Michel Temer comenta julgamento de Bolsonaro, possibilidade de anistia e cenário político para 2026
Por Eduarda Pinto / Ana Clara Pires
O ex-presidente Michel Temer falou à imprensa sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), a possibilidade de anistia e o panorama político nacional.
Temer afirmou que, embora acompanhe o julgamento por meio da imprensa, não tomou posição sem analisar os autos. Segundo ele, decisões como as de Luiz Fux e Alexandre de Moraes refletem interpretações diferentes das provas.
“Não significa que se quer pôr gasolina no fogo. Muitas vezes, a prova dos autos leva a convicções distintas. Vamos esperar o final do julgamento”, disse.
O ex-presidente avaliou o voto de Fux, que absolveu Bolsonaro e outros réus, como relevante para o ex-presidente. “Até o presente momento, pelo que acompanhei, ele está absolvendo a todos. Para Bolsonaro, é claro que esse voto é fundamental”, comentou.
Temer também abordou a tese de anistia aos envolvidos nos ataques aos Três Poderes em 2023, ressaltando que o Supremo Tribunal Federal deveria ser o árbitro da questão.
“Uma anistia poderia gerar conflito entre Legislativo e Judiciário. O ideal é que o Supremo resolva usando instrumentos jurídicos existentes, como a transformação da pena em prestação de serviços comunitários para quem já cumpriu parte da sentença”, explicou.
O ex-presidente ressaltou seu trabalho na articulação entre partidos de centro e direita para construir um projeto nacional. Segundo Temer, o objetivo é apresentar um programa de governo ao eleitorado e depois definir um candidato que o represente, mencionando Tarcísio de Freitas como um nome potencial de consenso.
“Ele é moderado, equilibrado, e o Brasil precisa de moderação e equilíbrio. O país precisa de diálogo, não de confrontos”, disse.
Temer comentou ainda a posição do MDB em eleições estaduais, destacando que o partido atua como uma federação, com diferentes direções regionais, mas com certa unidade no Congresso Nacional.
Questionado sobre a possibilidade de reeleição do presidente Lula, Temer reconheceu a legitimidade legal, mas ponderou sobre a disposição do atual mandatário. “Nos últimos tempos, ele disse que se a saúde permitir, poderá se candidatar. Há limites práticos que só o tempo vai mostrar.”
Sobre a aplicação da lei Magnitsky pelos Estados Unidos, que poderia impactar o sistema financeiro do Brasil, Temer classificou a medida como exagerada. “É complicado um Estado estrangeiro impor restrições a decisões judiciais internas. Espero que isso não aconteça”, afirmou, destacando a importância do diálogo internacional.
Em relação às tensões com Washington, Temer defendeu a abertura de canais diplomáticos. “Se eu estivesse no governo, teria tentado contato direto com Trump logo no primeiro dia para conduzir uma solução. O diálogo conduz à solução, sempre”, concluiu, referindo-se também à atuação de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos.