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Entrevista

Executivo do Bahia, Pedro Henriques explica função e indica proximidade do novo CT

Por Ulisses Gama

Executivo do Bahia, Pedro Henriques explica função e indica proximidade do novo CT
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Pedro Henriques já não está sob os holofotes como antes. Ex-vice-presidente do Bahia, ele cumpre a função de diretor executivo do clube desde o ano passado, após convite do presidente Guilherme Bellintani. Apontado como um possível sucessor de Marcelo Sant'Ana, em 2017, o dirigente foi alvo de muitas críticas por seguir no Fazendão em 2018.

 

A principal pergunta era: "O que Pedro Henriques faz no Bahia?". 

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, o diretor topou responder e explicar a sua função.

 

"Como executivo, via de regra, há a missão de viabilizar os planos estratégicos da presidência. É acompanhar com os gerentes a execução dos planos, avaliar se está sendo feito no cronograma... Esse é o trabalho ordinário", disse ele, que tem a missão de conduzir os trabalhos da Cidade Tricolor, novo centro de treinamento do clube, que está para ser entregue.

 

"A Cidade Tricolor foi uma das coisas que mais me fez querer aceitar o convite de Guilherme porque é algo que acompanhei desde a retomada do processo judicial. Recuperamos através do acordo, fizemos o pagamento e agora estamos em reta final para viabilizar o equipamento", contou.

 

Na entrevista, Pedro Henriques também falou sobre o fato de ter sido indicado a um prêmio, o atual momento do futebol, o futebol feminino, a política do clube e a possibilidade de Guilherme Bellintani se tornar um candidato à Prefeitura de Salvador. Confira a entrevista completa: 


Qual a diferença entre as funções do vice-presidente e do diretor executivo?
É muito diferente. A começar pela minha alocação física. Como vice-presidente, eu ficava no prédio do profissional e acompanhava todas as demandas de futebol, marketing, administrativo. Como executivo, via de regra, há a missão de viabilizar os planos estratégicos da presidência. É acompanhar com os gerentes a execução dos planos, avaliar se está sendo feito no cronograma... Esse é o trabalho ordinário. No meu caso específico, Guilherme me deu atribuições como a Cidade Tricolor; pude participar também da criação da marca própria, foi algo que Guilherme conversou comigo antes de eu voltar para o clube; pude até intermediar uma conversa dele com o antigo presidente do Paysandu, que foi o primeiro a ter sucesso com marca própria... A principal diferença é que hoje eu acompanho e executo os processos mais de perto. São funções totalmente diferentes


Como é lidar com as críticas em virtude de assumir um cargo no Bahia?
Acho que com a dúvida, a ignorância sobre o que acontece é natural que venham críticas, ainda mais por eu ter ocupado um cargo. Antes de aceitar, eu imaginava que poderia acontecer. O desgaste político fez com que eu não ocupasse um cargo político. É um trabalho que gosto, um mercado que me agrada muito e achei que poderia ajudar. Quem acompanha o dia a dia e tem a curiosidade de ver como funciona o clube entende. Com um pouco de boa vontade, as pessoas podem ver que o trabalho é bem desenvolvido. As coisas estão sendo entregues. Não é um trabalho de curto prazo e o Bahia vem se consolidando com a governança corporativa, com o compliance. O desenvolvimento do trabalho vem calando algumas críticas. É encarar com naturalidade.

 

O fato de ter sido indicado a um prêmio na Conferência Nacional do Futebol é uma resposta?
Não estou preocupado em dar resposta, mas quero realizar meu trabalho. É uma satisfação. Vejo isso como um reconhecimento do trabalho desenvolvido não só por mim, mas por todos do clube. A indicação ao prêmio vê a gestão. É claro que um diretor executivo é um cargo técnico que chama a atenção e fui indicado por isso. É uma consolidação desde o início da era democrática. A gente tem muito a crescer e ser reconhecido, principalmente nessa época em que estão estourando escândalo. Recentemente vimos o caso do Cruzeiro e eu acredito que essa é uma oportunidade do mercado ver o Bahia e as nossas boas práticas no futebol. O Profut não deixa margem para gestões amadoras. O futebol é uma indústria bilionária e não pode ser gerido como um boteco de esquina.

 

Pedro Henriques no Conafut | Foto: Marcelo Pereira/Fotoka

 

Como anda o processo da Cidade Tricolor? A torcida está ansiosa...
A Cidade Tricolor foi uma das coisas que mais me fez querer aceitar o convite de Guilherme porque é algo que acompanhei desde a retomada do processo judicial. Recuperamos através do acordo, fizemos o pagamento e agora estamos em reta final para viabilizar o equipamento. Sem manutenção, naturalmente tivemos perdas estruturais e estamos recuperando. Não diria que é uma grande reforma, e sim uma recuperação. Não é uma intervenção pesada, embora seja de grande porte. Estamos dentro do cronograma – claro que em obras existem imprevistos. Nesse ano, descobrimos um problema no sistema de águas pluviais e isso encareceu a obra, mas a nossa previsão de entrega é no segundo semestre. A mudança vai depender do departamento de futebol, se é viável mudar no meio da temporada, mas que vai ser entregue, vai. Tenho conviccção de que a obra será entregue e vai ser um ciclo que se encerra.

 

Qual foi a principal dificuldade neste processo?
A principal dificuldade, desde que voltei, foi o fluxo de caixa. O desafio do Bahia é financeiro e uma obra requer investimento. Por mais que o faturamento venha crescendo, a gente tem o Profut, acordos na Justiça do Trabalho, a folha salarial e o fluxo de caixa não é uma coisa fixa. Temos recebimentos variáveis e temos que separar para investir na estrutura e no futebol. À medida que vamos tendo saldo, executamos a obra. Mas temos que nos adaptar para essas necessidades. O clube vem sendo saneado, mas o grande desafio é financeiro.

 

Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia

 

Na sua opinião, qual é o caminho viável para o Fazendão?
Você falou na minha opinião, porque isso é matéria de presidência, assembleia geral... Não sei se venda, não sei se um empreendimento no qual o Bahia poderia ser sócio. Uma negociação é imperativa porque a manutenção de dois centros de treinamentos seria difícil para o fluxo de caixa. Só para as pessoas terem noção, o Fazendão tem aproximadamente 120 mil m² e a Cidade Tricolor tem 300 mil m². Aí você já aumenta custo de luz, água... É uma outra realidade. Tem que ser feita uma análise de qual a melhor oportunidade para o Fazendão. O Fazendão tem mais alternativas de liquidez do que a Cidade Tricolor.

 

Após o CT, o Bahia pode sonhar com um estádio próprio?
Eu acho que Guilherme e Vitor não pensam nessa questão de estádio. A gente tem uma relação muito melhor com a Fonte Nova. Já na gestão anterior houve evolução e agora a relação me parece mais próxima. Acredito que na Cidade Tricolor o Bahia pode ter uma estrutura para jogos menores, especialmente da base, do futebol feminino. Estava mostrando para Guilherme e Vitor que o investimento de construir uma arquibancada com alguns vestiários não é um investimento alto e se paga rapidamente. Temos custos para mandar jogos da base e do feminino em Pituaçu. Em um ano, creio que uma estrutura dessa se pagaria.

 

Como anda a parceria com o Lusaca no futebol feminino? É possível que o Bahia tenha um time por conta própria?
Eu acredito que é um tema que o presidente deve tratar em breve, mas me parece que o Bahia pode internalizar essa demanda do futebol feminino. Fizemos a parceria com o Lusaca, mas se tem a marca do Bahia, ele tem que ter um nível de excelência que exige uma participação mais forte do clube. Em um próximo momento, o futebol feminino terá uma gestão direta do clube. Elas honraram o Bahia e fizeram uma campanha razoável diante das condições de trabalho.

 

Como tem visto o atual momento do futebol do Bahia?
Eu não estou mais tão próximo do futebol. Não acompanho os treinos como antigamente, mas acredito que o futebol vem sendo desenvolvido de forma satisfatória. Esse ano deve ser recorde de investimento no elenco, temos dois atacantes de altíssimo nível como Gilberto e Fernandão. A torcida reclama sobre contratações, mas o mercado é complicado. A grande decepção, na minha concepção, foi a Sul-Americana. Criou-se uma expectativa grande por causa do ano passado. O futebol tem as suas nuances, surpresas. Da mesma forma que fomos surpreendidos na Copa do Nordeste, podemos surpreender na Copa do Brasil. No primeiro trimestre a gente demorou de encaixar o time, foi uma coisa que não ficou clara dentro do futebol e acabamos pagando o preço. A escolha do Roger foi interessante. Honestamente, achava uma contratação difícil, mas aí vai o mérito para Diego e Guilherme. Roger, Paulo Paixão, a comissão vem realizando um trabalho que agrada internamente e externamente. Estamos esperançosos de fazer grandes campanhas.

 

Foto: Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia

 

A partir do ano que vem, se começa a falar em eleição no Bahia. Pensa em ser candidato?
Rapaz, tive a oportunidade de ser candidato, mas optei por não fazer isso. Todo mundo só vê o lado positivo, mas só quem vive sabe o desgaste. Felizmente, Guilherme e Vitor não viveram uma forte crise. Quando fui eleito vice-presidente, tinha 29 anos. Não acho que minha idade atrapalhou o trabalho, mas atrapalhou minha vida pessoal e me causou problemas que pesaram para eu não optar por me candidatar. Mas desenvolvendo esse trabalho, me surgiu o interesse de uma função técnica que é a que ocupo hoje. Acredito que tem muita coisa para acontecer e não serei eu que irei começar esse processo. Não estou com intenção de mexer nessa fogueira.

 

Outra fogueira é a possível saída de Bellintani para a Prefeitura. Conversaram sobre isso?
Eu não tive conversa com Guilherme sobre isso. Sempre que esse tema é abordado, ele reitera o foco no Bahia. O fato de Guilherme ser uma opção foi uma das coisas que me fez ficar tranquilo com a decisão de não ser candidato. Ele vem tendo sucesso nas empreitadas e é natural que ele seja cotado em uma eleição municipal. Quando conversei com ele lá atrás, antes da eleição, ele me contou que queria fazer um trabalho. Se tem uma pessoa que pode fazer um bom trabalho e eu posso cuidar da minha vida, acho que foi uma excelente decisão tanto pessoal como para o clube. Para mim, as coisas estão em um patamar razoável e espero que tenhamos essa paz para seguir um bom trabalho no clube.