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Entrevista

Candidata à presidência do Vitória, Isaura Maria quer investir nas divisões de base

Por Glauber Guerra / Gabriel Rios

Candidata à presidência do Vitória, Isaura Maria quer investir nas divisões de base
Foto: Paulo Victor Nadal / Bahia Notícias

Isaura Maria, candidata à presidência do Vitória, colocou a divisão de base como uma das prioridades caso seja eleita no pleito da próxima quarta-feira (24). “O carro-chefe é o futebol. A divisão de base. Tínhamos no Vitória do Infantil ao Júnior. Depois apareceu o Sub-23, que agora a moda é Arena e sub-15, Sub-11, Sub-12, Sub-16, Sub-17, Sub-23. Se tem uma divisão de base que possa tirar jogadores como Paulo Isidoro, Vampeta, Alex Alves, Rodrigo, Flávio Tanajura, Matuzalém, Bebeto... teremos no time principal 50% da base”, afirmou.

 

Primeira mulher postulante à presidência do Vitória, Isaura destacou a importância do feito. "Me sinto muito orgulhosa. Minha vice [Iraci Teixeira] fez um depoimento para mim chorando, que é uma verdadeira rubro-negra. Trabalhamos juntas na Petrobras. Na minha chapa não tem nenhum que já passou. O Vitória tem alguma diretora mulher? Nunca teve. Talvez tenham medo da massa encefálica da mulher. Nós temos provado isso. Como têm homens com a massa encefálica ruim e mulher também. Me sinto muito orgulhosa de representar a torcida feminina. Tenho sido procurada por elas, para que entre lá e também participe. A mulher tem que participar. Rosicleide foi chamada de maluca dentro do Barradão, então temos que nos impor. Temos a barreira em todas as profissões, inclusive quando exercemos as mesmas que os homens e ainda assim ganhamos menos”, pontuou.

 


Foto: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias

 

O que te motivou a se candidatar à presidência do Esporte Clube Vitória?
O que me motivou a ser candidata do Esporte Clube Vitória foi ter um amigo como o Luis Santos e Santos. Sem ele, junto com o Dr. Ribeiro, eu não estaria [aqui], pois é o meu suporte emocional e profissional. Além da situação que o Vitória se encontra atualmente. Quero deixar uma coisa clara para o torcedor: o Vitória foi feito um clube familiar. Os jogadores eram filhos, sobrinhos... Time de quintal de casa. Tornou-se profissional, mas a mentalidade sempre foi o Vitória ser um time de elite. Nasceu no Corredor da Vitória, um dos bairros mais clamorosos de Salvador. O Vitória é um poço de vaidade, como sempre foi. Eles não pensam no futuro do clube, o torcedor atual também só pensa no Vitória título, e não no Vitória de um, dois, dez, duzentos anos. Eu vou morrer, alcancei meu clube centenário, mas outros vão chegar a 200 anos. Alguns torcedores ligavam para mim: "Dona Isaura, a senhora tem que ir porque a senhora nunca foi diretora". A coisa é tão fechada, que para ser diretor do clube, não é competência, é amigo de um e de outro. Cada presidente que chega demite todo mundo, ele não olha a competência do funcionário. Me perguntaram se irei demitir se eu for eleita. Não, por quê? Vamos chamar, conversar e ver. Pode até ser que uma peça esteja trabalhando no lugar errado e vamos achar o lugar certo. Dida, quando foi para o Vitória, foi para ser centroavante e acabou como goleiro. Então, a gente vai vendo a parte que é para ser feita dentro do clube. Quando ouço tanta gente dizer que é rubro-negro desde pequeno... Para mim, todos esses que estão aí chegaram de paraquedas. Não vi trabalho nenhum. O único que considero que não é de paraquedas é Raimundo Viana, Alexi Portela Filho, porque o pai dele deu uma continuidade a ele. Meu pai pouco se fala, pois era Jorge Conceição, não era Catharino, não era Gordilho... Todo mundo hoje era rubro-negro desde pequenininho. Por que eu não via esses rubro-negros na época que o Vitória precisava? Que não tinha conta em banco? Cansei de pegar o borderô na federação, assinar e ir pagando de um a um, pois não tinha banco para dar. O Vitória cresceu, conseguiram colocar o clube como Vitória S/A. Foi aí que degringolou toda a situação do nosso Vitória. Hoje a gente encontra um clube com brigas e discussões dentro da própria torcida. Nunca vi isso. O sócio é para estar na diretoria brigando, querendo saber o que acontece no clube. O sócio-torcedor tem que ir para o estádio torcer. O cidadão que diz que é Vitória e que não vai para o estádio ver seu time jogar porque não está tendo uma boa apresentação, eu não considero um rubro-negro. Se você tiver um filho que tenha um problema, você não vai o abandonar. Você fará de tudo para que ele se recupere. O torcedor do Vitória não. Na hora que o clube mais precisa dele, ele some. Nós temos uma casa que não deve nada ao Sul. É o Barradão. No entanto, você tem um jogo com 800 pessoas. Para mim é demais.

 

O que você tem de projeto para atrair o torcedor de volta ao Barradão? Existe algum projeto até de melhoria da praça esportiva?
Eu não vejo nada para melhoria da parte esportiva do Barradão. É um estádio perfeito. O que temos que fazer é trazer o torcedor para dentro do estádio. Quando o Vitória conquista algum título, você vê algum torcedor símbolo entregando a faixa? Não. Quem entrega são os familiares da diretoria. Quem deveria entregar é a torcida. Meu foco principal é trazer os torcedores. Todo torcedor é técnico. Estou acompanhando o Vitória jogando e todo mundo diz para fazer mudanças na equipe. A gente quer esse pessoal dentro do clube para dizer o que pensa. Criticar é bom, mas precisa o torcedor estar mais próximo da gente. Quem faz a festa é o torcedor. Temos que ter mais transparência. No Sou+ Vitória é sempre problema. Se paga no cartão, vence num dia e ele tira da lista de pagamento, como aconteceu com meu vice-presidente. Ele não tinha tempo, pois não computaram. Querem que apresente o extrato de conta do cartão que pagou, e ele fará isso porque eu vou querer. São essas coisas que a gente tem que facilitar para o torcedor. Doei o título proprietário do meu pai para o Vitória, e também sou. Como viajo muito, eu interrompia o meu de pagamento. Quando pedi para ser débito em conta, não tem. Hoje está tudo tão fácil... Por que não facilitar? O torcedor para mim é o ponto principal da nossa administração. Quero resgatar os torcedores, inclusive os antigos que o Vitória expulsou.


Foto: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias

 

Sua candidatura tem uma importância histórica por ser a primeira candidata mulher à presidência do Vitória, e em uma chapa 100% feminina, pois sua vice também é mulher. Queria que você falasse sobre isso, pois depois de muito tempo, numa instituição centenária como o Vitória, só agora uma mulher está se candidatando à presidência do clube.

Me sinto muito orgulhosa. Minha vice fez um depoimento para mim chorando, que é uma verdadeira rubro-negra. Trabalhamos juntas na Petrobras. Na minha chapa não tem nenhum que já passou. O Vitória tem alguma diretora mulher? Nunca teve. Talvez tenham medo da massa encefálica da mulher. Nós temos provado isso. Como tem homens com a massa encefálica ruim e mulher também. Me sinto muito orgulhosa de representar a torcida feminina. Tenho sido procurada por elas, para que entre lá e também participe. A mulher tem que participar. Rosicleide foi chamada de maluca dentro do Barradão, então temos que nos impor. Temos a barreira em todas as profissões, inclusive quando exercemos as mesmas que os homens e ainda assim ganhamos menos.

 

Qual é sua proposta carro-chefe?
O carro-chefe é o futebol. A divisão de base. Tínhamos no Vitória do Infantil ao Júnior. Depois apareceu o Sub-23, que agora a moda é Arena e sub-15, Sub-11, Sub-12, Sub-16, Sub-17, Sub-23. Se tem uma divisão de base que possa tirar jogadores como Paulo Isidoro, Vampeta, Alex Alves, Rodrigo, Flávio Tanajura, Matuzalém, Bebeto... teremos no time principal 50% da base. Quando fomos vice-campeões foi assim. Claro que teremos que pegar pessoas com mais experiência. A mescla é importante. Ninguém pode fazer sozinho, mas o carro-chefe é o futebol. O torcedor vive de resultado, não de planejamento. Temos que planejar e alavancar o futebol. Eu fazia uma brincadeira na divisão de base com o Marcone. Eu levava caixas de pãozinho delícia e distribuía após os jogos. Eles diziam que era a força deles. A gente batia papo... O que sinto hoje é que você não tem do jogador aquele amor à camisa. Às vezes você perde, mas jogou e lutou até o fim. Já vi o Vitória perder título com 30 segundos para o término do jogo, então a minha visão é a divisão de base. Por isso coloquei um diretor que tem um certo conhecimento. Sabemos que para ter um bom futebol é preciso ter um bom relacionamento com a Fifa, com outros países... Por exemplo, tenho contato com Argentina, Uruguai, Colômbia, todos da Série A para um emergencial. Dinheiro não se tem, mas iremos ver o que tem aqui e, se não servir, poderá ser útil lá e vice-versa. O que não podemos é trazer gente de fora que jogue uma partida e fique quatro contundido. Temos que fazer esse intercâmbio imediato. Temos investidores, estamos negociando e conversando para que a gente possa alavancar com esses investidores. Temos o Barradão como local bom para se ganhar dinheiro. Temos torcedores que são artistas. Ninguém faz mais nada de graça, nós temos uma mulher que é rubro-negra, que é Ivete Sangalo. Tem a Daniela [Mercury], tem o Tatau, o Durval Lelys, Xandy e Carla Perez. Ele faz a "Melhor Segunda-feira do Mundo", não podemos trazer para o estacionamento do Barradão? O valor dele é esse, o do Vitória é esse... Todos ganham. Podemos fazer o turismo interno. Para ser grande, você tem que crescer. O torcedor tem que parar de achar que o clube tem que dar de graça. Fazer o turismo dentro do clube para o torcedor conhecer tudo. Tem torcedor que não conhece a concentração do Vitória. É uma concentração cinco estrelas. A nossa função no futebol é trazer novamente a alegria do estádio.


Foto: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias

 

Qual recado você deixa para o torcedor do Vitória?
O meu maior desejo é estar dirigindo o Vitória com o torcedor. Sempre cobrei ao Alexi e ao Raimundo Viana, e agora pretendo fazer uma sala exclusiva para o torcedor. Com ar-condicionado, história do clube... Tínhamos o terreno que hoje é o Hemoba. Tem torcedor que não sabe. Quero que esse torcedor venha para a gente. Quero que o conselheiro antigo volte para o clube, para ter o prazer de dizer que está no clube que ama. Agora, para você torcedor eu vou pedir Isaura 33, no dia 24. Vote consciente. Tenho certeza que você não irá se decepcionar, pois Isaura é rubro-negra e isso ninguém irá tirar. Não tenho interesse pelo clube, mas sim interesse pelas valorizações do clube. Aguardo todo torcedor lá. Estou participando desse pleito, mas decepcionada pelas atitudes tomada pela Comissão Eleitoral. Se meu vice-presidente não pôde ir por não ter tempo suficiente, por que o presidente de uma das chapas foi homologado? O que é para um, tem que ser para todos. Não vou deixar assim. Levarei adiante e não aceitarei. Candidato a presidente que se respeita não coloca seu clube na Justiça. Isaura Maria é rubro-negra e isso ninguém pode tirar.