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Luis Ganem: Mais uma vez a mesma chatice

Por Luis Ganem

Luis Ganem: Mais uma vez a mesma chatice
Foto: Igor Barreto / Bahia Notícias

Esse meu mais recente texto, confesso, demorou. Estou aqui pela enésima vez pensando o que iria comentar, o que iria trazer enquanto análise crítica para o contexto do nosso mercado musical baiano.

 

Os fatos artísticos e musicais que se sucederam na festa de momo deste ano são, talvez, dignos de nota – mas talvez, eu disse talvez.

 

Daí, queria algo que fosse novo, um fato à parte, mas de todo modo como é preciso escolher dentre os assuntos estão aí e, até para expressar a minha visão crítica, parei em algo que sempre observo e por isso pergunto: será que somente eu reparei, ou mais alguém percebeu a faixa etária das nossas estrelas baianas? Não que faixa etária seja demérito, e não é, mas será que foi somente eu que reparei, ou mais alguém percebeu que quase não existe nova safra na música da Bahia?

 

Dito isso, alguns vão dizer que existe renovação sim, e que está acontecendo de forma paulatina, sem pressa, sem pressão. Mas não é essa a impressão que tive e que vi. O que percebi de forma clara e inequívoca foi um apanhado de remakes, além de uma publicização feita a fórceps para vender o que já existe há muito tempo em total detrimento do novo.

 

Engraçado esse fenômeno de negação da renovação. É tão perceptível a falta de vontade de abrir espaço, é tão inacreditável, que passa despercebido. O espaço do sucesso está tão pequeno que nunca fez tanto efeito a história da “Farinha pouca, meu pirão primeiro”. E seja com artista de qualquer grandeza. 

 

Já falei tanto e falo há tanto tempo sobre isso, que chega a ser chato essa resenha, mas ninguém quer abrir os olhos pra isso, nem dar oportunidade para o novo. E quando falo ninguém, me refiro também às rádios – viu, senhores e senhoras coordenadores, que não propõem um espaço na sua grade pra apresentar o novo?

 

Dá pra contar nos dedos a renovação na nossa música. É chato ficar cobrando toda hora, eu sei, mas se isso não for feito, vai chegar o momento em que nada teremos pra mostrar e apenas receber e festejar os artistas vindos de fora. 

 

Inclusive não sei como isso não se tornou algo comum ainda. Já que tivemos alguns “ensaios” por aqui. Desde a vinda do cantor Michel Teló, passando por Jorge e Mateus e depois Wesley Safadão e mais alguns, essa tentativa de furar a bolha vem acontecendo sempre.

 

Vai chegar um momento em que isso vai se tornar o normal, mesmo que digam que nosso povo tem suingue próprio e não consegue aceitar o que vem de fora assim facilmente. Mas, lembre-se que, lá atrás, as festas eram sempre com mais artistas locais do que forasteiros, e agora, na sua grande maioria, salvo as de pagode suingueira, somos apenas coadjuvantes. Isso na minha visão, óbvio. Uns chamam isso de modernidade, de fator progresso; eu chamo de vacilo, de falta de visão, de desinteresse, de má vontade mesmo.

 

Pois esse foi o ponto de vista mais gritante pra mim no Carnaval que passou. Maior que a guerra de bastidores pelo lugar na fila do desfile na Barra, maior que nosso “Bozo” baiano que se acha, mas na verdade não percebe que tem um nariz vermelho na face, maior que ver artista de fora querendo cantar de galo longe do seu quintal, ou ainda perceber que aquele ou aquela artista toca o mesmo repertório há mais de “trocentos anos” – nada contra –, ou ainda perceber que existe um novo alento para o Campo Grande, mas que vai perpassar pela vontade das nossas autoridades locais. Enfim... A falta de renovação é maior que tudo isso que vi a mais.


Fui!