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'Estamos conseguindo quebrar esse tabu', comemora árbitra baiana sobre preconceito

Por Gabriel Rios

'Estamos conseguindo quebrar esse tabu', comemora árbitra baiana sobre preconceito
Foto: Divulgação / FBF

Ser árbitra no Brasil ainda é um tabu que muitas mulheres tentam quebrar. Daniella Coutinho Pinto, baiana de Feira de Santana, tem na arbitragem uma paixão que vem de berço. “Meu pai é um ex-árbitro da Federação Baiana de Futebol (FBF) e aos finais de semana ele sempre estava designado a alguma partida, e eu sempre o acompanhei. Isso despertou em mim um interesse muito grande pela arbitragem, foi quando eu decidi que era o que eu queria pra mim, informei a ele e ele me deu total apoio. Aos 17 anos eu me filiei à Liga de Feira de Santana e dois anos depois eu me tornei federada”, explicou.

 

Daniella iniciou a carreira há mais de 10 anos. Para ela, naquela época era mais difícil, porque as mulheres não pensavam em arbitrar. Porém, acredita que atualmente a situação tem sido revertida. “Pelo fato de eu ser mulher, sofri muito preconceito. Quando a mulher está no meio das atividades que são consideradas masculinas, ela vai sofrer preconceito, ao menos até ela conseguir provar que está ali pela capacidade. Mas felizmente, essa situação está sendo revertida e o preconceito que se sofria há 10 anos atrás não é mais o mesmo que acontece hoje. Estamos conseguindo quebrar esse tabu, provando dentro de campo com a mesma capacidade do masculino. Aliás, para atuar na arbitragem, independe o gênero, o que importa é a habilidade de exercer a atividade sem comprometer, e sim legitimar sempre os resultados. Felizmente, hoje posso lhe garantir que o preconceito tem diminuído gritantemente".

 

Em 2012, Daniella conseguiu ingressar na entidade máxima do futebol. “Quando ingressei no quadro da Fifa, tive minha primeira competição internacional na Bolívia, que foi a Sul-Americana sub-17. Depois eu atuei na Libertadores mais duas vezes. São competições que é o sonho de qualquer árbitro. Todo árbitro sonha em chegar à entidade máxima do futebol. Graças a Deus eu consegui, me realizei como profissional. A emoção de atuar em um quadro da Fifa é indescritível, com certeza é o que todo árbitro almeja. Sou inteiramente grata a minha federação, por ter apostado em mim, à CBF por ter confiado em mim, por ter me indicado para atuar nessas competições internacionais. Eu desejo dar continuidade e com certeza é o que eu farei”, explicou.

Daniella atuando como árbitra Foto: Reprodução / Blog do Chiquitinha Maravilha

No Campeonato Baiano de 2018, Daniella atuou em três partidas da primeira fase. Recentemente, fez parte da arbitragem do jogo de ida da semifinal entre Juazeirense e Bahia, em Juazeiro, porém, foi a delegada da partida. Apesar de ter começado como juíza, a baiana hoje atua como bandeirinha. Para ela, existem muitos árbitros pelo Estado, então se vê privilegiada podendo atuar em um terço da competição. “Considero-me lisonjeada por fazer parte de três rodadas do campeonato. A Bahia é um estado muito grande, então existem muitos árbitros querendo mostrar serviço. Como o Campeonato Baiano é muito curto, então a FBF tem que dar oportunidade a todos, com isso ficam poucos jogos para cada, mas eu acredito que a Federação têm dado muitas oportunidades de mostrar meu serviço. Não posso ser egoísta a ponto de querer participar de nove rodadas desse campeonato”, salientou.

 

A relação com os jogadores durante a partida nunca foi um problema. A bandeirinha frisa que o comportamento dos atletas é sempre o mesmo, independendo se a arbitragem é composta por homens ou por mulheres. “Nunca sofri assédio por parte deles (jogadores). Hoje não tem mais distinção. As reclamações são as mesmas, somos indiferentes na condição de mulher para essas situações. No início sim, há muito tempo, pois era raro a mulher se tornar árbitra. Mas atualmente não mais. Os jogadores nos tratam da mesma maneira que tratam os árbitros. Tem aquelas reclamações e xingamentos, mas da maneira normal de jogo. Os jogadores têm separado muito bem isso e tem nos respeitado”, destacou.

 

Agora, Daniella almeja chegar às competições nacionais. Para isso, a baiana tem treinado muito para passar na prova teórica e no treino físico. “A CBF tem dado muitas oportunidades. São alguns cursos que têm que fazer. Tem um curso internacional que é feito só para as mulheres. Então se tiver esses cursos e passar no treino físico masculino e na teórica, a CBF não distingue gênero. Nesta sexta-feira (16) acontecerão as provas físicas e teóricas. Se eu passar, acredito que terei muita possibilidade de atuar em competições nacionais. Tenho sim pretensões de participar de grandes competições a nível nacional, principalmente porque tenho treinado muito para estar apta”, concluiu.