Mudar o previsível
Três derrotas seguidas não são fáceis pra ninguém, ainda mais para um elenco extremamente limitado como esse do Bahia e com um psicológico sempre por um triz. Não pode deixar se abater, por que a sequência de jogos tem tudo para ser de recuperação. Não é hora de a torcida pressionar negativamente (vaiar jogadores, por exemplo) e sim de apoiar. A gordura precisa ser feita para ter uma reta final de campeonato tranquila, sem desespero de tentar fugir do rebaixamento nos dois últimos jogos, como ocorreu em 2011 e 2012. Qualquer torcedor consciente sabia que a campanha não era condizente com a realidade técnica do grupo, mas isso não impede de continuar buscando grandes resultados: sempre jogo a jogo. Os tricolores precisam comparecer em maior número a Fonte Nova. Para isso, a Arena precisa baixar o valor dos ingressos. Facada miserável!
Não é por que tem um grupo limitado a disposição, que o treinador será sempre perdoado. Cristóvão afirmou dias atrás que precisa buscar alternativas para o time não ficar previsível. O pensamento é esse, mas é preciso urgência, por que o jogo tricolor já não traz mistério algum para os adversários. Nas três derrotas, Atlético-PR, Grêmio e Atlético-MG pressionaram na intermediária e empurraram o Bahia para o campo de defesa. Com os laterais presos, bastou isolar Marquinhos Gabriel do resto do time para matar as saídas em velocidade costumeiras nas partidas anteriores.
Com exceção de o jogo contra o Goiás, quando arriscou mudar o triângulo de volantes desde o primeiro tempo, Cristóvão dificilmente mexe no trio durante os jogos. Entendo que existe uma boa sustentação defensiva, mas é preciso alternar e ser agressivo em determinados momentos das partidas. A escolha do banco de reservas também tem sido difícil de entender. Prefere deixar lugar vazio a levar a única opção mais ou menos de meia do grupo: o americano Freddy Adu. Em contrapartida, leva dois centroavantes, além de Wallyson, que precisa ser escalado no ataque. Ele não é meia, Cristóvão! Sem querer escalar pelo treinador, mas, dentro que o elenco dispõe e Cristóvão utiliza, pensei em algumas soluções para dar nova imprevisibilidade ao time.
Para não mexer no triângulo de volantes, penso em recuar Marquinhos Gabriel para ser o homem de ligação, centralizado, mas caindo pelos lados, com total liberdade de movimentação. Nisso, Wallyson faria, de fato, dupla de ataque com Fernandão. Seria um novo encaixe de posicionamento, que facilitaria jogadas de contra-ataque. Ainda nessa mudança ofensiva e sem mexer nos volantes, poderia investir em Talisca no lugar de Rafael Miranda. Cobrar movimentação e atenção intensa no posicionamento. Infernizar o guri mesmo! Se ele conseguir se readaptar, o time ganharia qualidade no passe, jogadas inventivas e o chute de fora da área. Difícil é acreditar que ele dará a dinâmica exigida pela função.
Existem opções com mudanças um pouco mais radicais. Uma pode parecer invenção, mas não custa testar em treinos e ver se dá um caldo. Cristóvão falou a Darino Sena após o jogo contra o Flamengo, que pensa em escalar Diones para fazer o corredor da direita, com funções mais ofensivas que Rafael Miranda. Testaria Ângulo por ali. Me pareceu ser uma função mais adequada para o estilo do colombiano. Feijão, mais preso, e Hélder como volantes, com Marquinhos Gabriel pela esquerda e Ângulo pela direita, em duas linhas de quatro. Wallyson e Fernandão formariam o ataque, com o primeiro recompondo para marcar a saída de bola dos volantes adversários. Vejo como uma alternativa interessante.
Por último, ainda dentro do que o treinador já se dispôs a escalar, mudar o 4.3.2.1 para o 4.2.3.1, com duas opções. Na primeira, Hélder (precisa jogar sério) seria volante junto a Feijão. Talisca ficaria centralizado, Marquinhos pela esquerda e William Barbio ou Wallyson pela direita, com mais liberdade para se aproximar de Fernandão. Gosto dessa opção, por que existiria compactação e velocidade na saída para o contra-ataque. A alternativa nesse esquema seria colocar Rafael Miranda no lugar de Talisca e adiantar Hélder. Teoricamente, o time teria mais poder de marcação, mas não tanta aproximação no ataque e qualidade na saída de bola. Mesmo com elenco limitado, Cristóvão tem como tornar o time mais inventivo e difícil de ser decifrado. Sempre jogo a jogo.
Assembleia
Não se trata de um conceito imutável e sim de um pensamento. Tenho um pé atrás quanto à possibilidade de os novos sócios votarem já agora. Não por teorias conspiratórias, mas pela ideia de que o cara precisa entender e reconhecer a importância de se pagar a mensalidade em dia e votar com bom senso. Já vi muita gente dizendo “vou pagar 40 conto só pra votar?”. Esse “só pra votar” que me deixa preocupado. Por isso acho que um tempo de carência é importante para criar a ligação com o dia a dia do clube por dentro e não só o oba oba do momento.
O torcedor precisa adquirir a consciência do quão importante é ser sócio e que esse “40 conto” pode ser fundamental para a retomada do Bahia. Por outro lado, entendo ser esse um momento único. Finalmente os ares democráticos parecem estar na vida tricolor. Toda essa galera que se associou, está ávida por participar dessa decisão. Para as eleições seguintes, que se mantenha a carência e abaixe para seis meses. Acho importante, mas hoje é uma circunstância única! Para a maioria dos sócios, talvez seja o maior título da história do Bahia. Por isso, se tudo for feito dentro da lei, mudando o ultrapassado estatuto, que se faça a democracia!