral do Esquecimento” será lançado no Brasil, na próxima semana.
 
Com tantas viagens no currículo, temas como cultura global, guerras, fronteiras e estereótipos não deixaram de vir à tona durante a conversa. “Eu e meus irmãos nos sentimos cidadãos do mundo. A gente passou por muitos lugares, encontrou educação, oportunidades de trabalho. Isso é cultura global, uma coisa que às vezes é ruim, mas pode ser muito boa. Eu sempre tenho de me movimentar”, explicou Uzodinma Iweala. 

Foto: Divulgação/ Vinicius Xavier
 
Ainda sobre a questão das guerras e fronteiras, Iweala afirmou espantado que não entende a glorificação que a guerra tem. “Estou lendo agora ‘Guerra e Paz’ e eu tenho pensado muito, não só por conta desse livro, sobre esse assunto. Eu ainda não entendo essa glorificação da guerra. A gente demora muito pra construir as coisas e leva muito pouco para destruir tudo isso”. E continuou: “Eu acho que a guerra é uma coisa fascinante para quem não conhece a guerra. Eu lembro a expectativa dos meus colegas de faculdade quando ia começar a guerra do Iraque. Creio que essa fascinação seja derivada do modo como os EUA viviam, de uma forma muito pacífica. O que é assustador, com relação ao Oriente Médio, é que as pessoas começam a ficar motivadas de novo e esquecem do quão destrutivo isso é.”, afirmou. Para Agualusa, as guerras sempre estiveram presentes em sua vida e ela é responsável por levar alguns temas para a literatura. “Vale a pena pensar utopias. Eu tenho muitos escritos sobre polícia de fronteiras como uma forma de exorcizar isso”, disse Agualusa. A mesa terminou com uma convocação aos brasileiros de conhecer a África além dos estereótipos. “Tem muito estereótipos e mitos sobre a África. É necessário conhecer a África que produz conhecimento e produz pensamentos revolucionários também”, concluiu Iweala.
Gil faz apresentação inspirada na África no Festival de Jazz de Montreux
Gilberto Gil fez uma apresentação inspirada na África na noite desta terça-feira (10), no Festival de Jazz de Montreux. Mesmo com um repertório de canções alegres, Gil não deixou de fazer alusões à pobreza e à escravidão. O show, que contou com a participação dos músicos sul-africanos Vusi Mahlasela (guitarra) e Paul Hanmer (piano), funcionou como uma prévia para o documentário ainda inédito do cantor e compositor baiano,"Viramundo - Uma Viagem com Gilberto Gil", que acompanha uma turnê dele pelo Hemisfério Sul, passando por Brasil, África do Sul e Austrália e também aborda questões raciais. O filme de 95 minutos, dirigido por Pierre-Yves Borgeaud, tem estreia prevista para 2013 na Suíça, França e Bélgica. "Somos africanos no Brasil, especialmente quando se trata da música. Já somos muito africanos no Brasil", disse Gil. Essa foi a décima participação de Gil no festival de Montreux, um dos mais prestigiosos do mundo. Desta vez, Gil chegou mais cedo à Suíça para gravar, em estúdio, dez músicas para o documentário, que deverá ter sua trilha sonora lançada como um produto independente.
Última semana para conferir a exposição de obras africanas no MAM
Em cartaz até sexta-feira (29), a exposição Transit, com curadoria do baiano Daniel Rangel e do angolano Fernando Alvim, traz recortes da maior coleção particular de arte contemporânea africana do mundo. Pinturas, desenhos, gravuras, vídeos, fotografias, esculturas, vestimentas e instalações somam mais de 100 obras que vão circular pelo país até 2014. Na mostra, 25 obras de 13 dos mais importantes artistas africanos – Abdoulaye Konaté, Bili Bidjocka, Ihosvanny, Ingrid Mwangi, Minnette Vari, Mounir Fatmi, Ruth Sacks, Samuel Fosso, Seydou Keita, Tracey Rose, Yinka Shonibare, William Kentridge e Zoulikha Bouabdellah – ficarão expostas no Casarão e na Capela do MAM. Rangel explica que a escolha de Salvador como primeira cidade a receber a exposição foi feita a partir da relação que esta mantém com a história e cultura africanas. “A primeira questão é a afetividade do povo baiano e a curiosidade das pessoas sobre a África. O caminho natural das obras é chegar primeiro à Bahia, assim como sempre aconteceu historicamente com intercâmbio do Brasil com a África”, disse. A exposição fica aberta das 13h às 19h, com entrada franca.
‘Transit’: mostra traz a Salvador obras de importantes artistas africanos
Salvador é a primeira cidade brasileira a receber a exposição coletiva “Transit”, reunião de pinturas, desenhos, gravuras, vídeos, fotografias, esculturas, vestimentas e instalações de artistas africanos. A mostra fica aberta à visitação a partir do próximo dia 19 (segunda-feira) e fica em cartaz até 29 de abril, no Museu de Arte Moderna (MAM). As visitações serão de terça a sexta e domingo, das 13h às 19h, e sábados, das 13h às 21h. A “Transit” vai percorrer diversas cidades do Brasil nos próximos três anos, trazendo recortes da maior coleção de arte contemporânea africana do mundo, que pertence à Fundação Sindika Dokolo (Angola).
 
Serviço:
O QUÊ: Transit
ONDE: Museu de Arte Moderna (MAM)
QUANDO: de 20 de março a 29 de abril: de terça a sexta e domingo, das 13h às 19h, e sábados, das 13h às 21h
QUANTO: Grátis
Cortejo Afro homenageia Caetano Veloso durante o carnaval 2012
O Cortejo Afro vai homenagear o cantor e compositor Caetano Veloso durante o carnaval 2012. O grupo assumiu o tema “Outras Palavras” e além de homenagear Caetano também vai falar sobre a África e as referências religiosas, estéticas e musicais que influenciaram a sua história. Neste ano, o bloco contará com a presença de 3 mil foliões que vão poder curti o já tradicional ritmo africano do Cortejo Afro misturados com a MPB, pop e batidas eletrônicas. O grupo desfila no circuito Dodô nesta sexta-feira (17) e no circuito Dodô no domingo (19) e na segunda (20) trazendo 200 percussionistas, 60 vindos da Europa exclusivamente para a folia, uma ala composta por 200 senhoras da terceira idade e uma ala com as tradicionais baianas.

Curtas do Poder

Ilustração de uma cobra verde vestindo um elegante terno azul, gravata escura e língua para fora
O Soberano tentou mostrar seu lado da roça, mas antes disso precisava ter umas aulas de equitação. Pelo menos a parte da relação com o Pernambucano ele já resolveu. Enquanto isso, Diogo Ex-Bola tirou o peso do cargo... da barriga. E olha que tá aparecendo mais do que o Bonitão. Já o Cacique anda com tanto tempo livre que tá acumulando função. Saiba mais!

Pérolas do Dia

Cármen Lúcia

Cármen Lúcia
Foto: Reprodução / Redes Sociais

"Todos! Mas desde que seja rápido porque também nós mulheres ficamos dois mil anos caladas, nós queremos ter o direito de falar, mas eu concedo, como sempre. Apartes estão no regimento do STF, o debate faz parte do julgamento, tenho o maior gosto em ouvir, eu sou da prosa". 


Disse a ministra Cármen Lúcia ao comentar uma fala do ministro Flávio Dino e brincar sobre interrupções às falas um do outro.

Podcast

Projeto Prisma entrevista Félix Mendonça Júnior, deputado federal e presidente do PDT na Bahia

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O deputado federal Félix Mendonça Júnior (PDT) é o entrevistado do Projeto Prisma desta segunda-feira (15). O parlamentar também é presidente estadual do PDT baiano e foi reeleito para a Câmara dos Deputados na eleição de 2022 com 71.774 votos.

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