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Entrevista

Buscando vaga em Tóquio, Hebert Conceição comenta: 'Vou chegar em 2021 mais forte'

Por Milena Lopes

Buscando vaga em Tóquio, Hebert Conceição comenta: 'Vou chegar em 2021 mais forte'
Foto: Jonne Roriz / COB

As últimas competições de boxe olímpico disputadas por Hebert Conceição foram especiais para o atleta, mas o foco dele agora é chegar em Tóquio. As eliminatórias para os Jogos Olímpicos, marcados para acontecerem no Japão em julho deste ano, ainda não aconteceram, mas o pugilista baiano é um nome de peso para representar o Brasil na modalidade.

 

Após 2019, ano em que conquistou medalha de prata no Pan Americano de Lima e do bronze no Mundial de Boxe, sendo o primeiro brasileiro medalhista na segunda competição, as aspirações de Hebert na carreira aumentaram.  

 

O Bahia Notícias conversou com o atleta de 22 anos, que luta na categoria 75kg, para saber sobre como está sendo sua trajetória desde que as esperanças da classificação para Tóquio começaram a surgir, o processo de ver o sonho olímpico adiado pela pandemia e o sentimento de representar a Bahia e o Brasil. 

 

Há cerca de dois anos, você participou de duas grandes competições internacionais e conseguiu subir no pódio em ambas. Ganhou medalha de prata no Pan de Lima e bronze no Mundial de Boxe, o que, com certeza, foi especial para a sua carreira. Essas conquistas fizeram com que o sonho de chegar às próximas edições das Olimpíadas já se tornasse mais próximo?

Com certeza! Essas duas conquistas me fizeram acreditar ainda mais que o sonho olímpico e a medalha olímpica estavam cada vez mais próximos e cada vez mais reais. Me deu uma confiança a mais. Apesar de eu já acreditar que eu posso chegar e brigar por medalha, essas duas conquistas nas duas competições principais antes da Olimpíada me credenciaram ainda mais e me fizeram acreditar ainda mais que eu sou capaz. 

 

Foto: Divulgação / CBBoxe

 

O sonho alimentado lá em 2019 poderia ter se concretizado em 2020, mas os Jogos Olímpicos de Tóquio acabaram sendo adiados devido a pandemia. Como foi ver a postergação da possível participação no evento? 

Não foi tão bom, mas eu levei em consideração de que eu tive mais um ano para me preparar e vou chegar em 2021 mais forte do que se fosse no ano anterior. Então, eu procurei levar tudo isso, de alguma maneira, para o lado positivo. 

 

Assim como as Olimpíadas, os eventos classificatórios do boxe para os Jogos de Tóquio deveriam ter acontecido no ano passado. Tanto o Torneio de Buenos Aires, quanto o de Paris, que vão definir a lista final de atletas da modalidade que irão lutar no Japão, foram cancelados. Como ficou a expectativa de precisar adiar esses compromissos decisivos, que são o caminho para chegar no Japão? 

Fiquei bem frustrado com toda a situação. Tanto pelo cancelamento do pré-olímpico, quanto por ter que ficar em casa, sem poder treinar junto com a equipe olímpica. Mas, como falei, tentei focar de que era chance de poder me preparar ainda mais para poder chegar mais forte e melhor do que se fosse em 2020. 

 

Com o isolamento por causa da Covid-19, sua rotina de treinos e preparação foi modificada, assim como para a grande maioria dos atletas. Como foi esse período para você? De que forma você adaptou as atividades? 

Passei a quarentena toda treinando, mesmo com toda a situação. Lógico que tomando todos os cuidados. Peguei a chave da academia, fiquei sozinho treinando todos os dias, fazendo parte técnica e parte física. O que não dava para fazer na academia ou na rua, fazia em casa mesmo. Enfim, fiz de tudo.

 

E atualmente, como estão os treinos para o pré-olímpico?

Desde o segundo semestre do ano passado eu retornei aos treinamentos com a equipe olímpica permanente.

 

Foto: Reprodução / Instagram @hebertwilianboxe

 

O Comitê Olímpico Internacional (COI) ainda não definiu novas datas para as disputas das eliminatórias que foram interrompidas ou nem sequer começaram. Enquanto isso, tanto a seleção brasileira, quanto as dos outros países sul-americanos estão mantendo suas preparações. Há algum forte adversário nas eliminatórias continentais que você destacaria? 

Não, acho que não tem nenhum atleta que eu possa destacar. Acho que todos têm condições de brigar por vaga olímpica na categoria. É uma categoria muito disputada, talvez a mais disputada porque o nível técnico é bem equiparado, então é difícil achar algum favorito. Eu acho que quem vai classificar é quem levar mais vantagem e quem for mais bem preparado.

 

Na sua categoria, até 75kg, Khadija El-Mardi (Marrocos), que competiu nas Eliminatórias africanas, e Eumir Marcial (Filipinas) pelas Eliminatórias da Ásia/Oceania, já conseguiram a classificação para as Olimpíadas deste ano. Sendo assim, eles podem ser adversários seus durante os Jogos de Tóquio. Como você avalia esses atletas? São adversários fortes? 

Conheço a maior parte deles. Os africanos são os que eu menos conheço, até por conta das competições que eu vou, nem sempre eles estão. Se eu não me engano, competi no mesmo evento que El-Mardi somente no Mundial. Mas também não pude fazer uma grande avaliação porque ele foi eliminado logo nas primeiras rodadas. Mas já o Eumir é um grande atleta, já estive diversas vezes em competições simultâneas que ele estava. A gente é da mesma categoria, mas infelizmente ainda não o enfrentei. Mas é um atleta de muita qualidade, foi vice-campeão mundial na mesma ocasião em que fui medalhista de bronze, então é um atleta de nível, capaz de chegar lá e brigar por medalha. Mas também é um atleta que eu tenho condições de lutar de igual para igual e poder vencer. Eu já venho estudando há algum tempo o jogo dele, porque sei que é um adversário que eu posso cair aí uma semifinal olímpica ou uma final. Assim como o cazaque [Kamshybek Kunkabayev] que foi vice-campeão mundial de 2017, também um atleta excelente que eu já venho estudando o jogo dele. Eu estou focando nos atletas de maior nível, que eu posso enfrentar logo de cara nas fases principais, mas estou me preparando para lutar com todos, independente de quem seja. O boxe olímpico é sorteio e quando chegar lá eu posso lutar com qualquer um, então eu tenho que estar pronto para tudo.

 

O Comitê Olímpico Internacional (COI) já garantiu que as Olimpíadas serão realizadas este ano e não pretendem adiar novamente o evento, mesmo com o mundo enfrentando uma segunda onda de Covid-19. No Japão, boa parte da população é contra a realização dos Jogos em 2021. Qual a sua opinião para que os Jogos de Tóquio aconteçam este ano? 

Eu não tenho uma opinião formada para responder a essa pergunta porque eu estou fazendo a minha parte, que é me preparando. As autoridades de segurança é que têm o poder de avaliar se tem condições ou não de acontecer as Olimpíadas. Como eu sou um atleta e meu sonho é estar nos Jogos, estou me preparando. Se acontecerem as Olimpíadas, eu vou estar pronto. Se não acontecerem, foi porque as autoridades de saúde acharam que não era o momento e não tinham condições. Se eles acreditam que vai acontecer, é porque eles vão adotar um protocolo de segurança bem forte e firme para poder realizar os Jogos priorizando a segurança e saúde de todos.  

 

Aqui na Bahia nós temos grandes nomes que se destacam atualmente no boxe, como Robson Conceição, que agora luta no profissional, e Beatriz Ferreira, que está junto com você na seleção olímpica. Qual o sentimento de ser um representante baiano do boxe no cenário mundial? 

Eu me sinto muito orgulhoso em ser mais um representante baiano no boxe e também feliz por poder conseguir manter a tradição de bons boxeadores baianos e poder também estar trazendo bons resultados para o Brasil e para a Bahia. Dá um orgulho muito grande poder dar seguimento nessa tradição e mantendo o box da Bahia no topo do Brasil e do mundo.

Foto: Jonne Roriz/COB