Após aprovação de Lei, reumatologista aponta carência de atendimento especializado para fibromialgia no SUS
Por Redação
A médica reumatologista, Emanuela Pimenta avaliou a Lei que torna o paciente acometido com fibromialgia como uma pessoa com deficiência (PcD). A Legislação foi aprovada pelo Governo Federal na última quinta-feira (24). Em entrevista ao Podcast Saúde 360º do Bahia Notícias, nesta terça-feira (12), a especialista analisou sobre a Lei e alertou sobre a falta de espaços para atendimento especializado da doença.
Segundo a médica, o Sistema Único de Saúde (SUS) possui uma deficiência de profissionais e de equipamentos hospitalares para receber e tratar a enfermidade.
“A gente não tem ambulatório de fibromialgia, esse é um problema do SUS. Não temos locais especializados para tratar o portador de fibromialgia. Nem na reumatologista, nem na dor, os ambulatórios de dores são poucos no sistema público, então hoje é um problema de saúde pública”, observou Pimenta.
A profissional refletiu ainda à respeito da necessidade da ampliação no número de médicos da área e da criação de espaços para receber pessoas que enfrentam a condição. Segundo ela, o público diagnosticado com a fibromialgia são encaminhados para especialidades médicas diferentes e acabam se acostumando com as dores, por não encontrar a atenção devida para o problema.
“O grande problema é quando o paciente se acostuma. Ele se esconde através da dor. A dor passa a ser objeto para se esconder de várias coisas. Então, é muito complexo,a gente precisa realmente de um lugar, ter um local para aquele paciente ser diagnosticado, ser tratado, porque eles se acostumam. Para ele é mais fácil ir à farmácia comprar o remédio do que procurar [atendimento]. Por conta das filas enormes, ele não consegue ser atendido, passa a noite na fila. Quando consegue o médico não atende, pois esse ambulatório não é especializado. Temos uma pouca quantidade de reumatologistas no estado e não temos serviços especializados em fibromialgia. Você acaba mandando um paciente para o médico da dor,para um psiquiatra, que também é difícil de ajudar [...]”, pontuou.
De acordo com Emanuela, a sanção da Lei, no entanto, pode chamar mais atenção e ser mais enxergado na área de saúde.
“Talvez, com essa nova Lei, seja dada uma atenção maior, para que esse paciente tenha um centro especializado. [...] A fibromialgia é um diagnóstico multidisciplinar, não é um relatório somente de reumatologista que vai dizer que a deficiência é oculta, porque é uma dor invisível. Tem que ter muito cuidado, pois como é muito subjetivo, não existe exame que prove, não tem exame laboratorial. Nós, reumatologistas, temos que ser muito criteriosos, porque passou a ser um problema grave de saúde pública”, complementou.
ACESSO AO DIAGNÓSTICO
A reumatologista comentou ainda sobre o diagnóstico da doença. Conforme a médica, por conta do prazo para a Lei entrar em vigor, de 180 dias, e da demanda, alguns pacientes devem encontrar dificuldade no atendimento. Para Emanuela, o público vai procurar unidades de saúde particulares para conseguir acesso ao diagnóstico.
“Acredito que a maioria vai para o sistema privado, darão um jeito de conseguir juntar os amigos e vai acabar acontecendo. Os mais orientados vão procurar, vão pagar e vão para o sistema privado para tentar ter esse diagnóstico”, contou.
“São 180 dias , mas você acha que vai ser rápido para conseguir médico, para organizar até espaço físico dentro das próprias unidades de saúde, que muitas vezes não tem um ambulatório. [...]”, concluiu.