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Entrevista

Fábio Mota avalia que maior acerto da gestão foi não ceder à pressão por demissão de Condé

Por Nuno Krause

Fábio Mota avalia que maior acerto da gestão foi não ceder à pressão por demissão de Condé
Foto: Victor Ferreira / EC Vitória

Presidente do Vitória, Fábio Mota avalia que o maior acerto que teve em 2023 foi não ceder à pressão para demitir o técnico Léo Condé durante a Série B. Em entrevista exclusiva ao Bahia Notícias, o mandatário rubro-negro declarou que se orgulha de ter se mantido o treinador que sagrou-se campeão brasileiro com o clube. 

 

"O maior acerto que eu tive foi ter mantido Léo Condé até o fim do campeonato, não ter ouvido pressão. Eu tinha convicção e certeza e que daria certo com ele", destacou. 

 

O momento de maior questionamento a Condé foi entre as 12ª e 16ª rodadas da Série B, quando o time perdeu quatro jogos de cinco. No entanto, Mota garante que não teve nenhuma dúvida de que daria certo.

 

"Mesmo que perdesse para o Novorizontino [na 17ª rodada, partida vencida pelo Leão por 2 a 1], ele não sairia. Iríamos até o fim da Série B com ele. Sabíamos que daria êxito", disse. 

 

Durante a entrevista, o presidente do Vitória pontuou ainda que a prioridade é se classificar para a Copa Sul-Americana em 2024. Inclusive, o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste, torneios que são disputados no início do ano, devem ficar em segundo plano.

 

"Não podemos entrar [na Série A] com a mentalidade de não cair (...) Vamos brigar pelo título do Baiano e da Copa do Nordeste, mas se tiver que abrir mão para se classificar para a Sul-Americana, com certeza essa será a prioridade", disse Mota. 

 

Ele também explicou porque projeta um orçamento superior a R$ 210 milhões em 2024 e revelou alguns nomes que deseja manter do atual elenco do Leão. Zeca, Camutanga, Rodrigo Andrade e Osvaldo estão entre eles. 

 

Confira a entrevista completa: 

 

O Vitória começou o ano eliminado de três competições e terminou campeão. Qual foi a chave para a virada rubro-negra?

Ficou claro que, em 70% dos jogos que o Vitória levou a virada, tanto na Copa do Nordeste quanto no Campeonato Baiano, ela se deu depois dos 25 minutos do segundo tempo. Tínhamos um problema de preparação física. A partir daí, Diego [Kami Mura, preparador físico] chegou e implementou uma metodologia nova, competitiva, muito vinculada às escolas de São Paulo. Mantivemos quase o mesmo elenco, fizemos contratações pontuais em posições que tínhamos carência. Usamos muito a criatividade, já que o Vitória não tinha grana. Fomos buscar jogadores bons por um custo menor. Montamos uma estratégia que vai desde o pagamento de salários adiantados, para reanimar a equipe e mandar um aviso ao mercado de que o Vitória é uma instituição respeitada, que cumpre com suas obrigações, que tem nova direção. Investimos para viajar um dia antes e voltar um dia depois [em jogos fora de casa]. Isso foi muito importante porque deu para os jogadores descansarem. Dentro dessa linha, equipamos todo o nosso setor de fisiologia, fisioterapia e academia. Compramos uma série de equipamentos no montante de mais de R$ 2 milhões. A bola não entra por acaso e as pessoas às vezes não enxergam o planejamento que foi executado por fora. Nada disso foi sorte. E o ponto fundamental: a torcida ter abraçado o projeto. Quando cheguei, tínhamos uma média de 3.800 pagantes. Hoje, passa de 26 mil em uma Série B. Tínhamos quase 4 mil sócios, hoje passamos de 33 mil. A torcida é a grande responsável por essa transformação, por acreditar no projeto que apresentamos e por levar o Vitória da Série C à Série A e sacramentar com o título. 

 

Depois da saída de João Burse, o que motivou a escolha de Léo Condé? Existiram outros nomes na pauta naquele momento?

Quando fomos contratar o treinador, o perfil era: que conhecesse a Série B, que tinha identificação com a base e que tinha resultados. Condé foi quinto colocado no ano passado [comandando o Sampaio Corrêa] com uma estrutura mínima. A folha era metade da nossa. Fizemos o convite. Ele foi o primeiro da lista e o primeiro que aceitou. Quando chegou, foi dentro da crise. Não creditamos [os primeiros] resultados ruins a ele. O maior acerto que eu tive foi ter mantido Léo Condé até o fim do campeonato, não ter ouvido pressão. Eu tinha convicção e certeza que daria certo com ele. 

 

O momento de maior questionamento ao trabalho de Condé foi quando o Vitória perdeu quatro jogos de cinco na Série B. Houve alguma dúvida da parte da diretoria naquele período?

Dúvida zero, e ele sabe disso. Sempre teve a tranquilidade para trabalhar. Mesmo que perdesse para o Novorizontino [na 17ª rodada da Série B], ele não sairia. Iríamos até o fim da Série B com ele. Sabíamos que daria êxito, resultado. Condé é estrategista, monta a equipe de acordo com o adversário. Não joga bonito. Veio para ganhar o jogo. Não quer saber se o time adversário teve 90% de posse de bola se com 10% ele ganhou. Assim deu certo. Ficou 80% da Série B como líder do campeonato. Saiu apenas duas rodadas do G-4. O Vitória tem 72 pontos, outro recorde que batemos, e o segundo colocado tem 64. É incontestável a campanha. 

 

Em 2023, o time que disputou o Campeonato Baiano não foi o mesmo da Série B. Esse planejamento será feito novamente em 2024, quando o patamar será diferente?

No ano passado, trocamos quase a equipe toda. Ficamos só com quatro jogadores do time da Série C para a Série B. Neste ano, temos uma base e uma referência dessa base. Contra clubes do Nordeste na Série B, só perdemos uma partida [para o CRB] e vencemos todas as outras. E é evidente que, também diferente do ano passado, nosso recurso é maior neste ano. Só não podemos montar o time do Campeonato Brasileiro em janeiro. Temos um primeiro trimestre muito deficitário. O Campeonato Baiano melhorou muito, aumentou sua receita, mas o futebol continua caro. O Vitória vai arrecadar 20% do que gasta em todo o Campeonato Baiano, com a folha que temos hoje. Vamos fazer contratações, com algumas ações de troca. A ideia é que se contrate de oito a dez jogadores. A ideia é entrar para ganhar o Baiano e o Nordeste, mas com um time mais barato. 

 

E quais são as metas do Vitória na Série A e na Copa do Brasil?

Na Série A, a ideia é se classificar para a Sul-Americana. Não podemos entrar [na Série A] com a mentalidade de não cair. Na Copa do Brasil, esperamos ter um time forte para brigar. 

 

O senhor já falou, em entrevistas recentes, que projeta um orçamento de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões em 2024. Em 2023, o orçamento foi de R$ 61 milhões. Dentro do planejamento, quais são as fontes de receita para sanar esse aumento?

O orçamento é uma previsão do que você vai gastar. A receita da televisão era de R$ 8 milhões [na Série B], vai para perto de R$ 80 milhões [na Série A]. O projetado do orçamento passado nunca foi essa média de público. Com certeza na Série A será bem maior. A ideia é que tenhamos mais sócios. Os patrocinadores que já estão têm renovação de cláusula contratual com um valor bem maior que agora. E os que vão chegar serão com valores bem maiores. Não podemos ter um orçamento menor que R$ 210, R$ 220 milhões para brigar pelo título do Baiano, do Nordeste, para se classificar à Sul-Americana. 

 

Alguns nomes do atual elenco já foram ventilados para uma possível renovação, como Zeca e Osvaldo. O senhor confirma que existe o interesse do Vitória na continuidade desses atletas?

Temos uma base. Do time titular, Lucas é do Vitória, Wagner, Dudu, Matheusinho, Iury Castilho, Mateus Gonçalves, Zé Hugo. É evidente que temos interesse em Camutanga, Zeca, Railan, Rodrigo Andrade, Osvaldo. A ideia é manter essa base para o Campeonato Baiano, para a Copa do Nordeste. As contratações que faremos agora serão pensando na Série A. 

 

Para jogadores chegarem, outros têm que sair. Já há uma projeção de quais?

Vamos concluir o campeonato. Falta um jogo ainda. A grande maioria dos contratos vence no dia 30 de novembro. 

 

Em relação à Arena Barradão, a ideia é começar o projeto mesmo em 2025? Como estão as obras da duplicação da Rua Artêmio Valente e do novo estacionamento, que são exigências dos investidores?

As condições já começaram. O estacionamento novo já começou e as placas da nova obra da Artêmio Valente já estão fixadas. O governador assistiu ao jogo [Vitória x Sport, no último sábado (18)] aqui e disse que deve dar a ordem de serviço no início de dezembro. A empresa já esteve aqui para procurar o local da instalação do canteiro da obra. Isso melhora bastante para os investidores. Enquanto isso, fazemos nosso dever de casa. Demos entrada com o projeto na prefeitura. Precisa de todos os alvarás. Da mesma forma, estamos fatiando o projeto, que é grande, de R$ 350 milhões. Nosso diretor de Patrimônio continua conversando com Ivan Smarcevscki, arquiteto da obra. A ideia é fazer por etapas. Começar pela cobertura até finalizar. Não sabemos se conseguiremos o dinheiro todo de uma vez só. Se tudo correr bem, começamos a obra no segundo semestre de 2025. 

 

E como está o andamento das obras pontuais no estádio, como camarotes, telão, banheiros, academia, etc.?

Estamos concluindo oito camarotes e duas salas. O banheiro feminino está nos finalmentes. Em mais 30 dias concluiremos o banheiro. Todas essas obras estão em comum acordo com o projeto da Arena. Amanhã começamos a construção de um novo prédio. Do lado direito, teremos um prédio de três andares. Faremos a sede da TV Vitória, com estúdio para podcast, com câmeras, equipamentos. A ideia é que essa obra dure de três a quatro meses. Estamos fazendo a academia do Leão. Os seis campos estão prontos, os vestiários estão concluindo, assim como o bar temático. Começamos a arquibancada. Esperamos até o fim do ano concluir toda a academia de futebol. 

 

Os sócios do Vitória votaram e 87% foi favorável ao uso da estrela sobre o escudo para simbolizar o título da Série B. Qual é a sua opinião de torcedor sobre o tema?

Minha opinião sempre foi favorável. Não é um título qualquer. Depois da mudança da Série B, quando se colocaram apenas 20 clubes, se você pegar o histórico dos que ganharam, são os grandes: Grêmio, Palmeiras, Botafogo, Vasco, Corinthians. É o primeiro clube baiano a conquistar um título nacional por pontos corridos. A estrela tem que estar sim no uniforme, mas não sou dono do Vitória. Fiz questão de, mesmo não precisando, consultar o sócio-torcedor, que decidiu. A partir de janeiro, o uniforme do Vitória terá a estrela. 

 

O Vitória vai conquistar o título do Campeonato Baiano?

Vamos entrar para ganhar. Pela grandeza, vamos brigar. Mas nossa prioridade é classificar para a Sul-Americana na Série A. Vamos brigar pelo título do Baiano e da Copa do Nordeste, mas se tiver que abrir mão para se classificar para a Sul-Americana, com certeza essa será a prioridade.