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Coluna

Tá tudo azul, tá tudo blue!!!

“Acabou chorare /ficou tudo lindo...”. Desde que o carnaval acabou, estou remoendo apenas essa parte da música dos Novos Baianos, principalmente quando passo em algum canto do circuito. Dado o fim do Carnaval, essa música para mim é mais ou menos uma alusão à tristeza que se dá, seja pela beleza que é o nosso carnaval, ou mesmo pelo fim da festa na quarta de cinzas.

Lógico, sei que a letra de Luiz Galvão, musicada por Moraes Moreira – o cantor que o Governo do Estado não quis pagar, justificando que ele já tinha patrocínio da Prefeitura (sic!) - não fala em nada sobre fim de festa. Ela surgiu apenas de um papo cabeça entre Galvão (Novos Baianos), o poeta Capinam e João Gilberto sobre as abelhas e o som delas, quando a filha de João (a cantora Bebel Gilberto) caiu no chão, e, para despreocupar o pai, disse a célebre frase na língua das crianças, que titula o lendário disco: “Acabou Chorare”.
 
Mas esse pedacinho da letra, inexpressivo até pela grandiosidade da obra dos Novos Baianos, foi pra mim o que realmente achei: que acabou o choro, amigo! Esse Carnaval levantou o moral e o orgulho de Salvador com a boa impressão que o mesmo passou. Claro, tudo com suas devidas proporções. Problemas e interesses de outrora que persistiam foram solucionados de forma democrática e ordeira, inclusive sem maiores arroubos, como deve ser resolvido.

Nesta folia, alguns itens são importantes destacar. Márcio Victor e seu” Lepo Lepo”, que com justiça - diga-se de passagem -, foi escolhida pelo povo e pela imprensa a melhor música do Carnaval. A passagem do cantor Saulo Fernandes, domingo, no Circuito do Campo Grande, tocando para o folião pipoca e levando consigo uma multidão de gente, literalmente atrás do trio. Ou ainda a criação do Furdunço, que aconteceu na sexta no Campo Grande e segunda na Barra, que veio redemocratizar o carnaval, dando vez ao povo, coisa que não acontecia desde a época da criação do circuito Barra/Ondina. A reorganização do desfile, praticamente acabando com o aluguel de vagas, e abrindo um pouco mais o espaço do artista solo.
 
Lógico, algumas coisas ficaram estranhas, como a dispersão dos trios no fim do circuito na Praça Castro Alves, que ficou meio complicada nos primeiros dias, mas depois se acertou. Isso ainda precisa ser melhorado. Além do desfile do Gandhy, que sinceramente não sei como vão resolver. Mas, fora isso, e tirando as brigas de rua que são de praxe, além de um ou outro artista decadente ainda se achando de primeira grandeza, toda a folia de momo se deu mais que tranquila.
 
Olha, foram tantas observações fora essas que citei, que se fosse parar para falar de tudo, teria que ser duas partes, o que é impossível. Agora, se tem um fato que realmente me marcou neste carnaval foi a alegria e o orgulho da cidade com a sua festa. Ver que a grande maioria das pessoas que curtem a festa está conseguindo entender e enxergar a vontade de quem organiza o carnaval de melhora-lo cada vez mais.
 
Eu, enquanto folião e observador da folia, só posso dizer neste momento, como diria Lulu Santos: tá tudo azul, tá tudo Blue!
 
Luis Ganem