Paquetá e West Ham estudam processar FA após absolvição e prejuízo com transferência para o Manchester City
Por Redação
O meia brasileiro Lucas Paquetá e o West Ham avaliam entrar com um processo multimilionário contra a Associação de Futebol da Inglaterra (FA) após a conclusão da investigação que o absolveu das acusações de manipulação de apostas. A decisão, revelada nesta quarta-feira (3), expôs falhas graves na condução do caso e pode abrir caminho para um litígio de grande impacto financeiro. As informações foram divulgadas pelo jornal The Sun.
O relatório final da Comissão Reguladora Independente, que absolveu o jogador, possui 314 páginas e fez críticas contundentes à atuação da FA, classificando como "flagrante e surpreendente" a ausência de uma avaliação independente sobre os dados relacionados aos cartões amarelos recebidos por Paquetá. Para o órgão, essa falha comprometeu a credibilidade de toda a investigação.
Um dos principais alvos das críticas foi Tom Astley, investigador de integridade de apostas da FA e também principal testemunha da entidade. Segundo a comissão, ele apresentou contradições e não forneceu evidências robustas que justificassem as acusações. Além disso, o documento questiona a imparcialidade de Jack Johnson, perito de desempenho da Stats Perform Integrity Services, que mantém relações comerciais com a FA e foi acusado de agir com “viés de confirmação”, sem analisar o comportamento de Paquetá de forma isolada.
O jornal britânico The Sun destacou os danos esportivos e financeiros sofridos pelo jogador e pelo West Ham devido ao processo:
"Isso lhe custou a chance de fazer parte do time de Pep Guardiola que venceu o Campeonato Inglês naquela temporada. E como ficou claro que os investigadores da FA iniciaram o caso contra Paquetá sem nenhuma evidência direta para sustentar suas alegações, a equipe jurídica do meio-campista e os Hammers estão considerando um possível processo judicial multimilionário contra a FA", diz a publicação.
O advogado de Paquetá, Nick De Marco KC, comemorou a absolvição, mas ressaltou a gravidade do processo:
"Com mais de 300 páginas, a decisão é considerada o mais longo julgamento relacionado a esportes já emitido no mundo — um reflexo da gravidade do caso, da quantidade de evidências utilizadas no que foi o maior caso da história da FA e um dos mais importantes da minha carreira como advogado esportivo. É uma decisão cuidadosa e forense que recomendo a qualquer pessoa interessada que leia na íntegra. Continuo muito feliz pelo meu cliente Lucas, inocentado de todas as acusações graves de manipulação de resultados, grato a toda a equipe jurídica, especialmente à advogada Kendrah Potts e ao solicitador Alastair Campbell, da Level, e também à própria Comissão Reguladora por sua determinação completa, cuidadosa e justa do que foi um caso difícil para todos os envolvidos. Não farei mais comentários neste momento – a decisão fala por si."
ENTENDA O CASO PQUETÁ
Em maio de 2024, a FA acusou Lucas Paquetá de quatro violações da Regra E5.1, relacionadas à manipulação de apostas. As denúncias envolviam os jogos contra o Leicester City (12/11/2022), Aston Villa (12/03/2023), Leeds United (21/05/2023) e Bournemouth (12/08/2023). Em todos, o brasileiro recebeu cartões amarelos, o que levantou suspeitas de que suas ações estariam ligadas a ganhos indevidos em mercados de apostas.
Segundo a entidade, Paquetá teria “intencionalmente buscado receber cartões para afetar o mercado e permitir que terceiros lucrassem com apostas”. Além disso, o jogador foi acusado de duas violações da regra F3, relacionadas à suposta recusa em fornecer documentos e responder questionamentos da investigação.
Na época, o camisa 10 negou qualquer envolvimento: "Estou extremamente surpreso e chateado com o fato de a FA ter decidido me acusar. Cooperei com todas as etapas da investigação e forneci todas as informações que pude durante estes nove meses. Nego as acusações na íntegra e lutarei com toda as minhas forças para limpar meu nome. Devido ao processo em andamento, não fornecerei mais comentários."
A investigação, porém, nunca encontrou provas diretas que sustentassem a tese de manipulação, o que culminou na absolvição de Paquetá. Ainda assim, o processo afetou diretamente a sua carreira, incluindo a transferência frustrada para o Manchester City, avaliada em £80 milhões (cerca de R$ 600 milhões).
Com a decisão, o jogador está totalmente liberado para atuar e retomar negociações futuras. West Ham e a equipe jurídica de Paquetá, no entanto, devem seguir em frente com a possibilidade de uma ação judicial contra a FA para buscar indenização por perdas financeiras e danos à imagem.