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Entrevista

De saída, Roberto Braga vê convicção no trabalho de base do Bahia: 'É um processo'

Por Ulisses Gama

De saída, Roberto Braga vê convicção no trabalho de base do Bahia: 'É um processo'
Foto: Divulgação

Após receber uma proposta do Guangzhou Evergrande, da China, o coordenador da base do Bahia, Roberto Braga, deixou o clube nesta semana, conforme antecipado pela reportagem do Bahia Notícias (leia aqui). A caminho de um projeto de "magnitude global", o profissional conversou com o BN e fez uma avaliação de sua passagem pelo clube, além de fazer elogios ao projeto. 

 

"Vejo que o Bahia tem crescido muito e tenho convicção do que tem sido feito. É uma construção para competir a nível nacional e o clube tem estado muito seguro. O Bahia tem ideias que não dependem das pessoas. A gente fez um trabalho de criação e uniformização dos processos. Quem chega ao Bahia sabe como a base funciona, a ideia de jogo, os jogadores que estão em cada equipe... A integração é total", explicou.

 

O dirigente também comentou as críticas e as seguidas mudanças que a gestão das categorias mais jovens tem recebido nos últimos anos. Segundo ele, o clube tem uma estrutura que independe de pessoas. 

 

"Quando cheguei, a diretoria mudou um pouco da estrutura de não ter o gerente para que mais pessoas participem da construção do dia a dia para o projeto não ficar órfão a cada mudança. O Bahia tem caminhado na direção de estabelecer ideias. Logicamente cada um deixa sua marca pessoal e essa saída não mudará a base do Bahia de rumo e é isso que o clube tem que buscar. O Athletico é um exemplo. Lá não existe um chefão, a metodologia está implantada", indicou.

 

Roberto Braga também falou ao BN sobre a utilização de jogadores da base, a busca por melhores resultados a nível nacional, a competitividade com outros clubes grandes do Brasil e a sua caminhada para trabalhar ao lado de Guilherme Dalla Déa, campeão da Copa do Mundo Sub-17 com a Seleção Brasileira. Confira a entrevista completa:


Você deixa o Bahia com um ano de trabalho realizado. Como avalia essa passagem e como analisa o projeto do clube?

Cheguei aqui em outubro e peguei um final de Brasileiro, início de Copa do Nordeste e uma transição para a Cidade Tricolor. Vejo que o clube tem crescido muito e tenho convicção do que o clube tem feito. É uma construção para competir a nível nacional e o clube tem estado muito seguro. O clube tem ideias que não dependem das pessoas. A gente fez um trabalho de criação e uniformização dos processos. Quem chega ao Bahia sabe como a base funciona, a ideia de jogo, os jogadores que estão em cada equipe, a integração é total... Vejo o Bahia em um caminho bom. É um caminho de médio prazo. Aos poucos, esse trabalho vai aparecer no campo e na promoção de jogadores ao profissional.

 

Nos últimos anos, a base do Bahia tem passado por uma sequência de mudanças, o que tem gerado muitas críticas da torcida. Tantas alterações em tão pouco tempo não atrapalham o processo?
Entendo o torcedor e não tiro a razão dele. O anseio é de que o clube tenha um profissional de confiança e consiga um trabalho de longo prazo, tanto do clube como do profissional. O que vejo hoje no Bahia é que o clube não depende das pessoas, e sim das ideias. Quando cheguei, a diretoria mudou um pouco da estrutura de não ter o gerente para que mais pessoas participem da construção do dia a dia para o projeto não ficar órfão a cada mudança. O Bahia tem caminhado na direção de estabelecer ideias. Logicamente cada um deixa sua marca pessoal e essa saída não mudará a base do Bahia de rumo e é isso que o clube tem que buscar. O Athletico é um exemplo. Lá não existe um chefão, a metodologia está implantada. É um processo. Hoje o clube tem um CT para brigar com os melhores do Brasil, mas o São Paulo tem um desses há 15 anos, o Palmeiras pode pagar três, quatro vezes mais. Temos adversários competentes nessa briga e é isso que o torcedor precisa entender.

 

A atual diretoria sempre falou em utilizar a base com mais frequência e isso não tem acontecido. O que falta para isso se tornar uma realidade?

A gente teve a consultoria da Double Pass (saiba mais aqui) e perguntei qual era a impressão deles de tudo. Eles responderam com uma analogia de que plantamos muitas árvores no nosso CT, mas as árvores ainda são pequenas. É regar e adubar para que elas fiquem grandes. Não é do dia para noite. Agora é ter paciência para elas crescerem. Vejo a mesma lógica nesse processo de transição. Hoje temos sete jogadores que passaram no sub-20 e estão no elenco profissional. É um processo do clube formar jogadores e que esses jogadores entrem no profissional. E a pressão no Bahia é muito grande para conseguir resultados. Isso tem que ser construído ano após ano. Voltando a comparar, o Palmeiras só começou a usar jogadores da base agora. Não é um processo fácil. Sinto que há um desejo da diretoria do Bahia de fazer isso. A gente sempre quer que as coisas andem mais rápido que elas podem. Eu também tinha o desejo de que eles estivessem arrebentando.

 

Roberto acompanhou o processo de mudança para o CT Evaristo de Macedo | Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia

 

A base tem como prioridade a formação, mas os resultados em competições nacionais estão decepcionando. O que dizer?
Concordo com a torcida de que precisamos de resultados a nível nacional. Alguns resultados foram muito pesados para o clube e marcam muito. Quando a gente olha para o Brasileiro, apesar do 12º lugar não nos agradar, a gente começa a olhar que clubes como Inter e Grêmio ficaram atrás do Bahia. A base tem essa oscilação e a briga do Bahia é oscilar menos. A nível regional temos resultados melhores, é uma obrigação, meta estipulada. Nas competições nacionais, estamos nos mantendo entre os melhores. Parece que é falta de ambição, mas existem muitos trabalhos sólidos. É um desafio que o clube está buscando para repetir boas campanhas e que essa campanhas sejam consolidadas. O Bahia tem uma oscilação histórica na base.

 

O que falar sobre Eduardo Guadagnucci? Ele será um bom substituto para Carlos Amadeu no time sub-20?
Sobre o Eduardo, fizemos uma conversa interna sobre a questão da ideia. A gente não queria trazer um treinador na véspera do campeonato e sim alguém que estivesse dentro da ideia para otimizar o trabalho que a gente entende. É uma comissão nova e substituir o Amadeu não é uma tarefa fácil. Mas o que vejo hoje é que o Eduardo tem esse preparo que o clube espera e será um desafio nesse campeonato turbulento. O Bahia optou por um elenco enxuto e isso será um desafio, mas queremos que todos os jogadores se sintam protagonistas.

 

O que falar sobre esse crescimento na carreira e qual a sua impressão final do Bahia?
Para quem vive, o caminho sempre parece mais longo. Estive três anos e meio na Ferroviária e sempre tive a ideia de trabalhar em bons projetos. Não tenho ambição por escudos, e sim por projetos. Durante o período na Ferroviária neguei muitas propostas. Quando apareceu o Bahia, por tudo que o clube tem feito, chamou minha atenção. O Bahia tem uma ideia de construção a longo prazo. Hoje o Bahia está seguro do que quer. Não sairia do Bahia para nenhum clube do Brasil, tanto que nesse processo aparecem conversas e sempre fui muito taxativo. Me apaixonei pelo clube, pela cidade, pelas pessoas e acho que o que está sendo feito é muito grande. Tenho certeza que vai dar resultado.

 

Qual a sua expectativa para o trabalho na China?
Apareceu essa ideia com o Guilherme Dalla Déa e fiquei muito honrado por esse convite de estar nessa equipe de onze brasileiros. É um projeto de magnitude global e que quer brigar em escala mundial. É uma honra muito grande e é um projeto que abre porta para brasileiros. É uma possibilidade de trabalho que fugiu muito do que eu imaginava e por isso aceitei. Vou com o coração apertado porque virei um torcedor do Bahia, mas creio que o projeto vai crescer