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Entrevista

Confiante, Carlos Boi não tem pressa em ganhar o cinturão do UFC: 'Vai acontecer naturalmente'

Por Leandro Aragão

Confiante, Carlos Boi não tem pressa em ganhar o cinturão do UFC: 'Vai acontecer naturalmente'
Foto: Reprodução / Instagram UFC

Após estrear com derrota em julho de 2020, o lutador Carlos Boi, de 26 anos, emplacou duas vitórias seguidas no UFC. Sua última luta foi em meados de janeiro deste ano, quando venceu por pontos Justin Tafa pelos pesos-pesados (até 120,2kg). Em entrevista ao Bahia Notícias, o baiano de Feira de Santana falou da emoção de chegar à mais famosa franquia do mundo das lutas de MMA.

 

Na conversa, Carlos Boi não se esquivou de nenhuma pergunta e falou do seu início conturbado no UFC, quando teve seu primeiro contrato rescindido após ter problema no anti-doping e cumprir dois anos de suspensão. Confiante no potencial, disse não ter entrado em desespero e esperou até, finalmente, subir no octógono pela primeira vez. A mesma confiança nos seus pesados socos também o deixa tranquilo em relação à conquista do cinturão, objeto de desejo de todo lutador. "É o ápice de um lutador. Mas eu não tenho pressa", declarou. 

 

O baiano ainda revelou o vício em assistir o Big Brother Brasil 21, reality show da TV Globo. E admitiu que já curtiu Micareta e Carnaval na Bahia para trocar socos na "pipoca".

 

Após estrear com derrota, você emplacou duas vitórias consecutivas no UFC. O que aconteceu do primeiro combate até aqui? O que você mudou pra conseguir emplacar essa boa sequência?

Eu costumo falar sempre. Às vezes o fato de você perder não quer dizer que tenha errado alguma coisa. Simplesmente, meu adversário estava numa noite melhor do que eu. Foi mérito dele por ter conseguido segurar a luta até o terceiro round e depois impor o jogo dele. Então, eu não vejo muito como demérito meu, vejo mais como mérito do meu adversário mesmo. 

 

Você vem de duas vitórias seguidas no UFC. Sonha em conquistar o cinturão do peso-pesado? Você traçou um planejamento para chegar no topo?

Um cinturão sempre vai ser desejado, porque é o ápice de um lutador. Mas eu não tenho pressa e não é uma coisa que fica muito na minha cabeça não. "Ah, preciso chegar no cinturão", "Preciso entrar no ranking". Acho que as coisas vão começar a acontecer naturalmente. Então, eu tento mais focar no agora, apesar de não ter adversário. A gente já imagina alguns nomes que podem vir a ser adversários. Eu costumo focar mais nisso. O cinturão vai vir por consequência.

Foto: Reprodução / Instagram UFC

 

Sua última luta foi em meados de janeiro. Já tem outro combate em vista? Tem alguma previsão de quando você vai lutar novamente no octógono?

Ainda não tenho luta marcada e nem previsão. Não me ofereceram nenhuma luta ainda. Mas a gente está achando que não vai demorar. Nesses tempos de Covid, os lutadores que estão lutando estão tendo uma rotatividade maior. Estão lutando com mais frequência. Acredito que daqui para maio, acho que já terei outra luta, mas não é nada concreto ainda.

 

Você falou que não tem pressa para disputar o cinturão. Tem algum adversário que intimida você?

Eu não falo intimidar. Por eu ser novo, muitos dos caras que estão lutando hoje ainda, são caras que foram minha inspiração. Como por exemplo, Stipe Miocic é um lutador que me inspiro muito por ser campeão. Querendo ou não, eu tenho um certo respeito por ele. A mesma coisa com Daniel Cormier. Mas não é um receio e sim um respeito, porque são caras que foram fonte de inspiração, quer dizer, foram não, são fontes de inspiração para mim.

 

E tem algum lutador do UFC que você se inspira ou tem como ídolo, além de Miocic e Cormier?

Gosto muito e que sou fã também é de Justin Gaethje. Sou muito fã, muito fã, me inspiro muito. Tem Conor McGregor, os irmãos Diaz (Nick e Nate) e Caín Velásquez. Cain Velázque não luta mais, já é aposentado, mas eu diria assim que é uma das minhas maiores inspirações. É o lutador que mais gosto. 

 

Nesses tempos de Covid-19, o que mudou para você em relação à rotina de treinos, preparação para as lutas já que o vírus é altamente contagioso? 
Na primeira luta, eu peguei Covid na preparação em julho (de 2020). Foi na época a pandemia estava mais no pico, tinha "lockdown". Não tinha nada aberto, as academias estavam fechadas. Tive montar uma mini-academia na varanda de casa. Talvez se fosse para dizer o que foi diferente da minha primeira luta para as últimas duas foi a preparação. Na primeira, eu treinei praticamente sozinho nas duas últimas semanas, porque eu estava isolado em casa com Covid e mesmo antes de contrair a Covid foi um treino muito atípico. Eu fiz praticamente o treino todo na minha varanda de casa.

 

Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal

 

E nas viagens, aeroportos, como você está tomando os cuidados?

Infelizmente é um risco que não tem como ser evitado, porque para viajar vamos ficar expostos nos aeroportos. Mas aí eu ando sempre com álcool, máscara o tempo todo. A gente tenta tomar cuidado o máximo possível e o máximo que dá também. Mas tem alguns momentos mesmo, como em aeroportos, não fica mais ao nosso alcance.

 

Como você começou no mundo das lutas, no MMA até chegar ao UFC?

Eu comecei no boxe quando eu tinha em torno de 12 anos com o intuito somente de emagrecer. Porque eu era uma criança de 12 anos e já pesava 165kg, se não me engano. Então, entrei com o único objetivo de saúde, para emagrecer. Só que conforme eu fui treinando, fui me apaixonando pelo esporte. E quando teve uma luta de Anderson Silva contra Vitor Belfort, que na época era considerada a luta do século que todo mundo ficou comentando. Era uma época que o MMA não era tão divulgado, não tinha esse tamanho todo que tem hoje. Era um esporte bem menor do que hoje. Mas mesmo assim a luta foi muito comentada. Então, fiquei muito empolgado com a luta e falei que queria aquilo ali para mim. Desde esse momento, dessa luta que eu botei na cabeça que queria lutar no UFC. Fui treinando e fazendo o que era necessário para conseguir chegar.


Você falou que tinha problema com peso na infância. Sofreu muito bullying dos colegas no colégio?

Ah, sofria muito! Muito, muito. Eu sempre fui um tipo de pessoa que nunca levei desaforo para casa. Então, na minha infância e adolescência sempre tive envolvido com muita briga, justamente por causa disso. Como sofria bullying, eu não ficava calado, aí acabava gerando várias brigas, inclusive já fui suspenso de colégio várias vezes. Já briguei muito, até no meio da rua também.


Foi nessa época que você tomou gosto para lutar ou só mesmo quando entrou no boxe?

Não, foi só quando eu entrei no boxe. Inclusive, depois que entrei no boxe, coincidentemente as brigas diminuíram. Eu parei muito de brigar. Eu não sei, sinceramente não sei explicar o motivo. Porque querendo ou não, é um esporte de luta, tem uma doutrina e tal. Quando você treina luta acaba tendo uma percepção diferente sobre as coisas. Então, acho que isso influenciou para eu não brigar tanto mais depois de lutar, depois que comecei a treinar boxe.

Foto: Reprodução / Instagram UFC 


E como é que foi quando você assinou o primeiro contrato com o UFC?

Ah, foi uma sensação de dever cumprido! Foi muita felicidade. Não só para mim, mas para meu empresário, meu treinador, minha família e todo mundo que me acompanhou desde o início da trajetória. Mas, para mim, a principal sensação foi de dever cumprido, de que realmente eu consegui chegar ali onde tanto almejava.


Mas isso foi na primeira vez que você assinou e depois teve aquele problema de doping? Foi nessa época?

Isso. Foi nessa época.


Como é que foi depois que você assinou, foi suspenso e teve o contrato rescindido?

É, eu fiquei um pouco chateado. Mas por eu ser novo e por ter consciência do meu potencial, não fiquei tão triste, porque sabia que era só uma questão de tempo. Era esperar o período da suspensão acabar para eu voltar. Então, para mim não teve tanta dor de cabeça. Eu mantive muito a cabeça no lugar. Recebi propostas de muitos eventos que pagavam até mais do que a bolsa do UFC para iniciante. Mas eu sabia que meu lugar era no UFC, então mantive aquilo ali na cabeça e foi o que me ajudou a passar aqueles dois anos de punição.


E quando você finalmente conseguiu estrear no UFC, como foi? Passou um filme na cabeça de tudo que você tinha passado?

Para falar a verdade, nem deu tempo para sentir tanto isso, porque estava um cenário muito caótico na época da estreia (no início da pandemia global do novo coronavírus). Como eu tinha pegado Covid-19 algumas semanas antes, eu estava correndo risco de cancelarem a minha luta, porque ainda ia fazer um teste em São Paulo para ficar na quarentena oficial do UFC antes de ir para Abu Dhabi. Tinham duas semanas certinha que eu tinha pego o resultado positivo, então, tinha chance de dar positivo nesse teste e não poder lutar. Quando a gente chegava lá em Abu Dhabi fazia vários outros testes até o dia da luta. Então, minha maior preocupação foi mais com os resultados dos testes da Covid-19 para ter a luta do que a própria luta em si.

 

No seu discurso após a vitória sobre Justin Tafa, você disse que na Bahia é murro na cabeça, que é celeiro do boxe e citou as palavras micareta, carnaval. O ex-pugilista baiano Reginaldo Holyfield já disse uma vez que gostava de ir pra pipoca do Carnaval trocar socos. Você também já foi pra Micareta de Feira ou pro Carnaval de Salvador para isso?

(Risos) Já. Já fiz muito sim quando era mais novo. Hoje em dia eu não faço mais. Mas quando eu era mais novo eu já fiz muito, gostava muito (risos). Na verdade em Salvador e na Bahia, tem essa cultura da galera do boxe. A maioria da galera do boxe curte assim o Carnaval, as micaretas. No trio do Chiclete com Banana o que mais tinha era a galera que treinava boxe. Já é meio que cultural isso na Bahia.


Agora, sobre sua rixa com Raphael Bebezão. Vocês estão sempre trocando farpas através de declarações pela imprensa. Inclusive, você desafiou ele recentemente após sua última vitória. Como foi que isso começou? 

Meu problema com Bebezão é porque a gente tinha um amigo no Rio de Janeiro, que tem uma academia, que é Renato Domingues. Ele era o treinador de Bebezão. Renato foi o cara que acolheu Bebezão quando ele não era nada. Deu todo o suporte para ele, sempre esteve lá. Às vezes pagava até as passagens do próprio bolso para Bebezão pagar depois, porque não tinha condição para poder lutar os eventos. Assim que chegou no UFC, ele deu um pé na bunda do cara. Isso para mim é falta de caráter e a gente comprou essa briga, porque Renato Domingues é nosso amigo e tem o perfil parecido com o nosso também.

Foto: Reprodução / Instagram UFC


Você tem o desejo de lutar contra Bebezão no UFC?

Eu tinha muita vontade, mas a probabilidade agora é quase impossível. O próprio UFC já falou para a gente que essa luta não vai acontecer por agora, porque Bebezão vem de duas derrotas e eu venho de duas vitórias, então a gente está em cenários diferentes na categoria.


O ex-campeão do UFC Fabrício Werdum disse recentemente que, além de ter recebido um convite para participar, também está acompanhando o Big Brother Brasil 2021. Você também assiste esse reality-show?

Assisto, estou viciado (risos). Eu não tenho muita paciência não, porque é muita idiotice que acontece na casa, principalmente com aquela Lumena, que está esculhambando com os baianos em rede nacional. Mas estou assistindo, assisto todo dia. Estou viciado. Meus preferidos são os da maioria, né? É Sarah, Juliette e Gil. Também gosto de Caio.