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Newton Mota critica clubes baianos na captação de jovens no interior do estado

Por Leandro Aragão

Newton Mota critica clubes baianos na captação de jovens no interior do estado
Foto: Reprodução / YouTube Rádio Salvador FM 92,3

Uma das principais referências em termos de divisão de base e formação de novos jogadores, Newton Mota foi o entrevistado do programa BN Na Bola, da Rádio Salvador FM 92,3, apresentado por Emídio Pinto, Glauber Guerra e Ulisses Gama, na noite desta terça-feira (18). Ex-dirigente das categorias do Bahia e do Vitória, ele criticou os clubes baianos no processo de captação de jovens atletas do interior do estado, que perdem muitos talentos para as agremiações de fora, principalmente do sul e sudeste do Brasil.

 

"A Bahia sempre foi pródiga em revelar jogadores, em ter jogadores de qualidade. Talvez seja um dos estados que tem mais visita de observadores. Tem clubes [de fora] que colocam observadores no Nordeste, mas com preferência na Bahia. A Bahia tem jogador bom, você citou a região de Juazeiro, mas se for em toda a Bahia, vai ver jogadores, embora hoje a quantidade de jogadores que tem potencial diminui muito por tudo que se apresenta. Não tem futsal, não tem rua, não tem esporte nas escolas. Isso tudo está conspirando para que o futebol decaia na sua iniciação e formação. E os garotos não são talvez bem preparados. Eles estranham o clima, estranham aspectos táticos dos clubes maiores e não estão talvez preparados para mudar radicalmente de uma região nordeste para o sul e muitos deles voltam", analisou.

 

Newton ainda apontou falhas nos processos de avaliação e de iniciação dos jovens aletas feitos pelos clubes.

 

"O que eu percebo é que os clubes, de um modo geral acham que peneiras não funcionam. Eles tem um outro critério de avaliar jogador. Não se pode fazer avaliação para a base igual que se faz para o profissional. Na base, você tem que ir na fonte, você tem que ir na rua, ir em tudo que é lugar e olhar jogador. Hoje, a maneira de olhar jogador é diferente de 30, 40 anos atrás. O jogador de 30, 40 anos atrás, até de 20, já tinha uma qualidade. Rivaldo brinca que: "A vantagem que eu tive é que minha rua tinha mais buracos". Ele jogava bola, tinha muito buraco e com isso, ele se tornou um jogador melhor preparado. Então, como jogador hoje não tem esse buracos para jogar, ele precisaria ser melhor treinado na sua iniciação. A iniciação no Brasil é ruim, é carente. É como se não tivesse ensino bom no curso primário da educação no Brasil e se você não faz uma boa iniciação, você tem uma qualidade técnica do jogador comprometida. Muitos clubes, não quero fazer nenhum endereçamento e nem uma alusão, mas muitos clubes estão preguiçosos na sua busca. Não estão indo atrás de espaços no interior, de grandes trabalhos que tem no exterior e espera com mais facilidade e menos trabalho que surjam os craques e os craques não estão tão férteis assim. Concordo sobre a boa qualidade que tem em Juazeiro e toda região, concordo que os clubes da Bahia estão perdendo jogadores que vão primeiro para outros clubes mais poderosos. Isso tudo somado faz com que nossa formação tenha resultados piores", continuou.

 

Outro ponto destacado por Newton Mota é em relação ao trabalho feito pelo setor de análise de desempenho dos clubes. Para o dirigente, a avaliação dos futuros atletas não podem ser feitas com base no que eles apresentam naquele momento e sim numa projeção do que podem se tornar.

 

"Análise de desempenho não entende de divisão de base. Não entende nada. Eles não deveriam se meter em nada de divisão de base. Acho até que eles erram muito. A grande quantidade de jogadores que Bahia e Vitória contratam para o profissional, será que o departamento de análise não sabe, não referendou o jogador? São pessoas teóricas, são pessoas letradas, ilustradas, não que não entendam nada de futebol. Então, o departamento de análise deveria não se envolver com divisão de base. Divisão de base é talento, é vocação, é você saber olhar o jogador. Hoje você não pode analisar o jogador pelo que ele é e sim pelo que ele pode ser, porque hoje ele não é. É muito difícil achar um jogador pronto hoje, como achava antigamente. Então, não é análise de desempenho, não na teoria que o clube vai achar talentos que podem ser úteis na sua formação", finalizou.

 

Especificamente sobre o Bahia, Newton Mota elogiou o trabalho feito pelo coordenador de captação, Vicente Grillo. Por outro lado, ele criticou a política de contratações do Tricolor para o extinto time de transição. 

 

"Realmente, Vicente Grillo é um profissional de muita qualidade, mas não basta ter uma boa busca. Porque a busca é com o objetivo de trazer jogadores de destaque e esses jogadores de destaque tem que ser bem recebidos, bem trabalhados e o clube precisa ter uma política de aproveitamento de base. Por exemplo, clube que tem time de transição que contrata jogadores de 19, 20, 21 anos está tomando o espaço da base. Então, não adianta Vicente Grillo fazer um grande trabalho com sua equipe e todo o outro processo posterior a chegada do jogador, que é a recepção, a qualidade do trabalho, o lançamento, o aproveitamento do jogador se o clube não estiver antenado para isso. E o Bahia, realmente é um clube que estava entre os três piores da Série A a nível de aproveitamento de jogadores. Eu acredito no trabalho de Vicente Grillo profissional por demais competente e um profissional com muita qualidade. É preciso que o Bahia aproveite mais os seus jogadores para que possa ter outra filosofia a nível de divisão de base", analisou.