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Disputando vaga para Olimpíada de 2020, Allan do Carmo inicia preparação para Mundial

Por Gabriel Rios

Disputando vaga para Olimpíada de 2020, Allan do Carmo inicia preparação para Mundial
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Com foco total na disputa do Mundial de Esportes Aquáticos 2019, que será realizado em Gwangju, na Coreia do Sul, em julho, o maratonista Allan do Carmo e sua equipe decidiram não disputar duas etapas da Fina Marathon Swimming World Series em junho, em Portugal e na Hungria, - uma espécie de Copa do Mundo da modalidade. A ideia é se dedicar totalmente à preparação para a competição mais importante da temporada, já que valerá vaga para a Olimpíada de Tóquio em 2020. O baiano embarca para o Colorado Springs, nos Estados Unidos, no dia 4 de junho, para realizar um treinamento de altitude. O centro de treinamento fica a cerca de 1.800m em relação ao nível do mar, e essa mudança de pressão é utilizada para dar mais resistência aos nadadores ao longo do ano.

 

“Foi uma opção técnica do meu treinador não participar dessas próximas duas etapas, pois surgiu a oportunidade de fazermos esse treinamento. Achamos que dará um ganho ainda maior para o Mundial, que é o principal objetivo. Vou passar 21 dias treinando. Lá são mais ou menos 1.800m de altura. Optamos por focar mais no treino do que em duas competições. Eu ia perder duas semanas de treinamento para estar competindo, então pensamos em focar no próprio Mundial. Teremos esse treinamento agora para nos preparar. Minha prova será no dia 16 de julho. Estamos com uma boa expectativa. Esse treinamento deu um ânimo a mais, de termos conseguido essa preparação com o COB [Comitê Olímpico Brasileiro] e com as Forças Armadas, que vem nos apoiando bastante. Unimos forças com eles para que pudessem levar nossa equipe para os EUA”, disse Allan em entrevista ao Bahia Notícias. Ele treinará ao lado do também baiano Victor Colonese, que também irá competir por uma vaga em Tóquio.

Foto: Reprodução / Instagram

Em 2015, Allan realizou o mesmo treinamento para disputar o Mundial daquele ano, em Kazan, na Rússia, quando conquistou a medalha de prata e consequentemente a vaga para a Olimpíada do Rio em 2016. No entanto, o baiano não obteve o mesmo rendimento na competição em 2017, realizada na Hungria, quando ficou apenas na 27ª colocação. Curiosamente, ele não realizou a mesma atividade de altitude na época.

 

“Essa opção de ir para o treinamento de altitude foi justamente por isso, para buscar um melhor resultado, para se sentir mais apto a disputar essa vaga olímpica. Atualmente a maratona vem sendo muito acirrada, com um nível competitivo muito alto. Em 2015, quando classifiquei para a Olimpíada, fizemos esse treinamento. Em 2017 não fiz. A gente criou uma expectativa maior por ter esse treinamento de chegar lá com chance maior de classificação”, explicou. 

 

“Temos dois cenários, o de sucesso e o de insucesso. Do mesmo jeito que a gente aprendeu com a derrota, já sentiu o sabor da classificação. A gente vem buscando de tudo para agregar valor, como esse treinamento de altitude, é uma das coisas que a gente busca para ter o melhor resultado possível. Isso não é garantia de nada, a prova que foi em 2015 não é a mesma de 2017 e a de agora... Sempre acontece evolução. Pegamos os erros de 2017 para poder ajustar para 2019. Tivemos coisas positivas no Mundial em 2017, fiz uma prova mais agressiva, nadei na frente, e no final senti um pouco. Então devido a ter sentido muito a parte final, foi um bom teste. Depois terminei as últimas etapas da Copa do Mundo muito bem, no Canadá, na China... Acabei o circuito na segunda colocação. Isso prova que ali não foi um trabalho que vinha sendo errado, mas sim uma questão de estratégia e descanso. Foi algum ajuste que não encaixou bem”, completou.

Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Sem muito tempo para descansar, Allan do Carmo tem pela frente o Pan-Americano de Lima, no Peru, que terá início no dia 26 de julho. Acostumado com essa sequência de competições, o baiano afirmou que a maior dificuldade será o fuso horário, já que estará na Coreia do Sul antes de viajar para o país sul-americano.

 

“Estou há muitos anos fazendo circuitos. Nadamos provas em semanas seguidas, então estamos adaptados. O que podemos sentir é o fuso horário, pois estaremos na Coreia do Sul e, depois, viajaremos para Lima, que tem duas horas a menos no Brasil, já na Coreia são 11 horas, então serão 13 horas de diferença. Para pegar em poucos dias, longos voos... Ainda faremos a aclimatação no Japão... Então o maior desgaste serão as viagens e o fuso horário”, disse.

 

Medalhista nos Jogos Sul-Americanos de 2006, em Buenos Aires, e em Santiago, nos Jogos de 2014, Allan também conquistou uma medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. Além disso, o nadador foi campeão do circuito mundial de 2014 e participou dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, e em 2016, no Rio de Janeiro. Experiente, ele teceu elogios a Arícia Perée, com quem tem grande relação nas maratonas aquáticas.

 

“Temos uma relação muito boa, fomos recentemente para Seychelles, na África. Sempre tento conversar com ela sobre os treinos, até quando vai mal. Estou sempre tentando orientar, falar que é assim mesmo. Até nas horas boas a gente tenta frear. Tento diminuir o impacto dela com algumas coisas que aconteceram comigo. Ela é o futuro e o presente. Foi medalhista no Sul-Americano da categoria. Vejo um futuro muito promissor para ela. Ela tem uma família que está sempre ao lado dela, incentivando, e isso é muito importante. Ela gosta de treinar e é muito dedicada. Acredito muito nela”, falou.

 

Treinando no Centro Olímpico de Natação da Bahia, na Bonocô, em Salvador, Allan comentou a estrutura da capital baiana, que também conta com mais uma piscina olímpica, na Pituba.

 

"A gente pedia tanto, e o investimento que foi feito vem tendo um retorno muito grande. A Bahia está com uma renovação muito boa. Temos uma geração muito boa. São estruturas a nível mundial. É uma piscina como a do Maria Lenk, no Rio de Janeiro, que teve Olimpíada e Pan-Americano. Isso ajuda e influencia muito, principalmente para a gente que treina lá três vezes por semana. Você cria confiança no local que treina, pois está se adaptando. Os atletas conseguem fazer índices olímpicos... Isso abre um leque muito grande para os atletas baianos, de ter uma sequência de competições”, avaliou do Carmo.

 

Allan não fugiu de responder sobre os cortes no programa Bolsa Atleta. No último dia útil de 2018, o ex-presidente Michel Temer aprovou o corte no orçamento do programa praticamente pela metade em relação aos anos anteriores (veja aqui). No entanto, em abril, o atual presidente Jair Bolsonaro anunciou o pagamento aos atletas cortados (relembre aqui).

 

“Diminuiu bastante o investimento no esporte. Teve uma redução no Bolsa Atleta, mas a gente fica feliz que não parou o investimento. A gente ficava na expectativa se ia acabar o programa ou não, então houve a manutenção dos programas, e houve uma readequação para que todos os níveis fossem contemplados. A gente fica feliz por isso, de existir o programa e o incentivo. Diminuiu bastante, algumas federações e atletas perderam patrocínios, mas tudo está em crise. O futebol perdeu o da Caixa, sendo que é o principal esporte do país. A gente vem sobrevivendo e batalhando com o que tem”, salientou.

Foto: Reprodução / Instagram

Prestes a completar 30 anos, Allan do Carmo chegará em Tóquio com 31. Questionado se já cogita a aposentadoria, o nadador prefere focar na próxima olimpíada, mas confessa o desejo de abrir uma escolinha quando encerrar a carreira.

 

“Em questão de planejamento de parar, planejo tentar chegar na Olimpíada de 2020 e depois pensar no que vai acontecer. Com certeza penso em dar continuidade a isso fora da natação. Estou fazendo Educação Física e tenho alguns projetos de ter uma Escolinha Allan do Carmo. Não é minha prioridade no momento, mas fico esperando uma oportunidade para que possa colocar isso à frente. Tirar do papel e colocar na prática. Devo me aprofundar depois de 2020, mas surgindo qualquer oportunidade...”, afirmou o baiano.