Representantes dos Afoxés no Carnaval de Salvador pedem na Justiça anulação de eleição do Comcar
Por Bianca Andrade
A eleição da nova Mesa Diretora do Conselho Municipal do Carnaval e Outras Festas Populares (Comcar), que reelegeu o empresário Washington Paganelli como presidente, pode ser anulada na Justiça.
Uma ação protocolada no dia 28 de julho pelo segmento dos Afoxés na Justiça pede para que a eleição realizada no dia 22 de julho seja revista e que haja a realização de um novo pleito.
Por meio de nota divulgada na quinta-feira (31), os Afoxés que desfilam no Carnaval de Salvador pediram a suspensão imediata dos efeitos da eleição e o impedimento de qualquer ato de gestão pelos eleitos até decisão definitiva da Justiça.
No documento, o conselheiro Nelson Nunes dos Santos, alega que houve descumprimento do Regimento Interno do conselho, especialmente no prazo de inscrição de candidaturas, que teria sido encerrado de forma irregular, inviabilizando a participação de segmentos tradicionais.
O cargo de presidente foi disputado por Paganelli e pelo presidente da Associação dos Blocos de Salvador, Albry da Anunciação. O empresário do bloco As Muquiranas recebeu 18 votos, enquanto Albry contou com 4 votos. Os demais cargos da Mesa Diretora foram preenchidos por:
Vice-Presidente: Márcia Mamede, suplente, Sidney Bonfim - eleita por aclamação.
Secretário-Geral: Jairo da Mata, suplente, Matias Silva - eleitos com 20 votos favoráveis e 02 votos contrários (Associação dos Blocos de Salvador e representante dos Afoxés)
No comunicado divulgado pelo segmento de Afoxés, que foi contrário ao cargo de secretário-geral na eleição, é pontuado que a Resolução nº 10/2025 reduziu ilegalmente o período de inscrição, contrariando o regimento, que estipula o encerramento do prazo apenas 72 horas antes da votação.
Mesmo após apresentação de impugnação administrativa, a Mesa Diretora teria mantido a eleição, o que, segundo os Afoxés, violaria princípios como legalidade, isonomia, moralidade administrativa e devido processo legal.
Na petição, os representantes dos Afoxés afirmam também que nos últimos anos, houve descumprimento de pactuações feitas entre o Comcar e o MP-BA.
“A atual estrutura do conselho tem resistido a medidas de transparência, legalidade e democratização, favorecendo interesses particulares em detrimento da coletividade carnavalesca”, afirma a nota.
A eleição para o mandato 2025/2026 aconteceu de forma polêmica com acusações por parte da Associação de Blocos de Salvador (ABS) e a Associação Cultural de Entidades de Matriz Africana (ACEMA), que pedirem uma liminar para suspensão de uma reunião do conselho, alegando uma suposta recondução da empresária Márcia Mamede como Coordenadora Executiva do Comcar.
Ao Bahia Notícias, Albry afirmou que a Mesa Diretora não tinha sido renovada nos últimos anos. O Comcar chegou a se pronunciar publicamente sobre as acusações, afirmando que a ABS estava utilizando manobras desleais para obstruir a gestão administrativa deste Conselho.
Para os representantes dos Afoxés, a decisão da Justiça poderá ser decisiva para o futuro do Comcar e da organização do Carnaval de Salvador.