Saiba quem é o desembargador federal Macário Júdice Neto, preso pela PF em operação sobre vazamento de dados
Por Redação
Macário Ramos Júdice Neto, desembargador federal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) preso pela Polícia Federal nesta terça-feira (16), é um magistrado de carreira com mais de três décadas na Justiça Federal. A detenção integra a segunda fase da Operação Unha e Carne, que apura o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun.
Natural de Cachoeiro de Itapemirim (ES), onde nasceu em 21 de janeiro de 1966, Júdice Neto é graduado em Direito pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Ingressou na magistratura em 1993, após aprovação no concurso do TRF-2, iniciando como juiz federal substituto. Foi promovido a juiz federal titular em 1996 e, entre 1999 e 2001, exerceu o cargo de diretor do foro da Seção Judiciária do Espírito Santo. Em sua gestão, foram instaladas as primeiras varas federais fora da capital, nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim e São Mateus. Também integrou o Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) no biênio 2000–2002.
Sua trajetória, no entanto, foi interrompida por longos afastamentos. Em novembro de 2005, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) abriu processo criminal contra ele para apurar suposta participação em um esquema de fraudes em sentenças, o que resultou em seu afastamento do cargo. Uma década depois, em dezembro de 2015, o plenário do TRF-2 decretou sua aposentadoria compulsória, acusando-o de envolvimento no esquema da máfia dos caça-níqueis no Espírito Santo. Na ocasião, ele atuava na 3ª Vara Federal de Vitória.
A decisão de aposentadoria compulsória foi posteriormente revogada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O processo disciplinar de 2015 foi anulado por questões de quórum, já que, dos 26 desembargadores presentes na sessão, nove se declararam suspeitos e apenas dez votaram pela pena máxima, número inferior à maioria absoluta necessária.
Após quase 18 anos afastado, o magistrado percorreu um caminho de reintegração. Em novembro de 2022, o CNJ votou pelo seu retorno. Em maio de 2023, o TRF-2 determinou sua volta como titular da 3ª Vara Federal de Vitória. Um mês depois, em junho de 2023, foi promovido ao cargo de desembargador federal do TRF-2 pelo critério de antiguidade, ocupando vaga criada com a ampliação da corte. Na cerimônia de posse, transmitida pelo YouTube, afirmou: “Venho para somar e multiplicar; nunca para diminuir ou dividir”.
Em setembro do mesmo ano, ganhou notoriedade ao expedir o mandado de prisão do então deputado estadual TH Joias, alvo central da Operação Zargun. Agora, a Polícia Federal investiga seu suposto envolvimento no repasse ilegal de informações sigilosas dessa mesma operação, conforme citado nas investigações da Unha e Carne.
A PF cumpriu mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também tem como alvo o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar, preso na primeira fase da operação. O papel específico atribuído ao desembargador no suposto esquema ainda não foi detalhado oficialmente, e o caso permanece sob sigilo parcial.
As informações são do G1.
