Projeto Social 'Skate Para Todos' nasce buscando a 'democratização do skate'

Surge em Salvador mais um projeto social, e desta vez ele é voltado para o cenário do skate da Bahia. Alexandre Rego, um dos fundadores do "Skate Para Todos", contou ao Bahia Notícias que o projeto nasceu com dois grandes objetivos: o primeiro, ajudar os skatistas de baixa renda com doações e incentivá-los no esporte e o segundo, criar um portal de conteúdo sobre a modalidade, para os leigos no assunto começarem a se interessar e explorarem o mundo do skate. 

 

"A ideia do projeto é realmente fazer um movimento. A gente não queria se prender a um evento isolado e sim criar um portal e junto com isso um movimento de pessoas dentro e fora do skate com o intuito de democratizar o esporte. E democratizar o esporte é torná-lo acessível para todos. Então ele serve para pessoas que não podem andar, mas vão receber algum tipo de doação para isso e também para aquelas que não são dessa cena, mas podem começar a se inteirar sobre o assunto. A ideia de democratizar, é de também trazer pessoas novas para o esporte, pessoas que nunca pensaram em andar de skate, que tem medo, ou que acham que é uma coisa que está fora do alcance", explicou Alexandre.

 

Amante do skate desde a infância, Alexandre passou a frequentar a pista do esporte que foi montada no Parque da Cidade, após a reinauguração do local em 2016. Lá, ele passou a observar o processo de evolução dos skatistas que moram no bairro da Santa Cruz e percebeu que muitos pararam de praticar o esporte porque seus shapes (prancha do skate) quebravam ou não tinham tênis para andar. 

 

"Tenho uma condição um pouco melhor, um meio de relacionamentos e eu me senti um pouco na obrigação de fazer esse papel de ponte entre as pessoas que precisam e as pessoas que podem ajudar. Obviamente tudo isso pautado no amor que eu tenho pelo esporte. Eu resolvi fazer alguma coisa para tentar fortalecer e tentar fazer com que o esporte cresça na cidade. No Parque eu vi que os skatistas de baixa renda sempre ficavam prejudicados por não terem apoio, gente que fortalece, tênis, equipamentos, skates, enfim... O skate é um esporte muito desgastante em relação a esses materiais,  você bota um tênis hoje, um shape e daqui a um mês eles vão estar furados, quebrados, isso desestimula a galera", contou. 

 

 

 

O ‘Skate Para Todos’ conta atualmente com uma equipe com cerca de oito pessoas que dividem as demandas da ação. "Fomos juntando várias habilidades diferentes e cada um tem um papel importante para fazer esse projeto acontecer", destaca o skatista. O grupo organizou um campeonato nas modalidades Snake Run e Street (best trick), que vai acontecer neste domingo (1º), na pista do Parque da Cidade, a partir das 10h. Como a maioria dos projetos sociais, qualquer ajuda é bem-vinda. Na conta do Instagram do projeto, os integrantes pedem doações de tênis, equipamentos, peças de roupas, ajuda nas divulgações e também ajuda financeira para comprar skates que serão premiados no campeonato. 

 

“O campeonato serviu até agora como uma forma de dar uma visibilidade maior para o projeto de uma maneira que ele realmente cative mais as pessoas. Eu acho que só com o público vendo a molecada andando, e lá vai acabar tendo um pouco de tudo, gente mais nova, gente mais velha, gente que é quase profissional, e que ta começando agora. Então acho que só com as pessoas vendo a energia que rola em torno disso, é que elas vão entender um pouco do propósito das doações”. 

 

“Nesse domingo eu queria mesmo era fazer um show de skate para as pessoas verem. E quando você tem algo palpável, você consegue divulgar e comunicar isso melhor e buscar apoio mais concretos de algumas marcas, alguns parceiros”, continuou.  

 

Alexandre acredita que o cenário do skate na Bahia tem potencial, mas ainda é pouco evoluído. "O movimento de uma forma geral está numa constante crescente, principalmente pelo o Brasil ser um polo do skate, São Paulo, Rio Grande do Sul, e vários lugares são referências de skate. E também tem a divulgação que ele tá tendo ultimamente, de campeonato, skate nas olimpíadas. A questão é que aqui em Salvador ainda é um movimento carregado por muitas pessoas que não tem muita condição, e consequentemente essas pessoas movimentam pouco a indústria do skate daqui. As skates shoppings são muito pequenas, são poucos e os donos não promovem eventos porque de fato não existe um giro, não tem algo muito forte".

 

"Salvador tem pouquíssimos skatistas patrocinados, e você vê pouca gente realmente vivendo de skate ou evoluindo ao ponto de sair daqui e ir participar de campeonatos fora. Temos vários que poderiam estar no topo, ir competir, ser representante de alguma marca, mas por todo cenário que te falei isso não acontece muito". 

 

Os planos futuros do "Skate Para Todos", segundo Alexandre, é colocar o portal de democratização do esporte em prática para as pessoas conhecerem a cena do skate em Salvador, os atletas locais e entrar no movimento e também realizar novas edições do campeonato para estar sempre incentivando os skatistas.