Dirigente revela empréstimo com agiota para quitar pagamento de salários
Por Redação
João da Silva Neto, presidente do Comercial-PI, revelou ter entrado em contato com agiota para pedir empréstimo. A justificativa do mandatário seria referente a quitação da folha salarial do time, especificamente, 60% dos salários atrasados dos jogadores, que disputaram a segunda divisão do Campeonato Piauiense. O clube do Piauí foi eliminado na primeira fase da competição e não tem mais calendário para 2025.
"É o jeito pedir ajuda (recorrer ao agiota). Eu não tinha como pagar o pessoal. A equipe bem em Campo Maior, passando três, quatro rodadas em segundo (lugar na classificação). A equipe estava bem, não aparecia nada (de suporte financeiro). Imagina sem a classificação. Mas pelo que a gente fez, eu estou satisfeito pelo trabalho. Em relação as duas equipes (Piauí e Atlético-), gastaram muito dinheiro e você não vê nada de futebol. Gastaram muito dinheiro em nível de Piauiense, de Segunda Divisão. E eu sozinho, sem comissão, sem ninguém. Fiz e faço vantagem", explicou o presidente do time.
Próximo de seu último ano de mandato, o comandante contou que em todo seu período de presidência, não recebeu auxílio do poder público e por isso, não deve pedir no contexto atual.
"É meu último ano (temporada de 2025). Não vou atrás (do poder público) para ajudar. Eu passei esse tempo todinho e nunca tive ajuda de ninguém. A ajuda que eu tenho é dos meninos, dos contribuintes. Ajudam com gelo, R$ 1 mil e R$ 2 mil. Aí, a gente espera quem queira assumir em 2026", afirmou José da Silva.
A folha salarial do Comercial com custos de atletas e comissão é de R$ 45 mil. Segundo José da Silva, a equipe piauiense ainda possui dívida de R$ 60 mil.
O valor de R$ 60 mil reais em dívidas é referente a uma série de débitos. Na lista consta, rescisões de contrato de atletas, material de treinos, escritório de contabilidade, viagens, Receita Federal (encargos do clube), Ministério do Trabalho (dívidas trabalhistas), parte dos salários dos jogadores que estiveram no elenco em 2024 (faltam entre 30 e 40% do pagamento) e empréstimo com agiota de dinheiro a juros para pagar os jogadores.
"Colocar um time com viagens, despesas. Não treinamos no Deusdeth de Melo (estádio de Campo Maior) pelo campo não ter condições. Tivemos que ir para o Boqueirão. A viagem era R$ 800 de ônibus para a gente treinar. Tirando dinheiro do orçamento de salário, fugia da nossa realidade (os gastos). A logística ficava de fora", declarou o gestor.
Por fim, Neto alegou que vai sanar as dívidas quando receber o dinheiro disponibilizado pelo Governo do Estado.
"Dinheiro emprestado a juros, com certeza o agiota quer a porcentagem. Mas como eu falei: "quando sair o dinheiro do Governo, eu vou sanar os débitos". O pessoal não entende. O pessoal acha que a gente que monta futebol tem dinheiro, faz muito dinheiro. Quando cai um dinheiro desses que o governo dá para cobrir as despesas e disputar a competição, acham quem o dinheiro é para a gente colocar no bolso. Não sabem o que a gente gastou", completou o mandatário do time piauiense.
Sem calendário, em 2025, o Comercial-PI vai disputar novamente a segunda divisão do Campeonato Piauiense. Na atual temporada, a equipe ficou na terceira colocação com 12 pontos, mesma pontuação do Piauí, que ficou na segunda colocação por dois gols a mais de saldo, faturando o acesso justamente por esse quesito.