Fluminense recebe proposta bilionária para criação de SAF com grupo de 40 investidores
Por Redação
O processo de transformação do Fluminense em Sociedade Anônima do Futebol (SAF) ganhou novo capítulo. O clube apresentou ao Conselho Deliberativo, na noite desta segunda-feira (8), a proposta oficial da Lazuli Partners e de sua subsidiária LZ Sports para aquisição da futura "Fluminense SAF".
Pelo modelo sugerido, os investidores assumiriam 65% da empresa, ficando a associação com os 35% restantes. Essa divisão está atrelada ao tamanho da dívida atual do clube, de R$ 871 milhões, que seria integralmente assumida pelo fundo. Em troca, a SAF garantiria à associação royalties anuais a partir de R$ 12 milhões.
Foto: Reprodução/Fluminense TV/YouTube
O plano prevê aporte inicial de R$ 500 milhões nos dois primeiros anos — sendo R$ 250 milhões na assinatura do contrato e mais R$ 250 milhões até 24 meses após o fechamento — além de investimentos obrigatórios de R$ 6,4 bilhões ao longo de uma década. Com isso, o valor global da operação pode chegar a R$ 6,9 bilhões.
Foto: Reprodução/Fluminense TV/YouTube
Entre as metas estão: R$ 4,7 bilhões para folha salarial (elenco e comissão técnica), R$ 1,1 bilhão para contratações, R$ 359 milhões em desenvolvimento e formação de jogadores, R$ 84 milhões na melhoria do CT de Xerém e R$ 143 milhões em royalties à associação. A expectativa é que a folha mensal de futebol suba 30% já em 2026, saltando dos R$ 19 milhões atuais para cerca de R$ 25 milhões.
Segundo Carlos de Barros, sócio da LZ Sports, a ideia é colocar o Fluminense "no top 3 do país com cinco pilares de base: investimento em Xerém, em folha, em contratação de atletas, melhorias em análise de dados e sustentabilidade financeira de longo prazo".
O grupo de investidores reúne 40 empresários, entre eles nomes de peso do mercado como André Esteves (BTG Pactual), José Zitelmann (Absoluto Partners), Thiago De Luca (Frescatto) e membros das famílias Almeida Braga, Klabin e Monteiro Aranha, além de representantes de grupos como Apex Partners e da Rede D’Or. Treze deles já foram oficialmente divulgados.
Apesar do tamanho da operação, não há um controlador isolado. As regras internas de votação impedem que o fundo fique paralisado em caso de discordância. A gestão será feita por um Conselho de oito cadeiras, sendo seis destinadas aos investidores e duas à associação.
A SAF ficaria responsável por administrar o futebol masculino, o feminino, as categorias de base e o futsal. O centro de formação de Xerém também passaria para a empresa, enquanto a sede de Laranjeiras e demais imóveis permaneceriam com a associação, com possibilidade de acordo de uso.
Outro ponto relevante é que o projeto é de longo prazo: não haverá distribuição de dividendos até que o compromisso de R$ 6,4 bilhões em investimentos seja cumprido. Além disso, o contrato prevê cláusula de lockup de cinco anos, impedindo a revenda de ações nesse período.
O nome do CEO ainda não foi definido. Carlos de Barros admitiu ver com bons olhos a presença de Mário Bittencourt, atual presidente, na estrutura da SAF, mas ressaltou que não há acordo firmado. "Avaliamos que o trabalho feito da reconstrução do clube de 2019 a 2025 foi positivo", destacou.
A votação decisiva ficará para depois da eleição presidencial do clube, prevista para o fim de novembro ou início de dezembro. Se aprovada por conselheiros e sócios, a “Fluminense SAF” pode se tornar realidade entre dezembro deste ano e fevereiro de 2026.