Modo debug ativado. Para desativar, remova o parâmetro nvgoDebug da URL.

Usamos cookies para personalizar e melhorar sua experiência em nosso site e aprimorar a oferta de anúncios para você. Visite nossa Política de Cookies para saber mais. Ao clicar em "aceitar" você concorda com o uso que fazemos dos cookies

Marca Bahia Notícias Holofote
Você está em:
/
/
Entrevistas

Entrevista

Diego Freitas defende construção de autódromo na Bahia e mira a Stock Car em 2013

Por Glauber Guerra

Diego Freitas defende construção de autódromo na Bahia e mira a Stock Car em 2013
Foto: Glauber Guerra / Bahia Notícias

 
O entrevistado da Coluna Esportes desta semana é o piloto baiano Diego Freitas. Com passagens pela Fórmula Renault, Mini Challenge, Stock Car e outras categorias, Freitas conta como começou a sua paixão pelo automobilismo e o seus planos para 2013. “Stock Car é o maior objetivo”, afirma. Ele defende a construção de autódromo na Bahia e considera o esporte fraco no estado, por falta de uma praça esportiva. “Eu particularmente acho o automobilismo baiano  fraco. Não de piloto e sim de competições”,  analisa. Confira.


Bahia Notícias: Como  começou a sua paixão pelo automobilismo?
Diego Freitas
: Foi meio espontâneo. Normalmente piloto sempre tem pai, tio, ou alguém que já correu, mas na minha família não. Meu pai jogava bola, era capoeirista, alguns esportes e minha mãe bailirina. Mas, uma vez andando de carro, vi uma corrida de kart no Stiep e pedi para meu pai parar.  O locutor anunciou que tinha uma escolinha de Kart e aí falei para meu pai que queria entrar.
Em vez de fazer escolinha de futebol, fui fazer escolinha de Kart. Fiz três, quatro meses de escolinha e logo na primeira corrida fiquei em segundo. E aí, para meu pai não teve jeito. Ele teve que dar sequência na minha carreira.

BN: Você foi vice-campeão da Fórmula Renault. O que aconteceu que você não chegou em categorias superiores?  Imagino que todo sonho de um piloto é chegar em categorias superiores como a Fórmula 1, Indy ou Nascar.

DF:
Minha carreira foi como a de todos os pilotos. Fiz dez anos de Kart e logo depois, como todo piloto que quer chegar a Fórmula 1, tem que fazer as categorias base. Então, fui correr aqui no Brasil em uma categoria chamada Fórmula JR, onde fui campeão brasileiro. Ano seguinte (1999) corri na Fórmula Chevrolet, que era uma categoria muito forte no Brasil em 1993, 94 e 95. Eu disputei duas corridas e logo depois ela acabou. Então fui correr na Europa e fiz dois testes na Fórmula Renault europeia. Só que logo depois a Fórmula Renault veio para o Brasil e ingressei nela. Fui vice-campeão na segunda temporada. Tinha um prêmio que o campeão e o vice tinha direito, que era isenção para correr de Fórmula 3. Só que eu era mais velho que o permitido e acabou que não pude ganhar. Mas eu fiz testes na Fórmula 3000 europeia. Que sempre levava pilotos para a Fórmula 1, inclusive onde [Felipe] Massa começou também. Fiz os testes, agradei ao dono da equipe, os mecânicos, mas para sentar e definir se eu iria correr no ano seguinte, não tinha grana, não tinha patrocínio, pois era “paitrocínio”.  Voltei para o Brasil em busca de patrocínio, mas não consegui. Então fui batalhar. Como eu já estava ficando velho para Fórmula, então migrei para o turismo. Corri de pick-up, Clio e depois direcionei minha carreira para Stock Car.
 

BN: Falando em patrocínio, nos dias atuais ainda é difícil de conseguir aqui na Bahia?
DF
: É complicado. Nunca tive um patrocinador baiano ou nordestino. Já corri três ou quatro equipes, que meus patrocinadores eram de São Paulo.  Já tive alguns apoios, uns amigos me apoiaram e empresas também. Mas sempre em eventos, como corridas em Salvador da Renault e Stock Car. Mas nunca uma empresa me patrocinou o ano inteiro. È complicado, eles não veem com tanta força como o futebol, em que todos querem patrocinar, pois vai aparecer na televisão. O patrocínio não é só estampar a marca no piloto. São vários tipos de ações. Dá para usar o piloto como marketing e  fazer mil coisas. Mas o empresário baiano ainda não tem essa visão de patrocinar o automobilismo.

BN: Qual é sua opinião sobre o polêmico 'jogo de equipe'? Existe na Stock Car ?
DF
: Existe em qualquer categoria do mundo. É complicado, o piloto é empregado da equipe, no caso da Fórmula 1. Ele tem os interesses dele. Massa passou por isso agora no GP dos Texas e favoreceu Alonso. E ele queria garantir o ano que vem dele na Ferrari. Então tem tudo isso que o piloto pensa um pouquinho.  É ruim, pois ele pensa, vou ser o segundo. Seu primeiro concorrente é o seu próprio companheiro de equipe. E na Stock Car tem, mas tem menos. Não tem acontecido de dois pilotos da mesma equipe estarem tão bem na mesma equipe.

BN: Em sua carreira, você já teve um grande momento de arrependimento?
DF:
Não. De arrependimento não. Vamos dizer assim... Perdi a cabeça uma vez, me exaltei demais e tomei uma punição. Mas nada que me arrependesse.
 

BN: O que aconteceu? Algum adversário tentou te tirar da pista? Conte mais detalhes sobre isso...
DF: Teve duas. Uma vez foi na Stock Light e um piloto paulista estava disputando o título e ele achou que eu tinha que dar passagem para ele, mas eu tava ali para tentar chegar no pódio.  E faltando cinco voltas para o final  ele me tirou mesmo da corrida e aí eu terminei atrás dele. Chegou no boxes, ele passando  e eu fui perguntar: “Pô, precisa disso”? Ele começou a me agredir verbalmente e aí o sangue subiu para a cabeça. E eu tentei fazer uma besteira e aconteceu aquela confusão. Mas depois todo mundo se acalmou. No final, ele foi punido pela atitude que teve dentro da pista e fora da pista, por ter ido me provocar e falar coisas que outras pessoas escutaram. Porque eu não xinguei ele e em vários momentos eu fui xingado. E outra vez, eu fui passar um cara e ele me jogou para cima do muro e eu quase fui parar nos pneus e quase me machuquei. Aí fui tirar satisfação. Porque as vezes as pessoas acham que o carro ali, tá seguro. Carro machuca e pode até matar, pois já vimos vários acidentes.

BN: Quais são seus ídolos no automobilismo?
DF: Só tenho um que sempre foi o  Ayrton Senna. É o meu ídolo mesmo. Acho que esse nunca deixei de gostar e até hoje vejo vídeos. O filme dele acho que já assisti cinco ou seis vezes.

BN: Como você analisa a situação do baiano?
DF:
Eu particularmente acho o automobilismo baiano  fraco. Não de piloto e sim de competições. Não é porque as federações e clubes não promovem e sim porque a gente não tem praça para competir. Não temos um autódromo aqui. A gente vai perder um kartódromo daqui a pouco. Não temos pista de velocidade na terra, não temos uma pista de arrancada. Onde os pilotos podem desenvolver isso e onde pode ter novos pilotos? Eu mesmo comecei com nove anos. Uma criança com seis, sete, oito anos não tem onde começar. Tem o kartódromo, mas vai acabar. Então para a gente tentar ter uma geração nova de pilotos baianos no automobilismo nacional e internacional é complicado. A Bahia sofre com isso, pois também é governo envolvido, que não dá apoio ao automobilismo. São vários fatores que fazem o automobilismo seja meio fraco na Bahia. Mas temos pilotos muito bons. Já tivemos pilotos campeões brasileiros, participando da Fórmula 3 Sul-Americana, Razia que está chegando na Fórmula 1 e já tá ali tentando há algum tempo na porta e talvez ano que vem estará em alguma equipe. Tem o Tony Kanaan, que apesar de ser baiano, sempre morou fora, sempre correu fora.
 

BN: Então, o que falta para o automobilismo baiano engrenar?
DF:
Um autódromo. Acho que é a peça chave tudo. Se a gente tiver uma praça do automobilismo, que tenha um autódromo, um kartódromo, uma pista de velocidade na terra, com certeza iremos deslanchar e assim ter vários pilotos em  competições nacionais e mundiais.

BN: Recentemente você defendeu as cores do Vitória na Stock Car e Mini Challenge.  A entrada de clubes de futebol contribui para a popularização do automobilismo?
DF: Sim, porque isso é legal. De repente o torcedor do time acaba se envolvendo em outras em que o clube esteja envolvido.

BN: Vamos falar agora um pouco do seus planos para o futuro. 2013 é o ano da sua titularidade na Stock Car?
DF. Não adianta fazer uma etapa por ano e ficar parado. Estou buscando patrocínio e conversando com algumas equipes para que a gente corra um campeonato. Meu objetivo é correr um campeonato. Tem três campeonatos que estou visando no Brasil. Stock Car, com certeza é o maior deles. Em conjunto, estou tentando o brasileiro de marcas, que é uma categoria que chegou, tem dois anos e é muito boa. E o GT, que são esses supercarros, como a Ferrari, Lamborghini, imagine acelerar um carro de 500 cavalos. É o sonho de qualquer um.