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Grávida de gêmeos desiste de entregar filhos para adoção após acolhimento de Defensoria 

Grávida de gêmeos desiste de entregar filhos para adoção após acolhimento de Defensoria 
Foto: Divulgação

Desempregada, com dois filhos pequenos e grávida de gêmeos, uma mulher de 31 anos abandonada pelo pai das crianças desistiu de entregar os bebês para adoção, após acolhimento da Defensoria Pública. 

 

O caso aconteceu em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, na Bahia. A mulher, cuja mãe tem transtornos mentais, se viu sem saída para criar os quatro filhos sozinha, tendo pensado em aborto e até suicídio. 

 

O destino dela começou a mudar após ser encaminhada para a Defensoria pelo posto médico de seu bairro. Orientada por assistente social e psicóloga do órgão, ela soube que poderia fazer a entrega voluntária dos bebês e que esses, logo que nascessem, seriam encaminhados para adoção. Em princípio ela acreditou que aquela era a melhor solução, vislumbrando os filhos aos cuidados de uma família estruturada. 

 

“O que passou pela minha cabeça foi desespero. Foi uma coisa que é inexplicável. Não foi uma coisa planejada, sabe? E foi de alguém que desapareceu, que não deu apoio, e que eu até tomei nojo”, contou. “Mas com o acolhimento da Defensoria eu vi que não estava sozinha no mundo”, acrescentou.

 

No oitavo mês de gestação, então, ela mudou de ideia e decidiu ficar com os bebês. “No início ela estava bem decidida a entregar as crianças logo que nascessem. Mas ela foi entendendo que havia uma rede de apoio que poderia ajudar. Nosso núcleo faz uma escuta especializada e um acompanhamento até a entrega. Mas no meio desse caminho muitas mães, ao serem acolhidas, recuam”, explica a psicóloga Rebeca Laranjera, que acompanhou a mãe.

 

“Mesmo com as dificuldades que ainda enfrento, não me arrependo de ter voltado atrás. Eu amo meus filhos. Eu quero que eles tenham orgulho de tudo. Quero que eles me vejam vencer, da fraqueza ao topo”, disse a mulher, que dois anos depois cuida dos gêmeos, uma menina e um menino, além do filho mais velho, de 12 anos. Outro filho, de 9 anos, mora com o pai em outro estado, atualmente.


A defensora pública Gisele Aguiar, coordenadora da Especializada de Defesa da Criança e do Adolescente (Dedica), disse que casos como este mostram a complexidade da iniciativa de  mães que abandonam ou entregam os filhos para adoção. “A entrega voluntária é prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. Essas mães precisam ser acolhidas e terem ciência desse direito. Não cabe a nós julgar pessoas em extrema vulnerabilidade. É preciso tentar se colocar no lugar delas”, pondera Gisele, que, junto com outro defensor público, Marcus Cavalcanti, elabora um projeto específico para acolher estas mulheres, denominado “Escolha Consciente”. “A gente não quer incentivar as mulheres a colocar seus filhos para adoção. A gente quer apenas que ela faça uma escolha consciente”, pontua.