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Allan do Carmo fala de desafios de treinar em meio a incertezas sobre Jogos de Tóquio

Por Leandro Aragão

Allan do Carmo fala de desafios de treinar em meio a incertezas sobre Jogos de Tóquio
Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal

Apesar de adiados para 23 de julho de 2021, os Jogos de Olímpicos de Tóquio 2020 ainda estão envoltos em um clima de incerteza. Mesmo com a chegada da vacina contra a Covid-19, a pandemia do novo coronavírus ainda está em alta em vários países do mundo, incluindo o Japão. Tóquio e cidades vizinhas estão sendo assombradas com o crescimento dos números de casos e de mortes pela doença. O governo japonês tem trabalhado intensamente para conseguir fazer o evento da melhor maneira possível apoiado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), enquanto a população japonesa tem se mostrado cada vez mais contra a manutenção das disputas esportivas.

 

Mas como fica a cabeça de um atleta com potencial olímpico em meio aos treinamentos e essas incertezas? Um dos favoritos a representar o Brasil em Tóquio, o nadador baiano Allan do Carmo comentou a situação. Ele disputa uma das vagas do país na maratona aquática.

 

"A gente vem sonhando, desejando que as coisas melhorem a cada dia. A gente vem tendo esperança cada vez maior com o início das vacinações. Mas nós atletas ficamos reféns de quem comanda, de quem decide. Todos os atletas vêm fazendo a sua parte da melhor forma possível que é estar treinando, tentando estar preparado o melhor possível para, na oportunidade, fazer uma boa competição e ter um bom desempenho. É complicado, porque a gente vê notícias de todos os lados e todos os tipos de notícias e nunca sabemos qual é a situação real das coisas. Mas o importante é estarmos focado no nosso treino, no nosso desempenho, de trabalhar todos os dias da forma mais normal e natural possível, para quando tivermos a oportunidade, estarmos aptos a competir", afirmou em entrevista ao Bahia Notícias.

Foto: Willyam Nascimento / FBDA

 

Além da incerteza em relação à realização dos Jogos Olímpicos, existe outra preocupação: as provas seletivas para Tóquio. Com a pandemia ainda em alta, a realização de competições ainda não voltou à frequência normal. A questão passa também pelas barreiras restritivas de entradas nos países e o próprio deslocamento dentro deles, como alerta Allan.

 

"As coisas voltaram um pouco à normalidade, mas nada 100%, não só no Brasil como no mundo todo. No meu caso, venho treinando com todas as orientações, recomendações e protocolos de segurança e com as incertezas das competições. A gente praticamente fica esperando a semana para poder ter uma posição se vai ocorrer ou não. Como está a situação do local, se pode viajar ou se está tendo transporte para chegar nos locais. Então, hoje a questão fica com essas situações em que a qualquer momento pode estar acontecendo algo diferente. Além da gente precisar se preparar fisicamente, psicologicamente para a competição, tem que se preparar para caso ocorra alguma coisa externa nessa situação do coronavírus", comentou. 

 

VACINAÇÃO
O Brasil iniciou o processo de vacinação da população contra a Covid-19 em meados de janeiro deste ano. Porém, com a demora em fechar contratos com os fornecedores, o país dá passos lentos na imunização e no momento ainda não conseguiu completar a aplicação de doses nos idosos de 80 anos e nos profissionais de saúde.

 

A lista de prioridades não inclui atletas, algo que nem o Comitê Olímpico Internacional recomenda. No início de fevereiro, a senadora Leila Barros (PSB-DF), ex-jogadora de vôlei da seleção brasileira medalhista de bronze em Atlanta-1996 e Sidney-2000, propôs uma emenda ao Projeto de Lei de Conversão (PLV) 43/2020 colocando como prioridades as delegações e comissões técnicas brasileiras que participarão dos Jogos Olímpícos e Paralímpicos de Tóquio. A proposta foi rejeitada. Na época, o próprio Comitê Olímpico do Brasil (COB) declarou que não pretendia "furar fila" da vacinação. Perguntado pelo BN, Allan do Carmo disse que uma hora a vez dos atletas chegará.

Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal

 

"Não me envolvo nessa parte política. Não sei se será uma recomedação ou obrigação dos atletas que estiverem nos Jogos estejam vacinados. Eu acredito, mas não estou afirmando nada. Provalvemente uma hora ou outra vai chegar a vez da gente", disse. "Temos que respeitar as leis, as regras. Agora são idosos e os profissionais de saúde. Nós temos que respeitar e ver o que vai acontecer", completou.

 

SELETIVAS
Na maratona aquática, o Brasil tem garantida apenas a participação da também baiana Ana Marcela Cunha. Eleita em fevereiro do ano passado a melhor nadadora do mundo pela sexta vez, ela carimbou o passaporte em julho de 2019, bem antes do mundo imaginar que uma pandemia global praticamente o pararia, ao conquistar o quinto lugar na prova dos 10km no Mundial da modalidade em Gwangju, na Coreia do Sul.

 

Enquanto Ana Marcela treina pensando exclusivamente nos Jogos, os demais atletas, incluindo Allan do Carmo, ainda precisam lutar por uma vaga. Para os próximos dias 6 e 7 de março está prevista uma seletiva brasileira, na prova dos 10km, marcada para acontecer na Praia de São Tomé de Paripe, em Salvador. Apesar de conhecer o local, Allan não espera vida fácil na prova.

 

"O mar ali está cada dia de um jeito. Ele nunca está igual todos os dias e a maioria dos atletas já competiu ali muitas vezes em Inema, em Paripe, que são praias uma do lado da outra, separadas por um muro. Ali tem provas há muitos anos e a maioria tem muitas experiências. Então, acho que não será um diferencial para nenhum atleta", projetou.

 

Mas a disputa em Paripe não é o ponto final da classificação. Ela vai apenas definir os dois representantes brasileiros na seletiva mundial programada para 30 de maio em Fukuoka, no Japão.

 

"Eu estou me preparando bastante. Fiz um treinamento de altitude em Serra Nevada, na Espanha, para me preparar para essa primeira seletiva principalmente. E estou confiante", disse Allan.

Foto: Divulgação

 

TREINO NO RIO DE JANEIRO
Desde setembro de 2019, Allan do Carmo trocou Salvador pelo Rio de Janeiro. Na Cidade Maravilhosa, ele treina na estrutura do Comitê Olímpico do Brasil (COB) fazendo parte do Time Brasil, capitaneado pelo técnico Fernando Possenti, e tem como colega de braçadas a conterrânea Ana Marcela.

 

"Foi uma opção minha. Já tinha muitos anos em Salvador. Foi uma coisa minha de estar buscando um novo desafio, uma nova experiência, de sair da comodidade de Salvador. O Rio de Janeiro tinha uma estrutura ideal que eu poderia ganhar nos quesitos que estava buscando. Tenho um ótimo treinador, uma ótima parceira de treino que é Ana Marcela, explicou o nadador baiano. "Eu ainda estou representando a Bahia, porque aqui não é um clube, é o comitê nacional. Então, não deixo ter um vínculo forte com a Bahia. Acho que isso casou muito bem. Estou desde setembro de 2019 morando num centro olímpico bem específico e com estrutura espetacular. Acho que só tive a ganhar com essa escolha. Foi tudo no momento certo, na hora certa", completou.

Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal