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Boletim 4x4: Off road também usa saia e maquiagem

Por Alexandre Reis


Se você acha que o off road é um hobby ou esporte apenas para os membros do chamado clube do bolinha está enganado. Embora timidamente, o interesse das mulheres pelo universo fora de estrada tem crescido nos últimos anos em estados como Bahia e Sergipe a cada nascimento de um grupo novo, jogando por terra, ou melhor, na lama, essa visão machista de sexo frágil que não gosta de se sujar, estragar o cabelo ou borrar a maquiagem. E mais: o que não falta é mulher querendo deixar de ser “zequinha” para assumir a posição na frente do volante, faltando apenas o estímulo do companheiro. 
 
Luciana Bacaicoa, mais conhecida como Lu da Vala, experiente jipeira de Salvador, acredita que se o off road fosse mais divulgado fora dos círculos estreitamente masculinos haveria mais mulheres no meio. “Eu mesma entrei nesse mundo sem nem planejar. Há 15 anos procurava um carro para comprar, mas não pensava num 4x4 porque sempre achava que era caro demais. Tive contato com um pessoal do antigo Bahia Off Road e recebi orientações bacanas, descobrindo que podia comprar um 4x4 na mesma faixa de preço que estava disposta
a gastar para pegar um carro de passeio. Entrei nisso e não sai mais”

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Lu da Vala ao lado de sua Triton Savana
 
O primeiro 4x4 da jipeira foi um Vitarinha 1997. Hoje, ela possui uma Triton Savana. O negócio de trocar o carro de passeio por um off road deu tão certo na vida de Lu da Vala que ela se casou com um jipeiro que conheceu numa trilha há quatro anos. “Conhecia Cowboy (Deuclécio Graciano) num grupo de off road. E quando fomos na primeira trilha juntos, nos entendemos e estamos unidos até hoje”, diz Lu da Vala, que já fez a Transamazônica com o maridão em 2014 a bordo de um Troller, o segundo jipe que ela teve. “Nos trechos mais pesados da Transamazônica, Cowboy me dava o volante”, garante. 
 
Existem jipeiras que não se contentam apenas em pilotar em trilhas. Anne Sampaio, que integra o Jipe Clube de Sergipe e é dona de uma TR4 2008, recebeu até prêmio por participar de competições indoor. Ela já competiu três vezes. “A gente vê como algo mais comum mulheres entrando no off road porque são casadas com jipeiros, levadas pelo companheiro e assim tendo esse interesse despertado. No meu caso foi o inverso: eu que levei meu pai para esse meio. O off road é capaz de nos levar a lugares inesquecíveis, de fazer com que a gente estabeleça novos laços de amizade e tem a adrenalina. As mulheres precisam ver o hobby por esse lado”, diz Anne, que tem 24 anos. 
 

Mesmo grávida, Lara Khoury pilotava nas trilhas
 
Em Sergipe, o Jipe Clube tem seis jipeiras assíduas. Em Salvador, agremiações como o Bahia Expedition e o Clube do Tracker possuem grupos formados por esposas dos jipeiros. Algumas dessas esposas fazem questão também de assumir o volante nas trilhas, mas a maioria ainda prefere ser "zequinha" ou tentar manter o companheiro em casa. No Clube do Jimny, Lara Khoury, mulher do presidente Lucas Ritto, mesmo grávida fazia questão marcar presença nos eventos, e não apenas como “zequinha”. “Ela só parou de ir comigo e dirigir agora, com sete meses de gravidez. Estamos juntos há oito anos e sempre dividimos o volante nos eventos. Ela adora aventura”, relata Ritto. 



BATE-PRONTO

Furacão: “Sinto falta da velha guarda”

 

Mulher jipeira não pode ter frescura com sujeira. A mineira radicada em Salvador Ilda Rodrigues, a Furacão, que conta ter cerca de 20 anos de off road, prefere a lama ao asfalto. Ela também utiliza a Tracker 2009 no dia a dia e acredita que o número de mulheres interessadas no hobby tem crescido apesar do pouco conhecimento do público feminino sobre o esporte e os benefícios que ele pode trazer. “Além disso, não é toda mulher que está disposta a ficar 20 horas numa trilha de lama. Isso assusta um pouco. Mas acredito que a maioria goste de um bom passeio fora de estrada”, pondera Furacão, que desde pequena aprendeu a gostar de carros porque o pai era engenheiro mecânico. “Comecei apaixonada por carros de velocidade. Até comprar um Samurai, meu primeiro 4x4”. Confira abaixo o bate-pronto com Furacão.  
 
Pergunta – Furacão, você já foi vítima de machismo nas trilhas?
Resposta – Não, nunca aconteceu. Tenho uma posição privilegiada e me dou muito bem tanto no clube do bolinha quanto no clube da Luluzinha. Mas prefiro o clube do bolinha porque as mulheres que acompanham as trilhas conversam mais sobre shopping, escola de criança, sapato, roupa, salão... Prefiro falar de motor.
 
Pergunta Por que o apelido de Furacão?
Resposta – Ganhei esse apelido logo na primeira trilha, que foi em Jauá, por causa do meu estilo arrojado de dirigir. Depois vieram trilhas de lama, as expedições. E o apelido foi pegando. 
 

 
Pergunta Você teve algum padrinho?
Resposta – Todos tiveram muito cuidado comigo no início porque eu era a única mulher na trilha. 
 
Pergunta – Com que frequência faz trilha? E você gosta mais de areia ou lama?
Resposta – Lama, claro. Duna é passeio. Em média faço trilha duas vezes por mês. Mas sinto falta da velha guarda. 
 
Pergunta – Do que sente falta exatamente?
Resposta – Da organização, da responsabilidade, da consciência e do comprometimento. Além do respeito. Hoje está muito em falta. As pessoas não respeitam nem o comboio hoje, que é o básico do básico. Vejo as pessoas ultrapassando em comboio. Hoje é uma bagunça, muita gente nova, apesar do esforço dos organizadores dos eventos. Tem muita falta de conhecimento.
 

 
Pergunta – E a questão da segurança nas trilhas, acha também que é um problema?
Resposta – Tem gente preocupada com isso. Miguel Carneiro, mais conhecido como Urubu (presidente do Free Road), tem buscado implantar regras que todo mundo tem que seguir, como o uso do cinto de segurança. Quem não usar deve receber algum tipo de punição, assim como outras questões de segurança.
 
Pergunta – Que conselho você pode dar às mulheres que querem entrar no off road?
Resposta – Entrem com fé que é a melhor forma de relaxar e repor as energias, conhecer pessoas e lugares novos. É uma família nova. 

Pergunta – E que conselho pode dar às mulheres que não deixam os maridos jipeiros irem para a trilha com mais frequência? 
Resposta – Não sejam cruéis. Todo mundo merece um vale-trilha. 
 
NA TRILHA

Mulheres pilotam na Lagoa Preta

Elas criaram coragem e decidiram reivindicar o direito de pilotar. Um grupo de cinco mulheres destemidas, casadas com jipeiros, assumiu o volante em um passeio na Lagoa Preta, no quilômetro 60 da Linha Verde, no último sábado (22). Foi um dia inteiro de muitas emoções, risadas, banho de lagoa e churrasco. Elas têm pouca experiência no fora de estrada, mas demonstraram coragem e até arriscaram manobras mais ousadas. O Boletim 4x4 preparou um vídeo com alguns dos momentos de Camila Setúbal, Geisa Santos, Carina Soares, Eva França e Keu Mello (veja acima). Elas são esposas, respectivamente, dos jipeiros baianos conhecidos como Aríate, Tigresa, Bobó, Renato Russo e Timelo As destemidas já avisaram: agora vão querer sempre estar no controle não apenas em casa, mas também no fora de estrada. 

Maragogipe pronta para trilheiros

Cerca de 30 kits para a terceira edição da Trilha do Recôncavo, que será realizada em Maragogipe, município que completou 290 anos em maio passado, foram entregues na última terça-feira (25) no Armazém Paulistano, em Piatã, durante a reunião do grupo Free Road. Os kits são formados por camisas, adesivos, uma bolsa, dois bonés e garrafa de água. A organização do evento, que vai acontecer nos próximos sábado (29) e domingo (30), está a cargo do Clube do Rato. A principal trilha será no sábado, com início no vilarejo de Coqueiros, percorrendo a região montanhosa com vários mirantes para o Rio Paraguaçu.
 
“A gente aproveitou para entregar os kits e fazer uma confraternização com a turma do Free Road, grupo no qual procuramos nos espelhar. Acredito que nessa terceira edição alcançamos um nível de organização semelhante aos eventos deles e estamos ansiosos para que comece logo”, afirma Alfredo Octávio, o Carioca, um dos cabeças do evento. Ele explicou que provavelmente a parada no Forte de Salaminas e no sítio do trilheiro Mario Chileno, onde há uma cachoeira, será no domingo, e não mais no sábado. “Isso vai depender do andamento da trilha. Se ficar muito tarde, vamos fazer uma votação”. 
 
A trilha é considerada moderada. Ano passado, apenas um veículo atolou numa erosão. Por isso, muita gente está indo com a família para curtir o visual e a Natureza, com direito a banhos de cachoeira e passeios culturais. No sábado, o evento vai começar às 9h. As inscrições já foram encerradas.
 
BASTIDORES

JDA prepara passeio lúdico
 
O grupo Jipeiros de Alma (JDA) prepara um passeio inusitado e lúdico no final de setembro, quando começa a Primavera. A ideia é que cada um dos participantes apareça caracterizado de acordo com o apelido que possui. Por exemplo, Zé Colméia, que é um dos comandantes do JDA, terá que ir fantasiado como o personagem do desenho animado. Alguns terão que usar bastante a criatividade em função dos apelidos que possuem. É o caso de Furico, outro membro do JDA. Como será que ele vai aparecer nesse passeio?
 
Esse evento da Primavera estará na pauta do grande encontro que o JDA promove nesta sexta-feira (28), a partir das 20h, no posto de gasolina localizado entre o Outleet e o Alphaville, na Estrada do Coco.  Vários grupos estarão presentes no evento, que certamente estará lotado de jipeiros. Qualquer um terá direito a usar a palavra no encontro para tratar de assuntos de interesse do off road, inclusive segurança e sugestões de trilhas. O JDA também promete lançar novidades, como a boutique do grupo.  
 
RAPIDINHAS

* O Sem Rumo 4x4 vai levar sete jipeiros para uma trilha de reconhecimento na Barra do Serinhaém neste sábado (29). O grupo esteve lá, ao lado do Clube do Jimny, no mês passado, mas não fizeram o trajeto por dentro da mata. Na época, as poças de água estavam muito profundas em função das fortes chuvas.  
 
* A organização do Jipe Show de Sergipe, que vai ser realizado entre os dias 9 e 12 de outubro, decidiu incluir mais uma opção de passeio: a Crôa do Goré, um paraíso localizado entre os municípios de Aracaju, São Cristóvão e Itaporanga d'Ajuda. O passeio está marcado para o domingo, em paralelo ao da Foz do São Francisco (ambos de catamarã e com o mesmo valor de R$40 por pessoa) e à Copa Nordeste 4x4 de Rally (para quem optar por ficar em Aracaju como competidor ou expectador).
 
* Aliás, por falar na edição de número 19 do Jipe Show de Sergipe, que já esgotou o número de 400 inscritos (agora só é possível entrar numa lista reserva), em Salvador dois jipeiros bem conhecidos disputam espaço na “cabeça da gata” da organização do evento: Coxim e Piu Piu. Os dois, que já viveram em lua de mel, agora passam pela lua de fel. 
 
* Já chega a 31 o número de jipeiros confirmados para a Trilha do Lobisomem organizada pelo grupo Serjeep Off Road. O evento acontece nos próximos sábado (29) e domingo (31), em Aracaju (SE). A taxa de inscrição para não sócios é de R$60. Maiores informações: (79) 99685692. 
 
* A equipe Rally Bahia vai marcar presença na Confraria do Esporte deste ano, que acontece neste sábado (29), no auditório da Ucsal de Pituaçu, em Salvador. Estarão presentes personalidades do esporte baiano, bem como a imprensa esportiva. O ingresso é um quilo de alimento não-perecível e tudo que for arrecadado será doado à ONG Teto Brasil.