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O Futuro da Advocacia: desafios e oportunidades no mercado

Por Anna Carla Fracalossi

O Futuro da Advocacia: desafios e oportunidades no mercado

A Constituição de 1988 traz a advocacia como função essencial à Justiça, assim, a importância da advocacia na vida brasileira foi e continua relevante como se vê, mas é inegável que a profissão mudou muito nos últimos anos, e, com a sociedade atravessando inúmeras alterações, o futuro da advocacia certamente apresenta inúmeros desafios.


Em um cenário social hiper complexo, de profundas transformações tecnológicas, informacionais, sociais e institucionais, cabe à advocacia não apenas acompanhar tais mudanças, mas atuar de forma propositiva, ética, técnica e conectada com as novas demandas da sociedade.
A iniciar pela necessidade de que os profissionais, de ontem e de hoje, estejam adequadamente preparados para as demandas da contemporaneidade, não apenas para os desafios do exercício profissional, mas, sobretudo, conscientes da necessidade estratégica de como sua atuação ampliada e sensível socialmente, é capaz de fortalecer o sistema jurídico do país e todas suas instituições.


Hoje uma das maiores contingências enfrentadas pela sociedade e por grande maioria da advocacia é o “congestionamento de processos” que acaba por causar imensa insegurança jurídica, dificultando a resolução de conflitos e a pacificação social. Esta sobrecarga de processos enfrentada pelo judiciário brasileiro traz como consequência imediata, para além da inefetividade gerada pela morosidade judicial, severa crise de confiança no sistema de justiça e o descumprimento do dever fixado para o Estado brasileiro, na Constituição de 1988, de promoção da segurança em suas mais diversas vertentes: física, social e jurídica.


Ante este desafio posto pela realidade, cabe à advocacia não mais se ancorar exclusivamente na jurisdição e no litígio, para alcançar seu desiderato, mas alinhar-se à práticas preventivas, inovadoras e coerentes com a busca de solução para a contingência existente.
O grande número de bacharéis e, por consequência, de advogados e advogadas no mercado de trabalho, a concentração de oportunidades em grandes centros, a formação eventualmente deficitária e não-continuada, a falta de capacidade de adaptação tanto às alterações próprias da dinâmica social e às novas tecnologias, são exemplos dos desafios que sempre rondaram a advocacia, e que foram amplificados, sobretudo após a pandemia de COVID19.


O futuro – e o presente - da advocacia exige, não somente conhecimento técnico e prático necessário para o exercício profissional de forma competente e responsável, mas, sobretudo, uma continuada formação humanista e ética, lastreada em bases como a defesa da democracia e dos direitos e garantias fundamentais, essenciais à construção da criticidade necessária ao enfrentamento de momentos conturbados com forte presença de autoritarismos, abusos de poder e injustiças.


Os fenômenos ligados à tecnologia de informação, à desinformação e às redes sociais já impactam a forma como o trabalho é realizado atualmente e continuarão, cada vez mais, a impactar no futuro. Automação de processos, as plataformas digitais, o uso de inteligência artificial, a Advocacia 4.0, e demais integrações que visam a oferta de serviços advocatícios mais eficientes e personalizados aos clientes, causaram verdadeira mutação no cotidiano dos operadores do Direito. 


A virtualização dos processos que sempre foi um pleito da sociedade e da advocacia, foi acelerada em razão da pandemia de COVID-19, e com isso, a adoção de audiências e julgamentos virtuais, se consolidou e essa tendência deve imperar no futuro. Isso porque a acessibilidade e a flexibilidade experimentadas com a virtualização, foram assimiladas como avanços não mais passíveis de retrocesso. Mas essa oportunidade, também apresenta desafios em termos de segurança, privacidade e a necessidade de flexibilização de procedimentos já sedimentados que consigam contemplar o anseio de atendimento pessoal tanto da advocacia como dos jurisdicionados.


Contudo, esses avanços trazem consigo dilemas profundos e urgentes, relacionados à ética e à proteção de direitos fundamentais, em especial quanto à necessidade de se garantir a confidencialidade e a segurança dos dados dos clientes, observando a legislação vigente, como a LGPD, e adotando medidas para se evitar o acesso não autorizado e o uso indevido dessas informações.


Neste contexto, a advocacia tem como importante desafio, o de manter-se sempre atualizada quanto a essas inovações tecnológicas para garantir eficiência e competitividade, além de sempre agir como guardiã dos princípios constitucionais, zelando para que o acesso à Justiça e a inúmeros direitos não se tornem uma prerrogativa tecnológica e que os direitos fundamentais não sejam comprometidos pela lógica algorítmica.


Ademais, permanente é a necessidade do profissional da advocacia desenvolver competências e habilidades relacionadas à gestão, à liderança, à busca por colaborações e associações no ecossistema jurídico e institucional, brasileiro e global. Cada vez mais, será exigido da advocacia a capacidade de diálogo para com os diversos seguimentos da sociedade, sendo necessária postura empática que viabilize o entendimento das demandas e sobretudo das expectativas trazidas por clientes externos, mas também por eventuais clientes internos. Em termos comunicacionais, é visível a importância crescente do marketing digital e a necessidade de presença online para escritórios, advogadas e advogados.


Ante os desafios, sempre postos, de ontem, de hoje e de amanhã, cabe à  Advocacia manter-se protagonista do desenvolvimento jurídico e social brasileiro  através do constante aprimoramento, de reflexão ética, do investimento em capacitação tecnológica e da participação ativa nos debates sociais.


As oportunidades de atuação profissional no mercado são tão dinâmicas, quanto a própria sociedade e os profissionais que tiverem sensibilidade social e souberem aproveitar tais oportunidades, inclusive as disfarçadas de meros desafios, estarão bem-posicionados para liderar essa transformação. 

 

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do Bahia Notícias