Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/
/
Entrevistas

Entrevista

Novo presidente da FBA aposta em renovação do atletismo baiano e busca maior investimento

Por Nuno Krause

Novo presidente da FBA aposta em renovação do atletismo baiano e busca maior investimento
Foto: Priscila Melo / Bahia Notícias

Presidente da Federação Bahiana de Atletismo (FBA) desde o dia 5 de maio, o professor Antônio Luís Paranhos terá quatro anos de desafios pela frente. A modalidade, considerada a “mais nobre” do esporte amador, não tem, na Bahia, um investimento que dê condições para os atletas se destacarem no cenário nacional. 

 

“No Norte-Nordeste ainda sofremos muito com apoio e patrocínio, que é muito difícil na nossa região”, afirmou, em entrevista exclusiva concedida ao Bahia Notícias. 

 

O gestor aposta na renovação do atletismo baiano, mesmo diante das dificuldades causadas pela pandemia da Covid-19. “Nosso objetivo principal nesses quatro anos de gestão é justamente difundir mais a prática do atletismo no estado, principalmente levando mais para a garotada”, explicou. 

 

Para isso, é preciso ter locais adequados para treinamento, algo que a Bahia não possui atualmente. Há a expectativa da construção de duas pistas: uma na Universidade Federal da Bahia e uma no estádio Fernando Ferreira Lopes, em Camaçari (veja aqui). 

 

Atualmente, as competições de atletismo na Bahia estão sendo disputadas na pista do Colégio Militar, localizado na Pituba. Lá, porém, o material é de pedra, e não de borracha, como em competições nacionais e internacionais. 

 

Antônio Luís Paranhos falou ainda sobre a mudança de sede da FBA, as promessas do atletismo baiano e as próximas competições que a entidade pretende realizar em 2022. Confira a entrevista completa: 

 

O senhor assumiu a presidência da Federação no último dia 5 de maio, após a gestão do professor Og Robson. Quais são seus principais objetivos no cargo? 

[Estamos] Pegando um trabalho bem pesado por enquanto. Já que estamos vindo de uma pandemia, o atletismo ainda está bem parado na Bahia. Mas nosso objetivo principal nesses quatro anos de gestão é justamente difundir mais a prática do atletismo no estado, principalmente levando mais para a garotada, para termos uma renovação dos nossos atletas. 

 

O atletismo da Bahia, infelizmente, nunca teve um investimento muito grande. Prova disso é a falta de destaques baianos na modalidade em competições nacionais e internacionais. De que forma melhorar essa realidade? 

É uma situação muito difícil. Não digo nem a nível de Bahia, mas a nível de Nordeste. No Norte-Nordeste ainda sofremos muito com apoio e patrocínio, que é muito difícil na nossa região. Mas vamos tentar sentar, estudar melhor uma forma de atrair esse investimento privado para o esporte, para ver se conseguimos melhorar as condições para os nossos atletas.

 

O esporte olímpico aqui na Bahia tem muita dificuldade para encontrar patrocinadores. Normalmente o maior apoio vem da Sudesb, via governo do estado. De que forma trazer mais a iniciativa privada para investir no esporte? 

Um dos principais pontos ainda é a exposição da modalidade. O esporte amador fica muito escondido, ainda, enquanto o futebol está sempre na vitrine, na TV, nos jornais. Quanto mais nós divulgarmos, melhor e mais fácil atrairmos o investimento privado.

 

Os principais destaques esportivos da Bahia no esporte olímpico são Isaquias Queiroz, da canoagem, Ana Marcela Cunha, da maratona aquática, e Bia Ferreira, do boxe. Todos eles treinam fora do estado já há algum tempo. Você acha que esse é o caminho mesmo para atletas que desejam ter sucesso no esporte olímpico? Sair do estado? 

É a questão da sobrevivência do atleta. Permanecendo aqui, é como no meu tempo, quando eu competia: pai e mãe que patrocinavam. Hoje em dia fica bem mais difícil um atleta chegar em um nível profissional não tendo patrocinador. Muitas vezes, quem patrocina tem a exigência de sair, porque a sede é lá e é mais destaque para eles. 

 

Tem alguém que vem se destacando no atletismo baiano ao ponto de vocês pensarem que há a possibilidade de ter um alcance mais nacional? 

Temos dois atletas, muito novos ainda. Stephanie Ribeiro, que esteve agora no Brasileiro Sub-20 e foi medalha de prata. E tem Railton, também, que foi vice-campeão sul-americano em Cross-Country. Então resultados excelentes dos dois nesse início deste ano. Ela vice-campeã nos 800m rasos, e ele vice no Cross-Country. A nível Norte-Nordeste, fomos agora disputar o adulto. Ana Cláudia, que é de lá de Feira, foi campeã do lançamento do dardo. Uma atleta que ficou muito tempo treinando no Rio e agora voltou para a Bahia, tem excelentes resultados. Thiago também está crescendo bastante nos últimos anos, foi vice-campeão nos 200m rasos. 

 

Em dezembro de 2021, a Federação formalizou, junto com a Sudesb e a UFBA, um acordo para a reforma da pista que está no Centro de Educação Física e Esporte (Cefe) da universidade. O ex-presidente da FBA, Og Robson, disse recentemente que o material doado pela Universidade de Brasília para a construção do equipamento estava em um galpão, e as obras ainda não tinham sido iniciadas. Em que pé está essa questão?

Sempre converso com Og também, e por enquanto não houve nenhum avanço. O material ainda encontra-se na universidade. Nós também estamos em vista com outra pista, em parceria com a Universidade da Paraíba, para ver se colocamos uma pista no estádio de Camaçari. A UFBA liberando essas obras, teríamos uma em Salvador e uma em Camaçari. 

 

Atualmente, as competições vêm sendo realizadas na pista do Colégio Militar, na Pituba, que tem um piso de pedra, e não de borracha, como seria o ideal. Enquanto não ficar pronta a pista da UFBA, os torneios vão permanecer lá? Há a possibilidade de fazer melhorias para o treinamento dos atletas ser mais eficaz? Como é essa relação?

Nossa relação é muito boa, mas, como ali é um órgão estadual, fica difícil mexer em alguma coisa. Mas Og me passou, certa vez, que eles tinham o interesse de instalar ali uma pista sintética. Já sinalizaram positivamente para isso, e estavam somente vendo os caminhos para tentar trazer essa pista. 

 

O endereço da Federação Bahiana de Atletismo, assim como o de diversas federações, mudou para o antigo Centro Pan-Americano de Judô, lá em Lauro de Freitas. Vocês já conseguiram se organizar no novo local? Em que pé está essa mudança? 

Ainda estamos nos organizando. Estamos fazendo ainda um trabalho no home-office. O material administrativo ficou com a secretária e o restante foi para Lauro. De vez em quando vamos lá fazer uma visita, mas nossa parte administrativa está em Salvador, ainda. Primeiro, por causa dos atletas. Fazer o deslocamento dos atletas, documentação e o que for necessário ficou muito distante para eles. Para quem mora em Lauro, ficou bacana. 

 

Há alguma previsão de mudar a sede administrativa para Lauro?

Estamos em Brotas. Conseguimos uma sala na rua onde a secretária mora e estamos operando lá. Por enquanto não temos em mente [mudar a sede]. Estamos vendo, ainda pensando na nossa clientela. Conheço o local muito bem, é meio complicado para se deslocar ida e volta para cá. 

 

A FBA já realizou algumas competições em 2022, e sabemos que a pandemia prejudicou bastante o calendário esportivo no Brasil inteiro. Como lidar com esses problemas deixados pela pandemia? 

Vai durar muito tempo até conseguirmos superar tudo o que foi deixado pela pandemia. Todo esporte amador sofreu com isso. Teve um esvaziamento muito grande, muita gente deixou de competir por vários fatores, não só econômico, como emocional. Temos muito trabalho daqui para frente para tentar equilibrar a balança do esporte amador. Ainda estamos fazendo as coisas aos poucos. Tentando gastar o mínimo possível para chegar em dezembro com alguma coisa em caixa, visto que temos várias competições. O funil está aberto na saída e pouca coisa tem entrado nos cofres da Federação. 

 

Quais são as próximas competições que a Federação pretende realizar? 

A nível de Bahia, temos dia 19 de junho o Campeonato Baiano sub-18, servindo como seletiva para o Troféu Norte-Nordeste sub-18, que vai acontecer no Rio Grande do Norte, em julho. Teremos também um Campeonato Baiano sub-16, e alguns eventos que estamos pleiteando. Como ainda tem esse problema da pandemia, reduzimos o calendário deste ano.