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Antes do Brasileiro, São Francisco critica calendário e falta de apoio do governo

Por Edimário Duplat

Antes do Brasileiro, São Francisco critica calendário e falta de apoio do governo
Foto: Divulgação/FBF
Vencedor de 13 títulos baianos e entre as cinco melhores equipes do Brasil, o São Francisco do Conde é um exemplo de time vencedor tanto dentro quanto fora de campo. Mesmo com as dificuldades enfrentadas por um clube amador, o grupo que representa a cidade do recôncavo consegue figurar sempre entre as favoritas para um título além de ser um exemplo de celeiros para novas atletas do futebol feminino nacional. Entretanto, apesar de uma trajetória de conquistas e superações, o time azul e grená segue enfrentando dificuldades que vão desde a difícil concorrência com equipes de melhor estrutura do sul do país como da falta de uma melhor atenção dos órgãos competentes do seu próprio estado.



São Francisco conquista mais um campeonato baiano
Foto: Divulgação/FBF

Falar do São Francisco é fazer um breve resumo histórico do futebol feminino na Bahia, ou melhor, da história do Professor Mário Augusto com o esporte. “A gente começou esse trabalho em 1995, em um projeto da Universidade Católica de Salvador onde 80% das atletas eram alunas da faculdade e ainda tínhamos umas convidadas. Caminhamos ele até 97, quando as alunas se formaram e a faculdade resolver terminar com o projeto. Então, levei para o Galícia, onde já trabalhava nas divisões de base e eles me pediram para registrar um documento arcando com as responsabilidades sobre as atletas”, afirma o treinador, que logo com o sucesso nacional da equipe acabou recebendo uma proposta mais sólida para a criação de um clube para a modalidade. “Depois que fomos bem no campeonato nacional de 1999, recebemos a proposta da cidade de São Francisco do Conde, que nos deu melhor estrutura e suporte. Com esse apoio somos campeões desde 2001 até hoje e evoluímos muito por ter condições. Hoje somos conhecidos em todo mundo e já saímos até na revista oficial da Fifa”, reiterou. Entretanto, apesar da hegemonia regional e de boas campanhas em competições nacionais, a preparação para o Campeonato Brasileiro 2015 traz novamente à tona alguns problemas recorrentes para o clube do interior. “Estamos novamente no terceiro Campeonato Brasileiro Feminino, que hoje assim como a Copa do Brasil é um torneio nacional. É uma competição nacional muito importante e agora estamos treinando diariamente, mas estamos atrás de algumas equipes como o São José (atual campeão mundial) e a Ferroviária de Araraquara (vencedor do Brasileiro de 2014) pois eles têm um calendário de nove meses de atuação e nós passamos boa parte do ano sem treinar por que não temos competição”, confessou Mário Augusto que não tem medo de reconhecer os méritos de seu time mesmo em um cenário não favorável. “Se compararmos com Bahia e Vitória, que são equipes profissionais, a nossa performance nas competições nacionais é a melhor do estado”, disse.



Mesmo disputando o Brasileiro, São Francisco não consegue
treinar em Pituaçu. Foto: Reprodução/Twitter

Além da falta de calendário anual, outro incômodo para o São Francisco na temporada é a tabela do Brasileiro Feminino. Com outras grandes equipes em sua chave, os baianos reclamam da falta de uma distribuição mais justa na tabela, o que pode atrapalhar o rendimento da competição. “A tabela não nos ajudou. Estamos em uma chave com outras duas equipes que estão entre as melhores do ranking que são o Foz do Iguaçu e o São José. Enviamos um documento pela Federação Bahiana (FBF) que reconheceu o nosso pedido e levou a CBF que não nos respondeu. Até acho que no próximo ano eles reconheçam o erro, porque hoje temos um grupo muito forte e outro com apenas um time do topo do ranking (Grupo 4, com o Vitória-PE). Eles são uma grande equipe e não vão ter dificuldades de passar de fase pois os outros três times não são páreo para eles. E até por um questão econômica, deveríamos estar nessa chave junto ao Vitória por que são de equipes próximas do Nordeste. Agora temos jogos mais difíceis e com viagens longas”, afirmou. Outro ponto que incomoda não só o treinador quanto as atletas do São Francisco é um problema local e “sem motivo” aparente de acontecer. Mesmo com todo reconhecimento em âmbito nacional e estadual, a equipe não consegue utilizar o Estádio de Pituaçu para efetuar treinamentos que poderiam ajudar o grupo na disputa contra os rivais. “Já jogamos em São Francisco do Conde e temos o apoio de nossa torcida por lá. Fizemos o pedido porque 90% das atletas residem em Salvador e seria muito mais viável aqui, em lugar apto e de fácil acesso pois ir à cidade demanda 1h30 tanto na ida quanto na volta. Pituaçu é muito mais cômodo pra gente e essa situação começou porque as atletas de Bahia e Vitória treinam por lá e as meninas do São Francisco pedem para treinar por lá. Fui a Sudesb, pedi a FBF, mas depois soube que o espaço estava negado para a gente”., desabafou o comandante do São Francisco, que também admitiu não procurar mais ao equipamento esportivo. “Essa segunda (24), conversei com as meninas e decidi que não vou mais me envolver nisso porque não acho justo, porque é um patrimônio público que está sendo cedido para algumas pessoas e para nós, que vamos participar de um torneio nacional, é negado. Então, elas resolveram fazer um abaixo-assinado e levarei para o secretário Álvaro Gomes e espero uma resposta convincente de porque está sendo negado", finalizou.



São Francisco na disputa do Brasileirão Feminino
Foto: Carlos Santana/FBF

Para a disputa do Brasileiro 2015, a equipe traz em seu elenco reforços provenientes de uma busca por novos talentos que esbarra nas dificuldades financeiras de um time amador. Mesmo assim, o time sempre consegue revelar novos talentos que acabam se destacando no futebol feminino nacional. “Nós não temos muito suporte financeiro e temos dificuldade em contratar, pois a CBF exige gastos referentes a um jogador profissional para inscrição, mesmo no nosso caráter amador. Por isso, sempre pensamos em conservar o elenco e em caso de revelar atletas nós procuramos valorizar atletas do interior da Bahia ou do Nordeste. Hoje conseguimos trazer três jogadoras de Barreiras através de um torneio que as identificamos e tivemos também uma atleta de Maceió que entrou em contato conosco, disputou o mesmo torneio e agora está conosco”, explica o técnico, que também fala da diferença entre a forma de atuar do clube baiano e dos rivais do sudeste. “Os clubes de São Paulo podem contratar atletas, sempre ao final do paulista elas conseguem pegar as melhores jogadoras do estado porque tem apoio de empresários e das prefeituras. Essa é a vantagem delas que podem pagar um salário maior. Até o Vitória-PE hoje consegue contratar porque tem um empresário que financia o time. Nós na verdade revelamos jogadoras, que depois acabam jogando fora do país e realizar o seu sonho. Hoje temos duas na Suécia, duas na Alemanha e a Rafaele está indo para a China”, complementa. O São Francisco entra em campo no próximo dia 13 de setembro, contra o América Mineiro, no Estádio Junqueira Ayres.