'O judiciário será melhor compreendido quando for mais conhecido', diz presidente da AMB
A presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), juíza Renata Gil, participou da Live do BN no Instagram nesta terça-feira (7). A juíza, que é a primeira mulher a presidir a entidade que representa mais de 14 mil juízes no país, afirmou que o “O judiciário será melhor compreendido com quando for bem conhecido”. Para ela, ainda há uma incompreensão do real papel do magistrado na sociedade.
A juíza lembra que a Lei Orgânica da Magistratura (Loman) sempre impôs aos juízes que não se pronunciassem sobre os casos concretos julgados por eles, mas reflete que, a interação das redes sociais, a velocidade da informação, tem imposto uma nova forma de se relacionar com a sociedade. “Nós vemos agora julgamentos ao vivo, julgamentos sendo comentado em mesas jornalísticas, e isso impôs uma nova forma de nos comunicarmos com a sociedade”.
Renata Gil pontua que o Judiciário brasileiro é o que mais julga ações no mundo. “Toda a vida do brasileiro está judicializada”, sentencia. Renata Gil frisa que o Judiciário é sempre chamado para dar a palavra final sobre uma questão e que isso não pode ser considerado ativismo, pois a Constituição Federal estabelece que tudo que for levado a julgamento deve ser decidido pelo magistrado. E ainda acrescenta que, nem mesmo a pandemia parou o trabalho dos magistrados. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), desde março, já foram proferidas mais de 7,7 milhões de sentenças e acórdãos no Brasil, com mais de 322 milhões de movimentações em processos judiciais, com destinação de R$ 390 milhões para combater o coronavírus.
A juíza ainda explicou a campanha Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, idealizada pela AMB, com ampla adesão nos tribunais de Justiça do país, inclusive, o da Bahia. A campanha foi criada diante da preocupação do crescente número de casos de violência doméstica e a dificuldade de muitas mulheres que estão em distanciamento social de denunciarem seus agressores. A campanha foi inspirada em uma iniciativa indiana, de fazer uma bolinha vermelha na palma da mão para pedir ajuda contra a violência doméstica. Durante a entrevista, a juíza também abordou a importância de se defender a democracia brasileira, e que “a Constituição tem todos os remédios para todas as dores da sociedade brasileira e mecanismos de controles”.