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Presidente do Corinthians é contra a volta do futebol sem que haja controle da pandemia

Presidente do Corinthians é contra a volta do futebol sem que haja controle da pandemia
Foto: Divulgação / Corinthians

Nesta terça-feira (26), o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, declarou em carta aberta que não concorda que o futebol brasileiro retorne imediatamente. No texto, o dirigente posiciona que não adianta forçar a volta sem que haja controle e segurança sobre a pandemia. 

 

“Em 2020, a Série A tem 20 clubes de nove estados, cada um com panoramas distintos da doença. Isso pede um trabalho mais coordenado entre governos, clubes e federações. Num esporte coletivo, não dá para jogar sozinho”, pontuou  Sanchez. “Sem isso, qualquer retorno apenas adiará a próxima pausa forçada, em que os clubes vão, de novo, agonizar”, completou.

 

Ele ressalta que para que a volta dos jogos seja feita de maneira sustentável é preciso uma articulação eficiente da segurança e bem-estar. “O futebol perde muito como produto quando transmite que, para a bola rolar, basta decidir qual clube está mais pronto, ou qual estado está mais disposto a riscos, enquanto se somam mais de mil óbitos por dia”, posiciona o presidente.

 

Citando a Bundesliga, Sanchez ressalta a necessidade de diálogo e consenso da população, clubes e órgãos governamentais e de saúde. “Quando a sociedade confiou no sucesso do combate alinhado entre governo e estados alemães, a Bundesliga finalmente retomou seus jogos em sincronia, no último dia 16. Houve responsabilidade com seu produto, seus astros e seu público”, explicou. 

 

O dirigente do Corinthians reforçou ainda que, em meio a crise financeira que a pandemia vem causando, o clube vem adotando ações moderadas para com redução de salários e de jornadas de trabalho. Atualmente, o time do Corinthians realiza treinos de casa. A Federação Paulista de Futebol ainda não tem previsão de retorno do futebol no estado.  

 

Confira carta de  Andrés Sanchez na íntegra. 

 

Depois de 23 mil mortes causadas pela Covid-19, todo debate é menor. Por isso, em nome do Corinthians, manifesto antes nossa solidariedade a cada brasileiro afetado por doença, luto, ou prejuízo profissional. Tudo isso importa. 

 

E é legítimo que o futebol – como qualquer setor – procure saídas junto ao governo federal e a seus respectivos estados, prefeituras e federações, a fim de impedir um aprofundamento da crise na atividade. É preocupante, porém, que o Brasil viva um cenário muito diferente daqueles países que retomam suas ligas. 

 

A queda de receitas já obrigou muitos clubes a executar cortes e demissões. O Corinthians tem adotado medidas de austeridade, como a redução temporária de salários e jornada, apoiada na MP 936. Fazemos e refazemos as contas diariamente, mas somos realistas: trata-se da pior epidemia no país nos últimos 100 anos, e nenhuma atividade econômica sairá dessa sem transformações inevitáveis. 

 

No Corinthians, não será diferente. O que não muda é o nosso compromisso com um futebol forte como carro-chefe e a parte social como tradição, e é para isso que estamos trabalhando. Como também vemos o clube como um veículo capaz de impactar mais de 30 milhões de torcedores via mídias digitais, levamos informação útil e iniciativas solidárias, com o sonho de terminar a pandemia sem nenhum torcedor a menos.  

 

Somos testemunhas dos elogiáveis esforços da CBF, da Federação Paulista de Futebol e de outros clubes. Mas é preciso repensar, de forma ampla, o papel do futebol e sua influência nesse jogo. 

 

Na Alemanha, houve diálogo intenso entre todos os agentes políticos e esportivos, e um princípio foi claro para a Bundesliga: o futebol não pode se antecipar ao controle da pandemia. Quando a sociedade confiou no sucesso do combate alinhado entre governo e estados alemães, a Bundesliga finalmente retomou seus jogos em sincronia, no último dia 16. Houve responsabilidade com seu produto, seus astros e seu público. 

 

O futebol brasileiro, porém, caminha para outra direção. 

 

Se o combate ao vírus não tem alinhamentos entre os governos, no futebol as reações estão ainda mais fragmentadas. Com decisões facultadas aos Estaduais, criam-se ruídos. O futebol perde muito como produto quando transmite que, para a bola rolar, basta decidir qual clube está mais pronto, ou qual estado está mais disposto a riscos, enquanto se somam mais de mil óbitos por dia.

 

Em 2020, a Série A tem 20 clubes de nove estados, cada um com panoramas distintos da doença. Isso pede um trabalho mais coordenado entre governos, clubes e federações. Num esporte coletivo, não dá para jogar sozinho.

 

Sem isso, qualquer retorno apenas adiará a próxima pausa forçada, em que os clubes vão, de novo, agonizar. Como negócio sustentável, o futebol só poderá voltar depois de uma articulação eficiente, focada tanto no bem-estar das pessoas quanto na segurança da Saúde nos estados envolvidos.