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Boletim 4x4: Afinal, o que é ser jipeiro?

Por Alexandre Reis

Boletim 4x4: Afinal, o que é ser jipeiro?
Foto: Acervo pessoal

Hoje é comemorado em todo o mundo o Dia do Jipeiro. Não em função de um acontecimento marcante, mas apenas por conta da coincidência da data: 4 de abril, ou 4/4, em referência à tração nas quatro rodas. A homenagem já se tornou até lei em alguns estados brasileiros, a exemplo de São Paulo. Mas por qual razão o jipeiro, que não é santo ou profissão, merece ter um dia só para ele? O Boletim 4x4 vai tentar responder para você que tem curiosidade ou pretende ingressar nesse universo. 
 
Para começo de história, o jipeiro não é nada sem uma viatura 4x4, ou seja, sem um veículo traçado, que pode ser um jipe, camionete ou utilitário. Sem um off road, o máximo que você vai conseguir é o título de “zequinha” (o carona faz tudo, sobretudo puxar o saco do piloto, o que é ótimo para aprender e ser zoado). A viatura é o brinquedo de gente grande do jipeiro, que é uma espécie de criança tardia, e tudo depende do quanto você quer ou pode investir para a diversão ficar mais interessante. Por isso, pesquisar antes de comprar, e ter uma noção do tipo de 4x4 a ser praticado, é fundamental. 
 

 
Mas bastar ter um automóvel com reduzida para ser jipeiro? Não, longe disso. Para ter sucesso na empreitada, além de ter a viatura, conhecer as limitações do veículo e saber dominá-lo nos diversos tipos de terrenos off road que se almeje explorar (areia, deserto, lama, erosão, mata fechada, montanha, caatinga, alagadiços, rios, córregos ou lunar), é preciso se juntar a algum grupo (off road é um esporte, ou hobby, coletivo) e ter o chamado espírito jipeiro.  
 
Sobre grupos, ou clubes, eles existem aos montes em Salvador. Há aqueles formados por proprietários de determinados tipos de veículos ou marcas. Aqueles voltados para trilhas mais leves ou pesadas. Os que promovem eventos bacanas o ano inteiro ou se dedicam a expedições longas. Ainda têm aqueles que servem apenas de terreno fértil para promotores de trilhas ou passeios pagos. E os que usam o WhatsApp somente para resenhar. A dica é: procure participar de vários até identificar ou formar o seu grupo de trilha, que vai acabar se tornando uma espécie de família. 
 

 
E o espírito jipeiro? É bem razoável responder com a seguinte sentença: jipeiro que se preze é um ser itinerante que enfrenta o desafio dos piores caminhos, buscando sempre os melhores cenários naturais, na velocidade do mais lento do grupo e sem deixar ninguém para trás, com a disposição de interferir no ambiente por onde passa sempre de forma responsável e solidária, no sentido mais amplo da palavra.
 
Jipeiro, com base nessa definição, não é apenas quem tem um 4x4, se insere em um grupo off road e faz trilha. Se fosse só isso não haveria um Dia do Jipeiro, certamente, e o universo off road seria mera ostentação e individualismo. O espírito sobre o qual se fala aqui representa uma ideia, um conceito, um pensamento intricado a um estilo de vida que vai além da fuga do urbano e de seu cotidiano estressante, e que está em sintonia com uma vontade intrinsecamente constituída de “puxar” o próximo, seja com uma corda, cinta ou guincho. Afinal, não vale deixar ninguém para trás no atoleiro. 

Hoje tem jipeata da Barra à Piatã


 
Para comemorar mais um Dia do Jipeiro, clubes de off road de Salvador promovem hoje uma jipeata entre o Farol da Barra e o antigo Casquinha de Siri, na orla de Piatã. A concentração está marcada para às 19h, no Farol, com saída às 20h. O evento tem o apoio da Prefeitura, através da Transalvador. Qualquer pessoa que possua um 4x4 pode participar do evento, que termina com uma grande confraternização.

Apoio nas chuvas de março
 

 
E por falar em Prefeitura de Salvador, o apoio dos jipeiros para retirar veículos quebrados em ruas e avenidas alagadas da cidade durante as chuvas do final de março teve o agradecimento especial do diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal), Sosthenes Macêdo. “A cidade precisa sempre aplaudir essa turma de jipeiros que está sempre disposta a colaborar, não importa o dia ou horário”, afirmou. 

No dia 23 de março, quando as chuvas inundaram vias do Rio Vermelho e trechos da Avenida ACM, os jipeiros foram às ruas para fazer sua parte, a exemplo de Tieta, Tia, Parmalat e Folgado. A ação provocou até uma matéria de página na edição do último domingo do jornal A Tarde. 

NA TRILHA – Passeio ao Marcanaí, Cajueirinho e Mangue Seco


 
O Expedição 4x4, grupo de Salvador que reúne amigos apaixonados por passeios off road curtos e esticados (já rolou até Atacama, no Chile), esteve recentemente na região entre os municípios do Conde e Jandaíra, na divisa da Bahia com Sergipe, para uma brincadeira leve, mas emocionante. Seis jipeiros, acompanhados de familiares, conheceram a Trilha do Marcanaí, visitaram Mangue Seco e se divertiram em outros atrativos desse trecho do litoral norte baiano. 
 
O mestre de cerimônias foi Hamilton Kruchevisky, um dos precursores da Trilha do Marcanaí ao lado de outro jipeiro conhecido como Carioca. Kruchevisky mora em Lauro de Freitas, mas tem um sítio no pequeno povoado do Marcanaí, integrante de Jandaíra. Ele e os filhos são apaixonados pelo 4x4 e pelas “gaiolas” ou ratos de praia.
 

 
A dica de procurar Kruchevisky para guiar os seis membros do Expedição 4x4 foi do jipeiro Chico Anysio, que faz parte do grupo. Chicoretornou recentemente de uma viagem ao Jalapão, no Tocantins, e é amigo de Kruchevisky, tanto que costuma participar do reconhecimento da Trilha do Marcanaí antes do Jeep Cross Conde, evento organizado anualmente pelo Free Road, clube de 4x4 de Salvador.
 
“Essa trilha começou mais ou menos em 2013, com o apoio de Carioca, que hoje também tem rato de praia. Junto com Urubu e Faca Cega (do Free Road), a gente incluiu no calendário do Jeep Cross Conde e passamos a fazer todo ano, sempre com o mesmo trajeto. Só que fazemos na época da chuva, que é mais complicada do que fazer agora no verão”, diz Kruchevisky. 


Passagem pelo rio


 
A Trilha do Marcanaí foi feita tendo como “cabeça da gata” Kruchevisky em uma Ranger e o filho Ian em um rato de praia. Do Expedição 4x4 marcaram presença Leão Lobo (Sw4), Tigresa (Troller), Gringo (Tracker), Canal Aberto (TR4), Pacato (TR4) e o estreante Escabreado (TR4), que nunca havia feito uma trilha. 
 
A turma dormiu no Sítio do Conde numa sexta à noite para fazer os 7 quilômetros de trilha no sábado logo cedo. A entrada para o povoado do Marcanaí fica 2 quilômetros após o acesso pela rodovia à estrada de barro que leva a Costa Azul - há uma placa indicativa na Linha Verde. 
 
A trilha, que não passa por cercas ou cancelas, tem um visual bacana composto por paisagens envoltas pelo verde, a exemplo de coqueirais. Em apenas um momento dá para ver o mar ao fundo, apesar de parte do percurso margear a praia, mas sem nunca acessá-la.
 
 
O primeiro obstáculo é a passagem por um rio que forma um corredor verde de cerca de 30 metros de extensão. Como não tem chovido, a parte mais funda (um buraco logo no início da travessia) batia pouco abaixo da metade da porta de uma TR4 com lift de duas polegadas, como foi o caso da viatura de Canal Aberto, que encarou o desafio.
 
Também venceram o obstáculo Leão Lobo, Tigresa e Kruchevisky, este pilotando a gaiola, que ficou quase toda coberta pela água no buraco. Gringo precisou ser puxado por Canal Aberto após não conseguir sair do buraco. Quem optou por não passar pelo rio seguiu por outro caminho, onde há uma ponte precária.
 
Erosões, lagoa e dunas
 

Após a passagem pelo rio, o desafio seguinte é encarar uma subida com erosões que também deve ser complicada quando chove. No seco, basta ter atenção. A trilha passada ainda por um areal onde se formam charcos em épocas chuvosas, antes de chegar na estrada de chão que liga a Linha Verde à comunidade do Costa Azul. É na beira da estrada que está a Lagoa da Coca Cola, um lugar bem gostoso e sossegado para tomar banho, com água morna. Apesar de ser uma área privada, há acesso livre para quem está à pé, deixando as viaturas estacionadas na estrada de chão. 

O tradicional churrasco aconteceu no Cajueirinho, a poucos quilômetros de Costa Azul. Um local com estrutura de restaurantes que servem vários tipos de pratos e bebidas. O passeio se encerrou à noite, com uma aventura noturna pelas dunas de Mangue Seco, antes da turma seguir de volta para Sítio do Conde.