Enciclopédia viva, José Ataíde recorda ‘causos’ do futebol baiano e escalações históricas
Por Gabriel Rios
Enciclopédia viva do futebol? O locutor, narrador e radialista esportivo José Ataíde pode ser considerado uma. Aos 84 anos – 70 dedicados ao rádio – o jornalista guarda em sua memória muitas histórias vividas no esporte. “Você quer que eu escale o Brasil de 1958?”, pergunta o entrevistado.
“Tenho na minha mente 59 escalações de equipes do passado. Brasil de 1938, Galícia, Bahia de 1964, entre outros. Eu escalo agora se você quiser. Gilmar; Djalma Santos, Orlando, Bellini, Nilton Santos; Zito, Didi; Garrincha, Zagallo, Vavá e Pelé. Esse foi o Brasil campeão. Grande time. Enfrentou a Suécia de Svensson; Bergmark, Parling, Gustavsson, Axbom; Borjesson, Gren, Liedholm; Hamrin, Skoglund e Simonsson”, relembrou. Se quiser, pode conferir: ele não errou ninguém.
Ataíde faz questão de lembrar ainda o “Maracanazo” em 1950, quando o Brasil perdeu o título mundial para o Uruguai em casa. “Lembro como se fosse ontem. Aquele gol de Ghiggia calando o Maracanã. Sei a escalação dos dois times também”, afirmou.
Para aproveitar todo o seu conhecimento no futebol, o radialista apresentará o espetáculo “José Ataíde 84 anos de idade entrevista José Ataíde 70 anos de rádio”, no dia 30 de julho, no Teatro Sesc Casa do Comércio (leia mais aqui). Ele brinca dizendo que a vontade da família era fazer uma biografia e explica o projeto.
O espetáculo José Ataíde 84 anos de idade entrevista José Ataíde 70 anos de rádio" Foto: Divulgação
“Nesse espetáculo nunca visto, pois ninguém nunca entrevistou a si mesmo, eu vou contar os 1.240 Ba-Vis transmitidos, as doze copas do mundo e a minha participação com os políticos. Contarei fatos hilariantes, que marcaram minhas transmissões esportivas. Os meus filhos, meus amigos, minha esposa, mãe dos meus filhos queriam que eu fizesse livro, mas se eu fizesse minha biografia, seria porque estava perto de morrer. E quero viver até os 114 anos”, garantiu.
Ataíde também recorda da época de hegemonia do Bahia no Campeonato Baiano. Ele destaca que o então presidente Osório Villas Boas sempre arrumava um jeito para conquistar os títulos.
José Ataíde visitando o Fazendão | Foto: Reprodução / Facebook
“Essa história de que o futebol só acaba quando termina é uma balela. No tempo de Osório Villas Boas ele ia para o tapetão. Ficava na varanda dele, deitado na rede... Aí me chamava para assistir o Ba-Vi e dizia: ‘Compadre, estou preocupado com o juiz'. Ele pedia para ligar para São Paulo para falar com Mendonça Falcão, era o homem forte da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). ‘Mande a encomenda’. A encomenda era o juiz. Benedito Borges ia receber o juiz no aeroporto (risos)”.
O narrador foi vizinho de ACM, de quem guarda boas histórias. “Eu não ia na casa dele porque sabia que ele dava esporro de cinco em cinco minutos em juízes, desembargadores e etc. Uma vez me perguntou no elevador: ‘Por que você não vai na minha casa, já que somos vizinhos?’, respondi que ia qualquer dia. Passados quatro meses, reuni três pedidos e falei que queria uma audiência com ele no Palácio para o funcionário dele, chamado Sebastião. Ele achou estranho, mas marcou para um mês depois às 9h. Cheguei às 8h e ele me atendeu às 18h, acredita? ‘Fiz três pedidos ao senhor...’, ele me respondeu: ‘Quando tiver um, volte’.”
“Tenho outra dele! ACM fazia aniversário no dia 4 de agosto, e toda vez eu mandava uísque para ele. Só que teve um dia que ele me pegou pela clavícula e me empurrou com raiva e disse: ‘Quem lhe disse que eu bebo esse uísque?’”, completou aos risos.
Atualmente José Ataíde comanda o programa “Bom Dia Bola”, ao lado do filho Jeffrey Ataíde, que vai ao ar das 5h às 6h, na Rádio Metrópole.
José Ataíde comanda o "Bom dia Bola" na Rádio Metrópole Foto: Reprodução / Facebook