Guto Ferreira revela que gordofobia o afastou de boas ofertas: "Não querem porque é gordo”
Por Redação
Depois de conquistar o acesso à elite do futebol brasileiro para o Remo após anos distante da Série A, Guto Ferreira participou do quadro de entrevista “Abre Aspas”, do portal Ge, e revelou como a gordofobia o deixou distante dos holofotes do futebol.
“O que posso dizer é que no ‘cara a cara’ ninguém vai falar isso para você. Mas, em determinados momentos, eu vivia fases espetaculares em clubes da Série A e os empresários, um dos sócios que vivia no mundo árabe, vinha e falava assim: ‘pô, os caras não querem porque você é gordo’. Mas se tem lá, será que não tem aqui também? Embora aqui tenham tido ótimos treinadores com resultados expressivos, o Geninho é um deles. Isso, eu volto a falar: sou cabeça feita, não me preocupo com isso”, relatou.
Depois de conduzir o clube paraense ao acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, Guto Ferreira mira mais do que um novo emprego. O treinador busca um projeto estruturado e a chance de voltar a trabalhar na elite, em um movimento que também confronta o rótulo que ele rejeita: o de técnico especializado em uma única divisão.
O acesso obtido com o Remo foi o quinto da carreira de Guto à Série A, cada um por clubes diferentes. Ao longo do percurso, ele também soma quatro títulos estaduais e duas conquistas regionais. Apesar da longevidade dos resultados, o trabalho mais extenso do treinador entre os cerca de 20 clubes que comandou durou 17 meses.
A saída do Remo, segundo o próprio técnico, não esteve relacionada a questões financeiras, mas à falta de garantias para a sequência do trabalho após a mudança de patamar esportivo. Para ele, disputar a Série A exige tempo, estabilidade e respaldo institucional.
"Não é nem valores, mas é a busca por respaldo. E o futebol vai ensinando que, quando você reinicia um projeto - e é reinício para a Série A -, muita coisa muda e, no início do ano, você está sujeito a mudanças bastante importantes. E esse processo demanda tempo. Pode ser que acerte como a gente acertou de cara, mas isso necessariamente não é a verdade. Vai demandar todo um trabalho, um processo, para se chegar de novo a um patamar de sustentação que o torcedor almeja, que a gente almeja enquanto trabalha", afirmou.
Guto também rebate a imagem de treinador restrito à Série B e afirma que seu histórico na primeira divisão sustenta a ambição de voltar à elite em condições mais favoráveis.
"Não estou no oposto. Eu também quero esse perfil de trabalho, porque, caso contrário, começam a colocar plaquinha no meu pé e me intitular como 'rei do acesso', 'o Guto é treinador de Série B.' É só puxar meu currículo com clubes de Série A para ver meus resultados. E com um detalhe: muitas vezes, resultados com um elenco cujo nível de investimento era 20, 30 vezes menor do que o dos clubes de tabela média", completou.
Livre no mercado, o treinador aguarda uma oportunidade que una competitividade, planejamento e respaldo para um novo desafio na Série A.
