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Entrevista

Ednaldo nega 'apego ao poder', se diz contra torcida única e explica futura função na CBF

Por Glauber Guerra

Ednaldo nega 'apego ao poder', se diz contra torcida única e explica futura função na CBF
Foto: Priscila Melo/ Bahia Notícias

Próximo de deixar o comando da Federação Bahiana de Futebol (FBF) após 16 anos no posto, Ednaldo Rodrigues negou que tenha “apego ao poder”, uma das principais críticas do seus opositores.  “Eu respeito toda crítica. A gente tem sempre que respeitar a opinião dos outros. Nesse ponto, eu não tenho culpa porque são os filiados que votam. (...)  Não é um tempo que a vontade toda do presidente ou a ânsia de poder é que está lá, é uma imposição dos filiados para que a gente possa continuar fazendo o trabalho”, afirmou. O dirigente ainda explicou o motivo de desistir da reeleição e apoiar Ricardo de Lima, atual vice-presidente da entidade. “Desde a eleição passada eu já pensei em não ser candidato. A gente tinha essa pretensão. O futebol pertence aos filiados e a gente vinha evoluindo as conversas neste ano. O Ricardo já estava bem preparado desde a outra eleição e Manfredo [atual diretor jurídico, que será candidato à vice] também. Ouvimos os filiados, que são os clubes da Primeira Divisão, da Segunda e as Ligas Municipais. Alguns queriam que eu continuasse presidente. Mas temos outros projetos como a vice-presidência da CBF, que vai abrir horizontes e fortalecer o futebol baiano. E os filiados sinalizaram positivamente o nome de Ricardo para a presidência da Federação”, pontuou. O cartola ainda revelou ser contra a torcida única nos Ba-Vi’s e explicou como irá desempenhar a função de vice-presidente da CBF, cargo que ocupará a partir de 2019.  

 

Uma das queixas dos clubes da Bahia é sobre a premiação do Campeonato Baiano. Lógico que tem alguns benefícios como vagas na Copa do Brasil, Copa do Nordeste, Série D... Enfim. Mas, alguns clubes do interior se queixam querendo uma premiação em dinheiro para os primeiros lugares. Existe algum projeto da Federação para que, em um futuro próximo, o Campeonato Baiano dê, além das medalhas, uma premiação em dinheiro?

Sim, existe. Esse pensamento não é de agora e nem para o futuro. Nós já pensamos nisso faz um tempo, mas pelas receitas do próprio campeonato seria quase impossível ter uma premiação para a equipe campeã que fosse condizente com a própria competição. Não seria apenas colocar um prêmio simbólico, mas sim uma premiação que pudesse despertar o interesse de todos os clubes que participaram da competição. Na época, nós buscamos isso através da própria Schin, que patrocinou o Campeonato Baiano, e da Caixa Econômica e tivemos avanços nesse sentido. Esse ano poderia acontecer o patrocínio da Caixa, mas terminou não sendo viabilizado por conta da redução de orçamentos da Caixa. Mas, [a Caixa] tem a proposta da Federação Bahiana e com certeza poderá ser consolidado em 2019. Aí teremos condição de colocar uma premiação condizente com a própria competição. Independentemente dessa situação, nós entendemos também que há aqueles clubes que se classificam para uma Copa do Brasil, como, por exemplo, o Fluminense, que participou de duas fases da competição e poderia até ter disputado a terceira, e que teve receitas de quase R$ 800 mil. Têm situações que, às vezes, os clubes falam de uma premiação, mas também é interessante que possam se apresentar de uma forma técnica bem mais forte para que a premiação não fique sempre destinada para os principais clubes que têm disputado a final do campeonato baiano. Portanto, não é de agora que estamos planejando ter premiação, isso vem de antes, mas não foi possível ainda. Nós acreditamos que poderá acontecer em 2019. 

 


Foto: Priscila Melo/ Bahia Notícias

A torcida única, recomendada pelo Ministério Público, é um dos principais debates no futebol baiano. Qual sua opinião sobre isso? Você acha que o caminho é esse ou deve existir um estudo melhor para achar uma alternativa?

A Federação é totalmente contra a torcida única e ela não fala isso apenas por falar. Se você abrir o regulamento da competição, estará lá "disponível para a equipe visitante até 40% da capacidade do estádio". Isso quer dizer que a Federação aposta e acredita que as duas torcidas dão mais embelezamento em um jogo emocionante, não só em Ba-Vi, mas em qualquer outro jogo que o clube possa exercer esse direito de querer até 40%. A gente quebrou aquele estilo que seria 90% e 10%. Por outro lado, a Federação sempre vai analisar com muita responsabilidade as demandas que são feitas pelo Ministério Público e principalmente chanceladas pela Polícia Militar do Estado da Bahia. Se você verificar, em abril de 2017 houve também aquela posição do Ministério Público e os clubes e a Federação foram de encontro. Ela [a Federação] não atendia a recomendação. Depois, ele [o MP] mandou a recomendação para a CBF, que determinou que isso realmente tinha que acontecer. Mas houve naquele momento uma contestação, até porque se tinha uma experiência de uma torcida mista em um Ba-Vi que houve uma confraternização entre as duas torcidas. Então nós temos a questão de ser contrários a essa recomendação, mas os clubes não contestaram. Se contestá-la, de forma isolada, toda a responsabilidade que tiver relação com indisciplina, atos de violência ou até mortes, seria creditado a quem não foi pela recomendação. Portanto, a Federação ouviu muito sua assessoria jurídica e terminou acatando a recomendação.

 

A novidade, na semana passada, foi o convite que Rogério Caboclo fez para você ser um dos vice-presidentes da CBF, já que a partir de 2019 o número irá subir de 5 para 8. Como surgiu esse convite?

Na realidade, o convite foi do Rogério Caboclo com os seus pares da diretoria e chancelado pela maioria dos seus colegas presidentes. Isso não foi por mero acaso, foi por conta de um trabalho que a gente desenvolve na administração do futebol da Bahia, com reflexos positivos na mídia nacional e na própria CBF. Há dois anos, eu fui um dos coordenadores do Comitê de Reformas do Estatuto da CBF e esse comitê não foi só a parte administrativa de uma mudança estatutária, mas um avanço muito grande em situações nas quais o futebol pudesse ser mais depurado, técnico e ter mais organização. Participamos desse comitê, [que contou com] atletas como Edmilson, Ricardo Rocha, o treinador Parreira, Carlos Alberto Torres, na parte da arbitragem Sérgio Corrêa, Ana Paula Oliveira, o Doutor Caio representando o STJD... Enfim, foram reformas significativas que nós tivemos a honra de liderar, e ficamos honrados com o convite porque já tínhamos um trabalho de cobrar melhorias para o futebol brasileiro e, principalmente, pontuar a nossa região. Eu queria agradecer porque isso só foi possível por causa da credibilidade que os nossos filiados aqui da Bahia nos dedicam. Isso foi possível porque tendo um mandato de presidente da Federação Bahiana de Futebol, outorgado por esses clubes e ligas municipais, tivemos, no desenvolvimento do nosso trabalho, uma referência perante a opinião pública do eixo Rio-São Paulo. 

 

Como o novo cargo pode ajudar a fortalecer o futebol baiano?
Primeiro, temos que ter uma postura que não seja bairrista. Nós temos que pensar na nossa região ou em qualquer outra demanda nacional, porque isso faz com que, consequentemente, as melhorias venham. Quando nós reivindicamos melhorias na Série D do Campeonato Brasileiro, José Maria Marin ainda era o presidente. Eu fui bastante implacável com relação a essas alterações, tanto que, naquele momento, não estava apoiando o presidente. Depois, ele me perguntou por que eu estava tão arredio e eu falei que haviam muitas mudanças que não foram feitas e que o presidente anterior, Ricardo Teixeira, tinha prometido e não tinham acontecido. Uma delas era a Série D. O presidente pediu um voto de confiança. Todos os clubes que ganhavam acesso à Série D iam pedindo para não participar porque eles tinham que bancar tudo. E a nossa reivindicação foi que tivesse uma competição bancada totalmente pela CBF, e isso foi possível. E hoje, se você verificar a Série D, o campeonato tem transporte aéreo para distâncias superiores a 700km, hospedagem, alimentação, translado, arbitragem. Isso foi possível por conta das reivindicações. E eu vou seguir nessa mesma linha: reivindicar naquilo que hoje, no futebol nacional, a gente sabe que existem carências. Reivindicando a nível nacional ou da nossa região, com certeza estaremos apoiando o futebol do nosso estado. Terá situações pontuais que nós vamos sim reivindicar, mostrando deficiências que o futebol do estado está atravessando. Pode ser alguma deficiência que não tenha em Pernambuco ou Ceará. 


Foto: Priscila Melo/ Bahia Notícias

 

Você está há 16 anos na frente da Federação. Muitos criticam essa longevidade porque defendem que tem que existir substituições periódicas no poder. Como você vê avalia essa crítica? 

Eu respeito toda crítica. A gente tem sempre que respeitar a opinião dos outros. Nesse ponto, eu não tenho culpa porque são os filiados que votam. Quando eu digo filiados são os clubes da Série A do Campeonato Baiano, da Série B e Ligas Municipais que estão inseridas no ordenamento desportivo. Então, isso é um apoio pelo trabalho que nós temos dedicado muito ao futebol da Bahia, e que não é pouco. Apesar desse tempo, nós tivemos que fazer muitas melhorias no futebol da Bahia que vieram de base. Nas competições em outras administrações, principalmente Campeonato Estadual, a preocupação do dirigente era  fazer uma fórmula que desse oito Ba-Vi’s. Se você for pesquisar lá atrás, teve ano com até mais que oito Ba-Vi’s em uma competição. Quando nós assumimos, isso estava afastando os clubes do interior das disputas. Fizemos umas fórmulas bastante criativas, do agrado dos torcedores, e, logo no primeiro ano, houve uma mudança de fórmulas na qual colocamos que uma competição teria que ter o mínimo de Ba-Vis possível: em uma fase classificatória, dois Ba-Vi’s, e se tivesse uma outra fase chegaria no máximo a quatro. Então nós reduzimos à metade a quantidade de Ba-Vi’s porque estava depreciando o clássico. Tiveram Ba-Vi’s que, por causa da quantidade de realizações, o público foi de 10 mil torcedores. Isso oxigenou o interior. Em 2001, a disputa foi entre Juazeiro e Bahia. Inclusive, quem jogava por dois resultados iguais foi o Juazeiro, e o Bahia terminou vencendo o campeonato. Mas foi dentro de campo e teve condição de um clube do interior ser o campeão. Em 2002, repetindo a fórmula mais uma vez, uma disputa de um clube da capital, que dessa vez foi o Vitória, contra o Fluminense de Feira, no Barradão. Em 2003, foi Catuense contra o Vitória. Em 2004 e 2005 tivemos Ba-Vi’s dentro de campo, e em 2006 a conquista inédita do Colo Colo disputando contra o Vitória no Barradão. Em 2007 teve o Ba-Vi e em 2008 quatro clubes tinham condições de ser o campeão: Conquista, Itabuna, Bahia e Vitória. O helicóptero ficou sem saber se ia para Camaçari, onde jogava Bahia e Conquista, ou para o Barradão, onde estavam Vitória e Itabuna. Em 2011 veio o Bahia de Feira, que foi campeão contra o Vitória no Barradão. Em 2015 veio o Vitória da Conquista contra o Bahia, que depois de ter ganhado o jogo por 3x0 [primeiro tempo], perdeu por 6x0 [segundo tempo]. Esse ano, você verificou os quatro clubes com a Juazeirense e o Bahia de Feira chegando próximo. Nós modificamos muito essa parte do conceito do que é fazer futebol. Não excluindo aqueles que também têm um bom estádio, que não são iguais ao da Arena, o de Pituaçu, o Barradão, mas são estádios que não se pode desprezar como o Adauto Moraes, Lomanto Júnior, Valdomiro Borges, Joia da Princesa e etc. Isso eu estou falando da parte profissional, porque da parte intermunicipal nós não tínhamos quase nada. Havia muitas seleções disputando a competição e era muita quantidade e pouca qualidade. Nós fizemos o inverso porque quantidade não é qualidade. Primeiro: organizamos a qualidade administrativa das ligas, que antes tinha um ofício dizendo “a liga pretende filiar-se”, que dava a liga como filiada e tinha que se constituir juridicamente. Foi um trabalho de formiguinha. Começamos também a implantar as melhorias em praças esportivas do interior porque não tinha acomodações para repórteres, vestiário para o árbitro. Isso foi se modificando e o intermunicipal se qualificando e hoje é uma competição que tem 60 anos e que tem sido respeitada e elogiada por todos os críticos, não só do nosso estado como de uma forma nacional. A competição revelou e ainda revela atletas para o futebol do mundo. Se você verificar os atletas que passaram por Campeonato Intermunicipal e integraram a Seleção brasileira e foram campeões, como o tetracampeão de Banco da Vitória Aldair, Edilson, que jogou pela Seleção de Castro Alves, sem ter passado pelo futebol baiano, Júnior Baiano, que jogou na seleção de Poções como centroavante e despontou na Seleção do Flamengo, Júnior Nagata pela Seleção de Santo Antônio de Jesus, Liedson pela seleção de Valença, Bobô pela seleção de Senhor do Bonfim, Paulão, que hoje está no Vasco e passou pela seleção de Simões Filho, e tantos outros atletas. É uma competição de aceitação total de todos. Nós começamos a trabalhar muito fomentando o futebol nos municípios para que as seleções pudessem ter a própria prata da casa trabalhando nos campeonatos intermunicipais, sendo atletas. Porque antes vinham seleções prontas, atletas faziam reversões de categoria. Era um time todo para jogar em uma seleção intermunicipal. Nós disciplinamos o Campeonato Intermunicipal, limitamos a idade dos atletas para que as seleções pudessem ter o mesmo patamar com uma mesma faixa etária de atletas, e excluímos o atleta profissional. Hoje, o atleta profissional para jogar no Intermunicipal tem que ter reversão no ano anterior para jogar no ano seguinte. A Federação hoje não tem nenhum custo com o Campeonato Intermunicipal e isso é [fruto] de um trabalho que nós viemos fazendo há mais de cinco anos. O Intermunicipal não tem inscrição da Seleção para jogar no campeonato, não é cobrado. Também não é cobrado inscrição, transferência e reversão de atletas. A Federação disponibiliza bolas, redes, os materiais, os uniformes. Isso se chama trabalho. Eu já tive vontade de falar "só vou até esse mandato", aí quando começaram a surgir algumas candidaturas que colocava em risco todo um trabalho de investimento que esses clubes fazem e sabendo que aquela pessoa que estava ali pretendendo [o cargo] não era uma pessoa que era bem aceita pelos filiados, principalmente dos clubes profissionais, pediam que nós fôssemos novamente candidatos. Internamente em nossa diretoria também já tive reuniões para que aqueles que estivessem mais preparados seguissem adiante, como foi o caso de Manfredo e Ricardo. Eu me sinto ainda com condições de dar continuidade a esse trabalho porque não é só o trabalho aqui. Nós representamos clubes principais do futebol brasileiro, temos Bahia e Vitória na Série A, ou o próprio Bahia na Sul-Americana, como poderia estar na Libertadores. E tem, lá fora, uma representação muito grande que a pessoa que ganha uma eleição vai conquistar depois de muito tempo, como o acesso ao Ministério de Esportes, à Câmara de Deputados por causa de algumas leis que são abusivas com o próprio desporto e que nós precisamos estar lá buscando, ao STJD e tantos outros. Os nossos filiados confiam e acreditam. Não é um tempo que a vontade toda do presidente ou a ânsia de poder é que está lá, é uma imposição dos filiados para que a gente possa continuar fazendo o trabalho.

 

E por qual motivo o senhor desistiu da sua reeleição para apoiar Ricardo de Lima?

Desde a eleição passada eu já pensei em não ser candidato. A gente tinha essa pretensão. O futebol pertence aos filiados e a gente vinha evoluindo as conversas neste ano. O Ricardo já estava bem preparado desde a outra eleição e Manfredo [atual diretor jurídico, que será candidato à vice] também. Ouvimos os filiados, que são os clubes da Primeira Divisão, da Segunda e as Ligas Municipais. Alguns queriam que eu continuasse presidente. Mas temos outros projetos como a vice-presidência da CBF, que vai abrir horizontes e fortalecer o futebol baiano. E os filiados sinalizaram positivamente o nome de Ricardo para a presidência da Federação. 

 

Não deu, para esse ano, o árbitro de vídeo. A FBF pensa em implantar para o ano que vem?
A Federação seguiu todos os trâmites que a Fifa exige com relação ao árbitro de vídeo: primeiro expomos no regulamento da competição, depois a solicitação oficial à Fifa via CBF. Porém, a Fifa demorou na resposta. Inclusive, ontem, o presidente da Escola de Arbitragem, Sérgio Corrêa, estava em Londres buscando o árbitro de vídeo, tanto para a Federação de Santa Catarina quanto para a Federação Bahiana. Então a Federação deixa para o próximo ano em finais ou semifinais e aí nós vamos tratar esse assunto diretamente com os clubes e na ocasião do Campeonato Estadual.

 

Outra queixa dos clubes é a cota dos direitos televisivos. Algumas pessoas consideram a cota baixa, quando comparada com outros estaduais. O senhor já levou esse pleito para a emissora?
Eu concordo plenamente com os clubes. A Federação tem sido bastante atuante nesse sentido para que esse contrato possa ser revisto. Primeiro, a Globo assiste aos clubes Bahia e Vitória porque são os puxadores de audiência. Eles aceitaram aquele contrato, e a Federação também teve que aceitar, mesmo sabendo que era um valor pequeno (assim como o Bahia e Vitória também sabiam que era um valor pequeno). Mas não tanto quanto se tornou depois, porque houve algumas situações que fizeram com que o contrato daqui não fosse tão significativo. Quando a renovação foi feita, os dois principais clubes estavam na Série B. Naquele momento, houve mudanças na própria Rede Globo com a saída de Marcelo Campos Pinto e era incerta a renovação de alguns contratos. Depois, os contratos que foram melhorados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Aqui não tinha nenhuma outra empresa que tinha interesse em um contrato [para transmitir] o futebol baiano. Quando Minas Gerais, Rio de Janeiro e outros estados fizeram a renovação deles, havia o Esporte Interativo querendo a competição. Situação que nós falamos, mais de uma vez, de forma oficial no Rio de Janeiro, junto com os ex-presidentes Marcelo Santana, Ivã de Almeida e o atual diretor da Globo Fernando Manuel. Depois disso, teve avanços e ele está verificando os ajustes do contrato, que vai até 2020.

 

O Esporte Interativo já fez algum tipo de sondagem para cobrir o Campeonato Baiano?
Sondagem faz, mas oficialmente não. Eu já pedi que eles fizessem de uma forma oficial e não apenas na suposição. Nós esperamos que haja alguma coisa palpável. 

 

Recentemente teve uma reunião na Federação Bahiana de Futebol para captar recursos por meio do Ministério do Esporte. Como foi isso? 
Essa parceria consiste em colocarmos para os nossos clubes que a Federação sempre estará à sua disposição em tudo, principalmente nas reformas estatutárias dessas agremiações, porque para captar recursos perante o Ministério dos Esportes tem que ter um estatuto que esteja adequado ao Profut. Ainda que o clube não tenha aderido ao Profut, tem que ter as normas de um estatuto que permita que a sua gestão seja uma gestão aberta e transparente. É lógico que a gente sabe que os clubes têm a parte transparente, mas tem que botar no documento e no estatuto. Reforma de CTs, fazer CTs, trazer recurso para viabilizar competições, melhorar as divisões de base, tudo isso é possível e tem muita verba no Ministério do Esporte. Por isso que nós entramos nessa parceria, para que esses clubes tenham representação perante aos órgãos públicos e não só Ministério do Esporte, como a Caixa Econômica, o Correios e outros segmentos públicos que têm verba destinada ao esporte e também ao futebol. Ao invés de fazermos um projeto que fique três meses lá e volte porque estava com erro, é interessante ter essas parcerias e a Federação vai bancar porque não há nenhum clube que possa desembolsar para isso. Porém, eles têm que demandar para nós tudo o que eles pretendem. Por exemplo, o Vitória da Conquista tem projeto no Ministério do Esporte que já está em andamento. Se ele tiver qualquer dificuldade nesse andamento, a Federação já está à disposição para que possa solucionar aquilo que está pendente. Tem um clube que tem um projeto ainda embrionário, que ainda não enviou, a gente dá toda a chancela para que aquele projeto vá para lá e possa ser agraciado e não ser devolvido. Então, é uma parceria muito importante para o nosso futebol e para que os nossos clubes possam ter acesso a esses incentivos do Ministério do Esporte e isso vai fazer com que essas receitas possam melhorar suas estruturas.

 

Em entrevista ao Bahia Notícias, Ademir Ismerim fez duas críticas ao senhor: sobre a sua forma de gestão e sobre a questão da longevidade no cargo. Como o senhor recebe essas críticas?
Eu procuro respeitar a opinião dele. Não concordo porque os filiados, que têm a legitimidade, não estão cobrando essas situações: gestão e transparência. Eles são informados plenamente de todo o trabalho que fazemos. Às vezes têm pessoas que só conhecem o trabalho apenas do "ouvi dizer, acho que é assim", sem ser muito decisivo no que está falando. Não estou respondendo a ele, se é esse o caso, mas na realidade eu tenho a tranqüilidade e a consciência de que a gente procura fazer o melhor trabalho possível. É claro que esse trabalho terá críticas que concordam ou discordam. E temos que respeitar todas as críticas. Das construtivas temos que tirar proveito para não acharmos que somos o Deus da Verdade, e as pejorativas a gente ignora. E aquelas que têm cunho de atingir a dignidade das pessoas são encaminhadas para o jurídico. 


Foto: Priscila Melo/ Bahia Notícias

 

O que tem de novidade para o futebol feminino?
O futebol feminino é um segmento que terá um destaque muito grande no Brasil. Inclusive, hoje, o licenciamento de clubes fez parte do Comitê de Reformas. Por exemplo, para disputar o Campeonato Brasileiro de 2019 da Série A, o clube terá que ter uma equipe de futebol feminino. E isso realmente vai crescer. Nós temos investido no futebol feminino aqui, até para fazer justiça ao antecessor que foi Virgílio Elísio. Demos continuidade ao trabalho dele nessa parte. Crescemos e temos investido. Antes, na administração passada, eram cobrada inscrição dos clubes e atletas, taxas etc. Hoje, é totalmente isento o futebol feminino. A Federação banca todo o futebol feminino sem que um centavo venha delas, como arbitragem, parte de materiais esportivos... Sem ter patrocínios para essa modalidade. Mas eu diria que o trabalho do futebol feminino aqui da Bahia tende a crescer. Nós criamos a Caravana do Futebol Feminino, que chega ao interior do estado com a equipe técnica, formada pelo professor Mário Filgueiras, Michelinho do Flamengo de Feira e pela Jogadora Solange, ex-Seleção Brasileira, para fazer uma garimpagem de atletas. De 200 a 250 atletas são vistas em um torneio e dali saem cerca de 10 atletas que são os destaques. E a gente traz essas atletas para direcionar, por sorteio, para os clubes que precisam delas naquela posição. Isso já aconteceu muito e foi elogiado por parte da própria CBF. Isso fez com o que nós fomentássemos o futebol feminino. Saímos de 8 para 18 clubes jogando futebol feminino e a tendência é ter 20 clubes jogando neste ano. Além de termos o São Francisco do Conde na Série A, nós temos hoje o Lusaca na Série A2. Lusaca e Cajazeiras, nessa parceria que o [deputado] Manassés colocou. Isso é importante para que a gente saiba que não estamos sozinhos e que o trabalho que estamos fazendo está gerando frutos que possam fortalecer o futebol feminino. 

 

Como a Federação tem contribuído para fomentar a base?
Nós temos feito dentro de um crescimento muito acentuado da base. As competições de base, que antes tinham um campeonato Sub-20, tinham 10 clubes na série A, 10 clubes do Sub-20 na Série A. Tiramos a competição casada para termos mais clubes disputando a base e fizemos de uma forma regionalizada para evitar o custo que era muito alto. Ir de Vitória da Conquista para jogar em Juazeiro são quase mil quilômetros e o Sub-20 tinha que ir junto, eram duas despesas. O que nós fizemos? Dividimos em grupos regionalizados. Conquista está jogando com Poções, com Jequié. Jacobina está jogando com Juazeiro e Fluminense. Então regionalizamos para que a base esteja forte. Se você verificar, há muito tempo a principal competição da America Latina de base, que às vezes era o Sub-20 ou Sub-19 que é a Copa São Paulo de Futebol, só eram Bahia e Vitória que participavam. Hoje, a Bahia tem quatro vagas que temos colocado esses clubes que chegam até o quarto lugar. Foi possível que Teixeira de Freitas participasse da competição, assim como o Jacuipense, o Fluminense de Feira... enfim, não só Bahia e Vitória, mas também aqueles clubes que se destacam. O Atlântico também, que disputou esse ano. A competição de base tem atenção total da Federação.