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Entrevista

Sérgio Odilon se diz adaptado ao futebol feminino e vê Vitória em fase de transição

Por Glauber Guerra

Sérgio Odilon se diz adaptado ao futebol feminino e vê Vitória em fase de transição
Foto: Maurícia da Matta/ Divulgação/ Vitória
Sérgio Odilon assumiu o comando da equipe de futebol feminino do Vitória há pouco menos de um mês. Esse é o primeiro trabalho do treinador na modalidade. “Estou adaptado e gosto de desafios”, afirmou. Odilon ainda vê o time em fase de transição, já que muitas atletas não tiveram experiência pelas divisões de base. “Neste período em que estou no comando técnico do futebol feminino, estamos realizando um trabalho de construção com as meninas, pois muitas não tiveram trabalho de base, vieram de projetos, então existe a necessidade de trabalhar com elas todos os fundamentos que o futebol necessita. Não existe nenhum trabalho fácil quando se trata de formar atletas no futebol, é muito desafiador, mas gosto disso, pois tenho prazer naquilo que faço. Pois com pouco tempo no comando já é perceptível a mudança de atitude das meninas, mas isso é só o começo, pois temos muito para melhorar. Estamos na transição do amador para o profissional”, analisou. O Vitória  vive uma fase ruim e ocupa a lanterna do Campeonato Brasileiro com apenas um ponto conquistado. Sérgio reconheceu as dificuldades, mas garante que não faltará empenho na luta contra a degola. “Não estamos em uma situação confortável dentro do Campeonato Brasileiro, pois estamos jogando contra equipes que tem um trabalho direcionado para o futebol feminino com muitos anos a nossa frente. Estamos em uma competição de alto nível, mas vamos lutar até o fim para evitar o rebaixamento e nos prepararmos para o próximo ano. Pois estamos tendo uma boa experiência com a competição”, destacou.

Conte um pouco de sua carreira como jogador de futebol e de sua passagem pelo Vitória.
Iniciei minha carreira de jogador [zagueiro] no Internacional de Porto Alegre em 1980 como juvenil. Depois me transferi para o Caxias do Sul, onde atuei no Sub 20 por dois anos. Em 1984 cheguei ao profissional atuando por cinco anos, e em 1989 fui negociado com o Vitória. No Vitória fui campeão baiano em 1989 e 1990 e fiquei no clube até 1991, quando saí para jogar no Camaçari. Mas atuei somente nos três primeiros turnos. Recebi uma proposta do Fortaleza em 1992. Disputei o campeonato Cearense e fui campeão no mesmo ano. Depois atuei em outros clubes.

Você está quase um mês à frente do Vitória. Qual a sua avaliação até momento? Tem sido mais fácil ou mais difícil do que você esperava?
Estou adaptado e gosto de desafios. Neste período em que estou no comando técnico do futebol feminino estamos realizando um trabalho de construção com as meninas, pois muitas não tiveram trabalho de base, vieram de projetos, então existe a necessidade de trabalhar com elas todos os fundamentos que o futebol necessita. Não existe nenhum trabalho fácil quando se trata de formar atletas no futebol, é muito desafiador, mas gosto disso, pois tenho prazer naquilo que faço. Pois com pouco tempo no comando já perceptível a mudança de atitude das meninas, mas isso é só o começo, pois temos muito para melhorar. Estamos na transição do amador para o profissional.



Foto: Maurícia da Matta / Divulgação / Vitória

Há previsão de que uma mulher integre sua comissão em um futuro próximo?
 As mulheres hoje estão se capacitando assim com os homens, e muitas são competentes no que fazem. Temos um exemplo dentro do futebol feminino com uma jogadora nossa, Katherine [meia], que está na faculdade de educação física. Ela tem um conhecimento amplo do que é o futebol por estar jogando, por isso em alguns anos ela poderá se tornar uma auxiliar técnica ou uma treinadora muito promissora. Não tenho dúvida nenhuma que uma mulher que tenha conhecimento e esteja capacitada poderia sim ser minha auxiliar técnica. Acredito muito na competência das pessoas que se capacitam para exercer qualquer função.

Como você enxergava as mulheres no futebol antes de receber o convite do Vitória?
Eu tinha uma visão do futebol feminino no Brasil como amador, mas muitas mulheres romperam a barreira do preconceito de que somente os homens podiam jogar futebol. Elas lutaram contra tudo e contra todos mostrando o quanto são fortes. Temos grandes exemplos como Marta, Formiga, Christiane entre outras tantas. Quando recebi o convite para assumir o comando técnico do futebol feminino do Vitória foi com muita satisfação, pois como trabalho com futebol tenho o dever de acompanhar jogos de todas as categorias e isso incluiu o futebol feminino. Acompanhei mundiais de seleções, olimpíadas, e alguns jogos do Campeonato Paulista, aí já cheguei sabendo o que iria encontrar.

Você precisou mudar seu trabalho do dia a dia para trabalhar com o time feminino?
O futebol é um esporte de alto rendimento, mas com o feminino temos que planejar treinamentos com cargas e intensidades diferentes dos homens, até porque entendemos que elas não conseguiriam jogar no mesmo ritmo do futebol masculino. No dia a dia dos treinamentos todas as minhas jogadoras são tratadas com igualdade. Todas as informações, sejam nos treinamentos ou em jogos, são baseados em conversa sincera e transparente. Eu entendo que nenhuma das minhas atletas entenderão o que eu quero se gritar ou ofendê-la. Com uma boa conversa eu consigo ter êxito nos treinos. Primeiro eu respeito as minhas atletas para poder ser respeitado. Tem sido assim na minha vida.

Foto: Maurícia da Matta / Divulgação / Vitória

Você pediu conselhos para alguém sobre como trabalhar com um time feminino?
Estou sempre aprendendo. Aprendi muito na base, pois foi uma escola muito especial. No profissional comandei jogadores experientes e foi uma experiência muito gratificante. Quando preciso me reciclar retorno na base. O Vitória hoje não forma só jogadores, forma também profissional de alto nível e competência. Mas hoje trabalhando com o futebol feminino, busco informações com o coordenador da base Luciano Reis, que durante dez anos trabalhou com o futebol feminino nos Estados Unidos. Sei que pela experiência que ele tem posso agregar muito nos meus treinamentos.

Existe alguma diferença entre no aspecto tático do futebol masculino e feminino?
Para mim não existe diferença nenhuma no que se refere aos aspectos táticos. A única coisa que muda é o sexo. As dimensões do campo, as regras e o tempo de jogo são os mesmos do futebol masculino. Posicionamento tático, jogadas ensaiadas, escanteios são treinados com a mesma aplicação para que seja executado nos jogos.
 
Das equipes que treinou, qual foi a mais marcante? Por quê?
Três equipes marcaram muito na minha carreira como treinador. Em 2010 fui contratado para comandar o sub 15 (95) do E.C. Vitória, uma categoria que tinha muitos problemas de indisciplina dentro do clube, e muitos resultados negativos. Quando cheguei no clube já tinha na comissão técnica o preparador físico Lucas Itaberaba (hoje no profissional) e o preparador de goleiros Felippe. Com muita dedicação, conseguimos montar um grupo vencedor. Fomos campeões da copa Brasil sub 15 no ano de 2010 em Londrina (PR). Recebi o prêmio de melhor treinador do Brasil na categoria. Conquistamos o campeonato Baiano sub 15 do mesmo ano. Com estas conquistas despertou o interesse do S.C. Corinthians Paulista e fui contratado para comandar o sub 15. Este time 95 foi a categoria mais promissora, pois conquistou várias competições. Ganhou a Copa 2 de julho invicta e nesta mesma competição ganhou por duas vezes da seleção brasileira. Deste grupo se encontram na equipe profissional o zagueiro Vinícius e o volante José Welisson. Em 2013 comandei a Catuense na segunda divisão. Fazia sete anos que a Catuense não disputava a primeira divisão. Com muitas dificuldades que envolvem o futebol profissional do interior e a nossa dedicação com o clube, também nos treinos, conseguimos o acesso. No ano de 2016 cheguei para comandar o Atlântico na série B. O clube se encontrava na quinta colocação entre os seis clubes participantes. Consegui levar o clube à final, pois ganhamos os dois jogos com excelência que nos deram o título e consequentemente o acesso.



Foto: Maurícia da Matta/ Divulgação/ Vitória

Como você vê o crescimento do futebol feminino no Brasil?
Agora, com a exigência da Fifa e CBF, o futebol feminino é uma realidade no Brasil. O Vitória tem investido com seriedade nesta nova modalidade. Saímos do amador para sermos profissionais e as jogadoras tem assimilado isso. Todas as atletas são tratadas como todas as outras categorias dentro do clube. Temos o apoio da presidência e todos os diretores do clube.

O Vitória vive um momento ruim e ocupa a lanterna do Grupo 2. Você acha que ainda dá para escapar da degola?
Não estamos em uma situação confortável dentro do Campeonato Brasileiro, pois estamos jogando contra equipes que têm um trabalho direcionado para o futebol feminino com muitos anos à nossa frente. Estamos em uma competição de alto nível, mas vamos lutar até o fim para evitar o rebaixamento e nos prepararmos para o próximo ano. Pois estamos tendo uma boa experiência com a competição.