Diego Assis destaca perigo do modelo de SAF’s: “O Vitória tem um exemplo concreto de quando não funciona”
Por Carlos Matos
O convidado do podcast BN na Bola desta terça-feira (2) foi Diego Assis, advogado e conselheiro do Vitória. Durante a conversa com Hugo Araújo e Thiago Tolentino, Diego explicou o motivo de defender o argumento da proteção do clube enquanto associação em detrimento da opção do investimento externo. Ele trouxe o exemplo da época em que o Rubro-Negro teve um gestor exterior nos anos 90: o Vitória SA, parceiro do grupo Excel.
“Eu poderia colocar a minha posição em dois aspectos. Primeiro é o lado torcedor, onde eu falo pelo sentimento histórico que eu tenho da última vez que o Vitória esteve nas mãos de uma gestão com investidor externo. O clube terminou na Série C com o fim da parceria com o Grupo Excel e com um passivo gigantesco dentro do Vitória SA, que hoje foi absorvido pela associação, mas é parte fundamental da dívida que o clube tem. Então dentro do Vitória já existe uma experiência bastante concreta de como funciona viver o modelo do investimento externo e do que acontece quando o modelo não funciona. A associação quem absorve e herda o fruto deste insucesso. Naquela época a associação conseguiu reerguer o clube, mas talvez desta vez não consiga”, explicou Assis.
Conselheiro do Leão, Assis seguiu ressaltando a importância do papel da associação na construção e permanência de um clube em meio a época da fama da Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Diego destacou que em caso de insucesso de um projeto de SAF, a parte associativa herda os problemas criados durante a gestão externa.
“Eu também tenho uma posição que considero bastante ideológica, de entender que o futebol, do jeito que ele é no Brasil, é um esporte de massa, ele é feito para as massas, e o Vitória, como uma associação de 126 anos, eu acho que nem eu, você ou nenhum outro torcedor tem o direito de decidir qual será o futuro do clube. Você não pode falar nem pelas gerações de quem construiu o Vitória até aqui, você tentando vender um patrimônio centenário e assim como você não pode obrigar as futuras gerações, que não necessariamente vão participar desta discussão, a herdar o clube diante da forma que você enxerga como se dará o futuro. Eu acho assim, o risco de se entregar a gestão de um clube associativo a um investidor estrangeiro, investidor externo que não tem nenhum tipo de relação afetiva com o clube, ela só tem uma possibilidade de dar certo ou de dar muito errado. Se ela não der certo, ela vai dar muito errado”, completou.
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