Técnica de enfermagem será indenizada em R$ 10 mil por ser chamada de 'macumbeira'
Uma técnica de enfermagem será indenizada em R$ 10 mil por um hospital por ter sido chamada de “macumbeira” por colegas de trabalho e supervisores. A decisão é da juíza Lívia Soares Machado, da 43ª Vara do Trabalho de São Paulo. A juíza considerou que a autora da reclamação trabalhista sofreu com humilhações diárias no trabalho por discriminação e intolerância religiosa.
Uma das testemunhas disse que a autora da reclamação era sempre culpada por sumiço de materiais, que foi impedida de entrar no banheiro e que ainda disseram a ela que “negro era lento”. Um funcionário ainda disse que ela morava em lugar de mendigos e pombos. A testemunha apontou ainda que os fatos aconteciam de forma corriqueira e, ao se queixar à supervisão, pediam para “abafar o caso”.
A magistrada entendeu que o hospital deveria ter coibido a prática, diante da responsabilidade de “zelar pelo bem estar e higidez física e mental dos seus empregados". "A meu ver, as condições a que fora submetida - sendo chamada de ‘macumbeira’, sendo ofendida pela sua raça e pela sua condição social- são atentatórias à honra, moral, imagem e, assim, à dignidade humana e têm o condão de produzir danos morais decorrentes de sentimentos de frustração, medo, angústia e insegurança”, escreveu Lívia Machado na decisão. A juíza entendeu que a prática é classificada como assédio moral, que atenta contra a dignidade humana.