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O óbvio sobre o adiamento do Carnaval

Por Fernando Duarte

O óbvio sobre o adiamento do Carnaval
Foto: Enaldo Pinto/ Ag. Haack/ Bahia Notícias

A falsa polêmica sobre a realização do Carnaval de Salvador em fevereiro de 2021 segue rendendo discussões. Enquanto ACM Neto, prefeito da capital baiana, tratou o tema como uma “bobagem eleitoral”, o governador Rui Costa foi mais “político”. Para não entrar em melindres com os aliados que propuseram manter o planejamento da folia de Momo para o começo do próximo ano, Rui disse que trataria do tema apenas com o prefeito eleito. É a postura correta, mas não posso dizer que não fiquei desapontado. Tratar do Carnaval em fevereiro do próximo ano é, no mínimo, irresponsável e o governador poderia dizer isso de maneira mais clara.

 

Para que os festejos aconteçam no começo do próximo ano, o planejamento já deveria estar acontecendo. Mas tanto ACM Neto quanto o governador sabem que indicar o adiamento da festa agora só renderia estresse e tensão com todo o mercado do Carnaval. Ou seja, cozinhar em banho-maria e evitar entrar numa batalha cujo resultado é conhecido é uma atitude coesa com a postura adotada pelos gestores de Salvador e da Bahia. Por isso, será uma fala comum a sugestão de que o tema só deve vir à pauta mais perto do final do ano. Antes disso, é sofrer por antecipação - e, cá entre nós, em meio à pandemia é bom poder escolher qual sofrimento enfrentar.

 

Com o adiamento da eleição, inclusive, será um problema confirmar que a festa não acontecerá em fevereiro sem saber quem estará à frente da gestão da cidade. Com a hipótese de um segundo turno, o futuro prefeito seria conhecido apenas na noite do dia 29 de novembro, o que renderia um mês a menos em qualquer tipo de planejamento. Convenhamos: é inviável gestar e produzir um Carnaval como o de Salvador em tão pouco tempo. A pandemia do novo coronavírus deve continuar sendo o foco, até porque será a administração vindoura responsável por lidar com as consequências econômicas e sociais dessa crise.

 

De qualquer forma, Rui poderia ter sido mais enfático ao responder ao delírio de quem propôs a festa mantida em fevereiro - é proposital a omissão dos nomes dos viajantes, pois chamar atenção é o principal foco da proposta. O governador está certo ao sugerir que não vai entrar nos embates das disputas locais pelas prefeituras. Na prática, sabemos que isso não vai acontecer integralmente, mas há boa intenção na fala. Pena que as alianças não permitam que ele fale o óbvio: não existe sanidade em quem tentar usar a pandemia de maneira eleitoreira.

 

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (24) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.